Textos Reflexivos

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ABANDONO (soneto)

Silêncio mudo, rente ao meu lado
Como uma melancolia a sussurrar
Há cem mil sensações a me olhar
E o pensamento vagando isolado

Tanto abraço desesperado, atado
Na imensidão do tempo sem lugar
E inspiração rútila a me abandonar
Todos os dias aqui no árido cerrado

É a solidão, cega, áspera e tão fria
E a nossa vida ficando mais breve
E as nossas mãos sem afável valia

A hora passa, e cobra a quem deve
São as horas que sentencia a poesia
O efêmero, tal a rapidez descreve...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Embate

À volta de incerta inspiração
Ocupei as minhas mãos.
.... e foi a poesia sua combinação!

Brinquei de poetar a vida
Só por tê-la.
Ai! como é incontida
Misteriosa e bela
Cheia de medida!

Em rima discreta, branda
Fui poetando, fui poetando
O que a emoção manda...

E, o que o fado me foi dando
Talvez fiquei devendo à poesia
Um canto de delírio, trovando
Ou talvez mais alegria!
Quiçá! Uns versos amando.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 17’52” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠BARCOS DE PAPEL (soneto)

Na chuva da temporada, pela calçada
A enxurrada era um rio, e o meio fio
O teu leito, com barragem e desafio
Na ingênua diversão da meninada

Bons tempos felizes, farra, mais nada
Ah! Os barcos de papel, inventivo feitio
Cada qual com um sonho e um tal brio
Navegando sem destino, a sua armada

Chuva e vento, aventura e os barquinhos
Tal qual a fado nos mostra os caminhos
E a traçada quimera no destino velejada

Barcos de papel, ah ideais, são poesias
Que nos conduzem nas cheias dos dias
No vem e vai, no balanço, da jornada...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/06/2020, 11’05” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

FIADO (soneto)

Espiando na janela, a sorte vai em bando
E as nuvens levedando o pensamento
E pelo vento a rapidez vai multiplicando
E a poesia urdindo o vário sentimento:

Pranteio, rio, apresso, acalmo.... Ando
Descanso, me cubro, e fico ao relento
Assim, cada tento, tento sem mando
Neste lugar secreto, óbice e fomento

Apressa-te, sonho, amanhã é seguinte
Um novelo em turbilhão e de requinte
Pois, o que mais importa é estar amado

Não te fies da dor nem da arrogância
O destino tem a sua real importância
E a vida, não, e nunca negocia fiado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/07/2020, 07’29” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ATO DE CARIDADE (soneto)

Que eu tenha o Bem, e Paz. Assim eu faça!
Que a mão posta ouça as preces, alce voo
Maria, Mãe, volva tua face para essa graça
Que eu seja caridoso sem louvar que sou

Se muito ou pouco, que tudo me satisfaça
Não importe ou doa o quanto me custou
Não deixe que o orgulho seja uma ameaça
E a minha fé seja o troco que me sobrou

Que o riso e abraço, seja pra quem vier
De onde vier, onde estiver, assim seja!
Ó Deus Pai! Me abençoe nesse prover

E, no viver, sempre tenha amor e laços
E no pão de cada dia, bênçãos, eu veja
Partindo com o irmão em dois pedaços

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
22/07/2020, 09’52” - Triângulo Mineiro
paráfrase Djalma Andrade

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VERSAR MORIBUNDO (soneto)

Tome, solidão, está espada, e.… fira
Meu sofrente coração, tão azarento.
Que importa a mim ter árduo lamento
Se a sorte no destino é persistente ira

Ah! .... emoção lacrimosa e funesta lira
Que ao vazio regi, mirrando o momento
Que esbroa o plural tramite do alento
Polvilhando no peito essa dor tão cuíra

Ó silêncio! Que vem musicar saudade
Troando a minha vida em tempestade
Na aberração do infortúnio fecundo...

Mas a atormentada trava da teimosia
Infeliz. Catuca a inspiração da poesia
Sangrando o meu versar moribundo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 09’12” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠como ventania desajeitada
rama brotada
ilusão encantada…
vivo eu a velhice
no silêncio, meninice
sem crendice...
apenas vivendo
pouco querendo
ou tendo...
afinal, a vida
de uma orquídea, adiante
bela e breve,
a cada instante...
é diverso...
assim vou, vibrante
[…]disperso
eterno poeta errante...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ESPERA

Ah! quem dera que as lembranças de outrora
Inda aromatizasse! Ah! e que assim pudera
O tempo de ontem fosse o tempo de agora
E não só este imaginar: - a outra primavera

Já não se tem mais uma extasiada aurora
No vetusto ser, tudo é igual, sem quimera
Onde a imaginação era de hora em hora
Agora, silêncio. Ah! como díspar quisera:

Debruçado nos sonhos, e o sonho recendia
O desconhecido, cheio de poesia intensa
No brotar do alvorecer duma nova hera

Ah! quem me dera que isto, fosse um dia
Uma razão, e não devaneios d’alma densa
De saudades, que poeta suspira e espera...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/08/2020, 15’18” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TRAGÉDIA

É a tragédia, bardo, desta vida
neblina que na manhã embaça
solidão com desleixo sem graça
que na agonia sem dó é erguida

É gemido que na dor favorecida
por tristuras n’alma em carcaça
um choro, um sonho de fumaça
sulca ufana, e devora destemida

É reza, enfim, que na pobreza
da fé, numa carência generosa
olha aos céus com certa frieza

Mas ter desilusão, tão gulosa
na alegria, é prosa sem defesa
ao fado traz frustação furiosa

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/ outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INSATISFEITO

Cerrado, vivo tão só, na solidão
Aflige o peito, o peito em pranto
Distante ide o tempo, o encanto
Preso na tristura e na desilusão

Tão longe ando de ti, ó emoção
De ter-te no fado meu, no canto
Da prosa, amando tanto e tanto
Multiplicando, assim, a sensação

Ando calado, e inquieta a poesia
Desses desejos de mim ausente
Pelejo com o silêncio de cor fria

E nada me diz, nem o sol poente
Tudo é cinza e apagada a fantasia
Se sente querer, a força não sente.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/12/2020, 17’54” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CONSELHOS....

Quando eu, solitário e inquieto, faço
Poesia de apelo, em um rogo intuindo
E busco palavras de um poético laço
É para adoçar o meu amargo infindo

Cada verso, conselheiro construindo
Indo o fado sem calma nem embaraço
Cheio de estrofe, rimas, vai seguindo
Erigindo o rumo no devido compasso

Passo a passo, aconselha: tudo passa!
No infortúnio, na leveza, cada graça
Pois, tem abrigo, e também o perigo

Aí, então, os conselhos, no concelho:
Se mais velhos, seremos mais fedelho
E eles, feliz e com dor choram comigo! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/01/2021, 08’25” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠FILOSOFANDO ...

Tudo que sentia no teu olhar era
A sensação total, não foi engano
Pois nesta grata emoção sincera
É sempre lembrança ano pós ano

A vida é assim, na sede de quimera
Conversor no sentimento humano
Pois, se assim não for, aí degenera
E para emoção vira um desengano

Ai do destino se só mal traçasse
Como se a dor tivesse o comando
E mais tristura rolasse pela face...

Mas, felizmente, há contentamento
Nas lágrimas nos olhos, nós dando
Soma, não unicamente o lamento! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/02/2021, 07’47” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO VIVO SOBRE A MORTE ...

Se casualmente aqui deparar, ledor
Com soneto vivo na morte acabado
Leia piedoso este versar imaculado
Pois, fui caminhante e um trovador

Já cadáver feito, aspeito o pecador
Em cada estrofe uma prece ao lado
Cravado no amor, o poeta lacerado
Choro e saudade, assim, espero for

Já sem norte, leia-me com voz forte
Pra ser escutado donde eu estiver
E a alma no descanso seja na sorte

E, então, o sentido o aplauso quiser
Que escolho vivo, do que na morte
Pois, lá logo se há de me esquecer! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 10’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AGRADO ..

Quando a saudade me aperta o passado
de quando nostálgico me acho perdido
vejo que de tudo pouco me foi temido
e que todo o afeto me foi bem amado

Sempre no mais valioso e mais cuidado
tudo que a emoção valia me era podido
os desenganos, as venturas, tudo válido
tudo querido, um tanto e mais arrojado

Os sonhos que solevava o pensamento
no ponto supremo do prazer os erguia
chorava, ria, mas vivia cada momento

Que diversas somas nos faz a fantasia:
alegria, tristura, vida e morte. Sustento
de ternura, agrado e o saciar na poesia! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 14’58” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠IMORTAL

Olhar, envelhecendo, vendo a ruína perto
reconhecendo vãs as palavras passageiras
lacrimejou, enxugou as ilusões traiçoeiras
e me avançou na prosa com o feito liberto

Meu viver tendo sonhado e o afeto oferto
a uma ventura e mais gentis alvissareiras
emoções, onde grafei poéticas fagueiras
ao coração, foi mais romântico, por certo!

Então, se já velho e jovial o pensamento
permiti mais poesias floridas, o portento
romantismo, o que torna o amor eternal

Devaneei na literária, fiz um soneto alado
me dizendo que o momento era chegado
envelheci! Porém, sorri, o verso é imortal!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 30/2021, 09’30” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Assim eu

Nada fui tão igual
Nada tive ovação
Nada foi excepcional
Nada encontrei em vão
Sempre fui usual
Sempre fui exceção
Sempre fui atual
Sempre fui exclusão
Um solitário nunca só
Um amante sem paixão
Um alegre de dar dó
Um genuíno de tradição
E neste novelo de nó
Aprendi a poetar grão a grão
Num poético efeito dominó
Assim eu, indizível emoção.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/05/2016, 03'35" - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Nos Passos

Nos passos da trilha da felicidade
Buscados pela humanidade
Me vi um peregrino de verdade
“Mochilando” pelos caminhos afora
Me vi sonhador, real e com dor que chora
Nas coincidências desta caminhada
Idealizei muitas, muitas jornadas
Caminhei com muitas lembranças
De atormentadas emoções, e desejada esperança ...
Ah! Incansável busca
Que o tempo não ofusca
Estacionada na maturidade
Na calmaria da experiência
Que chama ao chão a consciência
Com as proezas do prazer
Aconchegadas no viver!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
11/09/2008 – Rio de Janeiro, RJ

Inserida por LucianoSpagnol

⁠APRESSA-TE

Basta-te depressa, o tempo é fugaz
A vida passa num piscar, sem temor
Que hoje é viveza e desejo lhe traz
Amanhã, já não mais lhe terá amor

Gostemo-nos agora, o viver é fugaz
Dando laços, vamos, ofertando flor
Agrado leve que ao coração satisfaz
E um querer manso, feliz e sedutor

Vagando serenamente por um olhar
Estar, e no coração sentir a pulsação
Sem que a desdita venha perturbar

Existamos hoje, na sede, na paixão
Mantendo acesa a chama de amar
Que flama, divina, na viva sensação

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21, junho, 2021, 14’25” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A VIDA ESCREVE

O fado meu contente, que a vida escreve
Vivendo de amor, um desejo tão ingente
Vive em uma poética, e tão eternamente
Canta cá no soneto, tão puro e tão leve

Se lá no assento do coração, tudo breve
Não tem aquele olhar e, se não consente
Sente não poetar o que não será ardente
Sim, desencontros, triste sina prescreve

E se vires que dele podes então merecer
Não verseje a coisa duma dor que ficou
Viva o momento, assim, verseje pra ser

Rogue ao fado, pela sede que acreditou
Traga pra ti a poesia no melhor querer
O amor, a sensação do que não acabou.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 de agosto de 2021, Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A GENTE

Eu e tu: soneto e eu, poética repartida
Em duas estimas, duas estimas numa
Aí sentida. Tu e eu: ó versejada vida
De duas sortes que em uma só resuma

Prosa de partilha, cada uma presumida
Da alma contida, conferida... em suma
Essência na essência, sem que alguma
Deixe de ser una, sendo à outra medida

Duplo fado sentimental, a cuja a sina
Que na própria paixão cada uma sente
A sensação dum aquinhoar da emoção

Ó quimera duma poesia integralmente
Que infinitamente brote da inspiração
E, suspire na inspiração infinitamente...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26, agosto, 2021, 11’03’ - Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol