Trechos Clarice Lispector
A realidade é delicada demais, só a realidade é delicada, minha irrealidade e minha imaginação são mais pesadas.
E eis que não entendo o ovo. Só entendo o ovo quebrado: quebrado na frigideira. É deste modo indireto que me ofereço à existência do ovo: meu sacrifício é reduzir-me à minha vida pessoal. Fiz de meu prazer e de minha dor o meu destino disfarçado. Como aqueles que no convento varrem o chão e lavam as roupas, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver.
Mude
Mas comece devagar, porque a direção
é mais importante que a velocidade.
Mude de caminho, ande por outras ruas,
observando os lugares por onde você passa.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Descubra novos horizontes.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
Busque novos amigos, tente novos amores.
Faça novas relações.
Experimente a gostosura da surpresa.
Troque esse monte de medo por um pouco de vida.
Ame muito, cada vez mais, e de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, de atitude.
Mude.
Dê uma chance ao inesperado.
Abrace a gostosura da Surpresa.
Sonhe só o sonho certo e realize-o todo dia.
Lembre-se de que a Vida é uma só,
e decida-se por arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Abra seu coração de dentro para fora.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Exagere na criatividade.
E aproveite para fazer uma viagem longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas diferentes, troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você conhecerá coisas melhores e coisas piores,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, a energia, o entusiasmo.
Só o que está morto não muda!
Nota: Trecho adaptado do poema pertencente a Edson Marques. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Clarice Lispector.
...MaisÉ difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!
Mude... mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Nota: Trecho do poema pertencente a Edson Marques. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Clarice Lispector.
...MaisSuponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca.
(trecho de entrevista dada em 1977)
Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome.
(Perto do coração selvagem)
Sou implícita. E quando vou me explicitar perco a úmida intimidade.
(Água viva)
Lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
(Água viva)
A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais.
(Perto do coração selvagem)
Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?
(Perto do coração selvagem)
Minha essência é inconsciente de si própria e é por isso que cegamente me obedeço.
(Água viva)
Agora é um instante. Você sente? Eu sinto.
(Água viva)
Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem.
(Crônicas para jovens: de amor e amizade)
Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.
(Água viva)
Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.
(A hora da estrela)
Foi Clarice Lispector que disse: “De agora em diante eu gostaria de me defender assim: é porque eu quero. E que isso bastasse”. E tenho que concordar com Clarice, pois ninguém consegue viver com saúde por muito tempo tentando só agradar aos outros. Ninguém é feliz por inteiro se submetendo ao julgamento alheio. Ninguém cresce completamente se não aprende a recusar aquele convite, a impor limites, a fugir do combinado e negar um favor. Ninguém amadurece sem aprender a dizer “não” e dormir em paz com isso.
Vou começar este texto com uma frase da Clarice Lispector, pois é exatamente assim que hoje estou me sentindo “Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada”.
Estou me sentindo tão cansada, aparentemente tudo parece bem, mas hoje eu queria fugir pra um lugar onde eu possa chorar todas as lágrimas sem ter me preocupar com os outros, e sem correr o risco de deixar as pessoas preocupadas.
O que seria muito estranho, pois nunca mostro minha verdadeira face, sempre choro sem fazer barulho e sem deixar nenhuma lágrima cair.
Eu queria ter motivos pra estar feliz, mas não vou me preocupar com isto hoje.
Vou terminar com uma frase da Scarlet O'Hara que é um exemplo de superação.
“Afinal, amanhã é um novo dia!”
Loucos e perturbados tais como, Van Gogh, Clarice Lispector,
caminharam séculos na frente de seu tempo.
Nem tudo o que escrevo resulta numa realização, resulta mais numa tentativa. O que também é um prazer. Pois nem em tudo eu quero pegar. Às vezes quero apenas tocar. Depois o que toco às vezes floresce e os outros podem pegar com as duas mãos.
É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso. Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção... porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque eu escrevo! Que fatalidade é esta?
Olhou em torno de si a manhã perfeita, respirando profundamente e sentindo, quase com orgulho, o coração bater cadenciado e cheio de vida.
A mais premente necessidade de um ser humano era tornar-se um humano
O prazer é abrir as mãos e deixar escorrer sem avareza o vazio-pleno que se estava encarniçadamente prendendo. E de súbito o sobressalto: ah....abri as mãos e o coração, e não estou perdendo nada! E o susto: acorde, pois há o perigo do coração estar livre!
Até que se percebe que nesse espraiar-se está o prazer muito perigoso de ser. Mas vem uma segurança estranha: sempre ter-se-á o que gastar. Não ter pois avareza com esse vazio-pleno: gastá-lo.
Com duas pessoas eu já entrei em comunicação tão forte que deixei de existir, sendo. Como explicar? Olhávamo-nos nos olhos e não dizíamos nada, e eu era a outra pessoa e a outra pessoa era eu. É tão difícil falar, é tão difícil dizer coisas que não podem ser ditas, é tão silencioso. Como traduzir o profundo silêncio do encontro entre duas almas? E dificílimo contar: nós estávamos nos olhando fixamente, e assim ficamos por uns instantes. Éramos um só ser. Esses momentos são o meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isso de: estado agudo de felicidade. Estou terrivelmente lúcida e parece que estou atingindo um plano mais alto de humanidade. Foram os momentos mais altos que jamais tive.
É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.
Há muita coisa a dizer que não sei como dizer. Faltam as palavras. Mas recuso-me a inventar novas: as que existem já devem dizer o que se consegue dizer e o que é proibido.
Tão secreta é a verdadeira vida que nem a mim, que morro dela, me pode ser confiada a senha, morro sem saber de quê. E o segredo é tal que, somente se a missão chegar a se cumprir é que, por um relance, percebo que nasci incumbida – toda vida é uma missão secreta.