Textos para Mãe Morta
Eu sou uma pergunta cuja resposta não me compreende. Está morta.
O que eu sou não mora em mim, dorme do lado de fora. Algumas noites aprecia a lua, em outras manda ao inferno aquelas estrelas. O que eu sou é Barroco e contraditório, portanto não cabe nas formas perfeitas. O que eu sou não pode ser dito, é segredo de confissão, um dos tantos que a vida não disse. Jamais ousaria. Eu sou minha letra e tenho teu nome.
O que eu sou é reflexo nas sombras. É como um olhar de mudez incomparável, como balaustra de liquidez impenetrável.
O que eu sou é um cristal e estou quebrado. Eu sou as faces múltiplas de um espelho, ninguém sabe em quem me reflito. Não posso ser explicado, só sentido. O sentido foge também a quem toca e não sente.
Ninguém sabe o quanto existo e o quanto finjo. Há muitas formas de existir e todas elas têm um palco. Palmas, enquanto as máscaras permanecem rijas.
O que eu sou é inexplicável e incoerente. Como um céu no chão do abismo, um calabouço que dá ao nada e uma porta que não tem chave.
O que eu sou está trancado e escondido, porque à luz morreria. O que eu sou é o estado bruto que se liquefaz no ar insondável do meio-dia. O que eu sou não cabe na rotina, sequer acompanha os compassos de um relógio. Não tiquetaqueio nas horas vãs, sequer me afogo nos mares de companhia duvidosa. Eu sou livro que se lê escondido. Eu olho para os lados e, se não tem ninguém me olhando, vivo um pouquinho. Um pouquinho só, porque muito seria letal.
O que eu sou é uma ampulheta em contagem regressiva, é explosão de cacos de madeira viçosa. Eu sou a luta da manhã para deixar de ser noite. Eu sou a saudade da madrugada e o que eu sou não cabe em mim.
Homenagem a nós
Que vida louca levamos nós, mães modernas, mães do século 21, mães de filhos únicos, ou de muitos filhos que se tornam únicos pelo pouco tempo que conseguimos ter para cada um...
Que vida louca temos nós, que acordamos ao raiar do dia e saímos para o trabalho delegando a outras, que em casa deixam seus filhos também, que sejam as mães que nossos pequenos não tem...
Que vida louca temos nós que somos mães por telefone em tempo integral, que fazemos de nosso horário de almoço um momento para checar a lancheira, arrumar uniforme, fazer “Maria chiquinhas” e ter tempo de lembrar as antigas mães e mandar seu filho escovar os dentes...
Que vida corrida temos nós, cheia de horários marcados com momentos de ser mulher, mãe, amiga, esposa, profissional, namorada... somos muitas e as vezes não conseguimos ser tudo...
Vivemos uma rotina que rotina mesmo quase não tem, pois o dia é sempre um mistério para aquelas que tem filhos, afinal nunca sabemos se o dia que começou é o dia marcado para a dor de garganta chegar, ou para a prova surpresa de matemática, ou para briga com o amiguinho na escola, ou para pesquisa sobre o relevo que ele esqueceu de te avisar...
Sabemos apenas que vivemos assim....
Acordar... trocar de roupa para o trabalho, esperar pacientemente que sua secretária do lar não falte, olhar seu filho dormindo por mais alguns minutos e ter vontade de ficar com ele só por hoje um dia inteiro, sair de casa, despedir-se do filho e dar muitas ordens a empregada que a deixam perdida... ir para o trabalho, ser profissional, ser mulher moderna, ser guerreira, lutar pra vencer, fazer a diferença no mundo profissional...
Ligar ao longo do dia para marcar pediatra, fugir correndo do serviço para assistir a apresentação da escola no dia das mães, procurar alguém para buscar seu filho na escola porque hoje apareceu uma reunião e não tem como ir, e sempre acabar contando com a sua mãe para te fazer esse eterno favor...
Correr, preocupar-se, desdobrar-se vencer o dia, e ainda chegar em casa checar a tarefa, supervisionar o banho, fazer mil e uma perguntas sobre o dia de seu filho, sentir-se culpada por não ser mais presente, brincar, dar atenção, cantar uma música, ler uma história, assistir pela bilionésima vez o filminho da Disney e acabar adormecendo ali, na caminha de solteiro ou do lado do berço, cansada, mas realizada por ter sido por mais um dia MÃE...
Versos trocados
Pensei em várias formas de começar essa redação... Na verdade, acho que nunca fiquei tão nervosa quanto a fazer um texto antes. Parece que deu um branco na minha mente, as palavras parecem simplesmente terem sumido. Escrevi e reescrevi várias frases soltas, mas parece que nenhuma delas traduz em palavras realmente tudo o que eu quero te dizer... Mas então, no auge desse meu nervosismo de não saber usar frases e palavras, surgiu em minha mente algo que eu tenho certeza que seria um ótimo começo. Com certeza que você deve conhecer meus próximos versos;
“Amar é lindo, gostar também, amar o mundo inteiro, e a nós também...” Mas eu aposto que já deves estar pensando: por Deus, eu aqui esperando A redação da minha filha, que já faz textos excelentes, que só tira dez nessa matéria, mas ela vem até mim com esse textinho mixuruco de pré-escola... Pois é mãe, acontece que eu não consigo ver nada melhor do que esse texto para, no dia de hoje, transmitir tudo que sinto por ti. Acontece que hoje, com meus dezessete anos, jovem, muito jovem é claro, vejo nestes versos algo muito além de uma simples rima. Hoje vejo com outros olhos o que há onze anos atrás eu escrevi num pedacinho de papel.
Amar é lindo. O amor, o amor é o mais belo e raro sentimento que existe, é uma dádiva que o ser humano possui, de conseguir amar e ser amado. E isso mãe, eu devo a ti. Tu me ensinaste a amar, me ensinaste a respeitar, me ensinaste a dar valor à vida, aos amigos, aos familiares. E o mais importante de tudo: tu me deste amor. O amor mais singular que existe no mundo, o amor acolhedor, o amor que ensina, que provoca risos, lágrimas, que faz com que eu me sinta especial, protegida. Nos teus braços e no aconchego do teu colo eu sinto o verdadeiro amor, aquele que não existe em lugar algum da terra. Sinto amor em tuas palavras doces, em teus conselhos (que ultimamente têm me ajudado muito mais do que sequer tu imaginas), em tuas broncas, sim, e por que não? Se brigas comigo é porque me amas, e queres o meu bem. Está certo que na hora posso não gostar muito, mas logo passa, pois o amor que me dás em seguida cobre qualquer tipo de irritação.
Gostar também. Mãe, tu me ensinastes a gostar das coisas mais inexplicáveis da vida. Conhece alguém, além de nós duas, que acorda, e vai pra geladeira comer aquela comidinha fria que sobrou do almoço? Ou que adora comer doce com salgado? Mas ainda mais importante, tu me ensinastes a gostar do doce da vida, e, também, a saber lidar com o amargo, com as dificuldades, me ensinou a gostar da vitória, a gostar de aprender, de buscar o novo, me ensinou a gostar de aproveitar cada fase que passo, e que ainda vou passar. Ensinou-me a sentir o gosto da vida, com suas doces e acolhedoras palavras.
Amar ao mudo inteiro. Amar a vida, amar a família, amar a mim mesma. Mostrar esse amor. Toda vez que tu vinhas como uma leoa defender-me, ou que vinha voando toda vez que eu gritava ‘’manhêêê’’... Toda vez que deixaste de fazer algo pela minha felicidade, ou então que se sacrificaste para ver um sorriso em meu rosto. Todas as vezes que bolastes aquela surpresa, toda vez que correste atrás de mim para me encher de beijinhos e carinhos. Toda vez que dividiste comigo tuas angustias, teus medos, tuas felicidades. Todas as vezes que estavas do meu lado quando eu passava pelas mesmas coisas. Mostraste teu amor toda vez que me destes a mão e disse pra eu não me preocupar que tudo ia passar que logo as coisas voltariam ao normal. Mostrastes e mostras teu amor todo dia que chegas em casa cansada, e ainda assim vem a minha procura, carinhosa e meiga. Mostras teu amor dia a dia, e me ensinas a amar da mesa forma.
E amar a nós também. Neste último verso, quero fazer na verdade aqui um pedido de desculpa. Por todas as vezes que não quis te ouvir, que fiquei chateada contigo, que bati o pé, todas as vezes que por algum motivo te decepcionei, quero pedir desculpas pelas grosserias, pelas cenas, pedir desculpas por muitas vezes exigir tempo demais teu, por as vezes pensar que vives em minha função. Quero pedir desculpas por muitas vezes não te dar o valor que realmente mereces, por não demonstrar o amor que sinto. Mas saiba de uma coisa; eu te amo, e muito. Amo mais que conseguiria amar qualquer outra coisa, qualquer outro alguém. A ligação que temos, é forte demais. É o mesmo sangue, a mesma carne. E nunca mãe, nunca quero que tenhas duvida alguma do meu amor por ti. Meu maior sonho, é que um dia, possas olhar pra mim já crescida, e pensar: “Que orgulho tenho da minha filha” E é por isso que tento melhorar a cada dia que passa, por isso que quero sucesso na vida, por isso que me esforço pra fazer a diferença. Para dar orgulho a quem me ensinou a ter garra, a ir a luta, a não desistir nunca.
Agora, espero que toda vez que lembrares daqueles meus versinhos, daquelas mal traçadas linhas de onze anos atrás, veja o seu significado com outros olhos. Sei que não existem palavras suficientes pra descrever tudo que sinto por você, e mesmo que houvesse, ainda assim não seriam suficientes. Nosso amor é transcendente, está acima de tudo aqui. Espero que com essas palavras tenha conseguido te mostrar apenas uma fração de tudo que por ti sinto, de tudo que a ti sou agradecida. Escrever-te estas letras significam para mim muito mais do que te dar qualquer outro presente, pois isto aqui, vem do coração, vem com sinceridade, vem com amor. Feliz dia das mães. :)
A sociedade, tão moderna e tão incrivelmente despreparada e inclinada ao machismo como sempre foi. Diz-se uma sociedade reformada, onde a mulher revoluciona, tem seu espaço, compete profissionalmente, faz 1001 coisas ao mesmo tempo. Mas ainda esperam que vivamos presas à um casamento, um relacionamento, um macho, para sermos felizes. Concordo que algumas se tornam iscas perfeitas, cuidam do corpinho e do visual (ou ressaltam sua personalidade), e esperam ser o objeto perfeito de consumo de caras esbanjadores ou ainda a musa dos sonhos dos inspirados sonhadores. Agora tente vc, mulher, dizer que está bem sozinha. Inicia-se uma campanha de moralização, de correção dos seus valores. Não entendem a ausência de necessidade em uma mulher, de "precisar ter" (assim, gerúndio mesmo) um HOMI do seu lado. Querida sociedade, enfie seus conceitos onde lhe convier, menos na minha cabeça! rs... Quando eu sentir falta de um HOMI eu procuro um. Enquanto eu não sentir falta, me desculpem... Mas como muitos HOMENSSSS que priorizam momentos da sua vida, conquistas especiais, e se focam (aquele emprego, aquele concurso, aquela promoção, aquele projeto, o chopp com os amigos, etc), eu tbm nesse momento tenho um projeto de vida, um foco especial, e sinto muito mas nada vai ser mais interessante nesse momento: MEU FILHO!
Sou mãe solteira, não escolhi isso, mas já que aconteceu, então eu terei orgulho!
Mas por favor, não me atrapalhem achando que me falta "relacionamento" quando na verdade quando eu quis, eu não tive... Agora, eu não preciso mais.
Ahhhh... e não se trata de medo, receio, mágoa, tristeza... nada disso, nada ruim!
Quando aparecer alguém que me interesse, tenham certeza que eu pularei em cima com toda vontade. Mas, nesse momento, não sinto a menor falta e prefiro mil vezes ser 'feliz solteira" do que qualquer outra coisa que não seja "feliz".
Bjo no ombro! Me superei! kkkkkkkkkkkkkkk
Supremo Amor. – 13/06/03
(Dedicado a pessoa que mais amo no mundo em seu aniversário e fim do terror das quimioterapias; minha mãe!)
Mãe, Pai ... Pãe
Amor Supremo
Verdadeiramente acalentador
Porto seguro
Sensível inspiração
A espelhar-me
A vida inteira ...
As vezes,
Entristeço por segundos
Por uma bronca merecida,
Que recebo com amor.
Aquele amor de MÃE ...
Incondicional.
Aquele amor de PAI,ou melhor de,
PÃE, constrangido e escrachado
A mostrar a todo mundo.
Aquele amor que me guia,
Aquele amor que começa e acaba em mim.
Que define o que sou,
Sem esforço algum meu ...
Mostro-me assim
Esperançosa e feliz
Ao mundo
Somente por refletir
O AMOR SUPREMO
Dos meus PAIS!!
Dos meus PAIS, sim, ...
Pois minha MÃE, não é só mãe
Ela é minha MÃE, meu PAI .. minha PÃE ...
Minha Super PÃE !!
O ser humano é estranho.
Briga com os vivos e leva flores para os mortos.
Lança os vivos na sarjeta e pede um “bom lugar para os mortos”.
Se afasta dos vivos e se agarra desesperados quando estes morrem.
Fica anos sem conversar com um vivo e se desculpa, faz homenagens, quando este morre.
Não tem tempo para visitar o vivo, mas tem o dia todo para ir ao velório do morto.
Critica, fala mal, ofende o vivo, mas o santifica quando este morre.
Não liga, não abraça, não se importa com os vivos, mas se autoflagela quando estes morrem…
Aos olhos cegos do homem, o valor do ser humano está na sua morte, e não na sua vida.
É bom repensarmos isto enquanto estamos vivos!
Bom seria se todos os dias fossem o "Dia das Mães",
Se os filhos acordassem sensíveis a uma tamanha gratidão,
Se os corações de todos fossem presenteáveis,
Se o amor por todas elas fosse coberto de obediência, respeito, carinho e cuidados.
Ah, bom seria se todos os dias fossem o "Dia das Mães", se os filhos ouvissem seus conselhos como ouve o melhor amigo, se eles a tratassem realmente todos os dias como uma joia de grande valor, e pensassem bem antes de lhe responder indevidamente.
Bom seria se todos os dias fossem o "Dia das Mães", e os filhos não as abandonassem depois que crescessem ou constituíssem suas próprias famílias, nem as rejeitassem pelas consequências da idade que o tempo traz.
Bom seria, sim, se todos os dias fossem o "Dia das Mães", e a gente pudesse florir a vida dela como florimos hoje, e dizer a cada amanhecer sem ser preciso tantas festas aparentes... "Mãe, eu amo você"... Bom seria... Se todos os dias fosse mesmo o Dia das Mães.
Os adultos apaixonam-se ao acaso, ainda que façam um esforço para escolher muito ou com muita inteligência. Já aprendi. O amor é um sentimento que não obedece nem garante. Precisa de sorte e, depois, empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido.
Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.
(…) deixar um livro cheio de poemas que fiquem para sempre a comunicar com quem lhes pegue é como deixar uma voz amiga de toda a gente, pense no que é hoje ler o Camões e como aquilo ainda nos diz respeito, pense como será deixar por sua mão algo que também chegue ao povo, para que o povo conheça e se enterneça consigo e com o nosso tempo (…)
Um filho pergunta à mãe:
- Mãe, posso ir ao hospital ver meu
amigo? Ele está doente!
- Claro! Mas o que ele tem?
O filho, com a cabeça baixa, diz:
- Tumor no cérebro.
A mãe, furiosa, diz:
- E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer?
O filho lhe dá as costas e vai...
Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo:
- Ai mãe, foi tão horrível, ele morreu na minha frente!
A mãe, com raiva:
- E agora? Tá feliz? Valeu a pena ter visto aquela cena?
Uma última lágrima cai de seus olhos e acompanhado de um sorriso, ele diz:
- Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer:
- "EU TINHA CERTEZA QUE VOCÊ VINHA!"
** Moral da história: A amizade não se resume só em horas boas, alegria e festa... **
Mães!
Mãe branca, mãe preta, mãe amarela
Mãe loura, morena ou ruiva
Mãe caseira ou cigana itinerante
Mãe de todas as raças, de todas as cores
Mãe que mendiga, mãe que trabalha
Mãe que freqüenta alta sociedade
Mãe que é mãe a todo momento
Sem importar condição social
Mãe é só uma palavra que soa
Como favos de mel dentro da boca.
Mãe guerreira, mãe preciosa
Mãe zelosa, preocupada
Mãe cozinheira, lavadeira, até lixeira
Mãe empresária, industriaria, comerciaria
Mãe dona de casa, madame ou empregada
Mãe que luta com todas as garras
Mãe que batalha por um bem-estar
Por querer muito para o seu filho ou filha
Que sempre tenha em seu mundo
Momentos de muita paz e amor
Com um crescimento interior
Que o faça um alguém nesta vida.
Mãe biológica, mãe adotiva
Mãe que reza, que abençoa
Mãe que perde noites de sono
Mãe que ensina a ler e escrever
Mãe que nos mostra o que é a vida
E o caminho certo a percorrer
Mãe que é Pai em sua ausência,
Pai que é Mãe em tempo integral
Como o substituto adequado
Sem ter medo de ser piegas
Mas por necessidade primordial
De chegar enfim ao final da estrada,
Ver seu rebento crescido, vitorioso
Como um grande ser humano real.
Mãe que sempre incentiva
A lutar, vencer, crescer
Como gente, ser humano
Sem pisar no semelhante
Procurar ser alguém importante
Acreditar em Deus, ter fé
Mãe que só pensa no que é melhor
Mãe que acarinha, que acalanta
Mãe que bronqueia na hora certa
Mostrando um caminho para seguir
Mãe que está sempre presente
Em todas as horas
Mesmo que a distância se faça sentir.
Mãe é mãe não importa onde esteja
Não importa o que seja
Nada tira o seu valor.
E por você mãe presente, onipotente
Que se orgulha por ser mãe,
Por correr atrás do tempo
Tentando suavizar suas marcas
Por você que é mãe ausente
Mãe que existe só na lembrança
Que partiu tão de repente
Deixando no ar só a saudade
Eu te faço esta homenagem.
Mãe de todo dia, ano por ano
Mãe, Mamãe, Mãezinha
Mammy do meu, do seu coração
Este é o nome mais lindo
Suave, sonoro, abençoado
Por Maria, rainha de todas as Mães.
Que Deus guarda com todo carinho
Bem no meio da palma de sua mão.
AMOR ETERNO
Mãe e filha estavam caminhando pela praia.
Num certo ponto, a menina perguntou:
- Como se faz para manter um amor?
A mãe olhou para a filha e respondeu:
- Pegue um pouco de areia e feche a mão com força...
A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia coma mão, com mais velocidade a areia escapava.
- Mamãe, mas assim a areia cai!
- Eu sei, agora abra completamente a mão...
A menina obedeceu mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava em sua mão.
- Assim também não consigo mantê-la em minha mão!
A mãe, sempre a sorrir disse-lhe:
- Agora pegue outra vez um pouco de areia e deixe-a na mão semi-aberta como se fosse uma colher... bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe dar liberdade.
A menina experimenta e vê que a areia não escapa da mão e está protegida do vento.
- É assim que se faz durar um amor.
Ser mãe é ajudar o filho a largar a chupeta e a mamadeira. É leva-lo para a escola e segurar suas mãos na hora da vacina.
Ser mãe é se deslumbrar em ver o filho se revelando em suas características únicas, é observar suas descobertas. Sentir sua mãozinha procurando a proteção da sua, o corpinho se aconchegando debaixo dos cobertores.
Ser mãe é ler sobre uma tragédia no jornal e se perguntar: ‘e se tivesse sido meu filho?’
Ser mãe é descobrir que se pode amar ainda mais um homem ao vê-lo passar talco, cuidadosamente, no bebê ou ao observá-lo sentado no chão, brincando com o filho. É se apaixonar de novo pelo marido, mas por razões que antes de ser mãe consideraria muito pouco românticas.
Ser mãe é ouvir o filho falar da primeira namorada, da primeira decepção e quase morrer de apreensão na primeira vez que ele se aventurar ao volante de um carro.
É ficar acordada de noite, imaginando mil coisas, até ouvir o barulho da chave na fechadura da porta e os passos do jovem, ecoando portas adentro do lar.
Ser mãe é aguardar o momento de ser avó, para renovar as etapas da emoção, numa dimensão diferente de doçura e entendimento.
Ser mãe é estreitar nos braços o filho do filho e descobrir no rostinho minúsculo, os traços maravilhosos do bem mais precioso que lhe foi confiado ao coração: um espírito imortal vestido nas carnes de seu filho.
Mãe: a palavra mais bela pronunciada pelo ser humano.
De mãe!
Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava. E ela deixou entrever um sorriso e respondeu:
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe". E, como mãe, lhe respondeu: o filho predileto, aquele a quem me dedico de corpo e alma é...
O meu filho doente, até que sare
O que partiu, até que volte
O que está cansado, até que descanse
O que está com fome, até que se alimente
O que está com sede, até que beba
O que está estudando, até que aprenda
O que está nu, até que se vista
O que não trabalha, até que se empregue
O que namora, até que se case
O que casa, até que conviva
O que é pai, até que os crie
O que prometeu, até que cumpra
O que chora, até que cale
E já com o semblante bem distante daquele sorriso completou:
O que me deixou, até que o reencontre.
Parabéns pelo seu dia!
Mãe carinhosa e dengosa
Mãe amiga, mãe irmã
Mãe de todos nós, mãe das mães
Mãe dos filhos
Mãe-pai: duas vezes mãe
Mãe lutadora e companheira
Mãe educadora, mãe mestra
Mãe analfabeta, sábia mãe
Mãe do silêncio, mãe comunicação
Mãe dos doentes e dos sãos
Mãe de quem magoou e de quem perdoou
Mãe rica, mãe pobre
Mãe dos que já foram, mãe dos que ficaram
Mãe dos guerreiros e dos guerreados
Mãe que sorri, mãe que chora
Mãe que abraça e afaga
Mãe presente, mãe ausente
Mãe do sagrado, mãe da luz
Mãe de Jesus e mãe nossa.
MÃE, simplesmente MÃE!
Minha Mãe
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: - Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
Aula de piano
Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a não daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E agora o sol, fá
Pra lição acabar
Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
Que finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela, menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai,
Lá, sol, fá, mi, ré
VIRGEM MORTA
Lá bem na extrema da floresta virgem,
Onde na praia em flor o mar suspira...
Lá onde geme a brisa do crepúsculo
E mais poesia o arrebol transpira...
Nas horas em que a tarde moribunda
As nuvens roxas desmaiando corta,
No leito mole da molhada areia
Deitem o corpo da beleza morta.
Irmã chorosa a suspirar desfolhe
No seu dormir da laranjeira as flores,
Vistam-na de cetim, e o véu de noiva
Lhe desdobrem da face nos palores.
Vagueie em torno, de saudosas virgens
Errando à noite, a lamentosa turma...
E, entre cânticos de amor e de saudade,
Junto às ondas do mar a virgem durma.
Às brisas da saudade soluçantes
Aí, em tarde misteriosa e bela,
Entregarei as cordas do alaúde
E irei meus sonhos prantear por ela!
Quero eu mesmo de rosa o leito encher-lhe
E de amorosos prantos perfumá-la...
E a essência dos cânticos divinos
No túmulo da virgem derramá-la.
Que importa que ela durma descorada
E velasse o palor a cor do pejo?
Quero a delícia que o amor sonhava
Nos lábios dela pressentir num beijo.
Desbotada coroa do poeta!
Foi ela mesma quem prendeu-te flores!
Ungiu-as no sacrário de seu peito
Inda virgem do alento dos amores!...
Na minha fronte riu de ti, passando,
Dos sepulcros o vento peregrino...
Irei eu mesmo desfolhar-te agora
Da fronte dela no palor divino!...
E contudo eu sonhava! e pressuroso
Da esperança o licor sorvi sedento!
Ai! que tudo passou!... só resta agora
O sorriso de um anjo macilento!
Ó minha amante, minha doce virgem,
Eu não te profanei, tu dormes pura:
No sono do mistério, qual na vida,
Podes sonhar ainda na ventura.
Bem cedo, ao menos, eu serei contigo
— Na dor do coração a morte leio...
Poderei amanhã, talvez, meus lábios
Da irmã dos anjos encostar no seio...
E tu, vida que amei! pelos teus vales
Com ela sonharei eternamente...
Nas noites junto ao mar e no silêncio,
Que das notas enchi da lira ardente!...
Dorme ali minha paz, minha esperança,
Minha sina de amor morreu com ela,
E o gênio do poeta, lira eólia
Que tremia ao alento da donzela!
Qu’esperanças, meu Deus! E o mundo agora
Se inunda em tanto sol no céu da tarde!
Acorda, coração!... Mas no meu peito
Lábio de morte murmurou: — É tarde!
É tarde! e quando o peito estremecia
Sentir-me abandonado e moribundo!?...
É tarde! é tarde! ó ilusões da vida,
Morreu com ela da esperança o mundo!...
No leito virginal de minha noiva
Quero, nas sombras do verão da vida,
Prantear os meus únicos amores,
Das minhas noites a visão perdida...
Quero ali, ao luar, sentir passando
Por alta noite a viração marinha,
E ouvir, bem junto às flores do sepulcro,
Os sonhos de su’alma inocentinha.
E quando a mágoa devorar meu peito...
E quando eu morra de esperar por ela...
Deixai que eu durma ali e que descanse,
Na morte ao menos, sobre o seio dela!
Três Lindos Casos:
1. TENHA PACIÊNCIA, MEU FILHO
Quando Dona Maria João do Deus desencarnou, em 29 de setembro do 1915, Chico Xavier, um de seus nove filhos, foi entregue aos cuidados de Dona Rita do Cássia, velha amiga e madrinha da criança.
Dona Rita, porém, era obsidiada e, por qualquer bagatela, se destemperava, irritadiça.
Assim é que o Chico passou a suportar, por dia, várias surras de vara de marmeleiro, recebendo, ainda, a penetração de pontas de garfos no ventre, porque a neurastênica e perversa senhora inventara êsse estranho processo do torturar.
O garôto chorava muito, permanecendo, horas e horas, com os garfos dependurados na carne sanguinolenta e corria para o quintal, a fim de desabafar-se, porque a madrinha repetia, nervosa:
- Êste menino tem a diabo no corpo.
Um dia, lembrou-se a criança de que sua Mãezinha orava sempre, todos os dias, ensinando-o a elevar o pensamento a Jesus e sentiu falta da prece que não encontrava em seu nôvo lar.
Ajoelhou-se sob velhas bananeiras e pronunciou as palavras do Pai Nosso que aprendera dos lábios maternais.
Quando terminou, oh! maravilha!
Sua progenitora, Dona Maria João de Deus, estava perfeitamente viva ao seu lado.
Chico, que ainda não lidara con as negações e dúvidas dos homens, nem por um instante pensou que a Mãezinha tivesse partido para as sombras da morte.
Abraçou-a, feliz; e gritou:
- Mamãe, não me deixe aqui... Carregue-me com a senhora...
- Não posso, - disse a entidade, triste.
- Estou apanhando muito, mamãe!
Dona Maria acariciou-o e explicou:
- Tenha paciência, meu filho. Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar.
- Mas, - tornou a criança - minha madrinha diz que eu estou com o diabo no corpo...
- Que tem isso? Não se incomode. Tudo passa e se você não mais reclamar, se você tiver paciência, Jesus ajudará para que estejamos sempre juntos.
Em seguida, desapareceu.
O pequeno, aflito, chamou-a em vão.
Desde desse dia, no entanto, passou a receber o contacto de varas e garfos sem revolta e sem lágrimas.
- Chico é tão cínico - dizia Dona Rita, exasperada, que não chora, nem mesmo a pescoção.
Porque a criança explicasse ter a alegria de ver sua mãe, sempre que recebia as surras, sem chorar, o pessoal doméstico passou a dizer que ele era um "menino aluado".
E, diariamente, à tarde, com os vergões na pele e com o sangue a correr-lhe em pequeninos filêtes do ventre o pequeno seguia, de olhos enxutos e brilhantes, para o quintal!, a fim de reencontrar a mãezinha querida, sob as velha árvores, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração.
Assim começou a luta espiritual do médium extraordinário que conhecemos.
2. O VALOR DA ORAÇÃO
A madrinha do Chico, por vêzes, passava tempos entregue a obsessão.
Assim é que, nessas fases, e exasperação dela era mais forte.
Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome.
Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum.
À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
- Então, a senhora não sabe, - explicou o Chico - tenho passado muita fome...
- Ora, você está reclamando muito, meu filho! - disse Dona Maria João de Deus - menino guloso tem sempre indigestão.
- Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...
A mãezinha abraçou-o e recomendou:
- Continue no oração e espere um pouco.
O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal.
Aproximou-se dêle e deixou cair da bocarra um objeto escuro.
Era um jatobá saboroso...
Chico recolheu, alegre, o pesado fruto, ao mesmo tempo que reviu a mãezinha no seu lado, acrescentando.
- Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.
E, despedindo-se da criança, acentuou:
- Como você observa, meu fiiho, quando oramos com fé viva até um cão pode nos ajudar, em nome do Jesus.
3. O ANJO BOM
Dois anos do surras incessantes.
Dois anos vivera o Chico junto da madrinha.
Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou:
- Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui?
o Espírito carinhoso afagou-o e perguntou:
Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece a vontade de Deus...
- Mas a senhora sabe que nos faz muita falta...
A Mãezinha consolou-o e explicou:
- Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos.
E sempre que revia a progenitora, o menino indagava:
- Mamãe, quando é que a anjo chegará?
- Espere, meu filho! - era a resposta de sempre.
Decorridos dois meses, a Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias.
E Dona Cidália Batista, a segunda espôsa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas.
Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico.
Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos...
Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura a perguntou:
- Meu Deus, onde estava êste menino com a barriga deste jeito?
Chico, encorajado com a carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido.
A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou:
- Você sabe quem sou, meu filho?
- Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou...
E, desde então, entre as dois, brilhou a amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até a morte.