Textos Reflexivos sobre a Vida
Da vida não se leva nada, por isso viva bem.
O rico não carrega sua fortuna nem o pobre o que não tem,
uns se livram da divida e outros brigam pelos seus bens.
Então por que se preocupar se não levamos um vintém?
A vida é uma viagem curta que não se leva a bagagem,
e nem precisa de passagem quando parte esse trem.
Bagagem
Não sei quantos chãos tenho
Cada instante um sob os pés
Continuamente não me retenho
Nunca me achei, sempre revés
De tanto ser, só sou um lenho
Em borralho de alma, ao invés
De só vê que ruim é ser inhenho
Vejo o que sinto não é o que és
Uma vontade de ter empenho
Atento a cada tal lugarejo
Me torno eles e não a mim
Metamorfoseado no desejo
Sou eu, outro, neste jardim
E assim tão distinto cenário
O meu ser piorra sem fim
Diversos, só e questionário
Julguei o que sinto, enfim
Os chãos são o meu plenário
Deles levo um bocado, deixo
Um bocado, enfim, vou indo
Pois o que segue não queixo
Nem prevendo, nem provindo
Vou assistindo à passagem
Nesta de chegando e partindo
Vou lendo, escrevendo a paragem
Sem rever o conteúdo advindo
Em cada estória faço a bagagem
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Inspiração
Uso a poesia para falar de meus silêncios
Para a magia das palavras ter companhia
Em cada rima o hospício de meus suplícios
Assim, falo e ouço, escrevo o real e fantasia
Dou importância na simplicidade do fictício
Vivendo na levitação da imaginação, do só
Que possa vir e me trazer algum auspício
Assim, somos fadados, na matéria e no pó
Tudo na sorte com os seus diversos vestígios
E nos desperdícios das palavras dou um nó
Me perco no desenrolar de cada emoção
Pois cada trova no meu poetar é um cipó
Onde eu gangorro solitário na inspiração
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
A vida
Diante do bem mais precioso, temos a vida, por isso devemos valoriza lá, pois " enquanto há vida há esperança. Esperanca essa que nos move a lutar para que possamos alcançar o mais alto degrau da nossa trajetória. Trajetória essa que é curta pois o tempo permite passar as situações para que possamos nos fortalecer a cada dia.
A palavra vida apesar de ter apenas quatro letras, faz sentido, pois com a letra "v" iniciamos a palavra "vitória" pois devemos nos sentir vitoriosos a cada dia. com a letra " I" poderíamos escrever integridade, para torna lá mais significante com a letra "d" poderíamos escrever dedicação no sentido de que precisamos nos dedicar a nós mesmos para torná lá mais significante. E por fim a letra "a" de Amor pois devemos amar a todo instante principalmente a nós mesmos para que assim não percamos o sentido da vida.
TUDO MUDA (soneto)
Muda tudo, o tempo passa, quereres mudam
O ser mutante, metamorfosea a confiança
Virtudes, vontades compostas de vil dança
Tudo é variante, que as virtudes nos acudam
Nas novidades, sempre se tem esperança
Continuamente o moderno nos saúdam
A felicidade, se tiver, sempre nos ajudam
Pois, do danoso, pouco é a lembrança
Os desejos são de transparente manto
Nos cobrem de prazer e de bonança
Que comuta n'alma em choro e canto
E, no alterar-se o ter é ser abastança
Que se convertem em mor espanto
Se, não para o "ás", evite a mudança
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
Eu me cuido, eu me amo, eu me valorizo e assim eu consigo cuidar de quem precisa de mim. Mas precisamos reconhecer que sem o Amor da Família, sem a Dedicação dos Amigos e Sem a Cooperação da Comunidade não somos Nada.
Pois eu Amo minha família , me dedico aos meus Amigos e respeito Todos os Seres Humanos, Independente de qualquer diversidade que possuam.
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Cassia Guimarães
SORTE (soneto)
Na minha má sorte, a boa é pendente
Eu nunca inferi por que. Não entendia
Nos prados do fado estava ausente
Indaguei a vida por que era. Não sabia
Na quimera do meu dia, fui inocente
De uma tal timidez íntima e correntia
Que o passar do tempo foi em frente
E as venturas pouco tiveram cortesia
E assim, o sonho se fez bem distante
O vario momento me foi um instante
E por eles pouco soube dessuar valor
Sinto, sem, no entanto, ser dissonante
Que se fiquei ou se eu passei avante
O importante é que fui e serei amor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO EM MOVIMENTO
De tudo um pouco fiz, e não te esqueço
O pensamento é movimento relutante
Na sofrença eu vivo então agonizante
Tal forma, que o poetar está do avesso
À espera é de um, vã gemido, sonante
Que já saiu dos ventos do meu senso
São fragmentos de dor que não venço
De amarga profunda frustração, dante
E neste vazio de um vadio descenso
Dispenso o amanhã num novo avante
De rude ação, de esquecer, e tão tenso
Não estou propenso a nostalgia gigante
Sei que o depois é outro dia, pretenso
Pois, na solidão, no render sou levante...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, 18 de janeiro
Cerrado goiano
Às vezes penso que eu queria ter mais tempo. Mais tempo pra ver um filme no Netflix, mas já são 23 e amanhã acordo muito cedo. De manhã, queria ter mais tempo pra ficar no banho relaxando. Mais tempo pra ficar no café da manhã conversando. Mais tempo pra passear com meu cachorro. No trabalho, queria ter mais tempo pra fazer as coisas. Me preparar. Estudar. Mais tempo pra almoçar. Às vezes, quando o circo aperta, desejaria que o dia tivesse umas 53 horas. Ou mais. Ao sair do trabalho, queria ter mais tempo pra encontrar um amigo. Pra ir ao cinema. Pra namorar. Mas aí a noite cai e eu queria ter mais tempo. Mais tempo pra ver uma série antes de dormir. Mas o despertador toca. Puxa vida. E tudo o que eu queria era ter mais tempo para dormir e descansar. E no trabalho, desejaria ter mais tempo para escrever um artigo que está estourando o prazo. Mais tempo pra estudar inglês. Mais tempo pra me preparar pro futuro. Ao sair do trabalho, gostaria de ter mais tempo pra me exercitar e ter o corpo dos sonhos. Mais tempo pra curtir minha vida. Mais tempo pra viajar. Só queria mais tempo. No fim de semana queria ter mais tempo pra ficar com meus pais. Mais tempo pra conversar com meu irmão e filosofar sobre a vida. Mais tempo pra encontrar todos os amigos que, com suas agendas lotadas, só ficamos no: “vamos marcar algum dia! Estou tão sem tempo!” Gostaria de ter tido mais tempo pra curtir minha infância. Minha vida de criança, onde a preocupação era brincar. Mais tempo na época da escola, os melhores anos da vida, em que tudo parecia tão longe de chegar. Mais tempo pra ver as estrelas, ou me demorar pra ver o mar... mais tempo. Somente mais tempo. Acontece que, se eu tivesse mais tempo, nada iria ser tão importante assim. Tudo poderia esperar, e ficar pra depois. Então o tempo me faltaria novamente. O que não nos damos conta, é de que temos tempo suficiente. Sempre temos, até o dia em que esse tempo realmente terminar. E nunca sabemos quando o tempo de ir pra sempre vai chegar. Por isso, enquanto há tempo, teremos tempo. Talvez não para tudo, mas sim para o que é importante. Tempo para amar sem medida enquanto é tempo.
Queremos ter mais tempo para tudo. O que não nos damos conta e de que somos passageiros. E assim como o tempo, também iremos passar.
SONETO PELO CAMINHO
O meu fado pôs a me versejar
Pelas trilhas do destino nefando
Me fez chorar, rir, foi interrogando
Acerca do amor pôs a ignorar
Subi e desci, e a vida foi forjando
Desafinei certamente ao disciplinar
E pude segredar na noite de luar
Assim, estórias foram desfiando
Por vielas, ruas e, becos a andejar
Andei, e ele comigo foi andando
Pelos caminhos o diverso a poetar
Agora, o canto maduro, no comando
Lembranças, tudo tem tempo e lugar
Na estrada, continuo caminhando...
(até Deus chamar!)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/01/2017, 14'00"
Cerrado goiano
SONETO TRISTE
Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe
Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste
As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente
Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
SONETO AGONIADO
Agonio de ti, ó silêncio, do cerrado
Diz coisas que a sorte não vai entender
Da tua brisa saudades tu pões a trazer
Nas brumas, com suspiro empoeirado
Do teu torto cenário bruto, fustigado
Ascende lembranças no entardecer
Tão pálidas na tua secura, vão haver
Solidão, que o meu sonho fica calado
E nos teus murmúrios do alvorecer
O meu ao teu então fica encarnado
Largando lágrimas na face a perecer
Talvez um dia eu entenda o teu agrado
Por agora, o que faz é meu entristecer
Porém, todavia, és âmbito do meu fado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
Mente bagunçada,
Ambiente uma bagunça
Do catalão, uma vida unçada; sem cortes, acumuladora de sonhos frustrados e derrotas.
Mente organizada,
Ambiente em ordem
Uma vida flui como um organismo: faz cortes, impõe limites, vive sonhos com os pés no chão e a mão no arado. Vive a derrota, mas divide, levanta e segue sua trilha.
Pensamentos, equilíbrio, visão de mundo e escolhas... Esta é a diferença.
Quem garante
que sou o que sou
Quando digo que sou?
Poderia ser isso...
Poderia ser aquilo
E poderia ser nada.
Poderia...
Poderia ser um peregrino do tempo
Penetrando almas e almas
Ventres e ventres
Até encontrar a combinação de moléculas
Quimicamente compartilhadas
Que pudessem formar corpo
Fragmento divinal da materialização dos deuses.
Fases
Assim como a lua você tem suas fases,
E que as vezes mesmo sendo bruto
Você entendesse que amo seus detalhes.
Queria adiantar o momento
Aquele que me aceitaria no altar
No meio do nosso casamento.
Não tenha medo e nem se abate
A vida é assim mesmo
Vai passar, é só uma fase.
Paredes de Vidros
Paredes de vidros se quebram, uma mente vazia se ilude
Um coração fraco não aguenta os cacos no chão não se juntam
É tão fácil pensar que assim, a vida inteira se completa,
O vilão de uma historia covarde no final ele entra e revela.
Que o amor conquistado resume, em uma vida plena e capaz
Rodeado com as pétalas da vida, aonde a paz ali se refaz,
É tão fácil pensar que assim, o bom coração o conduz,
A beleza da alma reflete o brilho do espírito reluz.
A grandeza é a nobreza do homem, um dia vai acabar
Restando a confiança deixada, aos nobres que propuseram ficar
É tão fácil pensar que assim, os grandes não se tende a cair
Pois a queda de um gigante foi grande e o pequeno foi o Davi.
A beleza da vida se resume aos grandes momentos se faz ,
Pois os vidros quebrados não se juntam e os cacos sempre ficam pra traz
É tão fácil pensar que assim, os melhores momentos virão
A vida é tão bela, e incerta que nessa história você pode ser o vilão
REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)
Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário
Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário
São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer
E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
"Nada mais importa .
Felicidade não existe.
O amor? .. é eterno enquanto o diz.. e deixa de existir quando "nunca existiu" de verdade .
A vida é uma ilusão, onde todos fazem questão de fazer que está tudo bem mas o coração sangra por dentro, enquanto nossa voz grita mesmo estando muda ..."
Filosofando a tal vida..
Um dia a vida nos alerta, noutros nos desperta. Um dia nos acolhe, outros nos joga pra fora do tabuleiro.
Um dia, nos afasta; noutros deita-nos em seu ombro e nos sussurra palavras de amor.
Tem dias que a vida grita com a gente. Avante! Em frente! Noutros passa indiferente...
Tem dias que a vida enxuga nossas lágrimas e nos ensina o valor da resiliência. Noutros perde nossa paciência em um de seus inúmeros becos-sem-saída. Um dia a vida nos espera e levanta junto com a gente. Noutros, nos empurra da cama numa segunda-feira de incertezas.
Tem dia que a vida, amigavelmente, nos convida. Noutros nos deixa fora da festa pra nos dar uma lição.
Há dias em que a vida nos encanta, noutros nos espanta, e noutros, ainda, nos sacode, nos acode na aflição, nos absolve do pecado da desistência, nos concede o perdão.
Para que a gente se lembre de quem somos, nos endireita os pés e nos põe de novo a caminho. Caminha junto e dança no nosso ritmo. Tem dias que a vida traz um sorriso na cara. Noutros nos prepara para chorar. Não há rotina em se tratando de vida. Mestra, nos concede o conhecimento, põe à mostra nossas fragilidades, nos ensina lições de acolhimento, solidariedade, e dentro da nossa guerra, nos fala de paz. Nos revela segredos, nos conduz pela mão. Nos mostra os nós, expõe nossas feridas, para que possamos ser maiores, melhores e mais simples a cada dia. Não apenas nos diz do que são feitas as estações, mas nos leva a passar por elas, para que, com elas, possamos entender que somos feitos da mesma matéria-árvore; precisamos germinar, crescer, florir, perder folhas, abrir galhos, ser morada de passarinho, vicejar e fenecer e, ao fenecer, continuar existindo de outras formas, em outras histórias, nas lembranças mais honestas de quem amamos e nos amou.
Diante da vida não há recuo. Ela segue seu curso. Corre solta – água de rio que vai dar no mar. Lá nos encontraremos todos muito mais profundos e largos.
A vida é isso mesmo Seu Guimarães: “Embrulha tudo. Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta.O que ela quer da gente é coragem.”
Por isso, se nos leva ao inferno, também nos joga flores na cara, bem no meio de uma tarde de sol de primavera, pra gente perder o fôlego e aprender, na lida, a capinar a vida e merecer o céu.
Carrilhão
Na casa calma o carrilhão toca
O carrilhão na casa então canta
Teu sussurro que no ar carpanta
Alto, em altas horas dorminhoca
O carrilhão toca. Na casa espanta
O silêncio, assim, faz uma troca
Em reza tal a uma velha coroca
Prum ritmo numa batida santa
Toca, santa, canta, uma maçaroca
Chora afiado o carrilhão, encanta.
E na casa calma e vazia e ampla
O carrilhão chora e ali agiganta
Carrilhão, a que horas você levanta?
O coração triste e vazio aqui potoca
Em cada batida pulsa tal badalhoca
O que espera mais... Carrilhão canta!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano