Textos de Nelson Rodrigues

Cerca de 115 textos de Nelson Rodrigues

"⁠À Deriva"
À deriva em um mar sem fim,
Sem rumo, sem destino, assim,
Um ser perdido, sem saber o que quer,
Buscando algo que nem pode descrever.

Caminha sem rumo pela estrada da vida,
Sem encontrar a paz tão desejada, querida.
Como folha ao vento, vai sendo levado,
Sem saber para onde está sendo guiado.

Na imensidão do universo, vagueia sem direção,
Procurando respostas, buscando a razão.
Mas o que procura, ele mesmo não sabe,
Um vazio profundo em sua alma invade.

À deriva, perdido em seu próprio ser,
Sem compreender o que o faz sofrer.
Tateando na escuridão da incerteza,
Em busca de uma luz, de uma clareza.

Quem és tu, alma errante e confusa?
O que buscas nessa jornada obtusa?
Que rumo tomarás, que caminho seguirás?
À deriva, quem és, só tu sabrás.

'Renascer"

Na beira do abismo, encarei a escuridão,
A morte espreitava, num silêncio sem perdão.
Mas ali, no limiar da vida e da partida,
Descobri um novo sentido, uma jornada renascida.

Antes, vivia no futuro, adiando a alegria,
Mas no momento derradeiro, vi a verdadeira magia.
Agora, abraço o presente, com gratidão no coração,
O momento é precioso, uma dádiva de emoção.

A esperança floresce, como um raio de luz.
Iluminando cada instante, sem medo ou desluz.
A vida se torna mais intensa e mais colorida,
Cada sorriso, cada lágrima, é uma oportunidade querida.

Na sinfonia do existir, encontro minha melodia,
Celebrando cada nota, com alegria e harmonia.
Assim como a árvore, firme e serena em seu lugar,
Eu abraço o presente, sem temer o porvir ou hesitar.

"A minha Epifania"
Na trilha da vida, aprendi faz tempo,
Que a felicidade está em cada momento,
Não em festas, nem em comemorações,
Mas nos dias simples, sem pretensões.

Nos dias banais, no sol a brilhar,
E até na chuva que vem nos molhar,
Ela se esconde, nos surpreende,
Na simplicidade, sempre se estende.

A felicidade é um caminho sinuoso,
Com curvas, montanhas, desafios formosos,
É um estado de alma, de contentamento,
Colecionando instantes, em cada momento.

Uns são felizes com pouco, é verdade,
Outros com menos, longe da vaidade,
Mas há quem busque no frívolo e ilusório,
Na ostentação, no ego, no transitório.

Meus momentos felizes, guardo com afeto,
Lugares singelos, com o amor repleto,
Com pessoas queridas, sentimentos puros,
Emoções sinceras, sem artifícios obscuros.

Por isso, não busco a felicidade distante,
Nos dias marcados, na ilusão constante,
Mas em cada dia, em cada passo dado,
Na simplicidade da vida, no presente abençoado.

Caminho pelo jardim, olhando o céu,
As árvores balançam, em suave véu,
Sinto a natureza, em harmonia e calma,
Nesse momento simples, encontro minha alma.

⁠⁠"A Vida"
A vida, o que é a vida, senão
a breve história do que somos?
Um surto entre dois silêncios,
um breve espaço de luz entre duas noites escuras.
A vida, o que é a vida, senão
um sonho que sonhamos em conjunto?
Uma ilusão que só ganha sentido
quando compartilhada com outros.
A vida, o que é a vida, senão
a busca incessante da felicidade?
Um caminho que percorremos todos os dias,
à procura do que nos faz sentir vivos.
A vida, o que é a vida, senão
um mistério que nunca desvendaremos?
Uma aventura que nos leva a lugares inesperados,
onde descobrimos coisas que nunca imaginaríamos.
A vida, o que é a vida, senão
um presente que devemos aproveitar ao máximo?
Um tesouro que nos foi dado,
para ser desfrutado com alegria e gratidão.
Por isso, vivamos a vida com intensidade,
com amor, com esperança e com coragem,
pois ela é o maior tesouro que temos,
o maior presente que poderíamos receber.

Reflexos da Alma: Minha Bandeira
⁠Sob a bandeira dos meus atos eu me ergo,
Não em busca de louvores, nem de aplausos,
Mas sim para viver em honestidade,
E seguir um caminho de integridade.

Minha bandeira não é para exibir,
Mas para guiar-me nos momentos difíceis,
Não anseio por admiração ou fama,
Apenas pela paz que a retidão me traz.

Que cada ação minha seja um reflexo,
Dos valores que guardo no coração,
Sem almejar olhares de aprovação,
Apenas o contentamento da própria razão.

Assim, ergo minha bandeira sem alarde,
Sem desejo de ser visto ou louvado,
Mas apenas para trilhar meu próprio caminho,
Com humildade, honestidade e serenidade.

⁠"Na Sombra do Silêncio"

Perdido no labirinto da memória,
Na sombra da tua ausência, sem glória,
Os tempos avançam, eu, um eco só,
O vazio, um abismo, na alma um nó.

O tempo enubla o que fomos um dia,
Histórias que se desvanecem com o vento,
Desperto à noite com os uivos da agonia,
Um trovão retumba, dilacerando o tempo.

Impotência e orgulho, parceiros nesta dança,
Desilusão ecoa, no campo da lembrança,
Lutei só e perdi a esperança,
O Graal já não se alcança.

Sangro em silêncio, cada gota uma memória,
Por um amor sem vitória,
Notas etéreas ao frio, ao relento,
Nossos nomes, um grito de desalento.

Enterrados estão os nossos segredos,
Não acredito que foi tudo em vão,
Acorrentado aos sonhos e medos,
Na minha nostalgia, na escuridão.

O horizonte ermo e noturno,
E eu aqui, desorientado, sem razão,
No eco do silêncio, um coração soturno,
Estou perdido, num tempo já perdido, na solidão.

⁠"Alvorecer da Persistência"

Ao despontar do dia, sinto a aurora ecoar como um convite à jornada que se inicia para mim. Sob a luz matutina, renovo minha determinação para enfrentar os desafios que me aguardam, nutrindo a esperança de alcançar novas conquistas e melhorar minha condição. E mesmo quando a luz parecer vacilar, aprendo que cada tentativa me ensina uma nova lição. Enquanto houver fogo em meu peito, a chama da perseverança nunca se extinguirá, permitindo-me reerguer quantas vezes forem necessárias. Continuo, pois, tantas vezes quantas as necessárias, até à vitória ou à derrota final, mas sempre de cabeça erguida, por nunca ter recuado perante o desafio.

⁠Sou um sonhador, um espírito livre,
mas não me enredam os véus do irreal.
Vislumbro horizontes, almejo destinos,
persigo as estrelas, com raízes profundas no chão.

Sou um sonhador ao leme, nas tempestades da minha mente,
Movido pelos sonhos, moldados pelo tempo.
Caprichosos, enchem as velas da minha nau,

Sou um sonhador, e os meus sonhos são a chave,
Para eu me encontrar, a forma de me compreender e alcançar.

Sou um sonhador e semeio os meus sonhos na dura realidade,
Na esperança de os ver florescer e quiçá um dia seus frutos provar.

⁠Num mundo muitas vezes dominado pela euforia coletiva em torno de vitórias desportivas ou conquistas notáveis, opto por trilhar um caminho mais discreto em busca da realização pessoal. Não me deixo levar por essas euforias passageiras, pois encontro a minha satisfação nas pequenas coisas da vida, nas conquistas diárias que podem passar despercebidas aos olhos do mundo.
A minha realização não está vinculada aos feitos de outros, seja um clube desportivo ou qualquer outra entidade. Em vez disso, encontro validação na simplicidade do dia-a-dia, nas relações significativas que construo, nos desafios que supero e no crescimento pessoal que alcanço silenciosamente.
Ao escolher esta abordagem mais discreta, encontro uma sensação genuína de realização que é intrínseca e duradoura. Não sinto a necessidade de projetar a minha felicidade ou sucesso através das realizações alheias, pois compreendo que a verdadeira plenitude vem de dentro.
Assim, enquanto o mundo celebra as grandes vitórias e conquistas notáveis, eu encontro a minha própria versão de sucesso nas pequenas vitórias da vida quotidiana, sabendo que são essas experiências que verdadeiramente enriquecem o meu caminho.

⁠Na jornada da alquimia, um caminho traçado,
O alquimista busca, com o coração iluminado.
Transmutar o chumbo em ouro, não só na matéria,
Mas na alma, na mente, na jornada inteira.

Prima Materia, o caos primordial,
Onde reside o potencial universal.
Do solo escuro da Nigredo, nasce a luz da Albedo,
A purificação que nos leva ao enredo.

Solve et Coagula, o mantra a guiar,
Desfazer para refazer, é o segredo a desvendar.
Em laboratório interno, o alquimista mergulha,
Explorando os recônditos da alma, onde a verdade fulgura.

Correspondências cósmicas, entre céu e terra,
Onde cada estrela, cada planta, cada pedra,
Ecoa a voz do universo, em harmonia eterna,
Uma dança de símbolos, uma sinfonia etérea.

Magnum Opus, o Grande Trabalho a realizar,
A jornada do alquimista, sem fim, sem parar.
Em busca da pedra filosofal, da verdade a encontrar,
Na alquimia da vida, a transformação a se revelar.

Com mercurius em mente, a mente a se elevar,
Na busca pelo conhecimento, pelo despertar.
E assim, na senda alquímica, seguimos adiante,
Em busca da luz, do ouro interior, do brilho radiante.

⁠Nasci buscando a liberdade,
Quero ser livre, e quem quiser,
Que me aceite assim.
Procuro a sabedoria que ilumina como o sol,
Encontrar beleza que quase me cegue,
E desejo que a força nunca me falte.

Sonho voar como os pássaros,
Com a mente leve e sem correntes.
Quero ser um alquimista do ser,
Estranho como uma ave rara,
Nem sempre fácil de entender ou aceitar.

Às vezes estou distante,
Às vezes estou calado,
Às vezes estou radiante,
Às vezes estou falante.
Perco-me em mim,
Como se o pensar fosse um oceano sem fim,
Onde navego e me transmuto.

Sou simples, não simplório, sou como as estações,
Que mudam sem razão aparente.
Quero ser como a natureza,
Livre e sem amarras,
Deixando-me levar pelo vento e pela corrente.

Busco apenas ser,
Ser em plenitude, ser livre,
Simples e verdadeiro,
Como a ondulação do mar.
E quem quiser, que me aceite assim.

⁠Na calmaria do meu dia-a-dia tranquilo,
Sem pressas nem aflições que perturbam,
Contemplo a vida com a serenidade de quem se entrega,
Não à procura do amanhã, mas à plenitude do presente.

Vejo as pessoas correndo atrás de ilusões fugidias,
Esperando encontrar a felicidade num horizonte distante.
Mas eu, na quietude do meu ser, prefiro saborear o agora,
Pois a alegria reside na simplicidade que exploro.

Não sou poeta de grandes feitos ou narrativas épicas,
Prefiro a delicadeza das palavras que acarinho.
Por que complicar o que é tão simples e belo?
Viver é o caminho, sorrir é meu consolo.

Assim, vivo o momento com serenidade e sem receio,
A vida é para ser vivida, no presente e com meu apreço,
E a paz interior no agora é a chave para minha felicidade.

⁠No imenso circo da humanidade, onde a lógica se perdeu há muito entre os truques da retórica e as acrobacias da desinformação, estamos todos presos numa marcha descontrolada em direção ao abismo. O mundo, tão amplamente ligado pela tecnologia, fragmenta-se em facções que se observam desconfiadas e se armam com tweets raivosos.

De um lado do ringue, os idealistas tocam suas flautas utópicas, clamando por justiça social e mudança climática, enquanto do outro, os reacionários erguem suas bandeiras de tradição e conservadorismo. Ambos se empurram para o precipício com uma convicção cega, ignorando que o chão está a ruir sob os seus pés.

Enquanto isso, os arautos da mídia manipulam as massas, distorcendo a verdade até que ela se desintegre num caleidoscópio de meias-verdades e mentiras convenientes. É a polarização que dita o tom, a tonalidade dissonante de um mundo que rapidamente se move em direção a um estado de disfuncionalidade global.

A ironia reside no fato de que, apesar de nos vermos cada vez mais próximos do abismo, os que empurram são os mesmos que gritam que estão a ser empurrados. E assim continuamos, numa dança sinistra de culpa e inocência percebida, enquanto o solo cede sob o peso das nossas próprias contradições.

Enquanto o mundo arde em fogueiras de indignação digital, os líderes políticos jogam xadrez com vidas humanas, cada movimento calculado para agradar os seus seguidores leais e enfurecer os seus adversários declarados. A verdade tornou-se um acessório opcional, substituída pela conveniência da narrativa que melhor se alinha aos preconceitos e receios de cada grupo.

No final, estamos todos juntos nesta queda livre em direção ao desconhecido, com o abismo à nossa frente e a desunião às nossas costas. Agarramo-nos às nossas convicções como tábua de salvação num mar de incertezas, mas talvez seja hora de reconhecer que o verdadeiro precipício não é apenas físico, mas moral e intelectual. Num mundo quebrado pela polarização e pela manipulação, a ténue esperança de uma revolução de mentalidades que traria o "Admirável Mundo Novo" contrasta com a implosão do velho. Quer a selvajaria, quer a complacência terão um preço pesado. Resumidamente, estamos fodidos.

⁠A cultura é essencial para expandir os horizontes da nossa alma, e não se trata de uma questão de elitismo ou presunção. É, antes, uma maneira de crescer, de rasgar as paredes do nosso pequeno mundo e de nos entregarmos ao universo. Fechar os olhos ao que nos rodeia é limitar-nos a uma vida estreita e sem cor. Procurar cultura não nos torna arrogantes; é uma forma de iluminar o espírito e enriquecer a existência.

Viajar, mesmo que seja até ao fim da rua ou até ao fim do mundo, é essencial para que o mundo nos mostre mais do que a nossa redoma. Encontrar novas paisagens, cruzar olhares desconhecidos, tudo isso alarga o horizonte do coração e da mente. Permanecer em casa, a ver televisão ou a navegar no tablet, pode restringir-nos do mundo e empobrecer a nossa experiência. Sair, explorar, deixar que o vento e as palavras nos toquem, isso sim, é viver. É na cultura e na experiência do mundo que encontramos a verdadeira essência de ser, a plenitude de uma existência rica e verdadeira.

O poeta brasileiro Mário Quintana disse que "o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê." E aqui se passa o mesmo: o verdadeiro cego é o que tem visão e se recusa a ver. Pássaros com as mesmas penas voam juntos, mas é preciso querer voar. Não presumo estar certo, nem ditar aos outros como viver. Esta é apenas a minha maneira de entender a vida e de como procuro melhorar como pessoa. Cada um tem o seu caminho, e o meu é este, guiado pela curiosidade, pela sede de conhecimento e pela vontade de ser mais, de ser melhor.

⁠Neste tempo de excessos e abundância, em que os mares digitais transbordam com mais saberes do que jamais imaginámos, há um paradoxo que se instala silenciosamente nas nossas almas. Há mais acesso à informação do que em qualquer outra época da nossa história, e no entanto, parece que caminhamos rumo a uma ignorância cada vez mais densa, como se a verdade se perdesse entre sombras e ecos distorcidos.
É um mundo onde a sobrecarga de informações nos sufoca, onde o excesso de dados nos cega. Em vez de clareza, encontramos confusão; em vez de luz, encontramos névoas que obscurecem o discernimento. As pessoas, perdidas nesse mar revolto, buscam refúgio em fontes que confortam, que confirmam as crenças já formadas, recusando o desafio do contraditório. É o viés de confirmação que governa, um farol falso que guia os navegantes por rotas enganosas.

A desinformação floresce nesse terreno caótico, as fake news propagam-se como sementes de dente-de-leão ao vento, alimentadas por medos e preconceitos. As redes sociais, com seus algoritmos insidiosos, tecem câmaras de eco onde cada voz apenas repete, incansavelmente, a mesma melodia, criando um concerto de ignorância e polarização.
O tecido social fragmenta-se, os laços se desfazem. Cada um em seu nicho, em seu canto, reflete apenas a si mesmo, ignorando o outro. As instituições, outrora baluartes de confiança e credibilidade, são agora vistas com desconfiança. Cada notícia, cada palavra, é recebida com um olhar cético, como se o mundo estivesse repleto de sombras e fantasmas.
Para navegar este oceano de dados, precisamos de uma bússola firme. A promoção da diversidade informacional, para que possamos ouvir múltiplas vozes e perspectivas; o fortalecimento das instituições, para que a confiança possa ser restaurada.

Nesta era de abundância, a verdadeira sabedoria reside em saber escolher, em discernir, em cultivar um espírito crítico e aberto. No entanto, esta era de desinformação faz-nos regredir à Idade das Trevas, onde a ignorância se torna uma opção consciente. O “Grande Irmão” e o “Ministério da Verdade” de Orwell parecem cada vez mais reais, governando nossas percepções e crenças. A grande questão que se coloca é como podemos fazer surgir novamente um Renascimento e um Iluminismo, como reacender as chamas da razão e do conhecimento num mundo que se perde em sombras? Encontrar a resposta a esta pergunta é o desafio do nosso tempo, e nele reside a esperança de um futuro mais lúcido e iluminado.

⁠Às vezes, no ímpeto de acertar, a alma é um rio que se desvia do seu leito natural, cortando a terra com fúria silenciosa, mas sem perceber que ao querer tanto fazer bem, faz mal. Tentamos, com a pureza de uma estrela solitária, iluminar o caminho dos outros, mas a nossa luz cega, atravessa os olhares e não encontra compreensão.

É no fervor de agradar que nos perdemos, tal como uma flor que se abre demais e se desfaz ao vento. Nossas intenções, como barcos à deriva, colidem com rochedos invisíveis, fazendo-se em pedaços antes de alcançarem a margem desejada. Queremos dar o melhor de nós, mas, em nosso excesso, desajustamos a harmonia do mundo ao nosso redor.

Não lemos os sinais, não escutamos o sussurro das folhas, o chamado dos silêncios. Apressamo-nos, os olhos fixos no horizonte, sem ver o presente que se dissolve como um sonho matinal. Somos egoístas, não por escolha, mas por descuido, pela cegueira do coração que deseja ser amado.

Na ânsia de sermos compreendidos, esquecemo-nos de compreender, de ouvir os murmúrios que nos são destinados. E assim, com as mãos cheias de boas intenções, derrubamos as pontes que queríamos atravessar, ficando, ao final, ilhados na nossa própria solidão.

⁠Venha, venha, venha a mim, ó pilim,
em toda a tua vil glória, cintilante e fugaz,
talvez não traga felicidade, é verdade,
mas nunca vi um rosto entristecer
ao encontrar-te perdido, esquecido no chão.

Ah, doce ilusão de papel e metal,
não devemos viver sob teu jugo,
nem erigir altares em teu nome,
mas, quando vens, és bem-vindo,
como a chuva inesperada em tarde de verão.

Traz contigo o conforto, o alívio momentâneo,
não a essência da alegria, mas um suspiro,
um descanso breve na jornada.

Não te idolatro, pilim, mas acolho-te,
com a mesma simplicidade que acolhe a flor,
sabendo que, apesar de efêmero,
teu brilho pode, por um instante,
aliviar o peso do cotidiano.

Venha, venha, venha a mim, pilim,
não como senhor, mas como servo,
um convidado que chega sem aviso,
e cuja partida deixará apenas
um eco suave, uma lembrança de luz.

⁠Hoje, o dia brilha como nunca, pois é teu aniversário, e com ele a celebração do milagre que és. És como a primavera que, sem esforço, transformou meu mundo, afastando o inverno que antes o habitava. Tu és a simplicidade da natureza em flor, o vento suave que acaricia as folhas, o sol que aquece a terra.

Não te posso explicar, porque as coisas belas não se explicam, apenas se vivem. E vivo-te, Rosa Brava, todos os dias, com o mesmo espanto com que se olha para uma árvore antiga, que, sem pedir nada, só nos dá sombra e paz.

Parabéns. Que cada dia teu seja uma nova pétala, abrindo-se para a luz.

⁠Nas dobras do tempo, onde a vida se esconde,
Investimos tudo, cada passo que se responde.
Como o machado que esquece a árvore ao cair,
Às vezes nos perdemos sem sequer perceber partir.

Entregamos sonhos, esperanças e suor,
Mas às vezes o destino nos reserva dor.
Como a árvore que cai sem ninguém notar,
Nossa entrega às vezes se perde no mar.

Mas mesmo diante das desilusões do caminhar,
Resta a sabedoria em cada cicatriz deixar.
Pois no esquecimento da árvore pelo machado,
Aprendemos a valorizar o que é verdadeiramente foi dado.

"Entregamos sonhos, esperanças e suor,
Mas às vezes o destino nos reserva dissabor.
Como a árvore que cai sem ninguém notar,
Nossa entrega às vezes se perde no mar.

Mas mesmo diante do dissabor que se instaura,
A esperança floresce, luz que nos segura.
Como a árvore que renasce após a escuridão,
Continuamos a navegar, em busca de redenção."