Trabalho Escravo
Após 150 anos de Libertação dos Escravos no Brasil, a cultura e a sociedade negra começa a reescrever sua verdadeira historia, apagando por vez, velhos conceitos errados esbranquiçados da sociedade hegemônica branca que distorceu, quase tudo.
nossos vícios
E o poder que tanto cobiçamos é o mesmo que nos destrói
Escravos da nossa mente alucinada
E entorpecida
Escravos do nosso corpo e suas dependências
Escravos das prisões que criamos
Entre possuidor e possuído há, verbalmente, apenas a diferença de uma letra, o “r” – mas esse “r” fez uma diferença enorme, porque e o “r” da redenção. O possuído é escravo – o possuidor não possuído é remido da escravidão. Quem não sabe possuir sem ser possuído, fez bem em se despossuir de tudo. Mas quem sabe possuir sem ser possuído pode possuir.
Não é só a morte que nivela as condições; o destino às vezes a antecipa, e se compraz em curvar a cabeça dos ricos e orgulhosos até beijarem o pó da terra, e coloca escravos ao nível do senhor”.
Nada mais triste que aquilo que parece amor, mas não passa de simples engano para auferir vantagens. Pior ainda que estes se consideram felizes, pois é só isso que almejam, indene da infelicidade alheia. O inferno astral as aguarda, mas isso não parece fazer importância, pois acham que há somente uma vida para ser vivida. Mas quem é escravo de quem?
Estrupo é uma amostra de quão animalesco e doente pode ser um homem. Principalmente ao achar que existir motivo para tal crime.
Idolatria - é tudo que escraviza o ser humano. Paixão desenfreada por dinheiro, carro, casa, time de futebol, partido político, políticos de carne e osso corruptos, jogo, bebida alcoólica, cigarro, etc. A lista de itens escravizadores do ser humano é imensa. Todos exigem do escravizado tempo e dedicação, e muitos deles prejudicam a saúde do escravizado. E pasmem! A maioria acha de chamar de idolatria a atitude daquela pessoa humilde que se ajoelha diante de uma estátua simbólica de algo maior para prestar-lhe homenagem e que só lhe traz um bem espiritual e é ao mesmo tempo uma demonstração de humildade dessa pessoa, pois orgulhosos não se prestam a tal atitude. Ela ao se levantar é livre, enquanto os outros são escravos. A idolatria é muito mais do que se imagina por aí e é um fator de infelicidade do ser humano.
Concupiscência é desejar as coisas do mundo e possuindo-as, permitir que elas ocupem e consumam seu tempo e sua vida, tornando-se seu escravo.
Engraçado... Nós criamos o tempo, desenvolvemos suas regras e propriedades, definimos quais seriam suas atuações em nossas vidas. Hoje, ele nos escraviza... Ele nos impede de fazermos o que gostaríamos.
EU ÁFRICA
Acorrentado pela escravidão...
Tenho marcas, sou marco,
Na face trago traços,
Sofrido negro afro.
Acorrentado pela escravidão...
Refém do fenótipo, nasci no cortiço,
A dor me traga, é tanto sacrifício,
Nada me revigora, resta-me o vício.
Acorrentado pela escravidão...
Agonizando eu sigo ermo,
E sinto a falsa liberdade num terno,
Preso no aflitivo quilombo hodierno.
Acorrentado pela escravidão...
Minhas ideias: estanques,
A morte: um baque,
Então suspiro ao som dos atabaques.
Acorrentado pela escravidão...
Venho do Saara, aro a seara,
E enquanto a ferida não sara,
Jogo minha capoeira odara.
Acorrentado pela escravidão...
Com açoite, os senhores tolhem,
E enquanto a dor não aboli,
Meu ópio é o folclore.
Acorrentado pela escravidão...
Minha sina é rastejar,
Na lavoura a dançar,
Dois pra lá, dois pra cá.
Acorrentado pela escravidão...
Conquisto a alforria,
Viro escravo da alegria,
Minha prisão: a fantasia.
Acorrentado pela escravidão...
Perdido, mergulho em teu mar,
Afogo-me em teu branco olhar,
E encontro-me em tua íris negra.
Acorrentado pela escravidão...
Tenho meus desejos cerceados,
Tenho o meu samba censurado,
Mas não calo: sangro os meus versos calejados.
Quem está sempre a expressar a mesma opinião sobre tudo, e foca seu comentário, de preferência, sobre um mesmo assunto se assemelha ao antigo escravo da caverna de Platão. Urge libertá-lo para que ele possa expandir sua visão do mundo e das coisas.
Das Biografias (1)
em negro
teceram-me a pele.
enormes correntes
amarram-me ao tronco
de uma Nova África.
carrego comigo
a sombra de longos muros
tentando impedir
que meus pés
cheguem ao final
dos caminhos.
mas o meu sangue
está cada vez mais forte,
tão forte quanto as imensas pedras
que os meus avós carregaram
para edificar os palácios dos reis.