Textos sobre infância que encantam todas as idades
Desde a minha infância, que eu tenho o gosto peculiar de admirar os relâmpagos das noites de chuva, grandes flashes de luz na imensidão celeste, brilhando entre as nuvens, preso a uma satisfação momentânea, a qual fica ainda mais intensa quando os fortes trovões também se apresentam com a sua poderosa sonoridade e o que outrora era apenas um regalo divino aos meus olhos, hoje desperta por incrível que pareça algumas reflexões, emoções de tranquilidade, um pouco de estabilidade para minha mente agitada, às vezes, dispersa, nem sempre compreendida, trazendo ricas inspirações, as essencialidades que dão vida a certas palavras, poesia claramente expressiva, que possui sua alma poética, consistência significativa, que cativa e se liberta.
Fase intensa, infância demasiadamente preciosa, berço da ingenuidade, quando a felicidade se apresenta de forma grandiosa na riqueza da simplicidade, a maldade ainda não tem tanta força, brincadeiras marcantes, interações sinceras, calorosas, brilho diferente nos olhares, particularidade tão passageira, que logo vira história, emoções e vivências que se tornam saudade, um tempo inestimável que não volta, parte significante do passado, mas que pode estar presente, profusamente, viva, tanto na mente quanto no coração, revestida de amor, de muita imaginação, sendo como um distinto farol, uma cintilação de esperança, a criança interior, que adoça momentos, que faz perceber a essência de uma arte, sentir o deslumbramento pela vida, apesar das adversidades, regalo da bondade divina, tamanha singularidade.
Lavar a bicicleta cedinho no quintal faz-me recordar a minha infância. De quando eu, o meu irmão e a minha irmã ligávamos a mangueira, pegávamos os produtos de limpeza escondidos da mamãe e ficávamos a manhã inteira com a bicicleta de cabeça pra baixo disputando quem deixava o quadro mais limpo e os aros mais brilhantes. Era uma verdadeira festa. Sempre nos divertiamos fazendo as coisas mais simples dessa vida. Hoje, cada vez que jogava a água na bicicleta e ela caía molhando os meus pés, eu recordava de nós e dava um sorriso. Um sorriso leve, que faz eu me sentir gente-viva e me ensina que nessa vida, o que importa não é o dinheiro, muito menos o poder, o status ou as riquezas materiais. O que importa é o que permenece dentro da gente mesmo quando o outro decide/precisa voar. Sigo aprendendo diariamente, buscando remar contra a maré do ter/parecer, carregando o coração, a voz e a resistência para onde vou. Amar e mudar as coisas, como diria Belchior, me interessa muito mais.
Ainda tenho aqueles sonhos de criança, de um dia crescer e sair ajudando as pessoas, hoje em dia muito tem mudado na minha vida, não de forma financeira, mas ganhei novas visões de mundo do que venha a ser a sociedade, a política, a natureza... Estamos subordinados ao sistema que vivemos, meu ser sente saudade da infância!
Para crianças há um pavor em descobrir as limitações daqueles que você ama. A hora em que você descobre que sua mãe não pode protegê-lo, que seu tutor cometeu um erro, que o caminho errado precisa ser tomado porque os adultos não têm força para tomar o correto... cada um desses momentos é o roubo de sua infância.
Uma raiz da timidez é o medo de errar. Quando um erro da criança provoca reações negativas e intensas nos adultos, a criança pode se proteger sendo tímida e não se permitindo errar , isolando-se muitas vezes. A criança deve receber o apoio dos pais para encarar positivamente os erros e aprender com eles. Para vencer a timidez é preciso desenvolver a coragem de ser você mesmo."
Eu particularmente gostava mais do mundo no tempo de quando todas as crianças não tinham cores. Desde pequeno eu brincava em um cortiço bem perto de nossa casa no bairro da Consolação, no Rio de Janeiro. Curioso que durante toda minha infância nunca percebi diferença alguma entre minha querida família e as famílias amigas que me recebiam com carinho e amor em seus quartos um pouco mais apertados. Meu irmão jogava bola no quintal e eu ficava conversando e cantando com minhas mães de tanque e de passar, pois na sua maioria eram lavadeiras para fora. Saudades do Cortiço da Dona Rocinha.
A palavra irmãos me remete a boas lembranças do passado. Sete pessoinhas ao redor da mesa, um doce dividido por sete, bronca coletiva, muitas músicas e ensaios, guerrinha de pão duro, balanço no quintal, ajuda ao pai como servente de pedreiro e grandes assaltos àgeladeira pela madrugada. Saudades da infância...
Sempre achei que uma palavra de elogio fizesse bem à saúde. Que pequenos gestos mudassem situações até então imutáveis. Que o julgamento alheio não é importante. Que devemos ser adolescentes a vida inteira e, o máximo que der, regredir até a infância com nossos filhos novamente. Que isso é a melhor maneira de renascer. Que amor não se cobra que não é cobre. Que amor não se pede que não é peça. Que amor se chama porque é chama. E que tudo que é muito diferente incomoda tudo que é muito igual.
Desde criança gostava de livros, de ler. Desde meus três anos ficava curioso com os livros escolares do meu padrasto que ficavam sobre uma tábua colocada entre as vigas da nossa casa de madeira. Dois livros de leitura, como se chamavam naquele tempo, um de Aritmética e outro sobre Alimentação. Quando fui alfabetizado logo quis lê-los.
Entendo tanto das tristezas que, quando a felicidade vem, vem com susto. Eu desaprendi muito cedo a plenitude alegre, e tudo bem: gosto do medo. Não porque me protege a alma das grandes besteiras, eu tenho um coletivo de babaquices feitas que denotam uma vida de coragens nem tão estúpidas; mas porque o medo é a mais autêntica forma de vida que eu conheço.
“Mas você me parece melhor”, “como assim?”, “lembra que no ano passado você estava a ponto de explodir? Então, parece que passou”, “ah, passou porque eu cresci, né”, “é! E crescer é difícil, às vezes dói um pouco”, “crescer não dói, não, Rafa. Você amadurece e pronto, tá tudo bem”.
"Ser palhaço não é simplesmente pintar o rosto, vestir-se engraçado ou colocar um nariz vermelho. Ser palhaço é um ideal de vida, é você que escolhe e acolhe o universo encantado envolvido nisso. A recompensa não vem em forma de pagamento material, pagamento espiritual é o que recebemos. O sorriso extraído no rosto de cada criança é único e exclusivamente seu, você batalhou e conseguiu. Viva o besteirol e a todo sorriso frouxo."
Tudo o que eu queria quando criança era ter a felicidade que imaginava que teria. Imaginação pura de criança, onde não há o que repreender. Não há ambição nem falta riqueza. Ah, seu eu pudesse viver a beleza que era minha vida quando eu sonhava. As dores eram mais doces e até os mais altos gritos eram de amor. Minha casa era cheia de paz e alegria. Não sei mais se lembro os detalhes, mas sei que não passava batido nenhum. Se eu chorasse era por ter caído e até meu joelho ralado parecia sorrir. Saudades desse tempo que ainda não pude viver. Saudades dos segredos que a mim mesmo contava. Saudades das reuniões que só eu comparecia pra discutir sobre o meu futuro, e das vezes que até esqueci do sono esperando parar de rir.
Tenho saudades do tempo em que minha única preocupação era construir um castelo de areia que não desabasse; do tempo em que dor era somente a do Merthiolate; em que deitar na cama entre meus pais era o suficiente pra espantar o medo; um tempo em que meus erros eram corrigidos simplesmente com uma boa palmada. Sinto saudade do tempo em que o sabor das coisas era mais intenso e um mero chocolate com gosto de parafina alegrava o dia; das nuvens feitas de algodão, que em segundos passavam de dinossauros a coelhos; daquele tempo em que dormir na sala e acordar na cama era um milagre inexplicável. Tenho saudades do tempo em que desilusão era descobrir que Papai Noel não existe e, ainda sim, esperar ansiosa pelo Natal. Sinto saudade dessa literalidade, da simplicidade, da fé intrínseca e inconsciente em Deus. Não me interessava o amanhã, não me preocupava com ele, o hoje era suficiente, e por hora, apenas o resistente castelo de areia bastava para ser feliz.
Ao passar agora no caixa da padaria pra pagar o lanche, pra comer no trabalho, aproveitei e perguntei, por curiosidade, ao divisar na prateleira, quanto era um potinho do famoso chocolate, esse tal de Nutella, coisinha assim destamainho do tamanho de um frasco de sal de frutas Eno, outro riquinho, o meu é Sonrisal mesmo, ela disse, sete conto! Amanhã talvez eu leve um pra degustar com umas bolachas cream craker pra me amostrar, rs. E comentei com ela, enquanto providênciava o troco: "- Quando eu pequeno Nescau e Toddy era coisa de rico. Maçã e uva, outra coisa da elite a gente só comia quando tava doente no hospital. Nossos entes queridos, não sei se por remorço, pra enganar mesmo, pra ver se a gente, doentes queridos, ganhava um soprinho de vida, um estimulozinho, nos davam, como a dizer: - Olha se tu sobreviver, vai comer isso todo dia! Que nada, quando saía era só banana mesmo. Ate comi uma maçã depois numa rara oportunidade, uma raridade por essas bandas e se chamava mazanas e vinha embrulhada num cheguei, anil. Perguntei a minha mãe, depois que comi, se podia plantar, ela disse não, que era fruta de lugar frio, eu perguntei, seguindo esse raciocinio, se podia plantar na geladeira. RS. - (30.01.2020)
À medida que as crianças crescem e desenvolvem empatia, elas adquirem uma melhor noção de como navegar no mundo social. Dito de outra forma, pode ser que um aspecto crítico do crescimento seja aprender a dobrar nosso tempo em sintonia com os outros. Podemos nascer sozinhos, mas a infância termina com uma sincronia de relógios, pois nos prestamos totalmente ao contágio do tempo.
Em cada caminhada da minha vida sempre houve obstáculos montanhas que subir, rios que nadei, pastagem destroquei, rosas plantei, sorri e chorei em Dias de Sol suei em dias de chuva me molhei, não passei fome não passei sede sóa infância na natureza naquele lindo pé de Serra, montando cavalo em pelos ou em sela de brid, ou cabresto. Ah que dias de felicidades que não existia maldade carregavarmos Água em baldes.
É uma ideia corruptiva ensinar uma criança a fazer algum bem por dinheiro ou premiação. Isso pode distorcer a percepção do indivíduo sobre o valor de suas ações, seus esforços e desenvolvimento e provavelmente formará um adulto interesseiro que dificilmente agirá sem que haja algo em troca, focando sempre na recompensa.
Uma criança confia em seus pais plenamente, até porque, isso é uma questão de sobrevivência e enxergar os pais como abusivos é uma grande ameaça a essa sobrevivência. Com o tempo a única alternativa dessa criança será formar um jeito de se defender das situações dolorosas e internalizará todo o sofrimento. Essa criança enxergará tudo em si mesmo distorcido para entender os maus tratos e assim achará que merece o sofrimento.
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