Textos sobre Mar
Contrastes
Em alto mar a suave e calma vaga
percorre a superfície lentamente.
E a terna brisa o manso mar afaga
de uma maneira própria, indolente.
Não pode alguém supor que é diferente
no fundo, onde a luz do sol se apaga.
A imensa turbulência da corrente
remove e arrasta a mais segura fraga.
Como acontece, às vezes, no oceano,
um tal contraste que nos salta à vista,
assim sucede com o ser humano.
Pois quantas vezes se apresenta ao mundo,
uma aparência calma e otimista,
que encobre a turbulência lá no fundo.
Somente agora a saudade me faz confessar
Que no mar de emoções que vivi
Não foi difícil te compreender e te amar
Mas agora que foste embora
É que posso refletir,
É uma coisa que me faz procurar por ti
O carinho que tiveste por mim,
Não vais encontrar por aí,
Tudo que fiz e disse a ti
Foi tentando demonstrar o quanto te amo
Mas não compreendeste o meu amor...
Vem a Chuva
Vem a chuva, vem a água do rio, água do mar, todas águas, mas todas diferentes. Cada uma chega e vai, mas cada uma faz seu caminho e segue seu rumo. A água escuta sua essência e vai rumo ao que seu “coração” manda. Escuta pedras, negocia com rochas, dialoga com a terra, enfrenta barreiras, olha estupefata as regras criadas para fantasiar sua sensação de segurança e propor que matematicamente se encontra a felicidade. As pedras, rochas, terras, barreiras amigas e amigos insistem que se empoce e se guarde, não se arrisque, aguarde, mas ela sabiamente, presa por um sistema lógico, simplesmente evapora seguindo seu “coração”. Evapora e retorna pela chuva que vem e alimenta o rio, a nascente, o mar e segue seu caminho, seu “coração”, pois a água é feita de felicidade pura e só é pura por perceber que sua existência feliz vem de dentro do seu “coração”. E assim escuta, negocia, dialoga, enfrenta seguindo seu rumo, relacionando com tudo, gerando felicidade pura onde passa e vai deixando pequenos pedaços que ao evaporarem se juntam e voltam para partir novamente. Mas o que tem haver o coração com a água perguntou a mente incrédula no que lia e a água respondia que era ele que permitiria à mente entender aquelas palavras embaralhadas como pingos que escorrem para lados e lugares diferentes. E isto se dava por que o coração possuía a água mais importante da vida, aquela “água” vermelha que circula e segue seu rumo, negocia com veias, dialoga com artérias, enfrenta órgãos e sabe que a única regra é levar a vida, a felicidade e retornar ao coração para se juntar e partir novamente.
"OLHOS"
Porque dormem
Choram
Os meus olhos
Procurei os teus junto ao mar
Esperei junto à areia
Que me encontrasses a chorar
De saudade, sem medo
Maresia doce
Bravas ondas
Escrevi na areia
Esperei que lesses
Mas as ondas apagaram o que escrevi
O que tu nunca irás ler
Embalsamei as minhas lágrimas
Morri um pouco talvez
Tira-me o fôlego
Com uma a frase de amor
Porque choram os meus olhos
Se eu encontrei os teus junto ao mar.
Mar menino
Ele existe dentro de nós, é um mar alvoroçado, de tudo faz onda. Puxa o que quer, devolve o que não quer. O mar menino reflete aquilo que ver, se enxerga olhos azuis devolve olhos azuis, se percebe olhos verdes o seu dia 'enverdesse' e se nada lhe favorece... Mar menino se enfurece. Ora quer se aproximar, chegar pertinho, ora se encolhe e quer distância e nem invente de se chegar, não vai querer se encalhar... O tempo passa e nada (,) muda. Enquanto isso acontece, vivo a tranquilidade de ser mais menino.
Amor de Devaneios
O teu olhar de sol me queima se me olhas
A tua boca de mar me traga se me beijas
As tuas mãos se transformam em amarras
De amor, quando me prendes se desejas
Servir-te de mim entre suspiros e desmaios
E elevar-me à condição acima da humana
Etérea de Arcanjo. Rendo-me se teus ensaios
Orientam-me pra tua performance soberana
De rei. De sabedor de coisas divinas, preciosas
Que fazem o corpo desmanchar-se em chamas.
Desintegro-me com as tuas carícias saborosas
E renasço como fênix das cinzas e entranhas.
Que de amor tu sabes contar vários segredos
E eu bebo nesta fonte sem pudor e sem receios
Descerro pra ti todos os véus dos meus medos
E vivo eternamente assim, por ti, em devaneios.
Busquei inspiração na madrugada sob a luz da lua cheia.
Procurei na brisa do mar e no brilho das estrelas.
Escalei a montanha mais alta,
para averiguar na força do vento.
Porém, em nenhuma dessas emoções, eu encontrei tanta inspiração. Tal como tenho recebido em dias de dor e sofrimento.
Quando quiser voar
ouse alçar, que o Céu é seu
e quando quiser navegar
pode içar, que o Mar é nosso
se acaso quiser partir
pois que lance um olhar às estrelas
há muito te espera o infinito
basta desejar tê-las
não se esqueça, não há segredo
é só despedir-se do medo
e dos poemas cinza-pálido
se seus ouvidos pudessem ver
o que tento dizer em silêncio
e o coração esquecer
aquilo que a mente receia
faria um acampamento
na cratera de um cálido vulcão
sentado à beira da fogueira
a olhar o Céu e o voo do condor
pomares, mares em flor e chão de areia
decifrar o segredo da vida
antes que ela seja
totalmente consumida
irremediavelmente perdida
abra os seus olhos e asas
não há sonho que não se viva
não existe nenhum horizonte
cuja vista não alcance
se lance
vá viver a vida
à tarde o vento empurra a vela
Vejo o mar pela janela
Se à noite o vento apaga a vela
Mesmo assim, no escuro, és bela
Te vejo passando e pergunto
Meu Deus, o que foi que te trouxe?
Quisera fugir de presença tão doce
Quem sabe se ao menos
Tão bela não fosses
e quando não estás
vou pra janela
olhar as estrelas pulsando
teu nome e teu sorriso
brilham no Céu
de vez em quando
Lembranças que se acendem
e esperanças que se apagam
Qual lume, dos insetos
que à noite vagam
dá até pra sentir o perfume
que emana da tua presença
posso até parecer triste
sou mais feliz
que você pensa
Seu cheiro tua ausência compensa
e meus sentidos embriagam
embriagado então
grito baixinho
que é pra não acordar
minha tristeza adormecida
que existe por não poder
estar em você
nem na sua vida
e isso torna a minha
sem sentido
se cego e surdo
fosse eu, de fato
quem sabe a sorte permitisse
ver-te bela
pelo tato.
Aquele teu olhar
Lembra a paz do famoso mar
Aquele sorriso, com o dente separado
Me parece o céu engarrafado
Trago a foto no celular
Instantânea alegria
Lembro em cada minuto
Olho, cada instante do dia
Pareço perder o chão
Em cada vão minuto
Olha para qualquer uma
Mas com elas, o coração é luto
Com você é vida, vida
Me calo
Só sinto
Me pego
Sorrindo
Te olho
Se indo...
A tristeza bate
Bate sem dó, me deixa em pó
Um pedido:
Deixa eu entrar na garrafa
Pra eu colocar a água desse mar
Assim eu posso ficar
Junto de teu sorriso e olhar
Me apaixonar não é a melhor ideia
Infelizmente
Não estou na plateia
Sou ator
Mas no teatro do amor
Não sei atuar.
PARTIDA
A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.
As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.
A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.
A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.
Me diga que amor nessas trevas dentro meu coração...
diga tudo que quiser tudo mar de pesadelo...
as correntes da minha alma são apenas frio da solidão...
sinto gosto da tua boca morta tanta coisas,
que nunca senti, mas, desejei sentir...
minha alma sangra pelo amor que senti
tantos desejos mortos pelo ador desse amor...
Você não me conhece
Eu não nasci do ventre da terra
Meus pais não são a lua e o sol
O mar não foi o lençol
Que usaram para me criar
Não sou irmão dos animais
Até conheço uns tais humanos
Mastigam certezas cheios de engano
E por achar que pensam
Se acham demais
Eu sou filho de mim mesmo
Ninguém sabe donde eu vim
O porteiro do inferno já me viu
Já tomei café com os querubins
Eu podia ser tudo e bem além
Mas adoro o título de “zé ninguém”
Porque assim eu surpreendo
O mundo de quem se acha alguém.
Amor à beira-mar
"E,nessa troca de olhares,viestes ao
meu encontro,uma conversa agradável,
gostos parecidos,sensação de que há muito
lhe conhecia... Pousaste as tuas mãos sobre as
minhas,e sob a luz da lua,uma dança
de amor começou.
Um abraço envolvente,um beijo quente...
Com esse espetáculo de Luar,
fizemos amor à beira-mar..."
For you... forever
Ilha - pedacinho de terra entre o céu e o mar
fiz dela meu barquinho (única dobradura que sei fazer)
e me pus a navegar... aqui..ali.. um pouco mais acolá...
Como é lindo este lugar!
O sol, o sal, o mar
o trapiche, um barco a atracar
espumas, maresias...
Como é lindo este lugar!...
A gente... mais gente,
tanta gente
tão gentilmente
se ofereceu pra me acompanhar.
Como é lindo este lugar!
Igual a este você nunca vai encontrar..
Miragem.
Miragem... simplesmente miragem....
Senti sede de amar, e avistei o mar, águas salgadas não
podem matar a sede, e sim afogar.
Miragem, pura miragem... um lago de águas cristalinas, pensei
em matar minha sede de amor, avistei ao redor o verde das matas
ouvi o canto dos pássaros, senti o orvalho, e me abri como a flor.
Miragem, louca miragem.... águas turvas, mata escura, frio mórbido.
Miragem, triste miragem, volto eu para onde tudo começou, o deserto
árido e solitário por onde sempre caminhei.
Sandra Lima
Nascido pra ser Mar
Queria mesmo
é que a vida
tivesse me endurecido!
Me transformado
em rocha de mar de vulcão.
Tão duro quanto lava efervescente
deitando montanha abaixo
abraçando tudo pelo caminho
e encontrando o mar:
Num duelo de esfriar-enrijecer.
Num feitiço de verter
tormenta em rocha-
fria e dura.
Queria mesmo é ter endurecido na vida,
e não,
ter descido montanha abaixo:
Sem controle
dominado,
amolecido,
vertido a tormenta.
Queria mesmo é ter endurecido
com a vida.
Mas, não dá!
Meu destino não é ser rocha-
nem ser tormenta-
é ser mar.
Alguns pensam que sou poeta porque escrevo poesias; sou poeta porque vivo o movimento do mar, a liberdade do vento, a beleza da flor e a importância do teu amor. No movimento do mar percebo os caminhos; na liberdade do vento sigo meu destino; na beleza da flor, a simplicidade e no teu amor, felicidade.
Sidney Poeta Dos Sonhos
(Amante da liberdade)
DESAPEGUE
Afogue essa saudade no fundo do poço
Lance as mágoas no rio de lágrimas
Que no mar deságuem as tristes lembranças
Enterre as tristezas sob pás de cal virgem
Apesar dos pesares respire esperança
Das dores extraia novos valores
Não fuja das tentações
Deixe fluir outras paixões
Incentive novos amores
Redobre sua fé na vida
Viva na plenitude a nova chance
Permita-se ser feliz...
Litoral em memorial
Há navegar no mar a amar,
sem pressa por expressar os sentidos,
sentir a brisa do lamentar,
nas gélidas lágrimas da chuva,
em meu barco ao vento a rebocar,
cortando as ondas,
criando vida aos traçados a me levar,
esse foi o meu penoso caminho,
tortuoso em lhe buscar,
acanhadas ondas proferem ditosas,
contorno aos lençóis a profetizar,
aquele oceano desbocou meus horizontes,
fora azuis seus olhos a me ludibriar,
ofuscam-se meus medos,
daquelas terras um dia voltar,
por conhecer alguém,
aquela de quem eu possa junto estar.