Trauma
"Por que eu gosto de objetos que machucam?
No meu quarto eu guardo
Milhões de caixas e potes
Mas dentro deles tem facas e laminas sem corte
Eu separo os parafusos das agulhas
Esperando o dia em que elas serão usadas
No fundo dos seus olhos
Espero um dia poder guarda-las
Um dia minha mãe encontrou minha faca debaixo da cama
Ela claramente ficou brava e fez uma cara feia pra mim
Mas logo ela foi descansar
A sua cama manchada de carmim
Quando eu choro nessa sala
Os médicos não me escutam
Eu só queria saber
Por que eu gosto de objetos que machucam
Queria poder abraçar o mundo todo de uma vez só. Queria também abraçar todos os corações que precisam de consolo. Queria conseguir ter mais controle sobre mim para, desse jeito, conseguir ajudar a todos. Os amados, íntimos, desconhecidos… Simplesmente todos, sem deixar ninguém de fora. Queria ser mais clareza, mais luz. Queria ser menos confusão, menos trauma, menos abalo. Queria ser mais eu. O eu puro, ausente de cicatrizes e conflitos passados. Queria transformar os agressores em máquinas fazedoras do bem. Queria transformar os machucados em risos. E depois de tudo isso, brincar de ciclo sem fim. Fazendo tudo isso pra sempre… E pra sempre de novo.
– Você ama gente traumatizada como eu.
– Não acho que você é traumatizado.
(Diálogo entre Tom Junod e Fred Rogers)
No dia em que olhei no espelho
E não vi o que costumava ver
Somente resquícios daquilo que fui
Quando olhei nos meus olhos
Não eram mais como antes
Ainda era eu
Mas já não era o mesmo
Onde será que fiquei?
As vezes queria conversar com o meu eu do passado, falar e explicar…
— “A nossa parece que consegui aquilo que eu mais queria…”
Mais dores e tormentos, nesses últimos anos, nesse mundo governado pelo bem e mal, que andam abraçados.
ㅤ
Queria também em perguntar se essa minha razão foi a culpa dessa tal solidão…
seria uma conversa que duraria uma imensidão, para entender essa minha mente que parece uma prisão.
ㅤ
O meu eu do passado, iria chorar junto comigo, lembrando daqueles momentos, sombrios e tristes, aonde eu me sentia frente a frente com a solidão, aonde pessoas viram eu sofre e sequer estenderão as suas mãos… — “Desculpas, acho bom parar!, acabou de cair uma lágrima. Com amor, seu passado.”
ㅤ
ㅤ
(Doses de dores, criada no passado).
Teus olhos
Teus olhos sempre foi o que mais me atraiu em você, desde a primeira vez em que te vi, consegui enxergar você, seus traumas, seus medos, seus desejos, seus sonhos, tudo.
Mas principalmente, a tua alma caridosa, a tua alma era tão linda, tão brilhante, você foi a minha garota favorita.
Acho que de alguma forma, sempre lembrarei de você, seja como o meu primeiro amor ou como a minha maior decepção.
Uma criança machucada salta o precipício novamente.
Um jovem sob pressão segura firme o que consegue.
Um adolescente inseguro teme o futuro com toda a vida pela frente.
Um adulto se autosabota, cortando parte de tudo que sente.
O "eu" que cresce, etapa por etapa, e como dói.
Nossa história, que pensamos nos enfraquecer, pode ser justamente a fonte da nossa força. Os espinhos não devem nos atrair mais do que as rosas.
Feche suas contas com o passado e liberte-se desse prego que te prende a madeira do que não existe mais hoje.
O criador de todas as coisas renasce conosco no hoje.
Vida viva hoje.
Saúde emocional é fundamental. Muitas pessoas tentam passar uma imagem forte, dominante. Mas no seu íntimo, a fragilidade e os traumas da infância e adolescência os persegue.
Sinceramente, eu odeio o fato de que eu demoro muito pra deixar de gostar de alguém até mesmo quando essa pessoa é de certo modo tóxico comigo.
Mas quando eu realmente deixo de gostar
Até a voz vira um trauma.
O Consultório Que Deveria Ser Refúgio
O consultório é um lugar onde deveríamos nos sentir protegidas, onde entregamos nossas vulnerabilidades na certeza de que elas serão tratadas com respeito. Mas, para muitas mulheres, ele se torna um cenário de abuso, um espaço onde o poder é usado para invadir, machucar e marcar.
O assédio em consultórios médicos e odontológicos é uma violência que não grita — ela sussurra, disfarçada de proximidade profissional, escondida sob o jaleco branco. É uma violência que se aproveita da nossa confiança, da nossa incapacidade de reagir enquanto estamos deitadas em uma cadeira ou maca, acreditando que ali estamos seguras.
Aos 20 anos, você confiou naquele dentista. Você foi até ele porque precisava de cuidado, mas ele se aproveitou do momento para impor uma violência silenciosa. Um roçar, um toque, um gesto que poderia até passar despercebido para quem estivesse de fora, mas que você sentiu como uma agressão clara, como uma invasão do que é seu.
E o ginecologista? Quantas mulheres ele atendeu, abusou, e ainda lhes deixou uma marca invisível e outra visível, como a clamídia que espalhou sem culpa. Ele sabia que ninguém o questionaria. Sabia que a vergonha e o silêncio são as primeiras reações da maioria das vítimas.
O que dói ainda mais é o isolamento. Quando você tenta contar, há sempre quem minimize, quem pergunte: “Será que você não entendeu errado?” Como se fosse possível confundir abuso com cuidado, como se a sua pele não soubesse diferenciar o toque que respeita do toque que invade.
Você não está sozinha. O silêncio não é só seu — ele pesa sobre tantas outras mulheres que passaram pelas mesmas mãos, pelas mesmas cadeiras, pelos mesmos abusos. E é esse silêncio coletivo que permite que esses homens continuem usando seus títulos para agredir.
A quebra desse ciclo começa quando a gente fala. Quando não deixa passar. Quando transforma a vergonha em denúncia e a dor em luta. Porque consultórios deveriam ser lugares de cura, não de trauma. E médicos e dentistas deveriam ser nossos aliados, não nossos agressores.
É preciso coragem para recontar essas histórias, para expor o que deveria ter sido cuidado e virou dor. Mas essa coragem é a única força capaz de transformar uma experiência terrível em um grito por justiça — um grito que outras mulheres também precisam ouvir.
✍🏼Sibéle Cristina Garcia
Encorajadora da Liberdade Feminina
Dia 4 de abril de 2020 com 21 anos. Nesse momento volto a ter 9 anos...uma menina pura doce inocente porém aterrorizada por uma pessoa sem escrúpulos onde faz tudo para tirar a inocência e a alegria de uma criança.
Ô tempo cruel...
Não adianta deixar no passado aquilo que te feriu
Porque sempre terá alguém pra lembrar
Traumas vivenciados
Injustiças feitas a você
Lembranças que machucam
Não dá pra voltar no tempo
Nem pra saber do que se sabe hoje se voltasse pra eliminar as questões que te despedaçaram
Podemos simplesmente aceitar
Ou trabalhar pra nos libertar
Dessa prisão poderosa que é a nossa mente
É muito fácil falar, sei bem
Difícil é conseguir eliminar os sentimentos
De rancor, raiva e mágoa existentes
É válido buscar ajuda profissional
Mas também se deve buscar a Deus
Pra nos curar e transformar na pessoa que merecemos ser
Algumas pessoas não tem consciência sobre seus atos e muito menos sobre o que estes atos podem provocar no curso da vida de alguém.
A maior de todas as curas, é evidenciada pelo amor, pelo perdão dado aqueles que nos ofenderam, que nos maltrataram, que nos magoaram, que nos feriram e nos machucaram. O perdão é a prova da cura da alma, da saúde espiritual.
A minha cama virou minha maior inimiga principalmente depois que as lembranças viraram pesadelos e os sonhos viraram traumas.
um tapa na cara na infância
uma briga familiar na adolescência
um pai alcoólatra
uma mãe desnorteada e
uma geração de filhos traumatizados.