Textos inteligentes

Todo homem possui sua finalidade particular, de modo que mil direções correm, umas ao lado das outras, em linhas curvas e retas; elas se entrecruzam, se favorecem ou se entravam, avançam ou recuam e assumem desse modo, umas com relação às outras, o caráter do acaso, tornando assim impossível, abstração feita das influências dos fenômenos da natureza, a demonstração de uma finalidade decisiva que abrangeria nos acontecimentos a humanidade inteira.

Tantas coisas eu queria ter te contado e não deu tempo. Tantos abraços, tantos beijos e as cartas? Ah... As cartas, hum... Queria tanto ter entregue essas cartas, tão lindas cartas que hoje só me servem como enfeite de baú em baixo da minha cama. Tantas músicas de nós dois, tantas conversas jogadas foras, tantos momentos não vividos e sonhos perdido, porém trocados por nós dois. E até hoje eu não te disse, mas eu te amo, sonho com você todas as noites, penso em você todas as manhãs assim que acordo. Volta para mim? E vamos cumprir todos os planos de uma vida a dois? Vamos voltar da onde paramos e tentar percorrer por outro caminho? Vai... Diz que sim e faz de mim a pessoa mais feliz do mundo? Por favor só diz que sim, para esse cara que hoje te mendiga um momento de atenção?

Estou cansado da mesmice, quero algo inovador. Quero algo que chegue e extravase esse meu mundo de uma maneira totalmente brutal, algo que me faça cansar, algo que me faça suspirar, algo que eu sinta vontade de repetir, algo que me deixe com os pés fora do chão e me paralise em uma paixão avassaladora e pecadora.

Idiota sou eu, quando te procuro e você some, idiota sou eu quando te ligo e você não quer atender, idiota sou eu quando passo o dia olhando a foto de nós dois e começo a chorar, idiota sou eu quando sei que você vai chegar me arrumo todo para você me olhar, idiota sou eu que te amo como ninguém nunca vai te amar, eu sei que idiota sou e não você, não precisa vim com essas frases ensaiadas querendo parecer idiota porque você não é... esse idiota já sou eu.

Os reis deixam aqui suas coroas e cetros, os heróis abandonam suas armas, […] mas os grandes gênios que estiveram submetidos a eles, que orgulhosamente apenas contemplaram com um olhar casual, os grandes pensadores que não se importavam com as coisas externas, levaram consigo sua grandeza para o além, foram eles que levaram consigo tudo o que tinham.

Há momentos em que pensamos na morte de forma tão nítida e com uma aparência tão assustadora que não conseguimos compreender como, com tal perspectiva à nossa frente, se possa ter um só minuto de sossego e não fiquem todos se lamentando a vida inteira pela sua inexorável aproximação. Em outros momentos, pensamos na morte como uma alegria tranquila e até mesmo ansiamos por ela. Em ambos os casos, temos plena razão.

A cada vez que respiramos, estamos rechaçando a morte, mas nem por isso ela deixa de retornar; de tal modo que temos de lutar com ela a cada segundo; em extensões temporais mais amplas, lutamos com a morte a cada refeição que nos renova, e cada momento de sono que nos descansa, a cada vez que nos aquecemos contra a frialdade e assim por diante. Contudo desde o dia de nosso nascimento fomos votados a ela sem remissão e nossa vida inteira não é senão um adiamento da morte.

Dois rostos bastavam para ele: um voltado para dentro de si mesmo e o outro contemplando o mundo exterior; o interior se afundava no coração das coisas, enquanto o exterior contemplava ceticamente a maneira como essas coisas transcorriam materialmente enquanto girava o mundo e a forma como poderiam estraçalhar seu próprio ser, caso se deixasse levar por elas.

"Queria que o tempo parasse... queria que as ondas se acalmassem... Queria que o vento parasse... Queria que a poesia da tua voz me cercasse... Queria eu te ver, te tocar... queria eu poder te apreciar... Assim como Lua olha o mar, queria eu poder te levar... Levar pra onde? Pra de baixo da ponte? Morar na rua e beber água da ponte? (Rsrs) Te levar pra nosso céu, nem que seja em avião de papel, beber nosso amor, pois ele nos enche de calor... Calor pra viver, calor pra sonhar, apenas em teus abraços aprendi descansar"

(...) O melhor modo de sairmos vencidos da compita e ficardes vencedores é vos precaverdes para não abusardes da fama de vossos antepassados, nem malbaratá-la, sabendo muito bem que não há nada tão vergonhoso para quem quer que faça bom conceito de si mesmo do que esperar ser honrado pela fama de seus antepassados e não pelo merecimento próprio.

⁠⁠Passa frente às escadarias dos ricos senhores, aos seus átrios suspensos como terraços: se lá puseres os pés será como estares à beira de uma escarpa, e de uma escarpa prestes a ruir. Dirige antes os teus passos na via da sapiência, procura os teus domínios cheios de tranquilidade, mas também de horizontes ilimitados. Tudo quanto entre os homens é tomado como coise eminente, muito embora de valor reduzido e só notável em comparação com as coisas mais rasteiras, mesmo assim só é acessível através de difíceis e duros atalhos. A via que conduz ao cume da dignidade é extremamente árdua; mas se te dispuseres a trepar até estas alturas sobre as quais a fortuna não tem poder, então poderás ver a teus pés tudo quanto a opinião vulgar considera eminentíssimo, e desse ponto em diante o teu caminho será plano até ao supremo bem.

... e a sociedade dos vivos receava durante todo o dia ser obrigada a ceder o passo à sociedade dos mortos. Era a evidência. Bem entendido, era sempre possível esforçar-se por não a ver, fechar os olhos e recusá-la, mas a evidência tem uma força terrível que acaba sempre por vencer. Qual o meio, por exemplo, de recusar os enterros no dia em que aqueles que amamos têm necessidade de ser enterrados?

Apenas de que o auge da capacidade intelectual se dá por volta dos 35 anos, a velhice tem suas compensações. É apenas nesse momento que a experiência e a erudição se tornam de fato ricas: teve-se tempo e oportunidade para considerar e refletir as coisas sob todos os aspectos, comparando-as entre si e descobrindo os seus ponto de contato e membros conectivos; por conseguinte, apenas nesse momento as compreendemos bem em toda a sua concatenação. Tudo foi esclarecido; por isso, conhece-se mais profundamente até mesmo aquilo que já sabíamos na juventude, visto que há muito mais provas para cada conceito. Aquilo que nos anos de juventude só acreditávamos saber, sabe-se de fato na velhice, e muito mais, porque possuímos conhecimentos meditados em todas as direções e, portanto, inteiramente coerentes, enquanto na juventude nosso conhecimento é sempre lacunar e fragmentário. Apenas quem envelhece adquirir uma ideia completa e pertinente da vida, pois tem uma visão geral do seu conjunto e do seu curso natural, e sem especial, porque não a ve como os outros, ou seja, apenas a partir do ponto de entrada, mas tamb[em a partir do ponto de saída, reconhecendo, assim, toda a sua nulidade, enquanto os outros sempre se encontram na ilusão de que o que é realmente bom ainda ocorrerá.

⁠Assim como disseram Heráclito, Nietzsche também consideram que tudo é devir. não há ser nem essência permanentes, nem Deus, nem Satanás. a única realidade objectiva é o mundo material e sensível, e o cerne dessa realidade é o devir perpétuo, o eterno retorno, a embriaguez dionisíaca, a vontade de poder.

O mundo esta à mudar, mas não como todos querem, pois mesmo que estamos interessados a fazer à diferencia, ela não acontecerá, se não colocarmos-a em pratica e ter a participação de todos independentemente de sua raça, religião, classe social, porque primeiro temos de aceitar a diferença do seu igual.

O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins".

⁠“A minha consciência tem mais peso pra mim do que a opinião do mundo inteiro. Não há nada mais gratificante do que o afecto correspondido, nada mais perfeito do que a reciprocidade de gostos e a troca de atenções. Amar é consequência de uma atração espiritual acima de qualquer mera paixão humana. Haverá algo mais belo do que ter alguém com quem possa falar de todas as suas coisas como se falasse consigo mesmo?”

Garantir cada qual a sua própria felicidade é um dever (pelo menos indireto), pois na ausência de contentamento com sua própria situação, aquele que é molestado por muitos cuidados sem ter satisfeitas as suas necessidades poderia facilmente ser uma vítima da tentação de infringir seus deveres.

Immanuel Kant
Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Martin Claret, 2004.

Enquanto a primeira metade da vida é apenas uma infatigável aspiração de felicidade, a segunda metade, pelo contrário, é dominada por um sentimento doloroso de receio, porque se acaba então por perceber, mais ou menos claramente, que toda felicidade não passa de quimera, que só o sofrimento é real. Por isso os espíritos sensatos visam menos aos prazeres do que a uma ausência de desgostos, a um estado de algum modo invulnerável.

Arthur Schopenhauer
As dores do mundo. São Paulo: Edipro, 2019.