Tolo
Antologia de um Tolo - Parte 1
Pronto, decidi! Decidi começar a escrever a cerca do que sinto. Talvez não adiante de nada, mas mal creio que não fará.
Pensei que seria fácil confessar-se emocionalmente para um computador, afinal, ele é sempre tão imparcial. Não me dirá o que tenho ou o que não tenho que fazer. Não me criticará e nem me surpreenderá com comentários desanimadores. Sei exatamente como ele se portará independente do que eu diga. Ele sempre estará aqui, diante de mim, sem proferir uma palavra se quer. Sem esboçar nenhuma reação a não ser o barulho de suas teclas sendo tocadas lentamente por meus dedos ainda amadores na arte de digitar. Talvez por isso seja tão difícil.
Sim, claro. Por que não conversar com um amigo? Alguém com que eu possa compartilhar minhas mais formidáveis desventuras. Alguém que sempre estará ao alcance de meu celular e no limite de meus créditos. Alguém que talvez só exista em minha imaginação...
Às vezes sinto vontade de literalmente extravasar. Sim, extravasar, gritar o mais alto que minha voz permitir, chorar até cair a última gota de minhas lágrimas. Dançar até depois de a música acabar. Fazer coisas que sempre me imaginei fazendo, mas que por ter uma sanidade a zelar sempre tive que me conter.
Por ora acho que a loucura já me alcançou. Mas dizem que quando temos dúvidas quanto a nossa sanidade não estamos loucos uma vez que os loucos têm a total convicção de que estão sãos. Aí eu me pergunto: não estaria eu usando essa afirmação apenas para negar meu atestado de demência?
Chega!
Quarta-feira, 27 de agosto de 2008, 01:42:44
Para os aduladores não há rico tolo nem pobre discreto, porque têm óculos de vista larga com que se representam as coisas.
Por mais que pareça tolo expressar meus sentimentos
Isso é o mínimo que posso fazer nesse momento
Porque o homem que não se expressa não sabe amar...
Aquele que pergunta, pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar, será um tolo para o resto da vida.
A Noite
A noite em que vago
Lento, leve, pesado
Trago peso nulo nas costas
Peso, mais pesado que o mundo
O peso está na mochila
Mochila que não existe
A mochila é suja, surrada
O peso é morto, é triste
Às vezes, escapa o peso
Pela minha face desaba a mágoa
Às vezes, exponho a mochila na rua, em casa
Um grito de lamento e agonia
Ando eu em ruas, bairros escuros
Meu peito cansa, pede ajuda, em apuros
As mãos não obedecem sempre,
No meu rosto se jogam e voltam
Machucam, recupero
Desaparece, mas sempre arde
A lua se vai, o sol levanta
A noite permanece e nunca acaba
Chove, alaga, lama
Afundados meus pés permanecem
O que quer aprender, gosta que lhe digam quando está errado; só um tolo não gosta de ser corrigido.
Volto a repetir: ame-a como um louco, mas não como um tolo.
Apanhei um monte de poeira e, como um tolo, pedi tantos aniversários quantos grãos ali havia. Esqueci de pedir que fossem em anos de juventude...