Textos Reflexivos sobre Crianças

Cerca de 3739 textos Reflexivos sobre Crianças

As vezes sinto uma vontade doida de voltar a ser criança,
de não ter vergonha de dançar no meio da rua,
de chorar alto quando me sinto incomodada,
de bater os pés no chão e pirraçar quando estou revoltada,
sinto falta de colo,
de desculpas esfarrapadas,
de escutar história pra dormir,
de tapar os olhos e acreditar que estou invisível,
e de comer doce sem medo de engordar...
Coisas simples, que se fizer agora já adulta
serei julgada como doida varrida.

Inserida por BarbaraFuganti

Quando crianças, nosso maior medo era a ideia de que o bicho papão sairia debaixo da cama para nos assustar. Nossa verdade absoluta era a de que fadas existiam e vinham trocar nossos dentinhos de leite por moedas de 25 centavos. E ansiávamos que o natal logo chegasse para ganharmos presentes do Papai Noel. E de repente crescemos e as circunstâncias fazem-nos ansiar por verdades que venham substituir os nossos medos.

JEOVANIA VILARINDO (Diga-se de passagem)

Inserida por ggvilarindo

Por que tão deprimente, criança?
Olhe em volta.
Pessoas, chuva, gotas de felicidade inundando a cidade,
inundando a alma das pessoas.
Por que tão triste, criança?
Observe,
observe os impasses dos apaixonados pelo vento.
Por que tão insensível, criança?
Sinta, menospreze o desprezo.
Por que tão calada, criança?
Fale pelos cotovelos, entregue-se aos teus ouvidos.
Por que tão inamável, criança?
- Porque o amor é tão deprimente que não sobra tempo para se tornar amável.
...

Inserida por biacaires

# Tudo passa!

Passa homem, passa mulher,
Passa criança, passa velho,
Passa a loira, passa a morena,
Passa o ruivo, passa o negro,
Passa o carro, passa o ônibus,
Passa a bicicleta, passa o vendedor,
Passa a policia, passa até o ladrão.
Passa rápido, passa devagar,
Passa com frio, passa com calor,
Passa animado, passa chateado,
Passa feliz, passa com dor,
Passa amor, passa alegria,
Passa amizade, passa falsidade,
Passa com arrependimento, passa com fé,
Passa para cá e para lá,
Tudo passa só não passa a saudade que eu sinto de você!

Inserida por jacquelinechagas

Sabe os contos de fadas, que ouviamos quando criança? Onde os principes e as princesas viviam "Felizes para Sempre"?
Infelizmente, hoje em dia, não existem mais o "Felizes para Sempre", pois o "sempre", um dia acaba.
Desculpe se acabei com as suas pequenas ilusoes, de encontrar o seu par perfeito, o principe ou princesa de sua vida, mais algum dia alguém teria que te contar toda a verdade.
Porém nao fique triste, pois voce podera nao encontrar o principe ou a princesa; mais poderá escrever o seu proprio conto de fadas, onde poderá contar, sobre seu principe ou princesa, e descrever como foi e ate onde foi o seu "Felizes para Sempre."

Inserida por jessicarodrigues93

Não tem coisa mais INCRÍVEL no mundo do que a pureza das crianças.

Sua pureza são como raios de sol.
São esperança nos nossos corações.
São a certeza de que nada para elas é impossível.

É não saber a diferença de nada e mesmo assim ser feliz.
É Rir de tudo porque no mundo não há perigos, não há nada que possa feri-las.

Poder simplesmente e puramente chorar com força por tudo aquilo que se quer, sem saber o que é vergonha.

Acreditar puramente em Coelho da Páscoa, Papai Noel e esperar pelos ovos de chocolate e pelos presentes na árvore de natal.


É entender e puramente acreditar que a cegonha é que traz nossos irmãozinhos. É pedir 1 beijinho no dodói em um dedo e ter a certeza de que isto vai fazer o machucadinho sarar.

Amamos demais seus olhares tão puros e seus sorrisos contagiantes.

Amamos a perfeicão de simplesmente terem um coração do tamanho do mundo.

Que Deus abençoe a pureza das crianças!!!
Pois nelas podemos ter sempre a esperança de um mundo melhor em união.

Inserida por deboraaokimello

Toda vez que olho para uma criança eu penso:
- Onde chegarão seus passos?
Serão eles firmes, ou serão passos de alguém que jamais chegará a lugar algum por falta de oportunidades?
Que tamanho terão seus sonhos?
Serão eles grandes? Pequenos? Serão coroadas de vitórias?
Enfim, será alguém de valor?
-Andará e olhará para o amanhã, ou, viverá das sombras de seu passado?
- Olhará o céu com lentes possantes?
- Sua visão se estenderá além do horizonte?
- Quicas!

Inserida por docespalavrasaovento

Ah, nada como a inocência de quando éramos crianças
A pureza ainda brilhando em nossos olhos
A vida surgindo como um sonho suave

Ah, por que crescer causa tanto sofrimento?
Por que o tempo traz tantas responsabilidades?
Parece que foi ontem que aprendemos a amarrar
Sozinhos o cadarço de nossos sapatos!

Inserida por ideniramos

ESCOLA POSSÍVEL

Vinda de uma instituição aberta para receber crianças, jovens e adultos necessitados de apoio e de autoconfiança para descobrir seus talentos, a escola que estamos construindo não é mera transmissora de informações. O Programa Escola da Família - que abre a unidade escolar todos os fins de semana para a comunidade e que completou dois anos - surgiu para mostrar que isso é possível. Já se podem verificar alterações expressivas na comunidade escolar e, por extensão, na sociedade. Dentre elas, a redução da evasão escolar no estado de São Paulo: da 1 à 4 série - Ciclo I do Ensino Fundamental - 0,7%, o índice mais baixo do Brasil; o número de adolescentes e adultos que freqüenta o Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, no Ensino Médio, passou de 30 mil alunos, em 1995, para 481 mil, em 2005. A qualidade da educação, como um todo, tem recebido pareceres muito favoráveis. É o que mostram os resultados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Para além da educação, os índices de violência registrados nas escolas e vizinhanças caíram em até 81%. Acreditamos que devemos tudo isso à apreensão do conceito de pertencimento por parte da população. Em outras palavras: a escola é da comunidade e a comunidade tem de se apropriar dela. E é essencial que todos caminhem nessa direção: pais, professores, diretores, funcionários, voluntários, jovens universitários que têm a possibilidade de estudar, como bolsistas, e trabalhar como monitores do programa. É desse modo que a educação dá a sua resposta à crise de valores que enfrentamos. Não pode ser diferente quando há o respaldo de um governante que elege a educação como prioridade - o que exige muito mais recursos do que discursos.


Publicado no jornal O Globo

Inserida por fraseschalita

Julho, 1936.
Há traições na guerra que são pirraças de criança quando comparadas com as nossas traições em tempo de paz. A nova amante se integra aos hábitos do outro. As coisas são despedaçadas, expostas a uma nova luz. Isto é feito com frases nervosas ou ternas, embora o coração seja um órgão de fogo.
Uma história de amor não trata daqueles que perderam o coração, mas sim dos que encontram aquela criatura taciturna que, quando cruza o nosso caminho, não deixa mais que o corpo engane a ninguém e a nada - de nada valem a sabedoria do sono ou o costume das mesuras sociais. A pessoa consome a si mesma e ao seu passado

Inserida por alejungs

Uma criança com sua inocência chega ao seu pai e pergunta: Pai pra que serve o Céu?
Ele com sua ignorância responde: O Céu serve para tomar o tempo dos bestas que ficam olhando para ele e sonhando, sendo que no final o Máximo que podem adquirir é uma topada.
-
Depois de alguns anos a menina já na adolescência vê seu pai em uma doença terminal no leito de um hospital...
Vai fazer uma visita a ele, e leva consigo as fotos de um passeio escolar.
O pai olhando as fotos percebe que ah uma que só tem o Céu, olha para a filha e fica emocionado, pois recordou das fúteis palavras que havia dito á ela há algum tempo atrás...
A filha chega perto do pai e diz: Pai, eu descobri pra que serve o Céu. Ele serve para levar as pessoas um pouco mais de beleza de forma simples, aos olhos, a alma a mente... Ao coração. E pena que algumas pessoas só conseguem enxergar isso quando se encontra em estados críticos.

- O Céu assim como diversas belezas naturais, são coisas simples, e é dentro da simplicidade que conseguimos chegar a essência da felicidade.

Inserida por HiastLiz

Veneno
eu queria tanto te esquecer
desde criança você faz isso comigo
vem me dizendo meu amor meu bem querer
e depois diz que é só meu amigo
Por que você fez isso comigo
brincou com os meus sentimentos
agora vo te dar o troco
me desculpe mas o meu amor é outro
eu cansei de ser o seu brinquedo
que você usa e depois joga fora
vai provar o seu próprio veneno
to em outra agora sai da minha cola.

Inserida por Gaby-poemas

Às vezes ...
Às vezes somos crianças, felizes em nosso mundo de faz de conta, sonhos, fantasias, pensando no que vamos ser quando crescer...
Às vezes somos adolescentes, felizes e revoltados ao mesmo tempo querendo as coisas ao nosso modo e desejando trabalhar pra não ter que pedir dinheiro aos pais...
Às vezes somos adultos e sentimos o peso da maturidade, o “peso” da vida e queremos voltar a ser crianças...
Nesse “peso” da vida,
Às vezes sorrimos
Às vezes choramos
Às vezes machucamos
Às vezes somos machucados
Às vezes amamos e somos amados
Às vezes amamos e somos rejeitados
Às vezes gritamos
Às vezes calamos
Às vezes temos a presença
Às vezes sentimos a saudade
Às vezes descobrimos que perdemos tempo com algo
Às vezes comemoramos que o tempo dedicado valeu e muito
Sorria, chore, ame, esqueça, ganhe, perca, caia, levante... mas viva!
Sempre dê valor tanto as grandes quanto as pequenas coisas e não “ÀS VEZES”
Nossa vida é cheia de “ÀS VEZES”
Mas não vamos deixar que apenas “ÀS VEZES” sejamos felizes

Inserida por halissonm

A felicidade da vida é ser criança. Correr, cair e chorar pelo seu joelho ralado ou nem isso. É a felicidade de chutar uma bola e tirar o tampão do dedo por chutar sem querer o chão… É correr no pega-pega e procurar no esconde-esconde, é sorrir e se sujar.
-Oh, Mamãe ficava sempre brava!- E voltar a brincar. Chegar com os pés com a marca de sujeira pela chinela e pés encardidos. Brincadeiras, bola, corda, pião, baralho, tazo… até pedra entrava no jogo. A imaginação era além e hoje poucos cultivam isso. Antigamente, eramos unissex; Meninas jogam bola e meninos de bonecas… era simples e divertido!
-Paredão, paredão 123 e todos corriam.
- Estatua…! E todos paravam, sem rir, sem se mexer, sem quase respirar… era divertido.
- Lá vou eu! E todos corriam para a tal procura do esconde-esconde. Atras de carros, de motos, arvores, deitavam no chão, se fingiam de mortos… Ai ai! Era uma piada! Corríamos até pedirmos figas, as mangueiras estavam na calçadas para nos hidratarmos e não perder o pique!… AH, e os beijinhos? Os primeiros selinhos que dávamos um nos outros e nisso surgiu o: -verdade ou desafio- e as coisas foram mudando. Fomos amadurecendo aos poucos, das perguntas e respostas saiam brigas e discórdias, dos desafios surgiram beijos longos abrangendo o instinto. E hoje vivemos na tecnologia! - teque teque teque - escutam o som do teclado, a musica alta e a atenção no vidro que lhe separa do mundo virtual. O tempo passou voando e nem percebemos; Hoje estamos no auge da tecnologia, dos celulares com internet e ajuda do Google. As bibliotecas estão vazias. Bom, muitas delas!
Mas, particularmente eu tive infância. Desde o primeiro dedo sangrando até meu primeiro beijinho e namorico. As músicas eram inocentes, cantávamos sem ao menos sabermos os significados… E é assim a infância…pura e inocente!!

Inserida por pientobea

Às vezes tenho vontade de fugir, de sair correndo, de voar como
nos sonhos de criança para um lugar distante onde eu não possa Me encontrar.

Onde a falta do que eu nem sei do que sinto falta não me atormente mais, um lugar onde todos os
meus esforços de ser feliz não sejam em vão, onde o amor seja soberano e o amar
seja ser amado..

Quero fugir, para quando eu puder voltar para onde não sei onde devo ficar, que este seja o meu
lugar, e que eu esteja pronta para enfrentar tudo o que possa vir pela frente e que o medo das desilusões da vida e do que eu não posso explicar o que sinto ou não sinto, não
impeçam nunca de me entregar novamente a uma grande aventura de gelar o estômago, a uma paixão
arrebatadora de bambear as pernas e a um a Amor tão forte que tire o meu fôlego.

Vivo assim, intensa, louca e apaixonadamente, aprendendo diariamente como lidar comigo mesma espantando meus fantasmas e meus temores, tendo assim a certeza de que não existe coisa maior que o AMOR que sinto por mim.

Inserida por Jugelzinha

Ela é preta, Ela é branca
È mulher e criança
Ela sorri e encanta, canta e dança
È mulher e guerreira não tem medo de cara feia
Chora e sangra é humana e Deusa
È filha, Mãe e Avó
Enfrenta secas e enchentes
É Filha Do Sol
Delicada e Operaria suporta a dupla jornada
a qual foi Destinada
Filha da terra, não foge a luta
Ela é negra, Ela é branca, Parda Nordestina!

Inserida por LuyDavis

Seja uma criança quando necessário
Seja um adulto quando necessário
Seja um velho quando necessário
Seja o tempo quando necessário

Seja uma criança de luz quando necessário
Seja um adulto cinza quando necessário
Seja um velho roxo quando necessário
Seja o verde tempo quando necessário

Seja uma semente de luz quando necessário
Seja uma bola cinza quando necessário
Seja um dicionário roxo quando necessário
Seja o verde inexistente quando necessário

Uma semente de luz
Uma bola cinza
Um dicionário roxo
E o verde inexistente
Vire,
Vire o que lhe vier a mente
Pois, sendo que sentes
Pode muito pois bem ser displicente
A tudo o que lhe impõem sobre a mente
Mas não se esqueça
Tente, mesmo que nada muito de repente
Mente aconteça
Pois a vida é bela, para o olho de quem pode ver
Numa sociedade cega
Não há tempo mais a perder
Somente dedique a tecla aos que tentarem com você
Sobreviver no meio para o topo desaparecer...

Inserida por mrgattax

GAROTA-MÃE MENINA-MULHER

Menina-Criança,
foi pega de surpresa,
por culpa de seus atos,
meros fatos,
outrora, inatos,
mas que faz diferença,
pra pobre menina.

Oh... pobre menina,
cuja infância fascina,
mas foi interrompida,
para dar vez à outra infância.

Oh... pobre menina,
tão pequenina,
tão abandonada.

Oh... pobre menina,
largou a boneca,
aprendeu a trocar fralda.

Oh... pobre menina,
ainda tem muita esperança,
mas, alimentará uma nova criança.

Pobre menina,
esquecida pela criança feliz,
transformada naquela mini-mulher crescida-menina
que deu a luz
a uma nova menina,
e perdida no mundo,
a menina-mulher segue a vida.

Inserida por LuizFelipeBolis

O cigarro é o revérbero da criança autômato equimoseada que abandonou sua chupeta,
O álcool é o inconsciente dos pomos platônicos,
O baque é o mediato das vacinas dadas e suportadas pelas aprazíveis enfermeiras,
Mas e a dor? de onde ela vem?
Ou será que nunca lhes atingiu a ideia de que nada faz sentido?
Eis então a lógica para destoar meu apontamento.
Mas, será, que, a, lógica, faz, sentido? Ou será que precisa de mais vírgulas?
Percepção
Será que existe, lá no íntimo, profundo e pleonástico da nossa consciência
Um verdadeiro sentido? Será que existe uma razão lá, bem lá no fundo?
Aliás, já reparou hoje no espelho como é estranho viver?
Não afirmo nem desafirmo
Mas que o cigarro, o álcool e o baque....

Inserida por mrgattax

MEMÓRIAS DE UM NATAL PASSADO

Quando era criança, na noite de Natal, eu e o meu irmão partia-mos nozes e avelãs no chão de cimento da cozinha, à luz do candeeiro, enquanto a minha mãe se ocupava das coisas que as mães fazem.
Depois, quando o meu pai chegava, jantava-mos como sempre e seguia-se, propriamente, a cerimónia de Natal. Naquela noite o meu pai trazia um bolo-rei e uma garrafa de vinho do Porto.
Sentados à mesa, abria-se a garrafa de vinho do porto e partia-se o bolo em fatias. O meu irmão e eu disputava-mos o brinde do bolo-rei comendo o mais rápido possível na expectativa de nos calhar em sorte não a fava, mas sim o almejado brinde!
Eu não gostava daquele bolo, mas naquele tempo a gente “não sabia o que era gostar”, como dizia a minha mãe quando nos punha o prato á frente. Assim acostumada, engolia rapidamente as fatias para não sentir o sabor e ser a primeira a encontrar o brinde.
O meu pai, deleitava-se com o copito de vinho do Porto e observava calado as nossas criancices.
Depois, vencedor e derrotado continuavam felizes, na expectativa da verdadeira magia do Natal. Púnhamos o nosso sapato na chaminé, (eu punha a bota de borracha, que era maior), para que, á meia-noite o menino Jesus pusesse a prenda.
Íamos para a cama excitados, mas queríamos dormir para o tempo passar depressa e ser logo de manhã. Mal o sol nascia, corria-mos direitos ao sapatinho para ver o que o menino Jesus tinha la deixado.
Lembro-me de chegar junto á chaminé e encontrar o maior chocolate que alguma vez tivera visto ou ousara imaginar existir. O meu irmão, quatro anos mais velho, explicou-me que era de Espanha, que era uma terra muito longe onde havia dessas coisas que não havia cá.
O mano é que sabia tudo e, por isso, satisfeita com a resposta e ainda mais com o presente, levei o dia todo para conseguir comê-lo a saborear cada pedacinho devagar!
Depois, não me lembro quando, o meu irmão contou-me que não era o menino Jesus que punha a prenda no sapatinho, mas sim o nosso pai. Eu não acreditei e fui perguntar-lhe.
O meu pai, que gostava ainda mais daquilo do que nos, respondeu de imediato que não, que era mentira do meu irmão, que ele sabia lá, pois se estava a dormir…
Com a pulga atras da orelha, no Natal seguinte decidi ficar de vigília, para ver se apanhava o meu pai em flagrante, ou via o Menino. Mas os olhos pesavam e, contra minha vontade e sem dar por isso, adormecia sempre e nunca chegava a apurar a verdade.
Na idade dos porquês, havia outro mistério á volta da prenda de natal. É que eu ouvia dizer aos miúdos la da rua, que eram todos os que eu conhecia no mundo, que lhes mandavam escrever uma carta ao menino Jesus a pedir o que queriam receber. Maravilhada com tal perspetiva, apressei-me a aprender a ler e a escrever com a D. Adelina, que era uma senhora que tomava conta da gente quando a nossa mãe tinha que ir trabalhar e que tinha a 4ª classe, por isso era muito respeitada sobre os assuntos da escrita e das contas.
Antes de entrar para a escola primária já sabia ler e escrever mas isso não era suficiente.
Faltava ainda arranjar maneira de fazer chegar a carta ao seu destino. Para mim, aquilo não resultou: da lista de brinquedos que eu conhecia, não estava nenhum no meu sapato.
Questionada, a minha mãe, que tinha ficado encarregue de dar a carta ao Sr. Carteiro, disse-me que o menino Jesus só dava prendas boas aos meninos que se portavam bem. Mas eu já era uma menina crescida, já tinha entrado para a escola primária (em 1974) e sabia que os que recebiam brinquedos eram diferentes de mim noutras coisas também.
E foi então que, depois de ler a carta dos Direitos da Criança que estava afixada na porta da sala de aula, soube de tudo. Senti-me triste, zangada e confusa: Porque é que escreviam coisas certas e as deixavam ser erradas? Eles eram grandes, podiam fazer tudo! Se estava escrito ali na porta da escola era porque era verdade e importante, igual para todas as crianças como dizia na Carta. Que tínhamos direito a um pai e uma mãe lembro-me. A partir dali todas as coisas que a que a criança tinha direito, eu não tinha, e isso eram por culpa de alguém. Experimentei pela primeira vez um sentimento que hoje sei chamar-se injustiça.
Tranquilizei-me com o pensamento de que um dia viria alguém importante e faria com que tudo aquilo se cumprisse. E eu aí esperar. Era criança, tinha muito tempo: nascera a minha consciência cívica.
Compreendi que os adultos diziam as coisas que deviam ser, mas não eram como eles diziam. Nesta compreensão confusa do mundo escrevi nesse primeiro ano na escola a minha carta ao menino Jesus e deixei-a eu mesma no sapatinho. Era um bilhete maior que o sapato e dizia assim:

“Menino Jesus
Obrigada pela prenda.
Vou pensar em ti todas as noites mesmo depois do natal passar e espero por ti no natal que vem. Gosto muito de ti.
Adeus.”
E rezei a Deus que, houvesse ou não menino Jesus para por a prenda no sapatinho, me trouxesse todas as noites o meu pai para casa.




Nisa


Setúbal, 29 de Novembro de 2012

Inserida por isacesario