Toque de Amor
TOCAIA (soneto)
Ao sopro do vendaval no cerrado
No céu azul da vastidão do sertão
Segue veloz os sonhos do coração
Entre os uivos do já e do passado
A quimera, se acautela na ilusão
Prudente, contra o sentir errado
Tenta equilibrar estar apaixonado
Pra não sufocar a sofrida emoção
Na procela no peito esganiçada
Brami uma dor abafante e escura
Que perambula pela madrugada
E, em aflitivos véus da sofrência
Dando-lhe, assim, ar de loucura
No amor valência é ter paciência
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
TRAGO
Trago a prosa na alma, inteiramente
Como se fosse uma tocante sinfonia
Que me invade e do profundo irradia
Inspiração. Sou da poética pendente
Trago no âmago o lírico praticamente
Olhares, agrados e sensível harmonia
Em cada versejar o trovar com magia
Sou apaixonado, ao acaso indiferente
Trago o canto, na cadência, atraente
Sou instante, um todo, o total afago
Um Bardo cheio de emoção presente
Trago sensação, premissa dum amador
Para o meu contentamento, tudo trago
Menos a perfídia daquele amado amor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 agosto, 2022, 21’07” – Araguari, MG
Sabia de você...
O tempo todo sabia.
Apenas isso... Apenas.
Não te tocava, não te via...
Somente sentia, apenas sentia.
No sonho tão fugaz,
às vezes aparecias,
somente assim... Aparecias.
Ao olhar em volta,
as vezes te via... Só as vezes.
No sorriso, no olhar, no falar...
Apenas percebia, as vezes sentia...
Não, não com o olhar... Ainda assim te via....
Ficava quieta e te sentia...
Sintia assim, parecia que te via...
As vezes pensava, será que existia...?
Em outras achava...
Mas é claro, é claro! Sabia...
No luar por vezes te via, sem perceber, mas via.
Assim como nas estrelas, nos raios de sol...
Na chuva que eu adoro e que caia...
Sim, até aí te via...
Do alvorecer ao anoitecer por toda minha vida...
A cada respiro, em cada segundo...
No sopro da vida existias.
E todo o meu ser te sentia.
Em minha existência, toda ela eu sabia...
Existes!
Espere aí... Não é assim que a banda toca...
É por isso que na vida correm soltos
os desafinados, os desiludidos colhendo
nuvem carregada desabando temporais...
Aprenda de uma vez por todas e definitivamente.
Não cultive olho por olho, dente por dente!
Você invariavelmente vai se dar mal.
Não interessa o que você recebeu.
Não jogue sujeira de volta.
A vida é clara...
Tudo volta, exatamente assim.
Não revide a altura
do desavisado irresponsável.
Cuide de você, reforme você.
Crie harmonia dentro, e ao seu redor.
Conspire em seu próprio favor.
Limpe, areje, zele com amor
de sua casa interior.
Aprenda com as lições
que pipocam em todo lugar.
Tire essa nhaca lamacenta
de pensamentos ruins de sua cabeça.
Pense bem, pense melhor.
Pense acima e nivele por cima.
Vai querer continuar caindo, desabando,
colecionando energia baixa...?
Não! Você sabe o que é certo,
o que fazer para se dar bem de verdade.
Pare de desconsiderar
que os iguais se atraem.
E construa em prol de você.
Para onde se vai, como saber?
O vento toca e não dá sinal
Na esquina dobrou o viver
O horizonte é além do final
No fado sempre tem um haver
E no amor é que se tem ideal
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO DA PAIXÃO
Há que bom seria, poder tocar-te
Enrolar as minhas mãos no carinho
Entrelaçar o meu olhar no teu linho
Das carícias, assim, então amar-te
Há se eu pudesse trilhar o caminho
Dos sonhos que te fazem à parte
Dos ardentes desejos, ó doce arte
Bebida no afago, em taça de vinho
Onde andas tu ó cálida paixão baluarte
Venha e da solidão arranque o espinho
No vitral do sentimento és estandarte
Te quero no peito, coração, no verde ninho
Te espero no tempo que a demora reparte
Qualquer hora, não seja tarde, aqui sozinho!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
TOCAIA (soneto)
Dói-me esta constante tal espera
do que já não mais tem donde vir
que o desejo insiste em querer ir
aguardando na ravina da quimera
Doí-me uma dor insana, há existir
a cada alvorecer duma primavera
da ausência, da saudade, sem era
e do que não se tem, e quer pedir
Dói! O tempo a passar, eu quisera
poder nele estar e ali então devir
chorar, alegrar... ah! se eu pudera!
Como eu não sei como conseguir
a tocaia no peito se torna megera
e a alma romântica se põe a fingir
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 15 de julho
Cerrado goiano
NATAL
No ermo cerrado, árido, na noite, toca o sino
De esperança, pressaga enche nosso ouvido
Em uma toada de paz e bem, no céu subido
Anunciado o Natal do Deus Menino, um hino.
O presépio em glória, reza ao Filho Divino
A árvore alindada, ornam o amor instituído
Num armento em esplendor num só alarido
Há elevar do opróbrio ao halo o pequenino
E nesta lembrança onde se vence ao destino
O teto de palha, a estrela, os Reis, os pastores
Dobrarás os eleitos, em um respeito peregrino
Humilde, mãe, Maria, das Graças, das Dores
Traz o rebento de afeto, e um amor cristalino
Seu Filho, na manjedoura, todos os louvores!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Vazio seria o falar...
Um sino que insiste a tocar.
Comunhão , meditação.
A grande teia da vida,
Xamanismo 🍃🌱
Ao orar podemos até conseguir tocar o céu, mas ao amar o irmão somos acalentados no coração de Deus
Os corações sãocomorosas, tenha sensibilidade para tocá-los, assim evitarás sempre seus espinhos.
Podemos tocar as almas através das palavras, tenha sensibilidade para escrever no coração delas a linguagem sublime do amor, tendo como o teu Professor, o Deus do EternoAmor!
É quando os nossos olhos se encontram, os nossos lábios se tocam e eu encontro os teus braços, que eu me sinto segura.
Se, após tanto tempo, o último beijo continua deixando o gostinho de quero mais, em vão seria tocar outros lábios.
Você me disse
que tenho o dom
de escrever,
Eu por antecipação
me vi tocando
as estrelas contigo,
Assim admito
que no teu
universo
vou me perder.
Só me aproximo
se você deixar
Os teus olhos
lindos e cansados
são tão claros
quanto um riacho
para mim,
Que mesmo sem
ouvir a sua voz
Neles não canso
de me banhar.
Queria ter o poder de adivinhar...
Não me basta ficar só olhando,
Necessito tocar o corpo alheio,
Sem nenhum 'tipo de freio'...
Não me basta ficar te esperando,
Preciso tocar o teu coração,
Com toda a minha emoção.
Não me basta ficar te enganando,
Desejo revelar que sempre te amei,
Todo o amor do mundo eu guardei.
Dançam os corais nos oceanos,
- O mundo dá voltas
Colocaste-me dentro de ti,
Porque na verdade eu jamais saí.
Cantam os pássaros nos montes,
- O relógio dá voltas
Coloquei-te dentro de mim,
Porque na verdade és meu bandolim.
(...)
Deitada nas macias dunas,
- e verdejantes
Tocada no fundo d'alma
- tilintante
Embalada pela lira poética,
- em tons extasiantes
Sigo observando os teu passos
Talvez tu não tenha percebido
Que a manhã chegou,
Cheguei sem fazer ruído
Tocando com carinho,
Sou o sonho adormecido
Que tranquilamente acordou,
O amor que não se apagou
Por obra da noite e da aurora;
Personifiquei o sonho de outrora.
Doando passagem para o teu sonho:
Tornei-me realidade.
Eu te amo em castidade,
Pertenço ao desenho mais pleno
Ao sabor da liberdade.
Nada revolve mais a lembrança,
Pois, tu me fortaleces.
Cultivada no aroma da esperança,
Pois, tu me renovas,
Porque quem espera sempre alcança,
Como ninguém tu me perfumas,
Embalada pela oração de uma criança.
A masmorra ainda nos separa,
Sofro como Marília também sofreu,
Chorando na beira do mar,
Contando as conchas para distrair
A falta que tanto faz Dirceu.
Ainda tu reclina-te em memória
O teu peito emoldurando o teu olhar,
Tão lindo e tão puro que nunca há de se apagar,
Os nossos vultos na tíbia luz fizeram história.
Por obra inconfidente, silencio
Guardo do mundo os momentos de amor
Restritos a dois vadios;
Porque de mim carregas o mais sublime:
Tens o amor da estrela,
És o meu sideral espaço, doce e infinito.
(...)