Textos sobre a Morte
Cada dia e quanto mais eu tenho certeza e consciência de que tá chegando a hora e que eu vou morrer, que vou deixar esse mundo lindo e trágico, mas sinto amor e uma saudades antecipada por ele e por tudo. Para morte, só nos resta a mais suprema humildade, de que vamos despojados de nós mesmos e com as mãos vazias. Não vou poder levar nada nem ninguém, vou sozinha, do pó ao pó. E para a vida que me resta, o que resta a fazer, é absorve-la, ama-la em cada canto, em cada momento, em cada detalhe, muito e fazer dela e de mim algo significativo, que valha a pena. Algo que eu deixe como contribuição e gratidão e que faça lembrar: Eu estive aqui. Eu fui. Eu existi.
3. A instituição da justiça da terra é apenas e unicamente representada pelo poder estatal, pois para se, trouxe o poder da auto-tutela, e só o Estado através do Poder Judiciário pode processar e julgar, condenando ou absolvendo aquele que tenha praticado ato que lhe tenha conduzido para as margens da lei, ou que se tenha provado sua inocência, pois a todos é assegurado o direito de defesa, todavia, quando o Estado que é a pessoa jurídica que tem o poder para estabelecer tal Tribunal de Justiça, se torna fragilizado para condenar com os rigores da lei aquele que seja errante e praticante de crimes quando já provado a sua autoria, e o deixa em liberdade por falta de estrutura, é o mesmo que premiar o marginal e se inclinar para este que deveria ser julgado condenado, pois tal delinqüente criminoso ganha força se organiza em facções e estabelece seu próprio tribunal, e que cada marginal é juiz e no ato de seu próprios crimes, sentencia suas vítimas com pena de morte, e não dar sequer chance de defesa para suas presas, pois para este não existe o princípio do contraditório e da ampla defesa. (Gilvan Maia).
Lembrei, com saudade, dos Jarlich, três irmãos gêmeos, negociantes estabelecidos, com negócios de jóias, na Rua da Conceição, quase em frente a prefeitura. Se eu não me engano, Crisólita era o nome da loja. Quando eu ia lá com meu avô, era, na época, uma das melhores do ramo da cidade. De origem judaica, esses negociantes, extremamente simpáticos, gozavam de um vasto círculo de amizades grangeadas nos longos anos de comércio que exerceram com muita capacidade. Delicados ao extremo, lembro que, sorridentes, bastava conhecê-los para que uma amizade tivesse início. Sua freguesia era certa no ramo de jóias. Entendidos no assunto, honestíssimos, não eram como donos da H Stern ou Sara Jóias com a família Cabral. Vendiam a prazo, contou uma vez meu avô, muito antes dos serviços de proteção ao crédito (SPC) o que demonstra o alto grau de confiança que depositavam nos fregueses, mais selecionados pelas amizades do que, propriamente, pelas informações que pudessem obter em qualquer ficha cadastral hoje tão prática. A Crisólita, ou melhor, a calçada fronteira à loja, era o ponto obrigatório de todos os amigos e colegas do comércio dos irmãos Jarlich que, ali, às primeiras horas da manhã, iam provocar os parceiros infalíveis, para uma partida de "porrinha" valendo café. Nesses encontros não falava-se em política internacional. Isso porque, os parceiros, sem que houvesse acordo nesse sentido, sabiam que não seria conveniente qualquer comentário ou opinião sobre a luta travada entre árabes e judeus. Ainda mais sabendo que Hajjat e outros patrícios árabes evitavam comentar sobre a luta na qual os judeus levavam nítida vantagem na ocasião. Essa, aliás, é uma das características da comunidade niteroiense no que tange ao relacionamento de estrangeiros lá residentes. Como é natural, todos têm suas religiões, clubes e festejam suas datas festivas tradicionais, mas, uma coisa é certa, jamais deixam de cooperar juntos pelo progresso de Niterói. E, o que é mais importante, o conceito social de todos eles é dos mais respeitáveis e sempre nivelados pelo trabalho honesto e pelas atividades executadas nos clubes de serviços e em obras sociais diversas. Amam suas pátrias de origem, como não podia ser de outro modo, mas, sem dúvida, há em todos eles e em seus descendentes um demonstrável amor por Niterói, onde vivem, crescem e terminam seus dias. Mas, voltando à reunião habitual pela disputa do café, os anos foram passando e consolidando cada vez mais, a amizade entre os componentes da roda, até que, um dia, um dos irmãos gêmeos, o Isaac, morreu. Foi como se num tripé faltasse um dos apoios. Os sobreviventes sentiram demais a perda. Não eram mais os mesmos. Vislumbrava-se, agora, nos seus semblantes, a marca triste das perdas irreparáveis. Não passou muito tempo, Moysés, o segundo irmão, partiu também para o eterno descanso. A ruptura deste vínculo fez desaparecer no sobrevivente o sorriso que, antes, era o traço marcante da sua fisionomia. Taciturno, já não sentia prazer em conversar com os amigos e a impressão que nos dava era o desânimo. Até que um dia, Germano também foi se unir aos irmãos, deixando um vazio imenso na roda que, com o tempo, foi-se desfazendo pelo mesmo motivo, a morte. E lembro o meu avô dizer: "Meu neto, quando você for mais velho, vai começar a ver as pessoas indo embora." E não deu outra. Já um pouco mais velho, fui vendo, ao lado do meu avô, o Serrão, da casa de ferragens, Souza e Carvalho, os banqueiros, Hajjat, da camisaria Sul América; e outros mais, indo embora, até que chegou a hora mais difícil: ver também o meu avô, meu ídolo, partir. Devem estar hoje em qualquer plano do espaço, fechando as mãos com os três fósforos, disputando qualquer coisa sem valor com os irmãos Jarlich, os saudosos companheiros da disputa do cafezinho matinal. Nós, que ficamos apenas com saudades deles, não podemos deixar de reconhecer que, no fundo, a morte não é tão ruim. A chatice dela está no vazio que provoca, quando arrebata, sem apelação, pessoas que amamos. Os Jarlich deixaram saudades. Homens assim fazem falta à comunidade. Eles, sem dúvida, contribuíram para o progresso de Niterói. Sua loja primava pelo bom gosto. No gênero, em certa época, foi das melhores em instalação, e, inegavelmente, é uma forma eficaz de ajudar uma cidade, dando-lhe vida, através de um estabelecimento comercial bem montado e sortido. Niterói que possui, hoje, nesse gênero de comércio, vistosas e excelentes lojas, que tanto contribuem para o seu progresso como a Gran jóias, dirigida pelo Antônio, a Garbier, da propriedade do Alberto, a Jóia Niterói Ltda, sob a direção do Salomão, não pode esquecer dos irmãos Jarlich que alinhavam a competência comercial ao bom gosto uma excepcional capacidade de fazer amigos. Mas uma amizade que, sem dúvida, passava longe da amizade desses novos empresários de jóias com a família Cabral. Saudades dos irmãos Jarlich.
Minha poesia nasceu para o silêncio, para o sepulcro, para o cadáver que apodrece, para os vermes que beijam os lábios frios da amada sepultada, para o inferno e seus anjos caídos,para os cemitérios, para as covas com suas bocas abertas ao céu cinza e chuvoso, para tudo que fenece e para aquele que nunca, jamais esquece.
O que me aterra nos meus regressos de agora é não ter mais quem espere por mim, ninguém. A casa e os móveis, o ambiente que me faz recordar que algum dia tive alguém que me esperasse com ansiedade, mas "nesse algum dia" não sabia o que era ter alguém. O vazio da minha liberdade total.
Carta melancólica de C., queixando-se de R. A melancolia é bela. Os amigos falham, nunca estão no mesmo momento que a gente. E a amizade - diz ele - não será apenas uma ilusão, o terror da solidão, o desejo de ser amado, o pensamento da morte, da partida inevitável? Cá por mim perdoo sempre, pois também falho como amiga.
Minhas viagens são sempre voltas à infância, aos lugares onde vivi um dia. Uma procura, pai, mãe, avós, tios, amigos mortos. Volto atrás e procuro no verde, na luz, no céu. Em vão. O que perdi não terei mais, porém, mesmo assim volto sempre. A esperança de que algum dia encontrarei aquilo que procuro incansavelmente. Quem sabe na morte, única paisagem que por enquanto me é vedada.
Cada dia que passa mais sinto o pouco que tenho pela frente. As semanas correm, correm, correm me aproximando do fim. É estranho pensar que tenho de morrer um dia. Por quê? Qual a razão de tamanha injustiça? Por que nascer para morrer? Se desde o entendimento nos preparassem para a Morte como para uma grande festa, em lugar de transformá-la no castigo, no medo ao desconhecido, talvez não a temêssemos. Quisera poder enfrentá-la com dignidade, como uma rainha numa festa de coroação. Mas não estou certa das minhas forças. Nasci mais para viver do que para morrer. Quem sabe, uns nascem mais para a vida e outros mais para a morte?
Nunca paramos em pessoa alguma e "cada amor novo é apenas o elo de uma longa cadeia cujo fim é o Amor único", em busca do qual estamos todos. Em cada pessoa fazemos uma parada de um, dois anos, de mais, de menos tempo, mas em ninguém nos detemos verdadeiramente, já que o nosso fim é o Amor Eterno, que se realiza somente em Deus. Nossa vida é breve e o corpo demasiado pequeno e frágil para, sem romper-se, abrigar tamanha imensidade. Só a morte nos libertará, nos dará proporções suficientes para suportar sem riscos a realização daquilo que é a única razão de ser, o Amor, de Deus.
Paramos horas a fio com o pensamento naqueles que se foram, em tudo que foi antes e acabou, no balanço do que nos resta de vida. Rápido, bem mais rápido do que supúnhamos, Melhor fora se o tempo que vivemos fosse gasto em amor. Mas, ai de nós, quando essa ideia nos chega já não resta em nós calor que alimente um amor. Deixamo-nos viver, muitas vezes com entusiasmo, para começar algo de novo. Mornos, não soubemos aproveitar a chama da juventude, ou então a desperdiçamos.
Não seja tolo em confiar a sua vida, seus sonhos, problemas e vitórias a alguém que somente tenha um belo sorriso, muitos bens, ou bom orador, pois esse alguém envelhecera também, e morrerá um dia, e todos os seus pensamentos irão junto, e seus bens serão motivo de conflitos. Portanto confie somente no senhor teu Deus, que tudo fez e fará e Ele te mostrará a verdade é o conduzirá por caminhos certos, Ele te dirá o que deve renunciar, é o que realmente lutar, e se tiver fé e confiança irá conquistar. Lembre-se, Ele te criou, te formou e te renovou... Deus te ama da maneira como você é, quem gosta de modismo são homens, Deus é acima de tudo isso. Tenha fé e confie. Ele faz as coisas de modo sutil e correto, e com tempo certo, tira e repõe peças que edificam. Não existe vitória sem lágrimas e suor, pois tudo que é de graça não tem valor...
Se pararmos pra pensar que: Da vida nada se leva, que acumular coisas não leva a nada. Porque em breve estaremos todos mortos " e disso não tem como escapar" Teremos descoberto a ferramenta de viver mais importante, o meio para mudarmos nossas escolhas e fazer tudo diferente. Quase tudo que há em nós; as expectativas, o orgulho, o medo de passar vergonha, o medo de fracassar, a vergonha de dizer Eu Te Amo, a arrogância, a prepotência, medo do escuro. Tudo isso perde o valor, fica muito pequeno, ante a Certeza da morte certa e iminente. Daí sim, Daremos valor só ao que realmente Importa.
Tenho comigo sempre mais um sorriso. Uma palavra boa como carta na manga. Não entendo o proposito que é estar neste mundo. E se não tiver mais nada depois, tudo é em vão? Meu consolo é a ideia de que estou aqui de passagem. E que há algo melhor a espera de mim. Se não posso viver feliz, ao menos zelo pela felicidade dos outros! Mas se falho nisso também?! Alguém me dá uma luz! Tô me sentindo presa por tão pouco. Não quero ser egoísta, mas tenho também que pensar no que será melhor pra mim, no que me causará menos danos. Ou sou muito guerreira ou muito covarde, e então eu continuo!
Sabe quando todos os problemas e diversidades te cercam e te derrubam no chão? Quando todos que deviam te amar ignoram seus sinais de tristeza e fingem que você não existe? Quando as pessoas te perguntam o que ta acontecendo com você, mas no fundo não ligam e só querem saber da sua vida? O que você faz? Há tantas respostas, mas por que todas tão difíceis? A vida te envolve como uma amante e te joga em um labirinto como se vc fosse personagem de um jogo e te arremessa para a morte como uma bolinha de papel pro lixo!
Pensando na vida chego a seguinte verdade: A lógica se limita perante o caminho da incompreensão. O desconhecido permeia a vida e transcende a verdade. O erro e o acerto se submetem a opiniões que nem sempre condizem com a lógica. E a realidade esconde-se por entre nuvens negras e viciosas. Nesse sentido, cabe ao homem vendado explorar um mundo sem estradas, caminhando por entre desertos e florestas visando um destino desconhecido. Mas por fim nos encontramos todos, independente do caminho e do destino. Em um mundo envolto em cortinas de um puro e inocente negro, sem pudor nem maldade. Sem saber se é o real final ou apenas mais uma parada.
"Eu não sei mais como seguir em frente. Um mundo sufocando-me, o ar já está mais que escasso. Tristeza e solidão rondam-me e eu não sei como sair desse labirinto sem fim. Estou afundando em energia adormecida no passado. Somente sinto as ondas de energia vibrante, mas em um sono interminável eu estou e agora me perdiz completamente. AJuda você que me fez assim, sinto saudades minha amada eterna. Mamãe !
A expressão perfeita esconde o que ela manifesta. A expressão total exprime o vazio real da natureza embebida. O total cria pensamento. O impacto da ilusão da natureza provoca um vazio no pensamento. Todo sentimento forte inquieta. Ser límpido e sujo impossibilita o vazio. Impossibilita a poesia e muito provavelmente a música. O céu em sépia ou em rosa de renda antiga. Sucessões em decurso. Relâmpagos, pesadelos, uma marcha incerta em um avanço duvidoso. O ser total, verdadeiro, em sentimento, dorme no intraduzível. Significá-lo é atraiçoar o que se sente. Transcrever é sonegar o indizível. Contrafazer é traí-lo e fazer com que fique oculto o mais admirável na totalidade.
Para ser considerado um cadáver, o cidadão não precisa ter sido declarado clinicamente morto, afinal, é bem possível sentir o coração bater, o cérebro operar, e, mesmo assim, ter a incógnita e angustiante sensação de ser um alguém sem vida ou sem valor para o mundo e, principalmente, para si mesmo.
O que é verdadeiro não morre, mas corrói. Soma é a junção de duas ou mais coisas. Relação é o resultado da soma. Sem adição não há relação. Sem vínculo não há conjunto. A força do atrito paraliza os corpos. Sem movimento não há energia. Sem energia não há continuidade. O quente torna-se morno, o morno torna-se frio... A distância torna-se constância.
"Sistema aristotélico romantizou o significado de sabedoria e ser sábio, várias pessoas estão iludidas acreditando que atingiram um certo grau de sabedoria ou que são sábias, sem mesmo, conhecer a si mesmas. Sistema da ilusão e enganação, é um sistema que mata e rouba, ao invés de dar vida."