Textos grandes
Num mundo repleto de contradições, o maior erro inato nos invade, pensamos que nascemos para a felicidade, e assim, de decepção, enchemos a estrada.
Desde cedo nos dizem que o mundo é generoso, que há muito a nos oferecer, a conquistar, e acreditamos mesmo que há tanto a ser encontrado em um mundo cheio de encantos, ingerimos ingenuamente a ilusão de que o mundo nos preenche, mas descobrimos, desiludidos, o vazio, onde a promessa de alegria não se mantém. Não atoa trazem os idosos em seu olhar, expressões de desapontamento, tão sombrias assim, pois sabem que o mundo não traz consolo, e a felicidade não está nos planos. Eles carregam consigo a expressão da desilusão, o peso do sentimento de acreditar que a felicidade era o destino a nos encontrar.
A vida, que não possui valor intrínseco, segue adiante pelas necessidades que temos, e pelas ilusões que nos mantêm em movimento, sempre em busca de algo que nem sabemos bem o quê.
A felicidade, ilusão dos planos traçados, não está contida no nosso percurso comum. Buscar ser feliz soa como ambição vazia, pois a felicidade é dádiva, é presente do além, que o cosmos nos brinda com momentos de pura sorte. Ditadura da alegria, busca incessante pela felicidade ideal, enquanto descobrimos que é no aprendizado que está o real.
E a dor? Ah, a dor é companheira fiel, realidade fundamental, verdadeira. Por vir, há dores e mortes, inevitáveis passagens, e em face desses desafios, quem seremos nós? A jornada revela nossa verdadeira natureza, revela a força que abrigamos em nossos seres, exige respostas que não temos, nos faz questionar o que somos de verdade.
Nas contradições, encontramos lições, as acolho como sábios e íntimos irmãos.
O mais cômico é que em meio a esses paradoxos enxergo a beleza do viver, e surge outro grande paradoxo, o de sorrir diante da dor.
Não é difícil perceber que a dor em si não nos arrasta ao abismo do niilismo, pelo contrário, revela sua função vital, ao confrontar-nos com o que é mais profundo. A dor nos impele a questionar e buscar respostas, e é a arte que converte lágrimas em pensamentos grandiosos, sofrimentos em ensinamentos, e esse em sabedoria.
Caminhando em meio as árvores,
Procuro por campo aberto,
Essa claustrofobia está me dominando.
Esgueirando-me por entre os espinhos
Rasgando minhas vestes, o tom de verde fica cada vez mais escuro.
A perda da noção do tempo corrói minhas lembranças,
Não sei mais o que foi ontem ou hoje.
Cada vez mais densa e estreita, sufocante.
Sinto toda pressão do mundo em meu peito,
que só não cede pela lei da ação-reação.
Algo em mim quer tanto sair quanto eu a quero esconder.
Nunca lidei bem com demonstrar fraqueza,
Uma espessa neblina turva minha visão,
Me impedido de ver o que está bem a minha vista,
Me vejo sempre temendo o próximo passo.
Sempre temendo estar perdido.
Não sei me portar,
Minhas águas são turbulentas demais,
Minha correnteza sempre leva o que nasce em minha margem,
A terra que me cerca é sempre tão frágil,
Minhas pedras são tão afiadas, sempre acabo me cortando,
Meu caminho é tão sinuoso, me faz prolixo, sempre me alongo demais.
Meu correr sem uma paisagem forte única me torna apenas indesejado.
Sempre uma trajetória a não ser tomada.
No seu colo eu quero me deitar,
As ondas das suas mechas me chamam mais que a atenção,
Suas curvas estão sempre em meu pensar,
O frescor da sua presença me faz muito mais que um viajante, quero morar.
Quero regar suas flores, quero ter dar de beber,
Acalme minhas inquietudes.
Minhas quedas são mais bonitas em sua flora.
Meu erro foi a demasia.
Sempre demais,
se me mostro é demais, se me escondo é demais.
Procura-se equilíbrio. Vivo ou morto.
Sua presença aqui me agrava o problema
e sua ausência faz essa cidade tão vazia.
Não sei se devo me mostrar, não acho que você gostaria,
porém não sei se me esconder seja a saída.
Por enquanto, vou vivendo, existindo na verdade,
viver é demais pra mim.
Da sua boca saem coisas que me aquecem e me esfriam o peito
e sigo flutuando entre esses polos, nessa roleta sempre acabo me doendo.
Pego despreparado, me vejo sempre exposto,
larguei meu escudo e minha armadura, uma flecha transpassou meu peito
feriu meu coração,
achei que isso jamais fosse possível. Mas a realidade é dura, a vida é campo de batalha.
Contudo, uma coisa é certa,
não vou parar de lutar até ganhar você,
você é minha vitória.
Acalme-se!
Sempre ouvindo e dizendo: Acalme-se!
Dizendo para si mesma o quanto é necessário retomar o controle e
seguir o caminho por entre as luzes dessa cidade.
Tentando não pensar demais, silenciar sua mente.
Logo a sua mente, tão brilhante! Com tanta coisa para dizer, que tanto sente.
Tentando romper as muralhas ou se escondendo em um casulo,
Não sei bem ao certo, “todos estão tão longe”.
O colorido parece estar te deixando e tudo ficando tão escuro,
disse-lhe que isso está acontecendo com todos,
disse-me o quão difíceis são esses tempos.
Conversando contigo me sinto entendido,
como um estrangeiro que anseia por uma ajuda em um país pouco amigável.
E que encontra seu compatriota.
Um passarinho que, por algum motivo,
canta uma melodia própria e mesmo assim é ouvido.
Gosto de pensar que sente isso também,
quero ser para ti um lugar seguro,
onde não precisaria usar armaduras, nem espadas.
Não precisaria esconder-se.
Nem imaginas como é necessária.
Como és bela, obra renascentista!
Faz todas as linhas convergirem ao seu lindo rosto. Cativas.
Se pudesses se ver como a vejo,
Se pudesse se ver com meus olhos,
se Atenas fosse humana um dia se quer,
se Vênus por um dia se tornasse mortal,
entenderia minha admiração por ti, Musa.
Esta fase passará e com ela sua dor.
Será difícil o caminho, mas és forte e sábia.
As cores vão voltar, bem rápido, eu acredito.
Espero que você também me volte, com boas notícias.
Leucanthemum vulgare
De repente você brota em mim.
Em minha vida, no terreno barroso da minha existência,
E traz o sol para secar o solo e iluminar os trieiros da minha mente.
Sua aparição tão repentina me embarga a voz, me enrubescer a
face e congela minhas mãos.
Me faz ter medo de te tocar, não quero machucar suas pétalas, já
não brinco de bem-me-quer,
Tenho medo da resposta, também temo em você me notar nervoso,
luto contra minha vontade de sua tez,
Mas você faz com que eu sempre escute um jazz de Ella and Louis
ao fundo, que eu queira me mover.
Começo a me sacudir, afrouxando o solo onde estou estacado, fujo e
salto para arrumação
Arrumando a mesa, realocando o vaso, para receber sua chegada,
espanando os móveis,
Me levanta a poeira, me ataca a sinusite, juro, é apenas sinusite.
Afirmo, em alto e bom tom, tentando me convencer de que você
não tenha se enraizado em meu peito frio,
Sempre foi assim, suas histórias sempre são assim, você muda o
ambiente,
Mesmo o quarto mais escuro, abre-se a janela, bonina.
Olhos do dia, o sol se cega com seu brilho,
Logo de manhã você se abre ao primeiro raio de luz de Hélio.
Falando nele, lhe rezo para que lhe traga logo para cá, Daisy.
Quero te regar te ver crescer e florescer,
Sua beleza me cura a visão, Olhos do dia.
Capítulo lindo, deixe seu cheiro em meu lar.
Um evento visto sob uma perspectiva pode causar uma impressão.Visto a partir de outro ângulo. Ele traz outra impressão.
Mas é somente quando você tem uma visão completa que você consegue tirar as conclusões certas.
Quando alguém te conta alguma coisa, é importante ter em mente que essa pessoa está contando a partir de sua própria perspectiva, influenciada por suas tendências, sentimentos e emoções.
Deusa Gatona gostosa linda do Brasil 🇧🇷
Andressa Dançando aqui no Iate.
WOOOOO
Andressa Urach Brazileira
Uma sereia dos mares, uma perola dos oceanos, os peixes embalam e dançam pelas ondas de fascínio pela Deusa do Brasil, a agua durante a noite se ilumina pela Andressa até ao nascer do sol.
O sol quando nasce se derrete só de apreciar tamanha beleza!
E depois de um tempo, quando o luto nos dá uma trégua, de alguma forma, aparentemente ele passa, vem a verdadeira cara da vida, com toda a sua melancolia demagógica, e com o tempo, os que já se foram, vivem em nossas lembranças, seus momentos felizes e tristes aqui ao nosso lado.
Os momentos, é que realmente fica, e em nossa memória, como se fossem tangíveis, os guardamos eternamente, esses fragmentos de momentos memoráveis daqueles que já se foram nos conforta a cada dias neste plano.
Quem se isola parece ter um medo crônico de ser rejeitado. Evitando traumas, buscando proteção, mas o resultado é o mesmo, o vazio é comum. Na escuridão, a rejeição, implacável, não faz distinção, deixa corações solitários, na mesma condição. O isolado, o rejeitado, ambos caminham sós.
A pessoa escolhe não se expor, a fim de evitar ser traumatizada por rejeições. Pare e pense, o resultado não é o mesmo? Quem é rejeitado por todos fica sozinho e isolado, a pessoa que voluntariamente se isola? O mesmo, não há distinção de resultados em relação àquele que foi rejeitado, estão na mesma situação. O seu maior medo está te deixando tão paralisado que você está se tornando exatamente aquilo que tem medo de se tornar. O receio maior paralisa, tornando real o que se teme, mas e se ousar sair do casulo incerto? A coragem pode te levar além do que supõe.
Você não tem nada a perder, e ninguém deve nada a você. Apenas um bom dia na rua, a alguém oferecer; cara a tapa, a gentileza que pode te surpreender.
Num mundo apressado, o essencial transformou-se em virtude. A gentileza, outrora apenas o básico, se tornou raro legado. Ser educado, qual teatro, fingimento aparente, para alguns, uma fachada, escada de vantagem social emergente.
Não culpe o mundo pelas suas deficiências, a gentileza ecoa em outras existências. Algum estranho, em algum lugar do mundo, ainda se lembra de você, porque você foi gentil.
POEMA INFANTIL
QI DE LAGARTIXA
Poema de Félix Di Láscio
A lagartixa
Tixa...
Tixa...
Tixa...
Parece um ser
Racional
Mas tem hora que
Ela
Fica bobinha;
E aí...as pessoas
Falam
O que querem dela,
E ela nem aí.
Só balança a
Cabecinha.
Tixa...
Tixa...
Tixa...
Cadê o QI?
Fala sério, use o
Cérebro!
POEMA INFANTIL
O GRILO
Poema de Félix Di Láscio
O grilo
Achou que podia
Ficar de cabeça
Para baixo,
Achou!
Mas os gritos de
Insultos vindos de longe
Não pouparam as críticas:
- Abra os espaços! – E o grilinho
Irritado, não
Cedeu, inclinou a cabeça
E fez sinal de amuado.
HUMM!!
POEMA INFANTIL
O GRILO
Poema de Félix Di Láscio
O grilo
Achou que podia
Ficar de cabeça
Para baixo,
Achou!
Mas os gritos de
Insultos vindos de longe
Não pouparam as críticas:
- Abra os espaços! – E o grilinho
Irritado, não
Cedeu, inclinou a cabeça
E fez sinal de amuado.
HUMM!!
A vida tem o seu verdeiro sabor quando estamos com a pessoa que amamos e queremos levar para vida toda, Se tiverem briga resolvam.
Se há orgulho,entenda que isso só estraga tudo. Vocês não estão juntos para competir,mais sim para completarem um do outro.
Portanto amem-se muito porque a vida passa rápido.
Somos eternos colecionadores,
Colecionamos para viver.
Ou será que vivemos para colecionar?
O colecionador é feroz,
Corre atrás de cada uma de suas joias.
O acumulador, porém, vive a esperar que o mundo chegue até ele.
Quem sabe, o acumulador apenas observe o tempo passar, esperando que suas virtudes o procurem. Mas fato é: ainda não são suas virtudes.
Ele observará quimeras indo e vindo, esperando que alguém as pegue.
Mas esperará que ela venha até ele. Apoiado na infinitude de seu eterno narciso, acredita piamente que é merecedor de tais utopias para si.
O colecionador, por sua vez, irá correr ferozmente para agarrar seus desejos, abrindo mão da observância do acumulador.
Oxalá ele pudesse ao menos ver o pôr do sol.
Correndo atrás de suas glórias, o colecionador esqueceu de sua mais preciosa peça colecionável: o eterno brilho de apenas ser.
O deturpado sentido do acumulador o fez se despir de suas ambições, simplesmente porque não quis agarrá-las. Mas colecionou o que a vida teve de mais precioso a lhe entregar: a visão do mundo, de quem apenas viveu, sem a ambição de colecionar.
Somos forjados por momentos,
Quem dera fossem positivos.
Os negativos os tornaram fortes,
Os positivos os tornaram vivos.
Amei enquanto pude,
Observei enquanto podia.
Corri atrás de minhas coleções,
Para poder apenas observá-las um dia.
Não sejas colecionar ou acumulador. Cuide para que um dia, sejas cheio de berloques memoráveis, e não te arrependas da vida que viveu. Seja acumulador e colecionador.
Eu amava, sem dizer,
Guardava o sentimento no peito,
Tanto medo de perder,
Que nem tentava ser perfeito.
Eu errava, cada gesto uma quebra,
Tentava consertar, mas em vão,
O amor se espalhava em cacos,
E eu despedaçava seu coração.
Ela era linda, disso eu sabia,
Mas a beleza me deixava calado,
Temia a rejeição que nunca veio,
Então fui eu quem a afastou, amargurado.
Terminei por medo de machucá-la,
Por acreditar que não merecia,
O amor que ela me oferecia,
E hoje sinto falta, só resta a agonia.
Agora, o silêncio pesa em meu peito,
A culpa ecoa a cada batida,
Amava, mas nunca fui merecedor,
E assim sigo, com o medo de amar na vida.
Eu costumava rir de quem se deixava levar pelas emoções, quem amava demais, quem se jogava de cabeça sem medo do que viria depois. Aquelas pessoas que pareciam perder o controle de si por causa de um sentimento. Sempre achei tolice. Eu criticava e, no fundo, humilhava aqueles que, na minha visão, não conseguiam manter a razão diante de algo tão volátil quanto o amor. Parecia tão fácil julgar quem se deixava levar. Talvez porque eu sempre tive medo de ser assim.
A verdade, que eu demorei muito tempo para admitir, é que eu também queria me permitir sentir desse jeito. Queria, mas não podia. Toda vez que senti algo por alguém, eu escondi. Toda vez que o amor bateu à minha porta, eu fechei, com medo de me expor, de me machucar ou de parecer vulnerável. Eu achava que mostrar sentimentos era fraqueza. Então, me escondia atrás de críticas e piadas, como se isso fosse me proteger de algo que, no fundo, eu sempre desejei.
Mas agora, algo mudou. O que eu mais quero é ser exatamente aquilo que eu criticava: um "emocionado". Quero sentir tudo de maneira intensa, sem filtros, sem bloqueios. Quero me permitir amar de verdade, sem medo do que os outros vão pensar ou de como isso pode acabar. Quero mostrar meus sentimentos para o mundo, para quem eu amo, sem medo de parecer fraco ou ridículo. Porque, no fundo, amar é o que há de mais corajoso.
A vida é curta demais para esconder o que sentimos. Não há tempo para disfarçar ou fingir que não nos importamos. Se algo ou alguém faz nosso coração bater mais forte, por que esconder? Quero viver tudo que sinto de maneira aberta, intensa, verdadeira. Mostrar todos os dias, de todas as formas possíveis, o quanto eu gosto, o quanto eu me importo, o quanto eu amo.
Ser "emocionado", agora, para mim, é ser sincero com o que há de mais humano: os sentimentos. E eu quero sentir, quero ser emocional, quero ser intenso. Quero viver sem medo do que vem depois.
É Fácil Gostar De Verdade De Alguém Quando Tudo Está Bem. Mas Gostar De Verdade Mesmo Quando As Coisas Estão Difíceis É O Que Mostra O Quanto Uma Pessoa Realmente Gosta De Verdade E Quer O Teu Melhor. É Isso Que Prova O Quanto Você Tem Significado, É Isso O Que Revela O Quanto Essa Pessoa Está Contigo Custe O Que Custar. Alguém Pra Aproveitar Um Momento, Ou Se Divertir Numa Festa Se Acha Facinho, Tem Aos Montes Por Aí, Mas Ter Alguém Que Além De Experimentar Os Dias Doces Também Permanece Nos Dias Brabos, Aí É Lindo De Bonito. Qualquer Pessoa Pode Gostar Quando Você Está Em Alta, Naqueles Momentos Felizes De Prosperidade, Quero Ver Mesmo É Se Fica Junto Quando O Mundo Quer Te Confundir, Quando Você Está Quebrado Ao Meio, Quando As Falhas, Defeitos E Problemas São Notados, Ou Quando Suas Outras Versões Vão Aparecendo. Caso Você Encontre Alguém Pra Toda Hora, Pra Gostar De Verdade Mesmo Num Nível Foda E Ao Mesmo Tempo Intenso, Vai Lá E Se Demora Nesse Laço!!!
Nessa vida de pendências
Pense mas com moderação
Lembre das consequências
Mas não morra do coração!
Vivemos sofrendo o amanhã
Sentado pro café da manhã
Na mesa deveria estar
Sem mexer no celular
A conversar com seu familiar
Mas presente nenhum está.
Por isso eu digo
Viva, meu amigo
a vida é feita firmemente
De um negócio chamado presente
O futuro nunca chega
E o passado atrás só se aconchega.
Como todos os outros povos no ocidente, os brasileiros seguiram a ideia de que não é o tempo presente que comprometemos para gerar o nosso futuro, mas é a penhora do tempo futuro que deve nos dar alguma sobrevivência no presente.
O trabalhador faz o que sobra para ele no mercado de trabalho, e não aquilo que melhor pode realizar as suas potencialidades.
Estamos enredados na complexidade de um capitalismo cuja lógica do mercado das finanças, e não mais a lógica do mercado em função da produção, dominou a sociedade.
Damos mais dinheiro aos monopólios (fornecendo dados que serão capitalizados) e mesmo assim não ganhamos nada por isso. É a extorsão máxima de mais-valia que temos hoje. Toda sua vida é capitalizada. Nossa vida é uma engrenagem. Mais um conjunto de dados para o capitalismo. Que nos faz pagar para acessar esses meios que nos espoliaram. Pagamos para trabalhar, pagamos para fazer cada atividade.
O Estado é privatizado para os bancos. No fim o que sobra é só a dívida da dívida. É como se começássemos a vida com o saldo negativo.
Convencem-se que toda a infosfera precisa ser utilizada por elas próprias para se projetarem e conseguirem trabalhar.
Acham-se na condição de dados e, mais ou menos conscientemente, se comportam como dados. São dados concorrenciais no mercado de trabalho que, enfim, se transforma em um mercado de dados, ou melhor, em uma nuvem de dados que, por mecanismos que estão muito além de mérito pessoal, as destacam no Youtube ou coisas semelhantes.
Todos precisam estar na internet oferecendo seus serviços, produtos, habilidades e, principalmente, falta de habilidades. Mas tudo na forma de dados.
O que é íntimo e o que poderia ser público se fundiram. Ninguém mais sabe o que é a privacidade ou intimidade. Todos, até em nome da ética, pedem transparência. Interessante: transparência. Seja um dado, mas seja visto tão rapidamente que vire algo transparente.
A padronização se acentua na infosfera, pois ela é um campo de mimetismo, de alta diversidade, porém padronizada.
A infosfera não é avessa à criação, mas a cada nova criação ela se satura pela repetição, pela mesmidade, pela velocidade do fluxo do mesmo. Talvez a pornografia seja o exemplo mais típico desse processo, mas todo e qualquer fluxo pode ser pornográfico, ou seja, explícito em demasia, repetido sem que o espírito possa ser chamado.
Cada eu que se apresenta na internet obedece, antes de tudo, a velocidade de uma capacidade perceptiva que impera o fugaz, a insaciabilidade, o que é viciante e sem qualquer reflexão.
O fluxo contínuo de imagens, dizem alguns psicólogos, tem função de dopamina.
No campo da política democrática, então, nasce a reclamação pela falta de propostas dos candidatos, mas se algum candidato não apresentar o comportamento pedido pela velocidade de fluxo e de imagens dos shorts do TikTok, e resolver realmente explicar uma proposta, não será ouvido.
Eles próprios, os que pensam comandar os investimentos e saber deles, os que operam as bolsas de valores, estão ali, feito idiotas, querendo nos convencer que sabem o que está ocorrendo. Acreditam que podem dar lição de economia financeira e investimentos. Não podem. Todos os cálculos e tendências são feitos por máquinas. E os algoritmos criam fluxos que escapam ao modo de entender humano. Esse modo de funcionar da máquina molda todos nós, e também o que esperamos da performance dos políticos. Não raro, os políticos se tornam caricaturas do que a internet fez deles naquilo que ela tornou o fixo, pela repetição. A função dos memes é exatamente essa.
AMOR IMAGÉTICO
Ao longo da minha vida, descobri que o amor não é algo verdadeiramente acessível e vivido por mim.
Percebi que os romances que vivenciei não foram necessariamente histórias de amor. Talvez tenham sido excessos de prazer, paixão, alegria ou dor.
Para me sentir amado criei o imaginário de um lugar possível, que me permite evocar sentimentos e memórias para de alguma forma experienciar um pouco de amor.
Tentei em vão oferecer outras linguagens que pudessem transmitir a essência do meu amor, de maneiras que palavras isoladas poderiam não ter sido suficientes.
Exausto, ainda persisto projetando estórias para o meu amor poder existir em algum lugar, me convencendo da ideia de que ainda sou capaz de amar.
Acreditar no amor imagético foi a única forma que encontrei de manter viva a perspectiva de que ainda posso amar e a esperança de ainda viver o amor.