Textos de Tristezas
A Viagem Indesejada.
A tristeza que me consome faz com que eu me pergunte o que foi que fiz de errado para merecer o abandono a rejeição? Perco horas e horas, passo dias e dias me perguntando onde foi que errei?E o que me deixa mais amargurada e não conhecer a resposta.
Pois não merece o abandono a rejeição somente as pessoas más de índole? Eu com toda certeza afirmaria uns anos atrás que sim. Entretanto hoje com a pele marcada com as linhas de cansaço deixada pelos tempos, e com as mãos com a pele fina ressecada e apresentando a velhice indesejavelmente assumida. Chego à triste conclusão que eu só estou como me sinto ou sempre me sentir, SOZINHA.
Estou certa também que minhas lastimas são reais, estou mesmo como me sinto, completamente solitária. E mesmo me encontrando em um locar festivo onde há milhares de pessoas caminhando de um lado ao outro, me sinto sozinha, na verdade todos nós estamos de uma forma ou outra, abandonados, esquecidos e jogados fora como uma boneca que perdeu os cabelos ou uma perna, neste exato momento sinto na pele a rejeição de se tornar um paraplégico, de perder um membro de seu corpo, e assim nada mais vale e, para nada mais de útil servi.
Estou paraplégica mesmo que não mostre aleijões no corpo, entretanto na minha essência falta a alma que constrói um ser humano que merece e é importante para alguém, alguém que te considere e aceite, mesmo sabendo que você não tem nada para oferecer em troca, alguém que esteja preparado para te oferecer as mãos para que você se levante,ao invés de o cuspir na face por ver-te como um incompetente, alguém que esteja disposto a te dar carinho,afeto,mesmo sabendo que para se amar é necessário um coração,um coração feliz e esperançoso,um coração que não tenha medo de se dar,pois não conhece a rejeição e a dor de uma perda,alguém que tenha tempo para esperar você se encontrar e então reconhecer que para estar sozinho abandonado,não é necessariamente a falta da presença de amigos,familiares ou um de companheiro em seu dia a dia ou em sua vida.
Para nos encontrar não precisamos de ninguém e, a viagem que temos a fazer pode ser longa ou curta dependendo de nossas necessidades, e esta viagem você não poderá fazer acompanhado, pois a viagem mais proveitosa que podemos fazer é uma viagem ao nosso interior, para nos conhecermos melhor e, nós todos sem exceção hesita em realizar esta viagem turbulenta em encontro ao seu verdadeiro Eu.
Pois sabemos que a resposta do porquê de nos tronarmos seres solitários, abandonados e indesejáveis,esta em nós mesmo…
definir tristeza :
"Eu sou um grande homem, eu sou um grande homem,eu sou um grande homem,
eu sou um grande homem, eu sou um grande homem, eu sou um grande homem,
eu sou um grande homem, eu sou um grande homem, eu sou um grande homem,
eu sou um grande homem, eu sou um grande homem, eu sou um grande homem,
vocês um dia tremerão e chorarão no dia da colheita daquilo que cultivo. ".
Sociedade Cruel
Corpos estirados,
Estilhaços... Palhaços sangram tristeza...
A risada é fúnebre,
E a platéia aplaude!
A humanidade vive de desgraças,
E graças à humilde falta!
O reino é de tragédia,
O rei é a foice do abismo, o inimigo próprio!
A idéia é matar,
Matar pra ganhar o pão de cada dia...
E dia a dia a labuta é deixar o sangue correr!
Corram para ver...
Os corpos estão estirados ao chão,
Flashes brilham o verde transborda!
É esperança? Pancada na porta... É dinheiro que quero,
E espero... o verde transborda no vermelho sangue da fotografia
Espelhando a desgraça alheia de cada dia.
A guerra é viver... os jornais exibem o terror,
Horror é crer, é ver, é fazer, é ser:
O palhaço da risada fúnebre e se...
Sentir o corpo estirado ao chão...
O rei acorda... A platéia desperta...
No grito inconsciente de não.
Dê-me agora um beijo de adeus, de ternura e de tristeza.
Deseje-me boa sorte. O mesmo lhe desejo eu.
E não hei de lastimar o que eu fiz por amor... o que eu fiz por amor...Dê-me agora um beijo de adeus, de ternura e de tristeza.
Deseje-me boa sorte. O mesmo lhe desejo eu.
E não hei de lastimar o que eu fiz por amor... o que eu fiz por amor...
Eu em você
És a minha natureza
Rodeada de beleza
Encharcada de tristeza
Retratada como alteza
Conheço sua fraqueza
Não tens a sua certeza
Abalo sua fortaleza
Preciso de sua proeza
Seu falar é importante
Seu calar agonizante
Seu calor exorbitante
Sua frieza é maltratante
Sua voz, amaciante
Seu desprezo horripilante
Teu cheiro emocionante
Para mim és onipresente
Sendo ate onipotente
No momento abstinente
Tenho-te onisciente
De um passado recente
Remontando mentalmente
Essa vontade ardente
De te amar eternamente
Você conhece alguém que morreu de tristeza?
Dizem que nunca, ninguém morreu de tristeza, não existe na história da medicina ou nos boletins policiais alguém que tenha falecido de tristeza...
A tristeza não mata os órgãos, não apodrece como algumas doenças. A morte causada pela tristeza é mais dolorida que qualquer outra. Sim, porque te faz vegetar, você perde o sentido da vida, esquece que ainda está em “Terra”, que ainda respira, que anda, fala... Mas, quem somos nós para julgar a tristeza alheia? Quem pode dizer o que eu sinto ou o que eu não sinto dentro de mim? Só eu, só você, só ele, ela, sabe o que sente, o que se passa no coração, na cabeça. O “morto” de “tristeza”, continua andando, falando, respirando, mas preferiria, estar em um caixão, sem reação, sem vida, ao sentir dentro de ti, tal dor insuportável, onde o remédio é o tempo e sabe-se lá, quantas doses de tempo você terá que tomar até que essa doença se cure, ou pelo menos se controle. Quando não se dá importância para o tempo, a tristeza se alastra, toma conta de você, traz também os sintomas, depressão, choro, raiva, nojo, insegurança, paúra...
Ela trás reações visíveis, lágrimas, gritos, insônia, sono...
Ela é causada por vários motivos, a perca de um ente querido, de um amor “forever”, de um bicho de estimação...
A perca de um amor, pode ser a mais perigosa, você tinha em mente ter aquela pessoa em sua vida, pra sempre, envelhecer com ela, os dois, lado a lado, sentados em uma cadeira de balanço, mãos dadas, olhando o tempo. Ouvir durante a juventude “Eu não vivo sem você” e assim seguirem suas vidas juntos. Quando, um dia, como uma tempestade, aquelas palavras se definham, se tornam mentiras, falsidade, dissimulação. A pior das percas, o Amor.
Também a tristeza mais intensa, a que transforma uma vida de flores, em um bosque de espinhos, escuridão, dor, lástimas...
Você se revira na cama, se perguntando “Onde foi que eu errei?”, mas ninguém te responde, ninguém sabe o que dizer. Na verdade, nessas horas, não há muito o que dizer, só lamentar.
Tristeza, um sentimento, tão ou mais forte que o amor. O amor te transforma em uma pessoa boba, um ser de luz inexplicável de tão intensa, te dá asas, mas tira seu chão. A tristeza, não, ela te trás pra realidade, te mostra o mundo e como ele realmente é, cruel e frio. A tristeza te faz companhia, fica do seu lado quando você quer chorar, quando você quer desabafar... A tristeza fica do seu lado na vida e na morte.
Você chora, eu choro, ele e ela também choram... mas não por sermos frágeis ou por não termos amor próprio, mas por sermos reais, de carne e osso, não essa fantasia vista na TV, de pessoas lindas, com pessoas lindas, sorrindo, se abraçando, correndo na praia ou onde quer que seja a paisagem feliz que os coloquem. A tristeza não se esquece com dinheiro, jóias, viagens. Não existe cura para a tristeza, por mais que um dia você se sinta feliz, esse vírus volta, te ataca, te derruba.
Quando você se der conta, já terá morrido de Tristeza...
Hoje
Eu estou triste
Estou chorando
De tristeza
Mas
Não sei por que
Se meu motivo
É tão pequeno
Sabe
Aquele dia
Que não se sabe
O que faltou
Mas
É um só dia
E amanhã
Você chegou
É só mais um fim
Nova esperança
Você é tudo pra mim
Minha nova esperança
Que me dominou
Que me conquistou
Vem em paz
Sou teu guardião
O meu coração
Não aguenta mais
Esperar
Por você...
Lugar de Junho
É melhor não dormirmos
sob o árido labirinto da tristeza.
À nossa frente existe um pórtico
purificado por uma névoa de sons.
Vamos transgredir o limiar do absurdo,
porque encontramos um abrigo musical,
onde ninguém pode separar as nossas bocas
o percurso das águas outonais.
É verde o germe do sol nos nossos olhos
e, sem querer, a sombra de um pretexto
emerge do assombro de nós próprios
como um regresso plural da inocência.
Estamos num lugar de Junho
e qualquer sinal de ausência
pode ser apenas um veleiro
que partiu dos nossos dedos.
Graça Pires
Vou mandar embora toda minha tristeza
Vou cantar na vida de algum sorriso
Vou aproveitar dançar na alegria
Num sol de sussurro do amanhecer
Vou dar um abraço pegar a felicidade
Vou brincar com ela vou ficar com ela
Vou lhe dar uns beijos lhe fazer carinho
Vou me refazer pegar o compasso
Eu vou ai vivendo vou ai passando
Perfumando tudo vou ai cantando
Vou ai buscando sempre procurando
Não tenho juízo não tenho doutrinas
Guardo alguns segredos do meu coração
Que às vezes bate desnorteado
mas eu me refaço e eu passo
Vem cantar comigo vem dançar comigo
Vem beber de mim da minha alegria
Vem sorrir comigo eu te mostro o passo
Vamos ai passando vamos ai vivendo
Se refazendo em algum compasso
Da vida que é bela muito bela vida
Ho tristeza me desculpe
estou de malas prontas
hoje a poesia veio ao meu encontro
já raiou o dia vamos viajar
vamos indo de carona na garupa leve
do vento macio que vem caminhando
desde muito longe
la do fim do mar
Vamos visitar a estrela
da manha raiada
que bem sei perdida pela madrugada
mais que vai escondida querendo brincar, é
senta nessa nuvem clara minha poesia
anda se prepara traz uma cantiga
vamos espalhando musica no ar
Olha quantas aves brancas
minha poesia, dançam nossa valsa
pelo céu que um dia
vez todo bordado de raios de sol
ho poesia me ajude vou colher a vem
caslirios, rosas dálias
pelos campos verdes que você batiza
de jardisn do céu
Mais pode ficar tranqüila
minha poesia pois nós voltaremos
numa estrela guia
num clarão de lua quando serenar
ou talvez até quem sabe nós só voltaremos
num cavalo baio no alazão da noite
cujo o nome é raio, raio de luar.
raio de luar.
Caí sobre minha cabeça à garoa intensa como forma de lagrimas da tristeza do desagrado divino.
Eu amo tudo que me foi concedido sem motivos e sem sentido.
O frio da solidão é a imensa dor da saudade no coração.
Amor é divino e concedido a nós de alguma forma, somos amados sem que nós não sejamos cobrados de nada.
E vem a tristeza
A solidão
A melancolia acompanha meus passos
meus pensamentos...
vem como arame farpado, que envolve meus tornozelos
e me sangram me causam feridas quase que incuráveis
cicatrizes pela eternidade... onde andarei deixando esses rastros de sangue... essa tristeza e toda minha melancolia...
LIMPEZA
(Luiz Islo Nantes Teixeira)
Hoje senti uma tristeza
Quando fazia a limpeza
Do nosso apartamento
Separando os meus trapos
Recolhendo os retratos
E cada velho documento
Suas roupas bem dobradas
Minhas meias jogadas
E as gavetas pelo chao
Aquele sofa pesado
Meu piano bem afinado
O olhar refletindo na televisao
As paredes testemunharam as festas
De quando eu era feliz
Agora testemunham neutras
Nosso adeus infeliz
A entrega das chaves
As palavras amargas
E o ultimo aperto de mao
O trancar das portas
As passadas largas
Cada um na sua direcao
Hoje senti uma dor crua
Seguindo sozinho pela rua
E meu sonho que se evaporou
Procurei algumas respostas
A vi ainda linda pelas costas
Levando meu olhar que em voce ficou
© 2009 Islo Nantes Music
ESPINHO NA CARNE
Calei-me por um momento
Quando me perguntastes sobre minha tristeza
Fitado por alguns segundos
Tentando achar onde estou
Então me procurei no futuro
Apressei-me, a saber, que ali não estava
Então me procurei no passado
Confesso foi terrível as lembranças
Ao rever meu corpo violentado
Pelas marcas da ingratidão
Vi também meus olhos surrados
Por lágrimas que chicotearam minha face
Por causa de palavras vãs
E lábios fingidos
Não puderam compreender tamanha dor
Retornei rapidamente ao meu subconsciente
E percebendo que ainda me olhavas
Calei-me por outro momento
E senti que com o toque singelo
Dos teus dedos
Buscavas atingir o meu corpo
Mas sei que por mais brando
Que pudesse ser
Seria inevitável não tocar as feridas
Busquei confortá-la
Ao explicar a beleza de uma flor
Que na sua beleza
São repletas de espinhos
Basta apalpá-las e senti-las
A palma das mãos machucarem
E nem sequer lembramos seu perfume
Talvez nem sua cor percebamos
Somos parecidos ao sentirmos dor
Então observastes minhas palavras
E no silêncio deste momento
Calastes por um instante
Quando te perguntei sobre tua tristeza.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Novembro de 1997 no dia 04
RAIVA
Esta raiva que sinto, a revolta, a tristeza, a desilusão de todos os que me rodeiam, aqueles que eu considerava meus amigos, ou melhores amigos, têm sido uma desilusão, porque todos os gestos, atos que fazem demonstram o quanto mentem ao dizerem nos nossos olhos “Eu sou e sempre serei teu amigo”, nunca me passou pela cabeça ao pensar o quanto aquele “suposto amigo” era uma desilusão, e pensei que naquele momento ia acabar tudo, deixei de ver a luz, o sol, de ouvir a música que passava pela minha vida e tudo se concentrou naquele momento. A partir daquele momento, não voltei a ser a mesma, concentrava-se o mau humor, a raiva, a tristeza, a revolta dentro de mim… tudo o que me distraía naquele momento era a música, passava muito tempo seguido a ouvir, a cantar, bem baixinho, mas quando se acabava a bateria vinha uma tudo o que me tinha esquecido durante aquele tempo! Não sabia explicar porquê tanta raiva e tristeza de um simples amigo, eu sabia, bem lá no fundo sabia porquê, na verdade fartei-me de tanta mentira junta, falava mal de mim nas costas, inventava histórias, ria-se à minha frente e virava os meus amigos contra mim… todos os momentos passados foram uma farsa, apenas percebi que não vale apena ter tanta raiva, ódio, revolta por uma pessoa que nunca vai ser ninguém superior aos outros que gozava, falava mal e mentia, e que nunca vai ter uma pessoa realmente sua amiga e que goste dela.
Quando a tristeza vem Deus manda,
um olhar misericordioso
um vento que sopra amenizando a dor
uma criança, a alegria de lhe dar o que é necessário
um abraço humilde de gratidão
Dor e sofrer não se mede, se sente
Ouvi dizer que dor é um mistério
No ir e vir, aprendi a conviver
transformei-os em aprender
Na vida, temos dias de rocha, firmes
outros pétalas de rosas, frageis
Não quero ser aos olhos do que posso tirar
quero ser do que posso colocar
Ele me mostra os caminhos
ou escolho estradas de coragem...
ou de covardia...
Procuro anjos no caminho, pra me guiar
me manda os especiais
faz-me fortalecer
voltar ao equilibrio, a fleuma
sustentando um ser...
SoOlidão é falta de amOr
Tristeza é sentir se só em milhões de pessoas!
E quando cometermos um erro devemos correr, todo mundo erra.Prometo te pedir ajuda, e quando menos esperar seu grande amor ja se foi.Mas se quiser podemos arriscar juntos.
Prometo realizar todos os seus sonhos.E a coragem esta nos olhos de casa ser humano.
A coragem da vida é o triunfo da guerra esse é o fundamento de toda a eternidade remedio para os sentimentos nao há.
Sempre compreendi de voçe ter ido embora mas nunca me conformei!
Ontem à noite
Tua tristeza
Tua sonolência
Teu choro
Ontem a noite
Tua ausência
Tua inconsciência
Teu pensamento
Ontem à noite
Nada disso apagou o brilho do teu olho
Nada disso apagou a alegria dos teus poucos sorrisos
Nada disso te fez deixar de ser sincera
Ontem à noite
Percebí como é difícil não querer estar perto de ti
Como é difícil não querer teu carinho
Como é difícil não te desejar
Ontem à noite Comecei a criar um abismo
Uma separação
Um medo
Ontem à noite
Não foi mais uma noite
Tomei consciência de algumas coisas
E agora não sei quais decisões tomar
Ontem à noite
Quero lembrar como apenas uma noite
Alguns momentos
Alguns desejos da noite
EU
Tenho um sorriso falso...apenas para tentar esconder a minha tristeza, para abafar a minha dor silenciosa, para que ninguém descubra aquilo que vai dentro de mim…Tenho brilho nos olhos, apenas quando o Sol me acaricia o rosto enquanto choro…Digo piadas pouco ou nada verdadeiras, apenas para tentar esconder a minha realidade…Lutadora, bonita palavra, mas nem contra os meus próprios sentimentos eu consigo lutar…
Como se o meu pior pesadelo estivesse a passar numa qualquer sala de cinema, em que eu própria, era a única que estava a assistir ao filme…
Preciso de alguém que me acorde deste pesadelo infernal, me belisque... e me deixe voltar a ser quem eu era antes…
Apenas preciso enterrar este amor sem vida que teima em viver dentro de mim…O sorriso voltará e com ele vai trazer o meu brilho nos olhos e a vontade de viver…
Sinto-me presa…
Tudo aquilo que sofri e passei, até agora e para sempre, apenas vai servir para eu aprender um pouco mais em relação á vida…
Quero voltar a ser eu própria…
Quero matar os meus medos, sufocar a minha tristeza, secar as minhas lágrimas, apagar as minhas duvidas, rasgar o meu passado e virar a minha pagina, aquela pagina que ainda não consegui virar…Quero tirar-te da minha vida, apagar-te do meu passado e viver o meu presente, sempre, com olhos no futuro… Já não aguento mais correr este corredor sem fim, querer gritar e a voz não sair ...SEM ninguém me ouvir, querer encontrar a luz e ela não brilhar...Vou voltar bem atrás e tentar remediar o remendo que eu, por falta de coragem, nunca fui capaz de fazer…
Tal como eu sou…
Tal como eu deixei de ser…
Tal como eu vou voltar a ser
Os olhos de Ruth Cardoso
Soube com tristeza, pela televisão, da morte de Ruth Cardoso. Ela sempre transmitiu uma grande distinção e serenidade em suas aparições públicas, e quem a conheceu pessoalmente creio que também tinha a mesma impressão.
Os comentaristas acentuam o seu papel na criação do Comunidade Solidária, assunto que nunca acompanhei direito. De qualquer modo, ela foi muito mais do que uma “primeira-dama” (termo que detestava) ao lado do presidente, mas parecia ao mesmo tempo estar constantemente ao lado de Fernando Henrique e no seu espaço próprio, independente.
Para levar este post a um extremo de subjetividade, acho que havia algo muito próprio no olhar de Ruth Cardoso, e no seu tom de voz: ela parecia encarar os entrevistadores, as câmeras, não sei se com bondade, mas certamente com compreensão; não uma compreensão intelectual, ou política, mas compreensão humana mesmo. Atrás dos óculos grandes, os olhos escuros diminuíam um pouco, mas tinham algo de doce, sem ser sedutor: eu sentia certo conforto ao vê-los, mesmo na TV. Tinham, sei que a palavra é estranha, uma grande maciez.
Talvez eu imagine o quanto de compreensão, de perdão mesmo, ela teve de ter com Fernando Henrique ao longo da vida. Mas quantas mulheres não acabam desenvolvendo esse traço de caráter? Acostumam-se, quando não brigam de vez, a encarar o marido como uma espécie de menino crescido, que de vez em quando chega arranhado das brigas de rua, e se entrega fanaticamente à sua coleção de bolinhas de gude...
Mas é claro que, sendo intelectual, professora, e tendo vivido durante o nascimento e o apogeu do feminismo, ela soube viver a própria vida, sem a passividade das antigas esposas de presidentes, de homens de negócios etc.
Foi um fator muito importante para que ela não fosse uma deslumbrada com o poder. Imagino também que sabia, desde moça, que Fernando Henrique haveria de ser presidente (dizem que ele tinha certeza disso já na juventude). Sem deslumbramento nem arrogância, Ruth Cardoso mostrou, sobretudo, que na simplicidade está o segredo da distinção.