Textos e poemas
Paradoxal
Sua beleza é relativa.
De longe: és linda!
De perto: és surreal!
Mente paradoxal...
Mais contraditória que um poeta.
Jeito de pensar único!
Esboça sua loucura,
Preservando seu estado lúcido.
Sua voz, similar a um canto do sabiá:
Doce, suave, provoca uma sensação...
Mas mantém sua postura:
Firme, direta, com convicção.
Brilho do seu sorriso ilumina,
Brilho dos seus olhos cega.
Seus olhos fixados queimam,
Seu sorriso esboçado congela.
Da Janela
Meu coração anda junto ao seu
Minha boca
Colada à sua
Meu corpo
Entrelaçado ao seu
Meu coração
Este descompasso
Mas neste
Compasso
Desta dança
Anda junto ao seu
Minha oração
Abraça teu
Coração
Abençoa nossa
Devoção
E meu coração
Anda junto
Ao teu
Meu coração
É meu
Teu coração
É teu
Mas meu coração
Anda junto
Ao seu
Somos dois
Em um só coração
O que é direito
E que é esquerdo
Meu coração
Anda junto
Ao seu
O leste
À esquerda
Meu coração abraça o seu coração.
minha oração
Suplicando perdão
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Palavras tristes são só palavras,
As atitudes não se definem por essas palavras.
A vida não se resume em pequenas estrofes de um poema,
Poemas são só poemas, que te aliviam, ou fazem pensar.
A tristeza, alegria e a reflexão andam juntas,
Coloque as em seu devido lugar.
Não me julguem, não os julguem pelas escritas, e sim atitudes
Pense, reflita e não apenas replique.
O Sol Melancólico.
O sol.
O sol, tão solitário.
O sol, tão melancólico.
O sol quer ser como as nuvens,
O sol não pode.
O sol é mais quente
Que a ponta do cigarro aceso na pele.
E as nuvens,
São frias e molhadas.
Para o sol, ele tem sempre a mesma rotina,
O mesmo ciclo.
O sol quer ser como uma nuvem.
Mas no fundo,
O sol é tão diferente
Das nuvens.
As nuvens, não são do seu meio.
E assim ele fica:
Apreensivo e sozinho.
Se afundando em um poço de melancolia.
“O que tem de errado comigo?”
O sol se questiona.
Sonhar e Cair
Sonhei
e
Caí
No mundo imaginário
Sem razão
Sem julgamento
Sonhei
Caí
Em seus braços
Em seus abraços
Em seus beijos
Caí
Na decepção
Na sua aspereza
Na sua razão revoltada
Sobrevivi
Em sonhar
Em amar
E
Caí desesperadamente
Novamente
Em teus braços
Caí
E
Sonhei
Com você
Sobre nós
Só que
Agora
Na minha
Imaginação.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Zohra
Pobre menina Palestina
Nascida em extrema pobreza
Ainda criança foste vendida
Para servir a realeza
Na sua inocência de menina
Avistou dois pássaros presos
Sentiu vontade de vê-los voar
Deixá-los a liberdade encontrar
Para seus ninhos voltar
Um sonho dela mesma
Que nunca poderia realizar
Mas para sua surpresa
A violência humana
Com a morte a castigou
Prefiro achar, que a paz encontrou
Que com os pássaros voou
Bem aventuranças
Bem aventurados os que trabalham
Os que cuidam da terra e nela produzem
Porque da terra sairá o alimento que proverá a vida
Bem aventurados os que buscam instrução
Os que aprendem e ensinam
Pois a educação é a garantia de uma vida digna na terra.
Bem aventurados os que amam e protegem a natureza
Utilizando-a com sabedoria
Pois a convivência harmoniosa do ser humano com o meio ambiente
É a garantia da plenitude do reino divino entre os seres humanos
Sei que a morte é uma chama
E a vida é uma dama
Que estamos prestes a perder
Qual terrível é o destino
Que jaz a vida de um menino
Que não sabe o que é viver.
Menino dessa vida eu sou.
A ela nunca irei entender
O desconhecido me comove
E com agrado me remove
Minha sina de sofrer
Sei que a morte é uma chama
E a vida é um drama
Estamos prestes a morrer
Qual terrível é o destino
Que jaz a vida de um menino
Que não sabe o que é viver
O conhecimento apaixona
E nele o homem desmorona
Não é de sua natureza descobrir
E nessa busca incensante.
Nessa dor constante
Chega sua hora de partir
Sei que a morte é uma dama
E a vida é uma chama
E que o ego acaba aqui
Que o destino crava fundo
Que o tempo leva o mundo
E que o homem custa a sorri.
O que eu faço?
Estou querendo teu sorriso
Querendo teu abraço
Sem nem perceber
Que de novo me enlaço
Estou tão cansado
Da vida sofrida
No sofrer amargo
De querer sempre a ti
E não ser amado
(Suspiro)
O que eu faço?
Se quando te vejo
A dor se disfarça
E o sofrer mais sofrido
Passa a ter graça
E a monotonia se torna canção
E eu me acabo
Acabo em teus jeitos
Em tuas risadas
E a minha alegria
Vem com pirraça
E não quer fugir do meu coração
Fidelidade
A humanidade precisa de amor
e junto dele fidelidade
para evitar de causar dor
aos que ama de verdade
Não prometa fidelidade
ser não é capaz de ser
se tiver caráter e lealdade
cumprira com sua responsabilidade
Seja no amor ou na amizade
saiba guardar segredos
diga sempre a verdade
não trate pessoas como brinquedos
Se não está maduro para se relacionar
trabalhe em seu próprio desenvolvimento
e você não vai se decepcionar
e evitará muito aborrecimento
Ciclos
Perdi as contas de quantas vezes morri
Algumas vezes fui apunhalada sem misericórdia
Assassinada pelas mãos de quem jurou estar ao meu lado
Outras vezes fui levada ao suicídio
Pelo desejo em findar a dor
A dor das feridas abertas em minha Alma.
Perdi as contas de quantas vezes morri
Mas todas as vezes que a morte me beijou a vida me abraçou
Me fazendo perder as contas de quantas vezes renasci.
Quero em Verso para te Amar
Quero a última intenção
Um último beijo
Com todo desejo
Depois despejo
Quero amar aquele instante
Desarmar
Nossas almas
Quero intenções, intensidade
O procurar
De sua boca em minha
O resto daquele abraço
Quente
O resfriar do impossível
Quero você
Seus pelos
Meus apelos
Sem cobranças
Só quero
Nada mais
Só quero
O todo roubado
O que me foi retirado
O que se fez descortinar
Só quero você
Seu braço
Um abraço
Sua masculinidade
Concreta
Sua vontade em minha vontade
Quero você
Sua doença amanhecida em mim
Sua existência
Quero a última
Intenção
Quero ficar em você
Pregada
Carregada
Como páginas
Amassadas
E nunca
Esquecidas
Estrofe de um verso
Que nunca
Terminei
E só comecei com você
Verso que nunca pronunciei
Mas quero tudo de volta
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Quando
Quando vai passar?
Este desvario
Esta loucura
Deste encontro
Que provocou o desencontro
De todas nossas vidas.
Quando vai passar
Esta saudade
A sede de seu tocar
A minha
Avidez
Aflição
Pela sua presença
Quando vai passar
Este desespero, a secura
Que tinge meus dias
Minhas idéias
Esconde minha ansiedade
Em te tocar
Somente com o meu olhar
Não vai passar
Vai minar
Vai marcar
Não há tempo
Vai ficar
Morando neste tempo
Em que fiquei
Louca por você.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Poetas Atuais Contemporâneos | Nova Poesia Brasileira
POLINIZAÇÃO POR AFETO
Nos meus poros
Quando tu depositas tuas estimas
Germinam-se jardins
Assim quando sopra
A brisa quando bate bebe o néctar
E volta ao mundo pelo vento
O pólen mais puro do meu peito
E todo asfalto
Gramado ou gente
Por mais pedra
Flor ou a gente
Sente
Que de estigma em estima
Da tua semente leva-se o pó
E do meu pó
Semeia-se mais gente.
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O divórcio da música e da poesia
Fui privilegiada
passei minha adolescência
nos anos oitenta e fui contagiada
Tive como meus pais
a música e a poesia
o casal mais perfeito que já conheci
e por anos me tocou os sentidos
principalmente os ouvidos
embalou meus momentos
fez parte da minha história
e conquistou meu coração
mas infelizmente de uns anos pra cá
não estavam mais em harmonia
e a falta de cultura detonou esse casamento
e também a falta de respeito
mas eu tenho comigo seus filhos; meus irmãos
os músicos e poetas
e o álbum de casamento
ficou-nos de herança
e eu levo com carinho
ensinando aos meus filhos e sobrinhos
as boas lembranças que sobraram
desse intenso casamento.
O turbilhão
Sentou-se diante do espelho encaixilhado, abraçando anjos,
e ele a refletiu, e ela perguntou:
– Qual é a distância entre o Amor e a Paixão?
O reflexo fragmentou, partiu-se, dividiu-se em mil faces, ela
percebeu que era uma viagem cheia de adversidades e surpresas.
Chorou, lamentou, arrumou as malas, dobrou sentimentos e
saiu de bagagem desarrumada. Mas esta era uma pergunta que não ficaria no espaço, sem resposta.
Caminhou e viu a tarde chegar.
Ficou ali, estática, observando, e viu que as tardes são as
paixões. Elas simplesmente caem, silenciosas, misteriosas e sem questionamentos.
E, de repente, você apalpa a escuridão da noite, a paixão não sabe o que fazer e pinta a lua cheia no céu para você não ter medo.
Mas você não desiste, fica de perna bamba, tropeçando e
transpirando.
E a paixão novamente, insistentemente, pinta estrelas no
céu para que olhe somente para ela, e tudo seja somente um céu estrelado de uma noite escura.
Vem o frio da alma e nada aconchega. Você torce para que
amanheça e a noite da paixão ainda quer te confundir, e sopra neblinas e dúvidas esfumaçadas.
O frio anuncia o dia: você amanhece, apesar de tudo.
Você acorda confusa, de ressaca. Nem de dia, nem de noite,
simplesmente amanhece no conflito do dia, na discussão da moeda corrente, nos afazeres das cordialidades, fingindo que ontem não foi nada e hoje tudo vai acontecer.
Para transtornar todos seus dias!
Ao dia o AMOR chega: queima sua pele, lhe dá um abraço
aconchegante e você, desavisadamente, acredita que todos os erros que cometeu e todos os pecados com os quais dormiu tem perdão.
No ocaso, às 15 horas, você percebe o que lhe foi dito: é
diferente.
E esta voz não se cala, é a paixão.
E quando abandona nossa existência de lembranças, deixa
um brinco de estrela cravejado de brilhantes, para lembrar que ela (a paixão) não é o sol do dia nem as estrelas que povoam o céu.
Banimento não existe.
Somente luto, aflição, agonia, amargura, angustia, ansiedade, desgosto, consternação e dor.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Medo
Tenho medo das vozes em minha mente
não é esquizofrenia,
uma vez que tomo as medicações regularmente
são meus pensamentos agitados, epifania...
Aumenta o medo quando estou sozinha
as vozes gritam, são pensamentos em euforia
quero silencia-los, mas não consigo,
oro a Deus, e vem uma leve calmaria
Pego papel e lápis, coloco-me a escrever
escrevo cada grito agora entendido
junto com os sentimentos a ferver
e me acalmo, agora tudo difundido
Coloco no papel todo o medo
transformando-o em poesia
cada voz eu arremedo
escrevendo tudo em meu caderno.
E no fim me sinto exausta
e o sono vêm;
venci essa guerra justa
afinal novas poesias me convêm.
Todo tempero do mundo:
Carneiro com Hortelã
Pensando:
“Decidi encontrar com ele. Não posso mais voltar atrás e me
despir desse sentimento. Só quero o movimento desse amor, que sinto tanto, para guardar em minha memória e meu coração. Amar não é pecado, pecado é não amar e nunca decidir. E toda decisão, às vezes, não é pela paixão, mas pelo o que construímos pelo caminho.”
Eu criei tanta coragem e tantos anos para dar aquele telefonema.
Acho que meu erro foi ser ovelha, número quatro, depósito,
e ainda disse:
–Boa tarde!
E você, que nunca reconheceu minha voz, me disse:
– Quem é?
– Sou eu!
– Diga.
– Está ocupado?
– Estou esperando dois telefonemas.
Pensei: “Dois, começo de alguma conversa que pode dar
certo”. Mas você nunca acreditou em numerologia, silenciei.
– Pegue o calendário vamos nos encontrar.
E você atirou pimenta malagueta em meu rosto, disse:
– Capsicum bacctum, não enche o saco. Você é...
E não completou.
Continuei.
– Fale, gosto de saber dos meus defeitos para corrigi-los. Não gosto de charadas.
Acho que desistiu de dizer por que viu o que ardia em meus
anseios.
– Não gosto de brigar, entende?
E não estava ali para brigar, mas te beijar.
E disse que sim, mas eu não entendi aquela violência comigo
e as feridas se abriram, empanadas de pimenta malagueta. E tremia, mal consegui erguer e caminhar uma xícara de café com anis estrelado em minha boca.
Saí de tudo, fui até a janela para acreditar como fui
sobrevivente e aterrissei depois de tanta turbulência, como deixei de gostar de mim mesma.
Chorei.
E tudo escorreu calado debaixo daquele que nunca viu e
sentiu. Recolhi toda indigestão com minhas mãos que cheiravam a anis estrelado.
Pensei em Monteiro Lobato, íntimo naquela hora.
Toct passe - Tudo passa.
Toct casse - Tudo quebra.
Toct lasse - Tudo se gasta.
Naquele instante eu era outra substância e a minha energia e
transcendências ficaram presas em suas palavras.
Não fluíram.
Capsicum bacctum, pimenta malagueta, você esgalhado,
folhas ovais agudas e alternas, flores solitárias.
E eu cheirando à China, Illicium anisatum, erva doce de sete
ou oito cápsulas, comprimidas, avermelhadas e guardando uma semente:
“O sentimento”
Desistam: ISTO NÃO É RECEITA DE NADA.
Eu era uma vela, um tremular, uma intenção. Era a mesma,
mas havia mudado a substância e o tempero.
Deliberei.
Esmaguei anis estrelado com pimenta malagueta e muita
hortelã para aliviar.
Temperei o carneiro, era quase Páscoa.
Paz.
O resto exalava paixão.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Homenagem à Santarém
Santarém, ó Santarém
Cidade de mil belezas,
Pérola de secreto encanto
Como iara que atrai com seu canto.
Tem curupira caipora e saci
Tem até boto que vira gente
Mas joia rara dessa terra
É a primeira que vem em mente
Suas praias ó Santarém
De açúcar tempero e cor
O marrom e o verde sempre em guerra
Fenomenal esplendor.
No pé da santarena
Vive o tal do carimbó
Saia rodada de beleza
Cultura tanta pra dar nó.
Em cada pedaço da minha terra
O que não falta é alegria
De morar em um paraíso
Que beira a fantasia.
Nunca é tarde
O tempo se revelou nas tardes, o que passou e o que ficou
escorreu pelo meu rosto.
E na linha fina daquele horizonte onde o sol se punha,
alinhavei meu coração para não fugir.
O lado oculto daquele sentimento tingiu de rubro
minhas mãos, minha boca, e manchou meus pensamentos e toda circunferência de minha existência.
Estava sufocada, afogando em paixão, respingando questões
e senões.
Nas tardes vi que era tarde, delineei meu coração, atirei,
lancei no vasto para não cair no extremamente. Marquei a direção de meu afeto.
E resto ficou fora de controvérsia.
Nas tardes moram as emoções e conclusões.
Nunca vou te esquecer.
Quero amanhecer e ressuscitar, dia que tem o dom de iludir.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury