Textos Melancólicos
Maldita ansiedade e insônia vá embora, eu lhe imploro, meus olhos estão doendo, eu não durmo a dias, eu fui ingênuo achando que vocês tinham partido.
As vozes não param, elas falam que estou perdendo meu tempo, eu não quero desistir, eu quero continuar, por favor vá embora.
Tô cansado do presente.
O presente me deu dor.
O passado me condena.
E o futuro eu não quero.
DOMINGO
“Essa é a vida”, eu escuto dela. Não é o que meus ouvidos ansiosos querem escutar... Ao mesmo tempo eu sei que ela está certa. Algo ainda me incomoda, no entanto: a forma como ela disse isso. A naturalidade, com seu ar indolente típico. Como se ela tivesse, há muito tempo, descoberto o segredo da vida e, ainda, que este fosse óbvio. Tudo isso me aborrece e faz com que a dor que aperta meu peito aumente ao mesmo tempo em que concluo que tudo o que eu sinto não significa nada e, ainda, que eu perdi a aula em que contam o segredo da vida em uma matéria que não vai, nunca mais, ser lecionada.
“Essa é a vida... “ diz ela, como se a coisa óbvia a fazer fosse jogar um balde cheio desta afirmação em cima da chama dos meus pensamentos e esperar, inocentemente, que isto a apague. No entanto, a casualidade com que ela solta esta observação funciona como lenha para a fogueira de pensamentos e sentimentos que queima em altas temperaturas dentro de mim.
Sua pessoa se mostra feliz, tranquila e transparente, um livro aberto todo encapado em uma inocência indestrutível. O oceano do seu ser não possui grande profundidade, e ela permite que eu explore suas águas rasas e agradáveis sem objeções, com uma liberdade inconcebível para minha confusa e trancada cabeça, a qual falha em entender a facilidade com que ela cede sua chave. Meu cérebro não consegue conceber como ela possui janelas tão transparentes quanto o vidro pode ser, sem cortinas. Parece ser exatamente o que é; é exatamente o que parece ser. Demonstra ser tão fácil de ler quanto uma desgastada revista de consultório médico. Ela é rasa e grande; eu, profundo e pequeno.
O impacto do choque paradoxal causado por tal ser soltar uma frase tão profunda com tamanha naturalidade ressoa na minha cabeça, fazendo-a doer. Sinto-me atordoado; perdido, sem rumo. A vida é tão óbvia assim? Sou eu que estou usando os óculos com as lentes erradas?
“A vida é assim... se fosse fácil...”
Ela disse, ao se virar pra dormir. Poderia ter dito qualquer coisa.
Amanhã é segunda-feira.
Será difícil acordar cedo.
A semana será longa.
Ao invés das tradicionais aspas de domingo, ela escolheu martelar minha cabeça, que segue tonta até agora.
As pessoas soltam esta frase como se não soubessem do seu tamanho. De fato, absorver tudo o que ela significa é uma tarefa inútil. Não existe alma grande o suficiente para captar o real significado dela. É impossível percorrer todos os ramos de cenários que ela abre e entender exatamente as consequências de tomar estas palavras como verdade absoluta. As ondas desta afirmação com frequência ressoam nos ares e ouvidos de todo o mundo, como se estas tivessem uma validade curta e fosse necessário relembrar nossos cérebros e corações todo ano, todo mês ou todo dia.
São palavras que as pessoas transformaram em uma espécie de boia salva-vidas, a qual foi, em algum momento de suas jornadas, lançada por outro alguém; um objeto que foi repassado por todas as pessoas que já pisaram nesta Terra, mas que nunca foi guardado na história, por ninguém.
“Essa é a vida, é difícil”
Vejo impresso na boia que ela joga para mim, enquanto me afogo no universo de tudo o que significa existir.
Aceito-a, agarro-a, mas sem guardá-la; não cabe em mim. No mais, levá-la-ei comigo para, quem sabe um dia, jogar a algum banhista desesperado.
Com a caneta dela escrevo
Aos prantos o que é considerado o fundo
do
Poço aonde este sentimento ocupa a nossa
Mente
A nossa casa, e nos desencoraja fazendo
com que percamos a nossa crença e nossos valores
Mas isso é amor? Porque te digo, meu caro
Que estas lágrimas que escoam por meu rosto
Em um ritmo constante e lento
Não podem ser frutos do amor
Não, não podem. Meu palpite é que
Elas são frutos da impotência e da incapacidade, talvez
Nunca deveríamos escrever quando estamos assim
Porque a verdade é que isso passa, e provavelmente
Será lembrado como vergonhoso e desnecessário.
Mas vejam só como o amor é, vejam como
ele quebra o mais racional dos corações
Por um momento, esqueci que estou escrevendo isto com
A caneta dela, e isso aumenta ainda mais o
Crédito que ela tem por esta obra existir.
Me julguei entendedor de muita coisa, mas
Deus com seu senso de humor extremamente refinado
Faz com que um homem que tem tudo para ser
feliz ainda assim chora enquanto escreve com
esta maldita caneta. Mas você, meu caro
está sendo um bom companheiro.
As lágrimas secaram, e eu odeio
esta caneta menos do que já odiei
A verdade é que ela não quer saber de mim
A verdade é que não a terei. Mas o que será
Ter faltado em mim? Enfim não sei. Mas
Eu tenho toda uma vida para seguir
E o problema que me aflige, dentro da minha mente o criei
Então eu te convido moça, a se retirar da minha cabeça
e permitir que meus sonhos e meus desejos a mim retornem.
Quão ridículo devo estar eu, parecendo ao
Homem sensato que não entende o que é isso
A verdade, homem, é que ninguém é tão
sensato ao ponto de evitar que isso aconteça um dia
E, quando entender, lembre-se que
Estas palavras ecoam para sempre em um coração
do homem apaixonado, e eu sinceramente espero
Que isso nunca acabe, pois quando este romantismo
acabar, quando este sentimento já não mais existir
Quando frio for todos, e não sentirem o peso
destas lágrimas sutis, aí sim está o fim do mundo
No início eu disse que as lágrimas
la
gri
m
as
não eram frutos do amor. Mas
Vejam só! Me contradizi
Subjetividade
Minha alma morreu
O que tinha pra doer
Já doeu
Lembranças boas do meu eu
se perdeu
Coração frio
Pensamentos sombrios
Ausência de sentimentos
Dias extenuantes
Um nativago qualquer a espreitar a morte
Sem rumo, perdido entre o sul e norte
Recôndito a empatia alheia
Com a esperança resumida
As ruínas de um castelo de areia
Condenado a própria sorte
Vivo minha depressão
Vendo a cada segundo
Minha lenta morte
Não Desejo Salvação
Põe-me para descansar
Indesejada benignidade
Querer existencial revogado
O culpado em minhas visões, sou eu
Ser sem vida compõe o resto
Meu eu fugiu de mim
Tentativa vã de se salvar
Bateu de frente com sua punição
Desejada punição, desejável dose punitiva
Feita com minhas próprias partes
Consumindo mais de mim para sobreviver
Sobrevivência traçada umbrática sob meu céu
Mente defasada não pensa, coração mórbido não sente
Abatido e mortificado e destroçado e paranoico
E lamina mortal e fria e insano suicida
Lentamente entregue a confortável morte
Acobertado cérebro no desejo mortífero
Não mais responde ao seu chamado
Distinto instinto apoderado a morte
Brisa penumbral virou deleite imutável
Imortal oração de morte, do orador ao seu alvo
Eu sou os dois, assassino e alvo
Chefe e contratado, marcado de morte em vida
Minhas mãos assassinas proveram única piedade
Conhecida e apreciada, vagando esquecido
Pelos mesmos lugares que em vida não importavam
Agora há de importarem, pois sozinho mais uma vez
Hei de estar.
O Inominável
Sua existência absurda jaz no topo
Não pertencente a leis universais
Vive trancafiado, separado da graça que antes o pertencia
Construído abaixo sua montanha de olhos devassos
De pele áspera e sangrenta
Atinge-o na constante agonia
Solvendo-o na familiar melancolia
Abraçando-o nas puras gotículas rubras
Na desesperança de retorno a moradia
Ao seu antigo lar na imensidão
Amaldiçoou novo mundo em obscura selvageria
Servindo de banquete malicioso
Montou seu reino maléfico sob pontudas angustias
Como antes fizera seu antepassado Azmuth
Os obcecados na magnífica rubidez vociferam
“Malithet, Inominável Lorde Rubro
Conceda-nos a graça de seu sangue
E voltai ao teu cosmos pertencente”.
Não há saídas quando o resultado são as chances e circunstâncias mal aproveitadas, perdido dentro da dor...
Se tornar quem você não desejava, descartando pessoas e se despedindo de quem você ama.
Como poderia ter sido se Deus não tivesse me ajudado?
Só me resta grandes memórias e lembranças diárias.
Me deparo por um vazio tremendo e uma fadiga mental aonde estou preso sem poder olhar pra trás, tendo que seguir meu caminho preso dentro de mim, dentro da dor da tristeza.
Finalmente percebi que cada dia é um adeus, decisões, desespero, medo, lágrimas e salvação...
O passado foi esperto e agora não posso subestima- lo,
realmente isso é uma piada.
Acho que perguntar não mata se talvez estivesse disposto não iria parar num hospício, sou tão bom quanto um jogo de azar, imprevisível.
Tenho vivido tempos difíceis mas não sou louco, nunca fui um cara comum, um cara com grandes problemas e sempre caminhei sozinho meu amigo.
Não ser o que você estava pensando quando estamos no lugar do palhaço, chorando por dentro e rindo por fora, bancando o tolo, os sonhos não retornarão mais.
É muito provável que ninguém vai sentir por dentro a chama que corrói o coração de quem perde quem amamos...
Provavelmente ninguém...
Oi tudo bem com você? sim tudo ótimo.(É um blackout diário).
Uma quarta feira melancólica, um dia após outro rezando orando por dias melhores.
Quando o mundo realmente caiu em minhas costas,
a realidade foi mais difícil que se possa imaginar,
é incrível como é difícil olhar para si mesmo e entender que vc perdeu,
é uma espécie de caricatura e catástrofe,
um menino sem tempo pra retomar o caminho de volta,
"e vê o quanto está longe de casa
e se desesperado só de imaginar "
longe de casa...
...
Existem situações que nos levam a uma saudade imensurável, e aí vemos o Universo parar no tempo. Se melancolia remete a coisas não experimentadas, nostalgia é a lembrança vivida na prática.
Ontem senti uma agrura psicológica e quis ser 36 anos mais novo. Balbuciei uma juventude de barba e cabelos brancos.
O que resta?
O que resta escrever? Senão aquilo
que é o que não deve ser?
Porque o coração ainda
bate mas não sinto ferver
E o olhar que tinha já
não é possível manter
O que resta pensar? Que eu vivi uma
enganação onde eu queria estar?
Onde um conto de fadas é melhor
do que nada para contar
Onde os sentimentos existem mas
não é possível expressar?
O que resta falar? Pois as palavras
estão machucando em vez de curar
Quando a expectativa de acabar é
maior do que a de ficar.
Seria a distância a
única a nos ajudar?
O que resta chorar? As lágrimas de
um covarde que preferiu não olhar?
Que se quebrou em tantas partes
apenas para poder provar
Que eu era o suficiente mas
não sabia como te amar
"Lugar Nenhum"
Meus sentidos estão falhando, minha mente viaja para longe do meu corpo. Sou arrastada para as memórias obscuras, não vejo, não ouço, não sinto nada. Minha alma flutua pela ponte da lembranças, não existo. Mas ao mesmo tempo, estou em todos os lugares. Não interfiro, não participo, estou aqui, e não estou. Não respiro, não posso chorar.
Quando a música cessa restando somente o silêncio, quando ela se vai e tudo fica tão triste. Minha alma não mais me responde, apenas se senta e aguarda a sua volta.
Quando a melodia vem tão melancólica e me deixa sem chão, encontro-me buscando desesperadamente meios de dar-lhe uma nova canção. E ela entoa tão lindamente como quando sonho com o dia em que te encontro.
- Ela
És uma boa menina que sente o peso da exaustiva vida conturbada que vives.
Em seu quarto, na qual conversarias com seus amigos inexistentes;
Ela dizia o quão estava se sentindo cansada.
- "Estou cansada de não poder me expressar, cansada de guardar tudo para mim." disse-a
Ela não consegue sentir confiança
Não consegue se permitir que a enxerguem tão vulnerável, que deixem-a demonstrar suas fraquezas.
- "Mas linda moça, do que tens medo?" disse ele.
- "Sinto medo de ser machucada, estou tão cansada de ser machucada. Tens dias que me vejo no fundo do poço, sem saber como sair mas sei que eu vou me reerguer e tudo será belo de novo." disse-a.
- "Achas que fingindo não sentir nada, um dia vais parar de sentir?"
- "Prefiro fingir que não sinto nada à mostrar minhas fraquezas, e deixar alguém me destruir..."
Mal sabia ela,
Aos poucos estava se destruindo...
"Na Sombra do Silêncio"
Perdido no labirinto da memória,
Na sombra da tua ausência, sem glória,
Os tempos avançam, eu, um eco só,
O vazio, um abismo, na alma um nó.
O tempo enubla o que fomos um dia,
Histórias que se desvanecem com o vento,
Desperto à noite com os uivos da agonia,
Um trovão retumba, dilacerando o tempo.
Impotência e orgulho, parceiros nesta dança,
Desilusão ecoa, no campo da lembrança,
Lutei só e perdi a esperança,
O Graal já não se alcança.
Sangro em silêncio, cada gota uma memória,
Por um amor sem vitória,
Notas etéreas ao frio, ao relento,
Nossos nomes, um grito de desalento.
Enterrados estão os nossos segredos,
Não acredito que foi tudo em vão,
Acorrentado aos sonhos e medos,
Na minha nostalgia, na escuridão.
O horizonte ermo e noturno,
E eu aqui, desorientado, sem razão,
No eco do silêncio, um coração soturno,
Estou perdido, num tempo já perdido, na solidão.
Abismo
Sinto um vazio
Como se estivesse faltando algo
Como se estivesse presa em um abismo
Cercada por espinhos de aço
Como se eu quisesse mergulhar em lágrimas
Mas meu interior está em seca
Como uma cabana fria na nevasca
Mas sem lenha na Lareira
Uma vontade de gritar
Mas tudo que sai são risadas
Vontade de dasabafar
Mas também não quero preocupar as pessoas amadas
Nada que falo ou faço faz sentido
As cores embaralhadas
Uma arte abstrata
Por que teimo em esconder meu eu nesse abismo?
Hoje no meio do caminho eu cheguei em casa.
Eu abri a porta meio aberta.
Limpei um dos meus pés no tapete.
Tomei meia xícara de café.
Fumei a metade de um cigarro.
Sentado no meu sofá eu li a metade de uma notícia.
Tive uma meia conversa com o meu parceiro antes que eu visse ele fechar a metade da porta e ir para o serviço.
A minha vida está cheia de meias coisas.
Ao longo dela eu perdi metade da minha pessoa
Por sujeitos que me deram meias certezas
Mas nunca me deram um de seus ombros para consolar as minhas tristezas.
CHORO
Cachoeira salgada
Delicado declínio
Se forma pingada
Me afoga em fascínio.
Cada alma que escorre
Na saliência do rosto
Num lenço se morre
Cada uma a seu gosto.
São almas que saem
É corpo que fica
Na mente que moro.
Lágrimas caem
Lembrança é rica
E por isso choro.
O poeta da triste figura
Inspirado por D. Quixote, contemplo o mundo com esperança, carregado de idealismo, nostalgia e honra. No meu peito, pulsa o coração de um sonhador, alimentado pelo desejo fervoroso de ver a humanidade e o mundo ao meu redor alcançar sua mais nobre e elevada essência. Sou um eterno idealista, espero sempre o melhor, mesmo quando o horizonte se mostra tempestuoso e sombrio. Sonho com o V império, aquele renascimento espiritual que impulsionaria a sua essência mais profunda para o cenário global.
Avanço cautelosamente, passo a passo, sem temer fazer o ridículo por me agarrar firme à convicção de que vale a pena erguer o estandarte dos valores que parecem esquecidos e enterrados.
Em meio às brumas do tempo, encontro a melodia da nostalgia e da melancolia, uma canção que ressoa profundamente em mim. Sou tocado pela tristeza que vem da percepção da imperfeição do mundo, mas tento vislumbrar beleza mesmo nas sombras que cobrem o mundo profano.
O meu sentido de integridade e retidão guia os meus passos, são os valores que me mantêm firme no meu propósito, mesmo quando o universo, e eu mesmo, questionamos a minha sanidade. Sigo um código de conduta que pode parecer antiquado aos olhos do mundo, mas que para mim representa a essência mesma da integridade e da autenticidade.
Assim, como poeta da triste figura, sou uma sinfonia de contradições, navegando entre sonhos e realidade, idealismo e desilusão, coragem e vulnerabilidade. Sou um reflexo da complexidade da condição humana, buscando incessantemente por significado e beleza num mundo que muitas vezes parece indiferente à minha busca.
O tempo é um ladrão.
Ele rouba nossa juventude, nossa beleza e nossa saúde.
Ele nos deixa com cabelos grisalhos, rugas e dores.
Mas ele também nos dá sabedoria, experiência e amor.
A velhice é uma época de beleza e tristeza.
É uma época de alegria e melancolia.
É uma época de perda e ganho.
É uma época de vida e morte.