Textos sobre Livros

Cerca de 1070 textos sobre Livros

⁠Amor ou Paixão
Homens e mulheres ao se conhecerem não partam logo para uma união, namorem bastante tempo antes de tomar essa decisão, muitas vezes a pessoa só demonstra quem é depois de uns tempos de convívio, se sua escolha foi correta, tudo só vai melhorar com o tempo, mas se você escolheu só pela emoção, as máscaras vão cair e vai causar muita decepção e tristezas em seu coração.
Sou a favor de um casamento para sempre, separação é a pior coisa que um ser humano pode viver, então não deixe a paixão decidir por você, paixão passa com o tempo, amor dura eternamente, e amor só vem com o convívio nos tornando um para o outro, boa gente.
Se um remar para um lado e o outro remar para o outro lado, vão ficar rodando sem sair do lugar. Se um tentar impedir o sonho do outro, um vai ser feliz e o outro vai se frustrar, casal tem de pensar e agir juntos em uma mesma sintonia, não pare sua vida por causa do outro, mas tentem viver uma mesma história em harmonia.
Amor ou paixão, pensem primeiro na união, como pode água e óleo viverem juntos se não podem se tocar, não podem se misturar, e assim como podem “um” se tornar! E uma família para Deus formar! Se família começa da constituição de dois em um, formando no ventre um outro coração, e assim para Deus, iniciando uma nova geração.
JC Gomes

Inserida por Carlos_Gomes_CG

⁠Guerra ou paz
Afinal qual motivo está por trás? O dinheiro, o poder ou somente a maldade que lhe satisfaz.
O homem está sem horizonte, não sabe mais o que fazer, só quer ocupar os montes para seu bel prazer, desde os tempos antigos tudo foi sempre assim, poder e ganância ninguém mais responde por si.
Depois da conquista, esquecem as dores causadas e sorriem como se a dor do derrotado fosse nada.
Não consigo entender essa louca razão, todos querem ser felizes, mas com guerra, não. Pois conquista pode ser através de uma simples competição, se perder leva o prêmio em questão, mas sem dor e sem aflição.
Em tempos de guerra, crianças não sonham mais, pois sobreviver é o que precisam sem olhar pra trás, fingem que está tudo bem, pois todos vão perder mesmo, e melhor é não se envolver nos sentimentos e nem na dor de ninguém, afinal será que juntos novamente estarão, ou só lembranças e horrores pelas suas cabeças passarão.
Não consigo entender a razão, pois em outras épocas e lugares, pedaços de terra foram comprados com dinheiro na mão e não com bombas e canhão, deixando perplexos o povo por causa de um pedaço de chão, já não tem lógica, gastar dinheiro com munição quando tem gente querendo para matar a fome, um pedaço de pão.
Não está fácil pensar em algo sobre essa situação, pois me pediram para fazer poesia da guerra em questão, mas como posso poetizar vendo tanta dor do irmão, sofrimento e tristeza é o que tenho em mão, não posso fazer poesia alegre, pois vendo o horror que uma guerra faz a toda uma nação.
Não sou ingênuo para pensar em uma solução sem que sangue escorra por todo o chão, mas penso que uma boa conversa de homens com sabedoria, diminuiria essa fadiga que causa a maioria que não tem como se defender, esperando o momento de morrer.
Afinal liderança deve estar na mão de quem tem coração, pois o que deve importar é a felicidade da nação, principalmente pensando na outra geração, pois precisam dar continuidade às boas coisas que os de boa fé pensaram para a nação, pois Deus deixou a terra para os que pensam no irmão, não só dos que passaram, ou dos que estão, mas principalmente dos que passarão.
Mas como farão isso se constroem bombas que somente uma causam uma grande destruição, e todas as vidas se vão, que estupidez, será que não pensam que nem eles ficarão para começar outra vez, depois de tanta ciência a sabedoria do homem só lhe trouxe insensatez, que Deus tenha misericórdia de nós, que somos o pó da terra, mas não amantes de guerra.
JC Gomes

Inserida por Carlos_Gomes_CG

⁠Porque mãe?
Porque mãe? Muitas vezes dizemos que criar um filho é ser mãe, mas temos em mente que várias são as formas de ser mãe, quando sabemos que mãe de acordo com o desejo de Deus, é a que recebe em seu ventre uma semente de seu amor, que durante nove meses o prepara com ainda mais amor, pois agora são dois amores gestando um outro, mas…
Que me perdoem as mães que têm esse privilégio e não dá o devido valor, tem mães que deixam seus filhos contra a sua vontade, é compreensível, muitas vezes conduziu-o até a luz, mas não carregou em seus braços por motivos aleatórios a sua vontade, essa foi mãe de verdade.
Tem pai que cria seus filhos por ausência de uma mãe, por razões mil, às vezes por não conseguir impedir, por uma trágica situação, mas tem os que assim o fazem por não pensarem nas consequências de uma separação, somente homens são, pães talvez, mas somente pai serão de sua atual geração, mesmo criando com afinco e dedicação, não fazem mais que sua obrigação.
Existem mães que nunca deveriam ser, pois foram escolhidas e decepcionaram Deus em sua missão, receberam do Criador tão grande louvor e disseram não! Tiveram a chance de criar um novo ser que pra Deus tinha muito valor, mas não foi capaz de manter isso em sua mão, às vezes até causando muita dor.
Tem mães que por consequências desagradáveis e até trágicas, ou violentas, tiveram de se conter, mas ao sentirem esse ser crescendo em seu ventre, amaram mesmo não sabendo de onde vem a semente, só importando que fará desse intruso um milagre para muita gente.
Tem mães que escolhem ser Mãe, amam a toda criança que em seus braços lhes põem, dedicam suas vidas para criar esse ser, que nem dela nasceu, mas através do amor, a ela vai pertencer e vai crescer e homem ou mulher de caráter vai ser.
Tem muitas formas de ser mãe, mas somente uma tem valor para o Criador, aquela que cuida do ser que Deus lhe confiou.
JC Gomes

Inserida por Carlos_Gomes_CG

⁠Adolescente, quem sou?
Adolescência, fase confusa da vida da gente, tem dias que simplesmente estamos contentes, tem outros que tudo parece diferente, época da vida em que ninguém confia na gente, nos chamam de aborrescentes, mas não se colocam em nosso lugar para saber o que a gente sente.
Deixamos de ser crianças, mas não sabemos o que vem pela frente, adultos ainda não somos para decidir o nosso caminho, pois nem somos crianças para da mãe soltarmos a mão, mas não podemos decidir nada e nem tomar nenhuma decisão.
Sonhamos que tudo é possível, mas não mensuramos os perigos desta vida, como se fôssemos viver para sempre, arriscamos demais sem olhar para trás, não tememos o perigo pois somos adolescentes, e como sabem ninguém confia na gente.
Não planejamos ainda o nosso futuro, pois o que importa é o aqui e agora, pois logo tudo vai passar e se não aproveitarmos esse momento, pode ser que nunca o vivamos a frente, afinal em poucos anos toda essa história vai ficar somente na memória.
Que período louco vivemos nesta fase, sendo somente adolescente desde que não nos casem, pois somente ilusão é o que queremos manter em nossa mão, não pensamos em nada, justamente para não deixar a ilusão escapar, pois a realidade está logo ali a nos esperar.
Só não podemos cometer erros que a nossa vida vai ceifar, ou dias de dores que não podem em um ato cancelar, sendo assim devemos ouvir nossos pais para a vida longa prometida por Deus abraçar, e desfrutar de uma juventude com futuro e lembranças da adolescência cultivar e para o futuro prometido na palavra regozijar.
JC Gomes

Inserida por Carlos_Gomes_CG

Muitas pessoas dizem que gostariam de ter o hábito de ler, mas poucas fazem o necessário para isso.
O importante é começar, sem exageros, mas comece e depois não deixe "esfriar" o ritmo da leitura.
Abasteça sempre sua vontade de ler com títulos interessantes, que são importantes para você e logo o interesse por outros temas surgirão naturalmente.

Inserida por paulocaetanomt

⁠⁠⁠Reconheço que não sou um leitor assíduo e que nem tenho um relacionamento antigo com a leitura, entretanto, nos últimos anos, vejo o bem que faz em ler bons livros, pelo menos, de vez em quando, diversas histórias, surpreendentes, engraçadas, misteriosas, daquelas prendem a nossa atenção, pausam a realidade que nos cerca, que encontramos sentidos profundos nas entrelinhas, os parágrafos são emocionantes, uma aventura diferente da outra,

transitando entre as páginas, passando tanto pelas narrativas reais quanto pelas fantasiosas, frases marcantes, palavras valorosas, tirando lições importantes, instigando o imaginário, vibrando pelas vitórias e descobertas dos personagens, satisfazendo algumas suspeitas, um mundo incrível de possibilidades, um lugar onde não sou nenhum incômodo, que posso usar como um abrigo, afastado de qualquer transtorno, longe dos conflitos,

Rota fuga de certas circunstâncias desagradáveis, que desgastam o corpo e o espírito, além de trazer um pouco de alívio para uma mente cansada, então, se estou lendo, consigo algo que me proporciona um momento muito restaurador em vários aspectos por menor que seja a sua duração, deixando o meu ânimo fortalecido, usando o senso de realismo e o gatilho para minha imaginação presentes em um livro numa significativa interação.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠Casamento de Cláudia
A igreja estava preparada, a noiva bordada do fio de cabelo
aos sapatos pontiagudos. O noivo pronto, embrulhado para ser somente ator coadjuvante, os violinos afinados para chorar e os pais ansiosamente educados.
Convidados paramentados, outros salivando a festa, flores aprumadas à passagem de quem tinha fita no cabelo e queria se casar e já podia se casar.
Todo casamento vibra em um só acorde: o emocionante que escorre das pedrarias até as lágrimas dos mais íntimos.
Lágrimas escorridas talvez nesta única vez aos sons musicais.
Promessas sacudidas, retumbadas, vibradas e ecoadas ao pé direito do Altíssimo de todas as igrejas. Amarrando intenções de amor, de muito amor, amor que transforma, modifica a cada dia, face a face ao espelho.
O sacerdote pergunta a todos:
– Quem acha que se casou com o mesmo homem/mulher que há 30 anos?
Murmúrios... e continuou.
– Se acharem que são os mesmos, estão todos mentindo, não são, todos mudam. Vocês se enganaram, equivocaram e acham que permanecem felizes.
Rita assustou-se, soluçou, escorreu lágrimas e Rosa abriu a magia de toda bolsa e lhe deu maquiagem para representar e atuar.
Na festa, surpresas do talher, ao som que empurra pares a sacudir o que lhes fora ofertado: bebidas geladas em copos suados.
Madrugada, a noiva não desiste, joga o “bouquet” com golpe de astúcia para que todos alcancem e apreciem a sua vitória.
Alguém alcança, transpirada, e mostra a todos que ela também tem chance.
Na saída, o café perfumado, a montanha dos “bem casados”
empilhados à espera.
Rita apreciou, tinha que levar todos; eram bem casados, na bolsa ficariam espremidos e escolheu o decote como esconderijo.
Encheu, contornou os seios do que era mais doce, os “bemcasados”.
Na saída, a champanhe borbulhou em sua cabeça, o salto agarrou em alguma greta, caiu de ponta, espremeu “bem-casados” contra o peito.
Amarrotados, não restou nenhum para que pudesse degustar, amassaram-se e esborracharam.
E todos foram socorrer a vítima transbordando doce de leite.
Mas toda boa intenção também é doce.
Rita só queria ser bem casada.
“QUEM QUER CASAR COM D. BARATINHA? QUE TEM FITA NO CABELO E DINHEIRO NA CAIXINHA?”
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Vestida de palavras
Era uma vez... (e toda vez, nas difusas da imaginação,
começa assim) um quarto, e ele guardava um espelho grande que se agarrava à parede revelando as verdades.
Do lado impertinente e absoluto, descansado sobre a cômoda, um relógio quieto, mas veloz.
Sobre a cama, derramando intensidade, um vestido vermelho
que o tempo do relógio desbotou, mas o espelho mostrava que ele tinha ainda encanto guardado em lembranças.
Hesitante, perambulando pelo quarto, a mulher ia, de um
lado, ao outro, querendo enganar o relógio, fingindo sua aparente angústia ao espelho que apreciava o vestido, e ele se incumbia de carregar sonhos.
Frente ao espelho descortinou sua nudez, sua brancura. Abriu a lateral do criado-mudo e retirou um pote de creme. Espalhou sobre sua pele para acetinar o trincado do tempo a disfarçar e enganar o espelho por minutos naquele dia.
Recolheu o vestido sobre a cama e se cobriu dele. VERMELHO corajoso ajustado em seu corpo, abraçando os parágrafos de suas curvas, sem brigar por espaço.
Olhou para o relógio, o tempo, ele sim, brigava com ela,
apertava sua alma, não a largava nem um minuto sozinha para decidir e refletir.
Enérgicas são as horas, mostram o compasso.
Ela se mirou vestida ao espelho, olhou o pote abandonado sobre a mesa de cabeceira.
Abriu a porta e saiu do seu mundo, pôs na bolsa a sua
fantasia e decidiu acima das horas, dos segundos e minutos e não enganou a si mesma.
Lembrou-se de alguma frase, riu, saboreou, se revestiu dele,
Fernando Pessoa:
“Mas eu não tenho problemas, tenho só mistérios.”
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Convivendo no meio literário, um dia eu topei com uma escritora que, quando tinha bloqueios criativos, costumava logo buscar um culpado e colocava a culpa de estar assim nas pessoas com quem convivia e conversava no momento. Fosse quem fosse. Desde amigos, novos ou velhos, inimigos e até familiares. Sem dó, nem piedade! Uma loucura! Até eu saí como culpada um dia!
O meio literário não é brincadeira, não; cruzamos com cada louco/a!... Mas também com gente muito "sã" e "sadia", de mente muito "sã" (mas que parece "sofrer" de síndrome de Münchausen, ao mesmo tempo em que parece esconder-se atrás das próprias doenças e usá-las, sempre se vitimizando no fim, sempre saindo e ficando como a vítima da história, para conseguir algo ou chegar a algum lugar!) que não aceita de boa vontade assumir os seus erros e sai culpando os próximos...
Espero sinceramente que aquela escritora com quem um dia topei tenha mudado esse jeito com o qual costumava agir!

Inserida por RoseGleize

⁠O Guardião


Na porta do tempo, todos os dias têm um Soldado que guarda a entrada do Dia e puxa os lençóis da Noite.
Tudo na hora certa, matematicamente de uma precisão exata. Cansado dos anos, das horas de sentinela, o Soldado reclamou ao Crepúsculo da sua solidão.
Queria companhia, o isolamento ecoava cores de espectros. O Crepúsculo argumentou ao Soldado:
– Mas você não está sozinho, tem o Dia, o Sol, as Nuvens, avista as tempestades ao longe. No demais, nunca vai saber com que roupa o Dia vai sair e ainda tem a Noite, que chega elegante, às vezes chora, é dramática, tem broche no peito adornado de brilhantes.
O Soldado reclamou:
– Mas o Dia é desorganizado e bagunçado, às vezes, se veste com manga ou sem manga, simplesmente navega e acontece.
– Mas que prefere – perguntou o Crepúsculo?
– Uma associação, um afeto, disse o Soldado.
O Crepúsculo conversou com o Dia e a Noite, e no consenso, emprestaram uma Estrela no peito do Soldado guardião.
– Mas você, que foi ostentoso e observador, vamos enfeitar seu isolamento com uma Estrela que adornará sua ombreira.
O Dia, o grande negociador, bateu o martelo.
Ficou o Soldado feliz, agora não ficaria só com a Noite, que o fazia conversar permanentemente com a sua solidão; tinha Estrela para apaziguar seu imperativo.
Ficou deslumbrado com sua elegância, aparecia sempre elegante, de pouca conversa, não discordava, somente piscava, deixava passar. Estrela dormia muito durante o dia. Conversava incessantemente com a Lua, amiga íntima.
O Soldado, cada vez mais apaixonado, se esquecera do combinado. Passou a decretar mesa posta na hora perfeita, jantares perfumados e fumegantes para saciar seu desejo.
Estrela se queixou dos afazeres para a Constelação.
O Dia, enamorado de longa data por Estrela viu a batalha anunciada. O Corpo Astral deliberou sobre a palavra “emprestar” e se concluiu que era ceder.
Na disputa, os aspectos, os Ares advogados, concluíram que ceder podia ser renunciar ou abdicar.
E virou guerra, o Soldado armado, o Dia almejando vingança.
Na ocasião do duelo Estrela partiu, a oportunidade marchou com apetite de retaliação.
O Dia estava com fome
comeu toda a Noite
mas sobrou a Lua
que ao correr do Dia
foi devorada
A Noite queria se vingar
comeu todo o Dia
fez a Escuridão aparecer
Combateram.
No mais restaram poucos amigos, cada um no seu tempo ajuizado. Do Soldado sobrou um apagão sentimental e uma sina, uma Estrela Rutilada decorando lembranças em seu uniforme para sempre, dos tempos largados em ação.


Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Miseráveis
E a vida passa lenta como uma procissão lagarteando à margem da vida, cheia de mulheres adornadas de preto vestidas de morte, viúvas da felicidade .
Agarradas ao terço como se fossem lembranças perdidas, murmurando frases inaudíveis, confusas numa convocação de um encontro logrado no tempo de amar.
Choram as dezenas de anos como mistérios não revelados perfurados pelo tempo.
Todos os dias são Quarta-Feira de Trevas perseguidas por homens encapuzados, carregando “seu Cristo” ferido no andor intermitente a vida inteira.
Não olham para as calçadas da existência, são o extermínio querendo chegar de costas e surpreender a infelicidade.
Algumas nunca saem da procissão, do cortejo escuro atrás de sentimentos que somente sangram.
Adoradoras do infortúnio e da miséria.
Choram sangue e caminham com a indigência, desconhecem “O Deus da Felicidade e da Fortuna”.
Não rezam, lamentam.
Jamais convocam, murmuram frases.
Não confiam, esperam acontecer.
Sempre com receio; em atrição. Deslembradas da contrição.

Inserida por RosanaFleury

⁠Nem doce,nem amargo


Na cozinha, as notícias chegavam mais depressa ao fogo ameno. As criadas afagavam, pajeavam uma geração e fraseavam o inominável. Lembro-me de suas mãos quentes alisando minhas meias e eu sonolenta, bagunçando os cabelos em cachos nas almofadas do sofá da sala de minha avó. Elas me sacudiam e diziam:
– Se não ficar inteira para a missa, não tem doce de cidra nem novela
à noite.
As missas eram sonolentas e as pessoas vestidas do “primeiro dia da semana” se espreguiçavam em minha mente até ao almoço.
Era um dia morno, não havia novelas e a circunferência dos doces era vigiada e eu me frustrava com a falta das babás.
Verdadeiramente, não precisava delas, mas elas me bendiziam de suas falas e eu, como elas queria decifrar esse desejo.
E elas sabiam das promessas, do artifício, da magia de como chegar ao altar.
E sabiam muito mais, do veneno, da nudez debaixo dos lençóis bordados com capricho em ponto cheio.
Ninguém conversava sobre “isso” e, quando perguntava, tinha resposta certa:
– Já é hora de você dormir!
Na minha imaginação nada repousava, ficava na fantasia, esta geografia indecifrável e a língua solta de minha bisavó.
– Minha filha o “it” fica debaixo das saias.
Eu levantava as minhas, debaixo as anáguas e barbatanas e achava tudo tão incrédulo.
Acordava, e a novidade do dia: não entendia como, mas a vizinha havia “pulado a cerca”. Havia um falatório metafórico na cozinha não percebia onde estava o “cerco” onde só existiam muretas.
O “it”, o charme, o magnetismo, o encanto pessoal ainda são um mistério que abrocha do ser repentinamente.
Ferver, pular, ainda pode ser afetuoso e cítrico como doce de cidra. E o descrente ainda perdura nos amores alambrados.


Livro: Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Código

Havia em você uma ética e um código que nunca decifrei
Havia alamedas em seu falar onde nunca andei

Havia sabores em seus beijos que nunca experimentei
Havia muito mais
Que nunca descortinei

Medo
Muito medo

Você não sinalizou
E me perdi

Hoje você passa
Me desconhece
E no paralelo
Desse desencontro
Vestígios

Alucinada
Inesperada
Incendiária
Inconseqüente
Eu fui
Em avançar sobre você

Não me inscrevi
Assediei
Havia exercícios
Que nunca professei
Simplesmente
Tropecei
Na ordinária declaração
Do regulamento

Abri meus braços
Meu coração
Depus minha oração
E você
Não me viu

Me desculpe
Por favor
Não se assuste
Isto passa
Com o tempo

Vira páginas
Mas repagina
Meu
Viver.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Exercício

Não posso ver
Mas posso sentir
Não posso tocar
Mas posso vibrar


Não posso falar
Mas possuo imaginação


Não posso caminhar até você
Mas posso voar até você


Não posso vociferar seu nome
Mas posso flutuar em suas palavras

Posso
Posso
Posso


Até que tudo passe
Vire outra paisagem
E nesta
Miragem
Você ainda
Me pertence.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Meu Deus

Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás

Lá ando nu
Pelas savanas
Escondo-me no capim dourado
Vestido de bicho bravo

Quero ir embora, meu Deus.
Quero ir para o meu Goiás
Ficar debaixo do sol
Manobrando meus instintos
Atento aos ruídas do dia
Beber água do absoluto Araguaia
Ficar lá só e somente

Onde nada toca insistentemente
E tudo roça levemente

Ai, meu Deus,
Quero ir embora
Quero ir para o meu Goiás

Onde a lua cheia
Clareia as queda d’água
E polvilha de choro
Que as avista
Quero ir embora, meu Deus.
Mergulhar à noite
Em seus grãos dourados
Sentir-me empoeirada
De ventas de todo Brasil

E neste batismo
Quero ir para o meu Goiás
Chegará planície
E nesta lonjura
Avistar a chuva
Esconder nas vielas
Cheirar outros tempos
Amainar a saudade.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Inverno Intenso

Não era verão
Mas choveu

Era inverno
E a água desceu

Não era hora
Mas agora
Aconteceu
E com a terra encharcada
O que há de se fazer?

O frio seria intenso
Com a terra molhada
Brota
Tudo brota

E eu nesse sentimento
Nesta terra sem tempo exato

Vou trocar de roupa
Viver outros sentimentos
Outros tempos
Passar
Outras horas
Até que tudo se resolva
No tempo exato
Do coração.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Espera

Você me cozinhou
Não sei dizer se
Por aflição
Ou compaixão

Cozinhou
Verbalizou
Sentiu e
Aconteceu
Do seu lado

Do meu lado
Aqueceu
Dourou sentimentos
Te esperou
Te agradou
E escorreu

Pelo meu rosto
Subscrição
Apalermada
Abalada
Assustada

Do seu rosto
Ousado

Audacioso
Arrojado
Atrevido
Abalanceado

E no tremor
Do quebra-luz
Aquém
Do subornável
No agitar dos sedimentos
Estremecimentos

Nós
Apesar de tudo
Vivemos o todo.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Saber dizer “NÃO”, vai muito além de uma adaptação na melhor forma que lhe convém para se dizer “SIM”, pois, demanda sentimento de maturidade e gratidão.

Virtudes, consideração e prudência, é o que determina a maturidade de uma pessoa para saber dizer “NÃO”!Não se diz “SIM” para gratidão . . .
“Gratidão”, se demonstra!

Inserida por AdrianoAlmeidaB

⁠Sei de tudo que você sente(quase tudo), eu sei que tenho que te cuidar como ninguém, eu juro fazer meu melhor, cuido de você até mais que cuido de mim, as vezes julgo te amar mais do amo a mim mesma, mas também sei sair como errada
-antes você do que eu.
Posso ser alguém sem medos, posso até nem chorar,
-mas eu também minto muito bem.

Inserida por Ale_Ramos027

⁠E se as borboletas realmente fossem pessoas queridas que já morreram, elas suportariam serem pegas as mãos, cegariam mais um?
E se as que estão no meu estômago fossem parte das que foram, não vitalmente, e sim das memórias, e se fossem aquelas que um dia me amaram e deixaram partes dentro de mim, e agora todas elas se alegram quando me veem amando de novo.

Inserida por Ale_Ramos027