Trechos de Livros
Se existe algo que a literatura e a natureza nos ensinam é de que está tudo bem ser diferente e que só sobrevivemos por causa da diversidade. Não é só uma questão de opção, é uma necessidade.
Detesto quando começo a gostar muito de um livro
Acabo me sentindo parte da vida do personagem
Sofro com ele
Sorrio com ele
Choro com ele
Pra saber que assim que acabar a história
Terei que voltar a minha vida de sempre...
Crônica
Quem sou
Em encontros com amigas, nos questionamos que tipo de mulher somos, a pergunta paira no ar, o silêncio , por um segundo responde: Sou moderna, sou antiga, sou meio termo, sou totalmente doidona... O silêncio volta a falar e nos olhamos repetidamente, não era essa resposta que queríamos ouvir, queríamos ouvir respostas que nos ajudasse a definir nossas vidas, que dessem rumos a nossas dificuldades, que emoldurassem soluções e , como num piscar de olhos tivéssemos dentro de um quadro fixo onde nossa vida recebesse uma bela receita e pudéssemos segui-la , repetidamente, sem tropeços, sem amarras, sem novelos de linhas embolados, onde a trama fica tão difícil que nós , ou jogamos todo o rolo de linha porta afora, ou seguimos cortando os nós cegos.
Após aquele momento,olhamos novamente e quase que mudas e com um sorriso amarelo, não conseguimos responder à pergunta; melhor reconhecer a dificuldade e seguir em frente, como um pedreiro que não consegue desenvolver a sua tarefa e entrega a obra.
Razoável penso.
A dúvida fica ainda maior quando nos olhamos e nos vemos no mesmo barco, com os braços cansados de remar e sem remo suficiente para conseguirmos navegar. Por um momento me sinto fraca, com medo, sem atitude.
Em outros momentos , como aquele , me distraio olhando a roupa nova de minha querida amiga Lucíola, seus brincos novos e como o seu novo amor que a fez mais bonita, mais amável e bem mais feliz.
A fuga foi desnecessaria, quando estava novamente me escondendo , voltei a pergunta e me vi sem resposta: Será então que nada sou? Será que me escondi tanto que sumi. Que me estreitei junto a becos e situações inconformadas que maltrataram tanto o meu coração que já não sei tal definição, ou será que simplesmente entreguei meus pontos,simplesmente não tenho as respostas que o medo me dariam.
Tomei coragem, enchi o peito de dúvidas e reenviei a pergunta, desta vez mais agressivamente:
-Vamos meninas que tipo de mulheres somos? Vamos !
O silêncio passou a ser o anfitrião da reunião, ninguém se atreveu a definir.
Será que havíamos perdido a identidade?
Será que não sabíamos mais quem éramos?
Rosângela timidamente respondeu:
Eu sou Rosangela, sou morena, amo meu marido, amo meus filhos, meu filho está indo pro Canadá, meu filho vai se casar e ele também vai trabalhar lá, minha família é linda, apesar do filho único...
Fiquei olhando minha linda amiga Rosangela definir como sendo ela a sua pequena família, fiquei assustada como em poucos segundos, definimos nossos filhos, nossos parceiros mas não nos definimos,definimos a nossa viagem em família, mas não definimos uma linda viagem sozinha, para fazermos novas amizades, olharmos nossas vidas com olhares de distância, curtir a solidão em companhia própria.
Entendi tristemente que algumas de nós havíamos perdido nossas identidades quando deixamos nossos direitos em prol nossas obrigações, nossos sonhos pelos sonhos familiares, nossas vontades mais ocultas, por um lar quente para que nossos filhos possam se sentir felizes pelo aconchego do lar.
Entendi que, muitas vezes, perdemos nossas respostas pela inutilidade de querer vivermos vidas que não são as nossas, decisões que nos dá prazer mas que dá aos nossos filhos desconforto, daí pensamos muito e chegamos a conclusão que nossos filhos ficariam mais felizes de um determinado jeito. E que aquele jeito não seria o nosso.
E que o incômodo de nossas decisões aflora em nossa família a sina da culpada.
“Se eu não tivesse feito aquilo meus filhos estariam melhor”... Balela! Nada é melhor que a atitude justa , nada é tão verdadeiro que o gosto de se falar um não sabendo que esse não é honesto e necessário.
O que mais me irritou foi que após pensar desta forma , não falei pra minhas amigas, não compartilhei com quem também estava tentando se reinventar.
Daí tristemente, olhei minhas amigas, levantei do banco em que eu estava me assentando e fortemente disse:
Eu consegui me definir:
Todas olharam para mim curiosas, e como uma pessoa que começava a andar novamente após ter as pernas amputadas,
Disse:
Eu sou a escolha, e a dúvida:
A escolha por minha família e a dúvida de que um dia eu morrerei de arrependimento por feito essa escolha.
Lupaganini
"Minha cidade foi minha história e ela teve o tamanho, mesquinho, de minhas ambições. (...) O dilúvio salgado escapava com tamanha fúria dos olhos, que achei que fosse arrancar meus glóbulos. Fiquei feliz por isso. Nunca mais enxergar seria imensa bênção. Mas o destino é tão cruel que a partir dali comecei a enxergar ainda mais. Vi o passado, vi o futuro, vi o distante e vi o não dito; vi o que se soterrou debaixo dos tapetes da memória e vi o que se quis dizer, mas não foi possível nos tempos mortos. Tornei-me curva pelo peso de toda verdade que acumulei em minhas costas. Uma luz intensa fez me lúcida. Estava morrendo? Um jaó cantando longe. Um adeus? Do tempo que já se foi. "Ouça o mar." Não existem, já, jaós por aqui. "Ouça o mar!" Mas nunca fomos apresentados. Um dia o sertão chega lá. O canto do jaó. Raro. Pai? Se alguém achasse um. Sagrado seria. Ou maligno. Despedida.", Fred Di Giacomo, "Desamparo"
Quem se encanta mais em um encontro? O leitor com o autor ou o autor com o leitor? Um só existe pelo outro.
Suave
com toque leve.
Olhares sem palavras
conversam.
Bocas atadas
se beijam…
se amam.
Se pudesse
desejaria
seu carinho
todo dia
quando
amanhecesse
As regras inúteis da escola quebram a resistência dos alunos para os embates com o futuro. Colocam-nos em fila para aprenderem o quê, se os livros são poucos? Será se os coordenadores desconhecem a realidade!
Rasga - me o peito porque é dor que se abunda
Em síntese a lua cheia me inunda
E perece meu peito feito noite escura
E como dura
Rasga meu peito porque fundo foi
E o inesperado a seda corrói
E um torpor dilacera as trevas
Já não aguento
E que me passe o tormento
Porque dilacerando de tanto tanto
Já não sei se levanto
É inundação meu pranto
E amanhã quando o dia levantar
Estaremos cheios de buracos
Fracos buracos a vagar
A procura sempre devagar
E assim serão muitos e corroi
Serão fontes inesgotáveis de lembranças
Saudades que trarão herancas
Traga ar meu peito dói
Mas depois saudades
E assim vazios e odores
Que serão preenchidos
Com perfumadas flores
16/01/18
Quero tudo devagar
Porque se meu tempo está pra acabar
Que eu o aproveite
Como deleite
De pouco passar
E que eu deixe a rapidez para os novos
Que não percebem
O que bebem
O que sentem
O que mentem
Que andam a navegar
Em terra solta
Quero tudo devagar
Porque se o fim chegar
Que seu intervalo seja passear
Pelas estrelas
Pela lua
Pela sabedoria
Quero tudo devagar
Porque a pressa de passar Se transformou
E se saúde faltou
Nada releva
Tudo se enerva
E uma brecada
Se dá em cada arrancar
Mostrando que a felicidade é devagar
E se dá somente
Na fortaleza do amar..
30.12.17
Paixão
Engraçado como em nossas vidas transgredimos nossas próprias regras.
Temos valores arraigados em nosso psique que permeiam toda a nossa trajetória de vida.
Acontece que nosso cérebro é ardiloso e nossas imagens de pensamentos mudam.
No decorrer de nossas vidas vamos nos desenvolvendo sobre vários aspectos,entretanto existem evoluções que nos leva a uma consciência sofrida. Nesse decorrer, os valores mudam,as vontades mudam,assim, a análise muda , a utopia passa a fazer parte de um cognitivo distante.
Se não vivemos nossas vontades mais íntimas, transgredimos em um velado sofrimento. Tudo tem que ser averiguado dentro de uma tremenda responsabilidade porque uma vez vivida certas intenções, nos debatemos com o livre arbítrio e com consequências que permeiam essas atitudes. Impensadas ou não, existem seguelas irreparáveis em nossas mentes.
Analisemos a paixão: Sentimento extremamente prazeroso que segundo psiquiatras, passa .Desta forma,sendo um sentimento passageiro não podemos tomar nenhuma atitude estando sob o seu efeito . Entretanto, acabada a paixão , se existe persistência no sentimento temos o amor e esse basicamente é paltado pelo equilíbrio. Assim , só teremos a concepção correta se a paixão se transformar em amor e se estivermos plenamente envolvidos em una relação, ou seja,se estivermos livres para ela. Desta feita, só chegaremos ao amor se a paixão passar e,para que ela passe precisamos vive-la mesmo que em pensamento e ,se ela passar estaremos aptos ao amor .
Todos os conflitos da paixão terão sido vividos e suas cicatrizes desenvolvidas.
Assim o segredo para se viver bem tanto a paixão como o amor é saber distingui-los para distinguir suas limitações e os dissabores advindos de suas audácias.
Não me venha com Abraços empoeirados de infidelidade
Isso me amassa o coração
Faz meu ar em falta
Já não tenho idade
Não tente calçar-me sapatos apertados
Sua dedicação que sufoca
Me finca uma cobrança diária
E me custa alto preço
Entenda a leveza que existe na doação
Ela é nuance
E se muito falta
ah ! É vida em remoção
Não me venha com nós
Arremates grosseiros em linha fraca
Que ao primeiro suspiro
Se arrebenta e me mata
E se ficar pesado
Pode ir estarei firme
Posto que a vida é pluma
E não um estado cansado
Não sou de reticências
Posso até usar vírgulas por quantos as renovacoes
Só se fazem com pontos finais e grandes saltos
Não me amargues em falsas flores
Pesados odores que me reprimem
Existem bagaços que eximem
E quem sabe desterra horrores
Fomente errantes desejos
Pois que a vivência é necessária.
E a experiência a única ciência
Que não trás arrependimentos
Qualifique-se em boas ações
Faça o seu melhor
E dirija sua própria frota
Não espere esporões
Que batidos em nossas costas
Nos fazem jánotas
De poucas escolhas
E revolta em ausências
Façam fartas refeições
Mas pensem em migalhas
Alguém as tem
Alguém nem as tem
Force o odor da paixão
Porquanto quanto não nos damos
Farejamos falsos canos
De esgotos a nos sujar
Não sei se parto a parte
Não sei se piso em falso
Só sei que a verdade manda
E só tenho a idade que depressa anda
27.11.17
Terça- feira
Se a Terça fosse um terço, rezaria a Deus pedindo pelos pecados meus, Coroaria de flores minha vida , ressaltando o meu percurso Até aqui, laçaria um cavalo branco e fugiria para bem longe de minhas desilusões, nessa fuga voltaria ao tempo e sem nenhum lamento fincaria pé em meus propósitos sabendo que a vida nos engana , que o três gera preferencias por um , que a referência , caráter e o fim pode vir sem terço, cavalos brancos ou flores de Jasmim.
2012
Nada me prende,
a não ser duas fortes
coxas femininas.
Nada me prende,
a não ser as cordas
do ringue.
Nada me prende,
a não ser o sofá
e a escuridão da minha sala.
Nada me prende,
a não ser uma
garrafa de Whisky.
Nada me prende,
a não ser um bom
livro de romance.
Nada me prende,
a não ser Bukowski e
Mozart.
Nada me prende,
a não ser o amor
de uma mulher.
Nada me prende,
a não ser a escrita
de um poema.
Nada me prende,
sou livre.