Textos para Refletir
Elegi o céu
Quando olho para o céu... Não é bem o céu que estou vendo, na verdade, não estou vendo nada, estou é pensando em tudo! Olhando para o céu, para este infinito azul; o azul, aquela cor serena, que traz tranquilidade, paz de espírito e segurança, que parece conduzir nossos olhos quando precisamos refletir; quando olho para ele, pode ter certeza que estou pensando muito, não posso descrever todas as coisas que já pensei olhando para este céu, mas foi ele o meu primeiro ouvinte intimo. Ele é o papel em que enxergo toda minha vida, é o papel em que escrevo meus sonhos e amores, que lanço meus arrependimentos e horrores.
Foi o primeiro cinema que fui e em que assisti sozinho (ou não) ao filme que eu queria, ao filme do que já vivi.
Talvez o céu não seja só um vácuo, nunca achei que fosse um vácuo mesmo, o céu pra mim é quem guarda tudo de todos, é quem acorda minha mente quando ela jaz adormecida, é quem conversa com minha mente, quando ela quer ser ouvida, é quem tranquiliza minha mente corrida, a minha mente mal dormida.
Quem sabe o céu seja mesmo a morada de Deus, os homens não se enganaram nisso, tudo que Deus fez para os homens, o céu fez para mim: nunca me julgou pelos meus erros, mas sempre me fez percebê-los e encontrar uma forma de corrigi-los. Mas, ao contrário dos homens, tolos homens, eu olho para este céu todo dia.
É... Afinal, o céu pode ser a morada do Deus, é o único espaço que poderia cabê-lo, os homens erraram ao dizer: “o céu é o limite”.
Eu não sei bem explicar o que é, de fato, o céu, sei que nele estão coisas minhas, que também são coisas das quais não sei bem explicar...
Por fim, quero que o céu sempre esteja acima de mim, gosto assim, deste modo não preciso dividir ele com os horrores dos outros, os horrores do mundo ruinoso em que habito e definho, até porque é justamente para esquecer isso, o motivo das muitas vezes que olho para o céu azul.
Meu céu azul.
'TALVEZ LINA'
Tento desnudar, a cada promessa não dita, os teus segredos mais profundos. Sem perceber, na serenidade das noites, ousei invadi teus sonhos para que eles se tornassem reais e os seus olhos Sirius: sumptuosos e sedutores! Porquê não traguei barreiras? Não sei! Talvez a flecha da paixão não estivesse pontiaguda. Talvez a força do meu olhar estivesse sem...
Viajo nuvens de anseios, abraços nos dias de calor, romaria além dos horizontes. Vejo-te segredos, clave harmônica, essência das minhas loucuras. Sinto fome de você, tradução da minha essência. Jeito menina. Tão pequenina e violentamente graciosa...
Devorar-te-ei nas minhas ficções diárias. Desde então, as noites são fantasmas. Fecho o mundo criado! Esbarro decididamente covarde. Estiveste tão perto e num sopro, distanciou-se. Deixou ausência, carência, mancha inspiração, bolha sabão...
'ESCURECER'
Açoite.
Pernoite.
O céu estufado.
Corre José!
Vislumbra a escuridão,
Violenta e cortês,
Exausta o coração.
Berra!
Vocifera!
Adormece as crianças,
Na cama doente.
Sem castiçal,
Anjos devoram,
O sonho mortal.
Suplica demônios.
Aluvia as igrejas.
Desaponta o acaso,
Há tempo na vida!
Peregrina...
Corre José!
Foge morfina!
A cada escurecer,
O coração grita vida:
Vem! Vem! Vem!
Aqui! Galgas o peito.
'PONTO PARÁGRAFO'
O amor perde-se no vento e
as vicissitudes da alma afaga o coração.
A releitura da arte que criamos
vai desmaterializando às minguas até o ponto fulminante.
Identidade sem labirinto.
Período de sobejos,
sem beijos.
E as novas formas abrem uma cortina
dilacerada em preto e branco.
Época dos grandes sismos em
que gigantes descobertas chegam de rotina,
afunilando a luxúria,
a soberba, a arrogância.
Tempestades gritam ao ouvido
verdades rejeitadas.
A apreensão silencia a voz.
As noites ficam inquietas
falando dos desejos já amaldiçoados.
É a nova 'lei dos contrários' que chega de supetão,
águia sem visão,
indagando-nos dos zigue-zagues traçados.
Tudo passageiro!
O grande livro tornar-se inautêntico
com suas páginas rabiscadas.
E o tremor das mãos que não para,
interrompe as novas páginas que estão no porvir.
E o 'tudo' totaliza-se no utópico
com seus amores e injúrias, poemas mórbidos,
fragrâncias esquecidas: penúrias!
'HODIERNO'
- Perdeu o ofício?
- Sim. Mas tenho novos voos,
Nos ventos: pulmões!
Visito rochedos.
Pra quê receios,
Da vida,
Do freio?
Subo em árvores.
Névoas de crônicas.
Tombo montanhas.
Fobias transformadas.
Perito em bater asas
Quebro horizontes
Céu Transmutei em pousadas.
Agora quadrilátero
Saúdo trovões
Amorteci os medos
Transmito, agora sim,
Meu louco grito
Alma imensurável
Sons ambíguos...
'INACABADO'
O amor passou.
Vertiginoso.
Modesto nas suas facetas.
Com ele,
Fomos juntos.
Escalamos montanhas.
Desafiamos o poder da admiração.
Olhamos nos olhos,
Recitamos palavras expressivas.
As lembranças
Que [ele] nos esculpiu,
Perpetuam um passado presente.
Falou tanto e,
Como um raio,
Partiu sem direção.
Construiu o impossível
E disse adeus,
Deixando nossas almas inacabadas,
Soltas aos ventos...
'NASCER'
Chegamos tão frágeis e a alma tão pequenina. Surgimos vibrando no trapézio. É a velha vida que brota do espanto e vem aos poucos, despercebido, nos cantos/melodias...
Não se demora e o 'tempo' torna-se declinante, com seus batimentos cansados impedindo o contemplar das imagens que criamos. Almejamos obstinados os dias que sugamos, imperceptíveis, se espairecem nas varandas, estafados, avistando paisagens íngremes, com seus ciclos e fim definidos...
Para onde foram os sonhos/invenções? Asfixiados, estão vagando nos túmulos. Expirando-se no tempo que resta. Poema desbotado, patéticos na gaveta adormecida. E os círculos sem impressões ofuscam o azul dos horizontes. O azul que sonhara-se de início, nas montanhas, sentado sob o luar maravilhoso, estarrecedor...
Novos nascimentos quebram o silêncio inesperado. Relatando-nos que ainda resta esperança no choro. No afago materno. Na alegria que inflama a alma quando da primeira respiração. Quando abraçamos o mundo minúsculo e tão vasto. Quando apertamos as primeiras mãos e dizemos: estou 'pronto' para exalar a vida que dar sonhos e para os sentimentos que encapsulam os dias no frio...
'EU AMO ITA'
Eu amo 'Ita'
Calor intenso
Calor pegajoso
Calor que orbita
Inclinada nas praias
Fazendo castelos
Mirando horizontes
Suspiros singelos
Eu amo 'Ita'
Incógnita nos ares
Incógnita nos cheiros
Incógnita 'Levita'
Reclinando travessias
Ascendendo paralelos
Bafo de nuvens
Resvalando no belo
Eu amo 'Ita'
Cidade de 'Pedras'
Cidade 'Fumaça'
Cidade 'Pepita'
Sonhada nas praças
Já foste bonita
Minando progressos
Poetizando as escritas
'FACETAS'
Verdades sobrepujadas e as milhares de faces pairando nas noites sem Luar,
Poesia retangular,
Quadrática.
Maquilagens nos 'sofás disfarçados'.
Quadros 'seminus' nas 'salas mascaradas'.
Vitalidade invejável,
Por trás das sombras:
Tudo impecável/relevâncias...
Na capa dos diários,
Frases de um violino apontando corpos celestes,
Mas o teor dos poréns,
Sucumbiram-se nos vácuos/matérias.
Escorregadia nas mãos sem melodias.
São as Montanhas,
Geradoras Vãs de alegrias,
Gladiando e hostilizando o 'eu',
Criando estigmas,
Ar rarefeito,
Apagando as estrelas...
Portas cilíndricas,
Quebradas,
Se perdem por trás das cortinas,
Estilhaçando as facetas em construções.
Clarão e sons emblemáticos corrompem as mesclas inexpressivas dos olhos.
A assimetria da vida pede novas jornadas,
Seguindo resiliências insípidas,
Abraços.
E os dias brilhantes/patéticos transmudam-se em dormências,
Sem figuras titãs,
Espaços...
A VIDA NOS ENSINA A VIVER A CADA DIA.
MAS VIVA O HOJE ESQUECE SEU PASSADO ELE NÃO TE AJUDA EM NADA, NUNCA VAI TE EDIFICAR SE FOI UM PASSADO RUIM, VIVA O HOJE VALORIZA QUEM TE AMA,
UM DIA VOCÊ VAI SABER O QUE VAI SER DO SEU FUTURO SE VOCÊ DEIXAR SEU PASSADO CONSTRUA UMA NOVA ESTRADA, UMA NOVA VIDA.
SEJA FORTE DESTEMIDO, SE O PASSADO SE FOI BOM OU RUIM JÁ PASSOU VIVA O PRESENTE VALORIZA QUEM ESTA COM VOCÊ E SERÁS FELIZ.
AS COISAS VELHAS SE PASSARAM E TUDO SE FEZ NOVO.
NÃO OLHE PARA TRAZ SIGA ADIANTE E TUDO SE FLORESCERA.
QUE A GRAÇA DO SENHOR JESUS NOS GUIE E NOS ACOMPANHE HOJE E SEMPRE.
'TROPEÇOS'
Tropeçamos nas indecisões/decisões. Cores sem tintas. Abstrações. Painéis lúgubres. Quadro sinuoso, sem repouso. Metáforas em pincéis. Colinas...
Tropeçamos nas sombras do último vagão. Nas dores que tornaram-se horrores. Fumaça embaçando a visão. Peito fatigado sem proteção, morada. Fatalidades abertas, enferrujadas...
Tropeçamos nos rios estrangulando faróis. Maresias sem beira-mar, paraísos. Na práxis do tempo. Textos vazios. Chuvas ácidas, atormentando sangrias veladas....
Tropeçamos para nos tornarmos gigantes. Conquistadores do mundo glacial, abrasador e determinista. Para contemplarmos as estrelas soltas no infinito, com suas luzes intactas que nos enchem de sentimentos, acendendo os faróis desprovidos. Subjeção de estarmos vivos, abraçando o tempo remanescente, vindouro, incisivo...
O maior festival do mundo de cores,um evento de música pra lá de Bagdá.
Brasil,rio de janeiro estádio maracanã,num pequeno espaço com toda diversão, loucura, alegria e arte você encontra pessoas de todas a partes do planeta e dependendo do auge da sua loucura você via o além, fazendo várias viagens.
Quando cheguei no evento e avistei aquela multidão de pessoas, ouvir aquele som estremecendo meu corpo logo abrir um sorriso, depois daí entrei no mundo das cores,só alegria paz e amor.
'DISJUNÇÃO'
Carrego teus olhos nos meus,
Perdidos em sombras disfarçadas.
Participo das tuas noites perdidas,
Ludibriada em paixões lufadas...
Abraço-te não mais como a flor que imaginei,
A essência do perfume não mais existe.
Sonhos de outrora encarcerou-se,
Gracejos ficaram tristes...
'Direções' serão outras,
Não há culpados quando a dor é ausente.
Andar-nos-emos outros destinos,
Discorrendo-nos do presente...
Envolto nas pedras que seremos,
Nas almas acorrentadas em fragrâncias.
Seremos como velhos artigos:
'O aMoR oCuLtO eM lEmBrAnÇaS.'
'EU'
Ando descalço no mundo genuíno.
Não porque o abracei,
As terras temporárias são forasteiras.
No meu amplexo já cansado,
Diluo a espera.
No branco sem destino,
Na latência de sentimentos,
A fluorescência ofusca-me,
Assombra-me.
Sou migalhas de um pobre na dor que não cura...
Invento psicanálises nos dias perturbadores.
Adentro o espírito infértil vaga fortuito,
Probabilidades casuais,
Sedento de anseios como as infinitas variáveis no espaço,
Sem cabanas.
Sou inesperado,
Duvidoso,
Eventual tal qual os olhares distantes que se abraçam demorado...
As sátiras deixaram-me,
Corro feito louco,
Sem domicilio.
Abraço o improvável como se abraça os mares.
Os tantos mares que moram em mim,
Chegando tempestuosos,
De súbitos,
Embaçando a ficção aflorada.
Na incerteza,
Crio outros mundos,
Terras ditantes,
Aconchegantes para aliviar as dores.
As dores que outrora,
Tornaram-me identidade,
Sem essência,
Ou analogias...
'VASO'
Ruidoso, feito com as mãos,
Industrializado.
Sou natureza.
Ferro.
Do homem estraçalhado.
Cheiro/argila, cerâmica, madeira, polietileno, resina, palha, sintético.
Castiço...
Quando bem trabalhado, sou admirado, beleza, suspiros.
Decoro, adorno, alinho, ornamento, aformoseio.
Enfeito o imperfeito.
Sitio povoados, vidros temperados...
Sou dos cantos.
Dos lados.
Artificial.
Nas paredes pendurados...
Sou do arcaico, do homem abstrato, sarcástico, quadrado, redondo.
Aromo onde passo.
Encanto com minhas formas diferenciadas.
Tenho sabor tateado.
Expressão do humano: transparente, engraçado, pintado em infinitas cores.
Cristalizado ou inexpressivo.
Sem desígnios ou escritos, serei intuito,
Vaso qUeBrAdO...
'PRECISAMOS DE UM AMOR'
Que venha com a neblina
Que venha sem perguntar
Que venha sem cortinas
Que venha equalizar
Do tamanho do pulsar
Do tamanho do mundo
Do tamanho peculiar
Do tamanho profundo
Que transforme vida
Que transforme solidão
Que transforme avenidas
Que transforme coração
Que deixe o 'eu' empirista
Que deixe o 'eu' jesuítico
Que deixe o 'eu' futurista
Que deixe o 'eu' místico
Que tenha degraus
Que tenha lucidez
Que tenha litoral
Que tenha solidez
Para colar na emoção
Para colar na geladeira
Para colar nas mãos
Para colar na lareira
'EU AINDA ACREDITO'
No abraço que deixa o sorriso quebrado estilhaçar a alma em amplitude. Quando os olhares implicam sinceridade, e o que basta está acima das desigualdades, cor, raças...
Quando o amor se aproxima e cruza as barreiras do amor dissipado, dos contos e desencontros encarcerados. Nos trépidos prisioneiros, opressivos que não cedem em prol, mas que veem o sol, uma estrela...
Nas amizades que brilham imitando o cantar obcecado dos pássaros, cajados pelo cantar inexpressivo, mas íntegros e blindados, sem hipocrisias. No peito ardente, manando lisura, corrente, serenidade plena e pacífica, distraído na esperança que passa...
'FALTA'
Do cheiro das escolhas que brotavam nossos sonhos. Das bocas
mesclando a vereda dos passos. Dos sorrisos abrasivos que queimavam serenamente os dias sedentos, mãos entrelaçadas, corpos misturados...
Das estradas que se encontravam na neblina, com suas curvas
intermináveis e longas. Da contaminação dos dias afortunados, Dos olhares que se consumiam colados, noites quentes e febris...
Do quarto que gritava. Da chama nos 'eus' que queimava. Das
almas que se faziam recíprocas dissipando palavras, atiçando a
paixão. Dos tijolos estáveis levantados um a um, paredes sólidas...
Agora cinzas, os discursos empoeirados falam do tempo, promovendo falta/geada/calafrio. Tudo tóxico! Inflama o presente, não cicatriza o grito. Vai queimando a pele, transformando-se em ritos...
'POEMA INACABADO'
Declamar-te minha
Cultivo poemas
Nas noites pratinas
Disperso no tom cristal
Mar glacial
Poemas sem teoremas
Gélidos sob as cores sintéticas
E a alma cética
Barco esquelético
Metamorfose insurgente
Cheiro neblina
Pedra atracada
Aduela alvejada
Noites lufadas
Garoa rapina
Recitarei-o inacabado
Vocábulos
Nos verdes disfarçados
'A CAIXA'
Debaixo da caixa,
existe uma sombra.
Debaixo da caixa,
só há escuridão.
Debaixo da caixa,
tempestade habita.
A caixa é vazia,
não tem coração.
A caixa é enorme,
ausente de pé.
A caixa é clemente,
ela tem pouca fé.
O grito da caixa,
é desesperado.
Sempre lastimando,
ela chega de lado.
A caixa milagre,
sentindo fadiga.
Plantando sementes,
ela não tem comida.
A história da caixa,
é história não lida.
A história dos homens,
é bem parecida.