Trechos de Livros Românticos
Casa de açucena
O nosso amor cheirava a flor de início de primavera
E era tão perfeito, cheirava à bela flor e à quimera
nossa casa tão pequena, branca como a açucena
Pequena, porém, airosa, muito mais bela que a rosa.
E na rede namorávamos, até chegar a madrugada
E a lua toda nua, sentia inveja sua...
Não tinha o seu rosto de lume, nem mesmo aquele perfume
Que me afogava quando me amava.
E tudo não passou de um tempo
Tempo em que me amava tanto
Você esqueceu tão nobre juramento
E hoje quando olho a lua, lembro-me do rosto de lume
E do seu perfume a afogar-me, ao abraçar-me!
derrama vinho no sofá:
— Tudo bem meu amor, isso é normal,
mas cuidado com o cigarro aceso em cima da minha…
— Da nossa…
— De nenhum dos dois (Coleção de poesia marginal).
AMOR NO PORÃO
Se bem te conhecesse
antes de te conhecer
Minha liberdade já estaria
Presa no porão junto a ti.
E tão logo adormecesses,
Eu também estaria ali
a te envolver
E a envolver no sangue
que te fiz sorver.
Pagaria pela vida
Mas não na vida.
Ao amor que não me deu
E que só te ofereci eu.
A SANIDADE DO AMOR
São poemas...
Nossas juras de amor,
feitas no silêncio pelo olhar...
São dilemas!
As páginas ternas e eternas,
marcados de um livro milenar.
São poemas!
A pena que desliza no papel,
tentando compreender a saudade
que paira no teu céu quando procuras
nas estrelas, o meu olhar.
São poemas...
Essa insanidade das noites de insônias
buscando a sanidade do amor.
NOSSA CASA
Nosso amor nasceu das notas do cantar
da andorinha no galho seco da aroeira,
frente à casa velha...
Era uma canção com notas qual fino linho
e fita dourada nas mãos de uma criança.
E daquela janela com nossos sonhos,
olharíamos a chuva e a flor outonal
nos campos a brotar, e o gado pastando,
parecendo ruminar nossos pensamentos!
E nós, as nossas memórias remoendo
os sonhos envoltos em fino tecido, trazidos
por um anjo: a andorinha que cantava
no galho da aroeira defronte à casa velha!
E nunca mais deixei de olhar pela janela,
a flor do campo, tão amarela, e às vezes
tão verde, e às vezes tão da cor da terra!
Da cor do nada.
23/04/18
ESCREVI-LHE POEMAS
Escrevi-lhe poemas de amor
E eram como recém-colhida flor a te oferecer...
Mas sem cuidado para reviver,
Murchou ao sol por.
Também, aos ventos,
Rasgou-se a fina folha de papel
onde todo meu sentimento escrevi,
E assim, esses olhos, à noite, cerrou-se
sob um véu de tristeza coberto,
tal qual o rosto de quem findou-se.
Meu poema foi tudo que te dei:
A pérola que recriei: Essência da alma
que a ti guardava, ofereci-te nas palavras
toda minha pena com tinta dourada!
Mas tal qual a flor e o amor,
os poemas também fenecem
na telúrica raiz das pétalas recém colhidas.
Quero um amor de época
De segredos na sombra das arvores
Da malicia embutida
em andar de mão dadas
Amor de olhar nos olhos
De amar todo dia
De viver pensando
e sonhar assim que fecha os olhos
Os vexame de amor que deixei de dar
São os únicos fardos que eu carrego
Por isso ame, e se precisar sim
dê muito vexame
Ai foi onde eu aprendi a falar de amor
Com a doçura de Edith
e a loucura de Nina
Recomendo
É um livro e tanto
Onde aprendi que amar
não requer de tanto
Vou iniciado pelo amor,
lutei e venci a dor,
que encontrei pelo caminho,
em busca da virtude e da verdade,
conquistei a liberdade.
Mas ninguém nasceu
para viver sozinho.
RETRATO NO TEMPO
Vejo-te amor antigo:
Fotografia na moldura;
nem tempo ou eternidade desfará.
E quando as horas passarem.
Longas... Silenciosas
no mundo exterior,
envelhecendo nossas noites sem luar;
os lábios e os beijos.
Tu estarás: intacto... Estático:
O mesmo riso, o mesmo rosto.
E abraçarei teu retrato
como se assim pudesse conter-te
eternamente, por entre os braços.
CAVALGADA
Meu amor é um eterno cavalgar.
Cavalgar a paisagem tigresa
do teu olhar.
Os caminhos íngremes e bucólicos:
teu corpo a desnudar-se.
Pudera!
Eu quisera
Nesse eterno cavalgar,
Feliz, em sua boca, um beijo pousar.
CANÇÕES AOS VENTOS
Canto! Canto para o teu amor...
Ele já se foi, mas permanece em mim.
Deixei-me no ventre, alvo ventre do tempo
que se transformou em rosto e corpo de mulher.
Mas nada é eterno...
Ouve! Lá fora cantam liricamente.
Faz-me lembrar teus beijos, Faz-me lembrar ternura!
É tarde... E as tardes trazem lembranças!
Ainda que ninguém nos ventos vejam canções,
te sinto voltando nas melodias das leves brisas
que lá fora cantam liricamente.
Assim é esse meu amor
Esse amor que é meu
E me alimenta de versos, anelos e ternura
Esse... que um dia saí a procura-lo,
A chama-lo de alma minha...
Há eternidades já habitava-me em sonhos a sua voz macia
E um sorriso terno...
Suas mãos pequenas de pérolas!
Assim seria esse meu amor!
Os negros olhos a mirar os meus!
Esse amor! Seria todo meu paraíso!
E ele me amaria por tudo e também por nada.
Talvez até pelos meus olhos arroxeados...
Olhos feito flor de violetas:
Rara flor no seu jardim!
Assim é esse meu amor.
Eu o amaria por tudo e também por nada.