Textos Fortes

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⁠Tem barulho
Que
A gente

Só escuta
Quando
Faz silencio

Assim

É a água
De chuva

Que se faz
Do
Rio a sua morada

As falhas
Dos homens
Eternizam-se no aço

E
Quanto mais bebemos
Mais sede temos

As suas virtudes
Escrevemos na água

Como um gole d'água
Bebido no escuro

Inserida por samuelfortes

⁠Arrevoar de Flechas

Canjiquinha
No muro retilíneo

Tem banana
Tem mamão

Abeia
Zumbino
Em volta

Passarim
De
Montão

Nos fios
Os pássaros
Escrevem música

Pássaros cantando
No escuro
Calor de amanhecer

E agora o que fazer
Com essa manhã
Desabrochada a pássaros?

O bosque seria muito triste
Se só cantassem os pássaros
Que cantam melhor

Brisa de inverno
Como flechas de sombras
Os pássaros voltam

Ruídos dos carros

Escuto pela mesma orelha
Que os pássaros.

É tempo
De fazê
Nada

É tempo
Danado
De bão

Inserida por samuelfortes

⁠O Aproximar do Amanhecer


Olhou
Por cima
Do degrau
Da cancela

O terreiro
Com pedras
Onde
A sombra
Marca
Hora

O quintal
Com plantas
E árvores

Não
Se vê
Os fundos

Que
Imagina

Não tem
Limites

A vida será mais bem vivida
Quanto menos sentido tiver

Visto que
Criar a própria vida

É viver duas vezes

Inserida por samuelfortes

⁠Dez prás cinco



Dia
De sol

De sol
De
Meio-dia

Balanço
De cadeira
De palhinha

Palhinha
De cadeira
Ao
Meio-dia

Em dia
De sol
De sol
Do
Meio-dia

Sol
Que
É vida

Que é
Música

Que é...

É dia
Dia de sol

Sol
De balanço
De cadeira
De palhinha
Ao meio-dia

Mas

Com o frio da garoa
Da noite que passou
O cheiro do fogão a lenha
Que de aceso se apagou

A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou

O agora que foi ontem
Tão distante aproximou

A linha móvel do horizonte
Atira para cima
Os ventos que vem de longe
Na nudez absoluta

Tanto em mim como ao mar

Inserida por samuelfortes

⁠A Febre



Toda convicção
É uma prisão
E
Nenhum preço
É alto demais
Pelo privilégio
De ser si mesmo

De uma maneira
Ou de outra
Estamos equilibrados
Na borda
Do para sempre

Em uma mistura
Inflamável
De ignorância e poder

Onde o mundo real
É muito menor
Que
O da imaginação

Inserida por samuelfortes

Epifania

Sem
Estética própria
Orgânica

Tão-pouco
Um nome

Indefinível

Ainda
Que perceptível

Sutilmente
Sensual

Ninfas
E
Sátiros
Sobre deuses
Do Olimpo

A frívola
Comédia
Sobre
A nobre
Tragédia

Austera
Grandeza
Palaciana
Grandiloquente

Inquietante
Estranheza

Um possível
Novo
Áureo
Modo de
Vir a ser

Uma
Noble
Simplicité

Inserida por samuelfortes

Depois de Amanha


⁠Depois de amanha, serei, finalmente,
O que hoje,
Não posso nunca ser

Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho sede como dos desesperados de outrora
Tenho jeito, daqueles que ainda poderão existir,

Não que se faça pouco
Não que ainda seja ainda muito pouco
Não que eu não vá até lá

Tenho já o plano traçado
Mas não
Hoje, não traço planos

Apenas

Depois de amanha

Inserida por samuelfortes

⁠O conto do louco

Sonhos vem ao sono,
Pensamentos vem a mente,
Quem a mim pergunta nao entende,
Quando durmo quero silêncio,
Quando sonho desejo ficar no presente,
Quando em meio a pensamentos ,
Fico quieto, meio resiliente,
Sempre me perco entre o que penso e sonho,
E vou dá carta do louco,
Ao gênio na lâmpada,
Ao conto de uma geometria,
Que nunca foi escrita,
De uma memória que foi lembrada,
A uma lembrança que precisa ser esquecida,
Por isso quem a mim pergunta , não me entende.
Cada um a sua loucura
Com seu loucos pensamentos,
Com incoerência geométrica,
Pedimos ao sono, deixe o sonho entrar.
Sonhar dormindo ou acordado
Me deixa sonhar que estou sendo amado.



ALBERTT FORTES da Silva

Inserida por albertt_fortes

Flambagem


⁠Há fronteiras nos jardins da razão
Há uma batalha vencida nas coisas
Que

Escolhemos não repetir

Eu quero idolatrar a dúvida
Quando eu pronuncio a palavra futuro
A primeira sílaba já pertence ao passado

Quando pronuncio a palavra silêncio
Destruo o silêncio

Quando pronuncio a palavra nada
Crio algo que nao cabe no que ainda nao existe

Ao contrário do que muita gente imagina
A gente não nasce pronto e vai se gastando
A gente nasce não pronto e vai se refazendo

Nada é mais perigoso do que a certeza de ter razão

Inserida por samuelfortes

Soneto de Uma Tarde


⁠Esse sol já não é mais claro

Nasce o Sol
E não dura mais que um dia

Por que é que o sol nasce de dia?
Quando não devias ser

Pois se de dia é tudo tão claro
O que sol vem aqui fazer?

Já que de noite anda tão escuro
Toda viela
É um mar sem fim

Depois da Luz vem
A noite escura

É que me deito e me penso à noite
É que ele deveria nascer

Inserida por samuelfortes

Volatilidade & Hominídeo

⁠Em uma semana de 8 dias
Onde
Confundo a Sexta
Como um sábado passado


Não consigo distinguir
Um campo verde
De um dia em que a noite
Trouxe cinzas frias

No corredor de ferro
Um trilho de aço frio
Talvez
Um gosto de saliva quente
Do corpo de uma assanhada

Uma fumaça
De
Um navio distante
Para um novo horizonte

Um tijolo enquadrado
Perfeitamente
Parece por si só
O aluno na sala de aula

O conteúdo nativo
O sarcasmo velado

Nós somos apenas
Mais um tijolo

Encantado em um muro
Estampado na sala

O conforto frio
Para
A mudança

A destruição do cerne
À remontar
Nossas cinzas quentes
Para árvores

Na ancestralidade do Homem
Talvez de novo o mistério
Morasse em seus olhos fundos
Um desgosto incoercível

Com seios moços no colo
Que sentem a ida e a vinda

Ainda, não sejam bem vindos
Não deixem marcas visíveis

Qual perfil que ele gosta?

Que não foi destruída
Por diversas
Gravidezes consecutivas?

No amargo da máscara
Na doce máscara menina

No imaginário deixar
Crescessem ventres

E

Não deixasse passar
Mais do que tristeza íntima

Pelo canto do olho
Tive uma visão fugaz

E virei para olhar
Mas
Já havia ido

Inserida por samuelfortes

⁠Seja Como For & Venha Como Quiser


Sem pedir licença
Nem para tentar
Adentrou

Assustando a sombra
Daquele
Que não quer ver

Sem
Conferir o que é seu
No
Entusiasmo de maré calma

No balanço
De velejar

Os olhos

Perdidos no naufragar
De ondas cansadas

Atentado ao mar
Que chega à vista
Norte ou sul

Colorido nas luzes
À piscar
No sabor do vento
No exagero
Da vida eterna

Agora

Essa força contida
De nenhum ser
Aqui vou eu

Se é assim que se vai

Sem nenhum pudor
Sem medo qualquer
Sempre por amor
Sem desistir agora

Assim é o amor

Tece a verdadeira trama
Vive cada segundo
Como
Nunca o fez

No velho papel
De embrulho
Embaixo assinado
Ninguém
Sabe de quem

Sem medo qualquer
Seja como for
Seja por favor
Sempre à seu dispor
Venha como quiser

Inserida por samuelfortes

Assimétrica


⁠Hoje,
Sonhei que existia
Mais um estágio
De relacionamento

Chamado significante

Ali, sentado na cadeira de balanço
Como um pêndulo

Silêncio de uma sala
E no silêncio
A sensação exata

Nascem ondas de amor
Que
Se desfazem

O silêncio corre lentamente
Na dura esquina
Estracalha a vidraça

E deu
De sonhar

Que sonhar
É coisa
Do absurdo
Possível

Cada um
No âmago
De sua
Singularidade

A longeva saudade
Guardou a felicidade
Quando se perdia
No andar em círculos

A estrada é um labirinto
Em
Todos os dias da semana

Na dúvida
Em um dia qualquer
Quanto menos alguém entende
Mais quero discordar

Em um aperto de mãos
Do inevitável intocável
Estrangeiro

Na natureza do visível
Sensatez individual

Passageiro
Que
Não passa por aqui

Eu me sinto passageiro
Eu me sinto um estrangeiro

Inserida por samuelfortes

⁠⁠A mar

Rápido estado
Ancestral de um indivíduo

Que vem do vento
Um sossego, uma unção

Estado leve anuncio seu lugar
Leve estarei parado aqui
No seu lugar

E eu te espio da varanda
Indo embora
Mas você vem

Hoje a janela
Me ofereceu a paisagem
Ressuscitando formas

Era um sujeito
Realmente distraído

Na hora de dormir
Beijou o relógio, deu corda no gato
E
Enxotou o olhar pela varanda

Venha pra cá deixe de ser
Bem acanhado

Do seu ditado
Agitado
Cabelo ao vento

Do saculejo
Dessas roupas
No varal

A mar
De onde
Que tu tiras tantas ondas

De onde
Que tu tiras vai e vem

De onde
Que tu vens tão descolado

Prá onde vai só do seu jeito
Descansado

Volte amanhã bem de manhã
Aqui estarei

Prá ver de perto
Seu molejo
Arretado

Agitando o ar
No
Seu espaço confinado

Tomando a fresca
Tomo o ar
Quarando o corpo

Em alguns lugares estratégicos
Já foi mar

Voou por sobre as montanhas e cabeças
Fez dali seu Espinhaço

Passou por cima
Do seu mundo
Seu lugar

Busca
Bem de lá
De onde vem seu infinito

Se esperar
Possa estar marcado em horas
Rochas

E no nascer
De
Espectativas fulminantes

Lá vem o mar
Trazendo a fonte e o defronte

Cavalga ventos
E a voz do sussurrado

Ginetes pronto aparado
A cavalgar

Alados ventos
Sobe e desce das areias

Ao espairecer espalha
Espuma em seu olhar

Já sinto aqui
O seu perfume estrangeiro

Bebendo em tua boca
O perfume dos sorrisos

Que o vento forte acaba aqui
De me entregar

Inserida por samuelfortes

A Face Clara e Obscura da Clareza de Clarice.



Você tem paz Clarice?

-Nem pai nem mãe.

-Eu disse “paz”.

-Que estranho, pensei que tivesse dito “pais”.

Estava pensando em minha mãe alguns segundos antes.

Pensei - mamãe - e então não ouvi mais nada.

Paz?

Quem é que tem?

(Clarice Lispector)

....

Na sequência desta e outras Clarices, hoje, está claro no escuro de tempo sobrio aqui e acolá, eu ,cá comigo, penso na guerra e na Pátria Mãe, no País que não sinto que tenho, já nem irmãos se entendem igual no futebol, na política, na religião e se mata em nome de Deus que inexiste como um Muda.

Por isso, não se respeita a cor da pele e as adversidades da sociedade do consumo, não penso, logo existo!

A moral,está na cabeça e não no bolso ou entre o vão das pernas, é a liberdade no voto consciente.

Outro lembra do sonho, que não acabou, de construir um País que se faz de Homens e Livros.

Não passarão!

Inserida por samuelfortes

O Poeta Lúdico e o Louco

Na insegurança
Das decisões
A angústia
Da ansiedade

Na incerteza
Do que está
Por vir
O temor

Onde
O tempo
Livre
De toda
Matéria
De que
São feitos
Os medos?

Quando
O tempo
De realizar
O que
Se aspira?

De recusar-se
A morrer
Sem ter
Vivido?

Que dizer
Da ética
Do agir
Sujeita
À ação
Da violência?

À tragédia
Do desamparo?

À submissão
Da incompetência?

À catástrofe
Do terrorismo?

À dramaticidade
Da tortura?

Ao sofrimento
Da descompaixão?

À insensibilidade
Da ambiguidade?

À tristeza
Que emudece?

À arrogância
Que asfixia?

Às esperanças
Frustradas?

Aos fantasmas
Dos medos?

Nada
Mais aterrador
Que cristalizar-se
Num estado
De maturidade!

No rescaldo
A sensação
De diluição
De algo
Imprescindível

Por vezes
A loucura
Só é lúdica
À distância!

Inserida por samuelfortes

⁠Mudez

Mudo, mas não mudo muito
⁠Na esquina da cortina ao alto mar
Me vejo
Desejo de ser e tocar de vidro frio

Do horizonte cheio de montes baixos
Desembrulhar-me e ser eu
E raspar a tinta
Como os que me pintaram os sentidos

Nas grandes cidades
A vida é mais pequena
Na cidade, as grandes casas fecham
A vista e à chave
E as flores são cor da sombra

E tornam-nos pobres,
Porquê a nossa única riqueza
É ver.

Inserida por samuelfortes

⁠Processos e Minutas


Como passou depressa o tempo
Como mudou a poesia
Uma gota de chuva
A mais,e o ventre grávido
Estremeceu a terra.

Depois foi só. O amor era mais nada
Sentiu-se pobre e triste como Jó
Um cão, sarnento e de rua
Mas não de todas as ruas

Veio lamber-lhe a mão
Espantado, parou.
Depois foi só

Inserida por samuelfortes

⁠Feito Fibra e Pedra


Nasceste para o sol
És mocidade
Em plena floração
Rosa que enfloreceu

Sobre teu rosto soberano
A vida em ti, que é sumo alegria
Em plena floração, fruto sem dano

Numa severa afirmação da luta
Uma impassível negação da morte
Feito pó, feito pólen

Feito fibra
Feito pedra

Inserida por samuelfortes

Parapeito



Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com reticências e viver sem ponto final.
Enquanto você sonha, estará fazendo rascunhos de seu futuro. Você nunca encontrará o arco-íris se estiver olhando para baixo, pensamos muito e sentimos muito pouco, sendo assim, a vida é uma tragédia quando vista de perto, mas se torna uma comédia, quando se vista ao longe.

Inserida por samuelfortes