Textos de Tristeza
As pessoas te iludem, você aceita. As pessoas mentem, você perdoa. As pessoas voltam a negligenciar seus sentimentos, você surta. E depois todos continuam dizendo que é apenas um drama seu. Não me venha com essa história de drama, pois eu conheço muito bem essa sua futilidade. E se assim for, vá procurar um drama maior do que a sua existência.
Plante um bosque na alma, decore a vida com inteligência, valorize o que você possui. É uma pena, certos pensamentos devem ser expostos à certas pessoas. Expressar-se não deve ser nenhuma poesia, mas apenas o que você sente. Temos tanto medo de julgamentos, que acabamos esquecendo dos sorrisos que plantamos por ai.
Não seja tão inocente. Também sei fingir que não sinto sua falta, iludir que possui belos olhos e que sempre amei mesmo sem isso possuir significado algum. Sei lançar pedras e desviar o assunto para algo nada a ver, consigo viver no vazio e do vácuo criar uma tempestade para te atormentar. Julgo, bato palmas por sarcasmo, porque aliás, eu não me importo, nunca me importei. Eu sou como a sua hipocrisia.
Nossa vida é como um arquivo, daqueles que possuem gavetas. Nele, possuímos espaços que representam muitas pessoas, algumas que pouco incomodam, outras que ocupam um prédio inteiro. Bagunçadas ou não, parecem ter um valor sentimental significativo. Consideramos isso também como coisas ou objetos, porque aliás, achamos que é nossa propriedade, mas não são. Sabemos que as pessoas vem e vão, e teimamos em pensar que estarão conosco amanhã. Muitos espaços sempre estiveram vazios com teias de aranha aprisionadas no vão da alma. Ah e isso chega a ser até belo, parece não haver maldade, mas chegam pessoas novas e elas passam a ser parte do arquivo e, em algum momento, elas também vão embora. Sentimos-nos tristes, meramente abatidos por isso. Esse lugar já estava vazio antes, por que agora dói tanto olhar para essa gaveta vazia? Pelo simples fato de, antes, não haver vestígio algum dessa presença. Enquanto ela não existia estava tudo bem. A verdade é que você precisa escolher entre permitir que aranhas construam teias na sua alma por causa da solidão, ou fazer uma faxina depois que os entulhos foram arremessados para todos os lados.
Você ama, começa a amar uma pessoa como se não houvesse amanhã. De certa forma como um refém, um pássaro preso numa gaiola. Passa a depender de alguém, um sorriso, um bom dia, a música agradável que chega até si. Passa a ver o mundo de outra forma como se seu pequeno mundinho agora significasse muito. O Sol parece belo, o vento traz vida e os olhos enxergam o que não deveriam ver. Mas em algum momento a pessoa some, e você na inocência, acha que aquilo é passageiro e que a nuvem sairá da frente do Sol, mas não. Tudo continua sombrio, as nuvens são densas e indiferentes. Ótimo. Acabou. Só é preciso de um pouco de tempo, pois você acredita que o Sol irá brilhar novamente. E então o Sol reaparece, talvez depois de alguns dias, semanas, meses ou anos. Os raios são belos e você sabe que ainda está vivo, mas dai olha para si, olha para si mesmo e aprende, aprende que agora você é apenas um pássaro aprisionado que possui suas penas queimadas. Uma dor que não irá passar, nem com o tempo, nem com nada, pois uma cicatriz nunca desaparece, sempre estará ali para relembrá-lo da dor que um dia alguém semeou no seu coração.
À cada curva da vida possuímos medo, medo não sei do que, do desconhecido talvez. E isso é o mais impressionante, temos pavor de coisas que não existem e nunca aconteceram. Duvidamos da nossa sanidade e nos encolhemos num cantinho esperando que tudo fique bem. Um bem que não faria mal, um mal que não faria bem. Um pôr do Sol que você perdeu, um abraço que se foi, aquele eu te amo que tanto esperou. Mas é assim, nessas curvas da vida, cada um encontra seu meio de se perder e ser perdido.
Estar com a pessoa que nunca briga, que nunca sente ciúmes, que concorda com tudo é estranho, pode até existir, mas duvido muito que alguém seja perfeito à nível de ser idêntico em pensamentos e ambições. Continuo acreditando naquela velha história onde dois corpos não ocupam o mesmo espaço no mesmo momento. Existe uma diferença entre amar e gostar, concordar e respeitar, ser o que você deve ser ou aquilo que mais esperam de suas atitudes.
Olhei para o teto, estagnei a esperança, meus desejos, fiz vários nadas. Pensei no medo, no remorso, na perda, em pessoas que achei significar a minha vida e momentos inesquecíveis que nunca existiram. Mas assim é, plantamos sementes, colhemos frutos de ilusões às vezes. Escolhemos parcerias, as certas, as erradas, daquelas que dão dó de tantos erros que embolam e enrolam por ai. Fui enrolado, por uma vida, por cauda de serpentes, abastado pelas minhas críticas, críticas que também pareciam inocentes. Críticas que outros faziam de mim, rumores da minha imaginação, ingratidão, dor, sarcasmo. Acreditar que sabia de tudo, em como amar, amar os outros, à si mesmo, à ninguém. E no fim, tudo que me ensinavam era aplicado com uma boa dose de má vontade. O teto me encarava, me consolava, parecia dizer para eu acordar. Mas ainda assim, não o ouvia, deixava ele no silêncio e por esta razão, perdi pessoas, perdi sonhos, embora acabei percebendo o que era certo ou errado. Ficar calado é bom, é uma virtude da alma, mas não faça isso, não sempre. Negligenciar palavras com pessoas é péssimo, perdê-las é fácil. Palavras ferem, e palavras não ditas ferem muito mais.
Temos aqueles dias onde nossos olhos sentem dificuldade para ver e nossos pensamentos já acordam questionando-nos sobre a existência, e por incrível que pareça, esses são os melhores momentos para se viver. Aquele segundo épico onde seus pés tocam o chão à beirada da sua cama e o mundo parece afirmar: fiquem atentos, pois ele acabou de acordar.
Já deixei pessoas partirem e a cada despedida não dita, fui me sentindo mais leve como se pedras fossem removidas dos meus ombros. Pensei que isso era algo bom, mas descobri que de coração em coração lançados para longe, as pedras que eu tanto presumia como pesos foram me deixando mais leve, até que eu me senti sem chão. O vazio me embalava em seus braços.
Pobres de vocês, artistas que são reconhecidos por suas almas de dinheiro, por suas peças teatrais chamadas de futilidade moderna e seu sensacionalismo barato, que de aparência possuem apenas suas máscaras de falsidade e apresentam-se num teatro que se passa a céu aberto, ao blefe de medíocres que os adoram.
Conversar com velhos me deixa contente. Parecem sábios, pacientes, demonstram inocência e falam com um tom de seriedade que me assusta. Nunca saberei o que a vida reserva para cada um de nós, mas eles contam histórias com uma naturalidade vinda da alma, veem felicidade em pequenas lembranças, e nós, nós nunca sabemos como viver. Porque quando estamos tristes, um pedacinho de nós pode sorrir, mas quando estamos felizes, nunca sabemos como encontrar mais felicidade no rio da alegria.
Acredito que já perdi tempo demais sozinho, trancafiado no meu beco escuro e entristecido da alma. Cada minuto é uma batalha constante pra ver, e ouvir. Tenho planos, pretendo conversar com pessoas, escrever um bocado de coisas que farão meu coração saltar pela boca, ou talvez, o coração de alguém. Mas dai a noite chega e eu não sei por onde começar ou, terminar o nada feito. Afinal, não costumo significar nada para a maioria das pessoas e muito menos, elas para mim.
Ter alguém torna tudo mais simples para suportar, a vida, os problemas diários, as lágrimas. Mas se não for pra amar de verdade, nem se aproxime, se não for pra aguentar junto, que sofra sozinho. Pois essa é a minha lógica, relacionamentos não são feitos apenas para sorrir e momentos fofinhos, me enoja saber que lágrimas não são compartilhadas e reciprocidade perde-se em meio à falsidade. Se quer amar, que seja até nas dificuldades, porque caso contrário, se as pessoas desejassem ilusões, estariam num deserto admirando miragens.
Sabe o que é triste? Olhar para o relógio e ver o tempo evoluir, analisar os ponteiros e esperar que tudo seja resolvido. Mas não resolve, o tempo dá voltas e voltas e a pessoa que você tanto espera também não volta. Então você deduz que o melhor a fazer é seguir a vida, mas dai você se pergunta como e onde prosseguir. Porque entre todas as incertezas você apenas sabe que se perdeu, e agora, não consegue se encontrar.
Sei que ao alcançar um sonho, provavelmente vou estar mais morto do que vivo. Diferente do que as pessoas dizem, os sonhos não nos tornam fortes, deixam-nos vulneráveis. As pessoas nunca entendem a diferença entre reconhecimento e realização. Procuram notas de dinheiro achando que só porque são feitas de folhas de papel, elas serão leves e podem voar até si, mas não, nunca voam porque mãos humanas as seguram. Nunca entendem que não importa a quantidade obtida, muito menos a realização, mas o peso que você carrega na alma. Quanto mais longa for a jornada, mais os sonhos pesam. E o que antes era um sonho, agora tende a ser um pesadelo. Se sua busca era ter uma estabilidade física, prepare-se para a instabilidade da alma.
Algumas noites são simplesmente muito difíceis. Enquanto o dia ainda tem luz, nem sempre nossos fantasmas estão prontos para nos assombrar. Mas eu sei que hoje não é só eu que me sinto assim. Quando fecho os olhos posso sentir o coração de milhares outras pessoas batendo, no mesmo ritmo cansado do meu. Ele nem sequer quer bater. Cada respiração é mais difícil de continuar… Acho que a demora para cada batida acaba me dizendo o quanto ele está machucado. Sou muito sensível, preciso de alguém para respirar por mim. Me respire. Traga minha alma até seus pulmões, me sinta por dentro, expire o meu espírito. Me diga o que você sente. O que é? É doce, amargo? O que eu sou? Porque me sinto tão pequeno perto de um mundo tão grande. Mas eu sou o oceano, e não o mar. Eu sou a lua, e não as estrelas. Há um universo dentro de mim. Espero que eu possa me derreter no seu corpo, e me dissolver em você… Eu quero desaparecer em outra pessoa. Não há mais lugar no mundo para pessoas como eu. Intoxicado com a loucura, estou apaixonado pela minha tristeza… Me deixe estar em você… Nem que seja por um tempo. Você pode partir de manhã, mas antes me abra, me sinta… Me tenha. Me lave… Me revire por dentro, e me ame até o caminho da saída.
Aprenda a amar aqueles que machucam você, porque provavelmente, eles são os mais próximos que caminham ao seu lado. Não importa o caminho ou como eles aprenderam a respeitar ou chutar pedras. Pense em todos que você já machucou e que agora, fazem o mesmo. Viver é uma prova de paciência, queimar pontes, reconstruí-las. E amar, amar é um veneno que pode ser também uma cura.
Minha guerra não era real, era invisível. Os sentimentos eram pesados como chumbo e minha caixa de munição já estava vazia. Não havia outro jeito, eu precisava distribuir doses de emoção aniquiladoras como bombas, corrosivas como ácido. A dose letal era um pouco de atenção. Uma atenção que nunca existiu, uma atenção patética envolvendo pessoas. Eu só desejava sorrir, embora boas munições de verdade afastam qualquer um. E nessa guerra, nem todos entendem as razões. As emoções precisam ser livres, precisam fugir da guerra da solidão e encontrar um abrigo aconchegante ao seu lado.
Reflito sobre os anos da minha vida com grande desdém. Ela é tão limitada, tão escassa, tão bela, mas às vezes, tão distorcida. Não existem palavras para definir o bem mais valioso que possuo. A vida é uma paixão e eu preciso seguir ela. Pergunto-me sobre o que eu gostaria de fazer hoje ou com quem eu gostaria de estar, pergunto-me sobre o tempo e meus sonhos, sobre o sentido dúbio das coisas: sonhar em ser escritor ou escrever de verdade, tocar uma vida ou trocar de vida, fazer valer a pena ou fingir congelar as horas. Meu tempo é algo muito precioso e por sinal, astuto. Ele rege a minha existência, embora no fim das contas eu mesmo dou as ordens. Sou o dono do meu destino, sou o tempo que escorre pela ampulheta, sou o prisioneiro da minha alma. O desdém é pasmo, mas para ele mesmo.