Trechos de Livros
Miseráveis
E a vida passa lenta como uma procissão lagarteando à margem da vida, cheia de mulheres adornadas de preto vestidas de morte, viúvas da felicidade .
Agarradas ao terço como se fossem lembranças perdidas, murmurando frases inaudíveis, confusas numa convocação de um encontro logrado no tempo de amar.
Choram as dezenas de anos como mistérios não revelados perfurados pelo tempo.
Todos os dias são Quarta-Feira de Trevas perseguidas por homens encapuzados, carregando “seu Cristo” ferido no andor intermitente a vida inteira.
Não olham para as calçadas da existência, são o extermínio querendo chegar de costas e surpreender a infelicidade.
Algumas nunca saem da procissão, do cortejo escuro atrás de sentimentos que somente sangram.
Adoradoras do infortúnio e da miséria.
Choram sangue e caminham com a indigência, desconhecem “O Deus da Felicidade e da Fortuna”.
Não rezam, lamentam.
Jamais convocam, murmuram frases.
Não confiam, esperam acontecer.
Sempre com receio; em atrição. Deslembradas da contrição.
Nem doce,nem amargo
Na cozinha, as notícias chegavam mais depressa ao fogo ameno. As criadas afagavam, pajeavam uma geração e fraseavam o inominável. Lembro-me de suas mãos quentes alisando minhas meias e eu sonolenta, bagunçando os cabelos em cachos nas almofadas do sofá da sala de minha avó. Elas me sacudiam e diziam:
– Se não ficar inteira para a missa, não tem doce de cidra nem novela
à noite.
As missas eram sonolentas e as pessoas vestidas do “primeiro dia da semana” se espreguiçavam em minha mente até ao almoço.
Era um dia morno, não havia novelas e a circunferência dos doces era vigiada e eu me frustrava com a falta das babás.
Verdadeiramente, não precisava delas, mas elas me bendiziam de suas falas e eu, como elas queria decifrar esse desejo.
E elas sabiam das promessas, do artifício, da magia de como chegar ao altar.
E sabiam muito mais, do veneno, da nudez debaixo dos lençóis bordados com capricho em ponto cheio.
Ninguém conversava sobre “isso” e, quando perguntava, tinha resposta certa:
– Já é hora de você dormir!
Na minha imaginação nada repousava, ficava na fantasia, esta geografia indecifrável e a língua solta de minha bisavó.
– Minha filha o “it” fica debaixo das saias.
Eu levantava as minhas, debaixo as anáguas e barbatanas e achava tudo tão incrédulo.
Acordava, e a novidade do dia: não entendia como, mas a vizinha havia “pulado a cerca”. Havia um falatório metafórico na cozinha não percebia onde estava o “cerco” onde só existiam muretas.
O “it”, o charme, o magnetismo, o encanto pessoal ainda são um mistério que abrocha do ser repentinamente.
Ferver, pular, ainda pode ser afetuoso e cítrico como doce de cidra. E o descrente ainda perdura nos amores alambrados.
Livro: Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Código
Havia em você uma ética e um código que nunca decifrei
Havia alamedas em seu falar onde nunca andei
Havia sabores em seus beijos que nunca experimentei
Havia muito mais
Que nunca descortinei
Medo
Muito medo
Você não sinalizou
E me perdi
Hoje você passa
Me desconhece
E no paralelo
Desse desencontro
Vestígios
Alucinada
Inesperada
Incendiária
Inconseqüente
Eu fui
Em avançar sobre você
Não me inscrevi
Assediei
Havia exercícios
Que nunca professei
Simplesmente
Tropecei
Na ordinária declaração
Do regulamento
Abri meus braços
Meu coração
Depus minha oração
E você
Não me viu
Me desculpe
Por favor
Não se assuste
Isto passa
Com o tempo
Vira páginas
Mas repagina
Meu
Viver.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Exercício
Não posso ver
Mas posso sentir
Não posso tocar
Mas posso vibrar
Não posso falar
Mas possuo imaginação
Não posso caminhar até você
Mas posso voar até você
Não posso vociferar seu nome
Mas posso flutuar em suas palavras
Posso
Posso
Posso
Até que tudo passe
Vire outra paisagem
E nesta
Miragem
Você ainda
Me pertence.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Meu Deus
Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás
Lá ando nu
Pelas savanas
Escondo-me no capim dourado
Vestido de bicho bravo
Quero ir embora, meu Deus.
Quero ir para o meu Goiás
Ficar debaixo do sol
Manobrando meus instintos
Atento aos ruídas do dia
Beber água do absoluto Araguaia
Ficar lá só e somente
Onde nada toca insistentemente
E tudo roça levemente
Ai, meu Deus,
Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás
Onde a lua cheia
Clareia as queda d’água
E polvilha de choro
Que as avista
Quero ir embora, meu Deus.
Mergulhar à noite
Em seus grãos dourados
Sentir-me empoeirada
De ventas de todo Brasil
E neste batismo
Quero ir para o meu Goiás
Chegará planície
E nesta lonjura
Avistar a chuva
Esconder nas vielas
Cheirar outros tempos
Amainar a saudade.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Inverno Intenso
Não era verão
Mas choveu
Era inverno
E a água desceu
Não era hora
Mas agora
Aconteceu
E com a terra encharcada
O que há de se fazer?
O frio seria intenso
Com a terra molhada
Brota
Tudo brota
E eu nesse sentimento
Nesta terra sem tempo exato
Vou trocar de roupa
Viver outros sentimentos
Outros tempos
Passar
Outras horas
Até que tudo se resolva
No tempo exato
Do coração.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Espera
Você me cozinhou
Não sei dizer se
Por aflição
Ou compaixão
Cozinhou
Verbalizou
Sentiu e
Aconteceu
Do seu lado
Do meu lado
Aqueceu
Dourou sentimentos
Te esperou
Te agradou
E escorreu
Pelo meu rosto
Subscrição
Apalermada
Abalada
Assustada
Do seu rosto
Ousado
Audacioso
Arrojado
Atrevido
Abalanceado
E no tremor
Do quebra-luz
Aquém
Do subornável
No agitar dos sedimentos
Estremecimentos
Nós
Apesar de tudo
Vivemos o todo.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Biografia : Eu sempre fui a favor da Paz e contra a maldade , tenho andado por esse País em buca que coisas novas e sempre renovando minhas histórias , meus poemas e poesias estão guardados em minha alma e pronto pra sair no papel através de seus olhos é que me encontro e faço poemas felizes e poeisas a refletir , meus filhos Renata e renato eu os amo de verdade , sempre estive a disposição e nunca neguei se quer um carinho de Pai , nasci em São Paulo capital no Bairro de Vila Maria alta , em 28 de outubro de 1958 e viajei por esse País chamado de democratas , mas nada se pode fazer, tentei diversas com palavras modificar alguma coisa , mas foram palavras ao vento e me recordo que eu citei a palavra amor. recentemente eu conclui um livro Uma Carta ao Poeta , divulguei aos meus colegas escritores e leitores que em breve estarei escrevendo outro , mas creio que ira demorar um pouco , me sinto ocupado e tenho algo a resolver e a questão é que não faltara poemas publicados nas minhas páginas do Facebook , sempre publico algo novo e tenha certeza que é de grande valor , meus fãs eu agradeço o carinho de cada um de vocês . Eu pensei , eu imaginei que um dia eu pudesse ajudar a africa m termos de leitura , mas a fome os castiga e seus governantes estão fora desse caos . Tenho modificado o meu modo de ser , mas ainda continuo colocando o amor em primeiro lugar cujo o dono é Deus , as vezes fico triste por ver e não poder fazer nada , mas de braços ccruzados que não posso ficar , escrevo chamo atenção de alguns , mas é lento o sistema brasileiro , meus Pais ja se foram , meu irmão mais velho e miha querida irmã Miriam castelhano , também não esta entre nós , tenho um amor que eu sinto que jamsi pude amar a sim como os lírios de vale , mas é nessa fé que tenho Deus em meu coração e nada reclamar , tenho recebido do alto glórias e vitórias , sou um Cristão , não deixo de falar do amor de Cristo , mas um dia escreverei um livro sobre a minha trajetória cristã. Quais são os fundamentos de uma vida saudável ? poucos sabem mas uma vida com Cristo é pra continuar a viver , escrevo todos os dias , me orgulho de meus poemas as poesias e pensamentos estou no dia a dia , mas as história real é que eu sou feliz por ter um amor e ser correspondido pela altura de um coração feliz e sadio , não tenho malícias e em sequer te hulgar pelo que você faz , eu prefiro ficar com o amor, Sou conselheiro e ajudo no que posso , nunca me comparei com artista nenhum , eu sou eu mesmo e não mudarei o meu jeito de ser. Parabéns pelo que você a meu respeito , sou eu Roberto castelhano.
Caos interior
A tristeza invade o meu coração,
tudo fica escuro
e mesmo sendo dia claro,
ainda assim a escuridão é plena...
Não consigo falar o que sinto
Me calo...
Me calo, porque palavras magoam
Mas, o que me resta?
Me restam lágrimas, simplesmente lágrimas e vazio
Vazio profundo, deserto, desespero na alma
Quando estou sozinha, choro, choro...
E o choro acalenta, suaviza...
Chorando, mergulho no mais profundo do meu ser
E sinto o caos...
A escuridão traz caos
A escuridão transforma o poço mais raso em profundo abismo
E preciso fugir de caos
Dirijo a minha alma para a luz, caminho em direção à luz...
Mesmo cansada,
não deixo de refletir
que a vida deve ser serena, suave e plena...
Mesmo dilacerada,
procuro ser lanterna para os perdidos
na escuridão, no despenhadeiro...
Consolo os reprimidos, ajudo os angustiados...
Pois as dores do mundo são cruéis
Eu também estou a mercê dessas crueldades
Mas consigo camuflar a minha dor
Que, na maioria das vezes,
é causada pelos próximos
Mas eu entendo...
o dia a dia é um corre-corre,
as pessoas ficam sem paciência
E são capazes de magoar
Magoar com palavras e até com atitudes...
Às vezes, imperceptíveis...
Mas eu entendo...
E o meu pranto, os poucos, vira soluço...
Prantos com lágrimas, prantos sem lágrimas
Pranto silencioso, introspectivo
Então, ouço uma melodia,
Perdoo...
Pego a minha lanterna
E recupero a alegria
Saber dizer “NÃO”, vai muito além de uma adaptação na melhor forma que lhe convém para se dizer “SIM”, pois, demanda sentimento de maturidade e gratidão.
Virtudes, consideração e prudência, é o que determina a maturidade de uma pessoa para saber dizer “NÃO”!Não se diz “SIM” para gratidão . . .
“Gratidão”, se demonstra!
Biblioteca
Entre gritos abafados
no silêncio da Babel
Pensamentos empilhados
entre sonhos de papel
Ideais catalogados
deuses, reis empoeirados
Um inferno! quase céu...
Força e confiança, só demonstram sua clareza de interior, quando esta sabe caminhar com o que chamamos totalidade humana em sua necessidade seja ela na crença ou assimilação sobre quem verdadeiramente somos e o porque nos é dado a graça de vivermos nesse plano.
Sei de tudo que você sente(quase tudo), eu sei que tenho que te cuidar como ninguém, eu juro fazer meu melhor, cuido de você até mais que cuido de mim, as vezes julgo te amar mais do amo a mim mesma, mas também sei sair como errada
-antes você do que eu.
Posso ser alguém sem medos, posso até nem chorar,
-mas eu também minto muito bem.
Bem me quer, mal te fiz bem, mas te tirei sorrisos como ninguém, sei que posso não ter sido a melhor versão de mim, mas sei que fui a melhor que você merecia ter.
-se soubesse que sairia como errada, faria pior.
E se as borboletas realmente fossem pessoas queridas que já morreram, elas suportariam serem pegas as mãos, cegariam mais um?
E se as que estão no meu estômago fossem parte das que foram, não vitalmente, e sim das memórias, e se fossem aquelas que um dia me amaram e deixaram partes dentro de mim, e agora todas elas se alegram quando me veem amando de novo.
Estado Terminal
Com as mãos retalhadas pelo cabo da enxada,
o pai se despede do filho.
O coração cortado destino a nova cidade em busca
do canudo, o filho parte.
Sustentado pelo árduo trabalho da produção de mandioca
do pequeno sítio de seu pai.
Se aproxima a formatura, onde o desejo do pai ver seu filho
vestido de Doutor.
Dai a indiferença de seu filho que comentara na Faculdade
de que seu pai era um grande fazendeiro.
Já de regresso e Doutorado encontra seu pai no estado
terminal.
Uma massa tumoral instalou-se no corpo de seu pai,
não sendo possível salva-lo. Mesmo com a formação
acadêmica de medicina.
Uma biblioteca é o órgão que contém todos os sentimentos e emoções de uma unidade escolar, tanto nas páginas dos livros, como em toda a sua estrutura física. Estrutura abalada pelo tempo, pela chuva,pelas infiltrações e pelo descaso.
O vírus que corroeu as entranhas das paredes do coração da escola foi também cruel o suficiente para fazê-la entristecer. Chorava constantemente durante muitos invernos, às vezes encharcando livros e outros pertences,
como estantes e armários. Livros também entristecem quando é um vírus chamado descaso que invade seu
espaço e estremece suas bases atingindo sua real importância.
(Livro: Relatos do projeto de contação de histórias Estrela estrelinha -a biblioteca e a bibliotecária 2° edição)
O livro é o melhor transporte que existe. Com ele nas mãos e nos olhos é possível viajar por lugares diferentes, conhecer histórias e culturas diversas, além de proporcionar autoconhecimento e deixar o passageiro “preparado” das mais poderosas ferramentas para se
defender das armadilhas que existem no meio do caminho
da vida.
Existem fatores que devem ser considerados por
uma auxiliar de biblioteca que tem o livro como algo sério
e ao mesmo tempo o atribui ao conceito de leveza das asas
de um pássaro.
Livros e pássaros não se dissociam ao abrir asas.
Um mediador de leitura é um elo entre alçar voo e
alcançar as nuvens. Sou uma mediadora de leitura por
amor às asas e ao voo.
Outro lugar onde livros são capazes de nos levar é o coração humano. A humanidade precisa de pessoas
dispostas a caminhar até encontrar esse caminho.
Eu encontrei e estou começando a percorrer por ele.
Isso mesmo, meu projeto é apenas o começo de uma longa jornada. Entre o primeiro passo e o pico da montanha
certamente vou encontrar pedras e espinhos.
Desenvolver o hábito da leitura
não é um exercício somente para aqueles que
desejam ser mais intelectuais, mas a principal ferramenta usada por aqueles que desejam ser menos ignorantes.