Textos de Saudade de Falecido
"Pra você não importa se choro ou se sorrio.
Pouco importa se, em minha face rola apenas uma gota de lágrima, ou de lágrimas, um rio.
Sua indiferença se tornou meu martírio.
Meu refúgio, até minha calma e acima de tudo, meu delírio.
Por quê tudo isso, logo comigo?
Logo para com aquele que, ofereceu-lhe amor e abrigo.
É estranho, é esquisito.
Não entendo nada disso.
E mesmo ébrio, eu não sou capaz de fugir de tudo isso.
Quanto mais me bate a embriaguez, mais vontade sinto de estar contigo.
Nada me deixa mais bêbado, que a falta do seu beijo, onde eu encontrei um refúgio, um abrigo.
És covarde comigo.
Arriscaria eu dizer que, tal covardia, cometes também consigo, por não estar comigo, sendo feliz, sorrindo.
Eu corro e corro mais uma vez e ainda sim, não sou capaz de fugir de tudo isso.
As decepções já se tornaram um vício.
E quando as lembranças de ti, já não me causarem um aperto no peito, ai correra perigo.
Pois já não desejarei estar contigo.
O jogo de amarguras é um ciclo.
Então nesse dia farei com você, tudo aquilo que fez comigo..."
"Já não sei porquê ainda recorro à ti.
Reflito sobre nós e me pego envolto em 'por ques' e 'ses'.
Nem eu sei o que eu fiz.
O que eu sei? Só quero você aqui.
Será que um dia voltará pra mim?
Uma hora vou abdicar das verdades e começar a mentir.
As mentiras que contarei? Já te esqueci.
Posso viver sem ti.
Já não me preocupo tanto assim.
Mentiras que, importam menos pra você do que pra mim.
Mentiras que, não conto pra você mas conto pra mim.
Infelizmente é assim.
Abro mão de todos os inícios para não ver o início do nosso fim.
Após todas as tempestades, como calmaria, estarei aqui.
Por ti.
Por nós, por mim.
Infelizmente, para o meu desgosto, é assim..."
"As minhas palavras me parecem vazias.
Suas atitudes, como sempre, evasivas.
Tento com todo esforço, aproximar-me, mas você se esquiva.
O que me tortura são as lembranças e as palavras não ditas.
Palavras que, por mais que eu tente, não podem ser escritas.
Sua frieza é minha cripta.
Onde jazem as lembranças da nossa despedida.
Talvez uma palavra a mais, poderia tê-la feito minha.
O meu pecado foi, ter feito do teu beijo, minha religião, menina.
O meu erro foi, ter feito do seu abraço, o meu abrigo naquela noite fria.
Amar-te daquele dia até o último dos meus dias, será a minha sina.
Espero que volte, algum dia, pra minha vida.
E transforme toda a tristeza em alegria.
E faça que eu não mais apenas sobreviva, mas viva..."
"Agora estou eu, desamparado.
Meus pensamentos, aos poucos, me tornam um homem perturbado.
Me estrangulam os sentimentos que eu deveria ter estrangulado.
Lembro do teu sorriso, sinto o gosto do beijo, fico desesperado.
Eu devaneio e torturo-me com as memórias de momentos que, se eu pudesse, teria eternizado.
Agora, suas doces lembranças, me trazem um gosto amargo.
No fim, minha única certeza é; Eu sou o único culpado.
Por ter um coração parvo.
Por, com excesso de covardia, ter lhe abandonado.
Por com nós, um dia, ter sonhado.
Por com ávida intensidade, ter lhe amado.
E no fim, por nas juras de amor, ter acreditado.
Hoje mais do que nunca é certo; Meu coração é um lacaio..."
"Me sinto perdido.
É quando o mundo já não tem mais graça que mora o perigo.
Eu só sobrevivo.
Pois meu viver você levou para longe, com o seu sorriso.
Não entendo nada disso.
Como posso ser feliz se só o sou quando está comigo?
E as juras de amor, era verdade tudo aquilo?
Sua indiferença é o meu martírio.
O que lhe digo são coisas do amor mas será que sabes o que é isso?
Em algum momento foi capaz de senti-lo?
E minha vida perdeu o sentido.
Pois perdi os teus abraços, que eram o meu abrigo.
Comigo eu brigo.
Por não compreender o que me foi acometido.
Da solidão, tento me esquivar, com afinco.
E nessas lutas pelas madrugadas a fio.
Me sinto perdido..."
"E hoje eu já não sei se é realidade ou uma ilusão.
Sei as verdades do meu mas, não sei as verdades do seu coração.
Existe amor longe dos seus olhos, do teu abraço, dos teus beijos ou do teu cheiro, minha paixão?
O que eu sei; longe de você só me existe solidão.
Creio eu que, não pode tudo ter sido em vão.
Foi o teu olhar que me tirou a razão.
É só no seu beijo que encontro minha calma e perco o meu chão.
Eu tento resistir mas, fraco que sou, caio na sua tentação.
No fim, se errei, o que me resta é pedir-lhe perdão..."
"O vento frio da noite me extasiava.
Em meio a multidão, desesperado, eu te procurava.
Então naquele momento, eu te encontrei e o ar me faltava.
O meu sonho em vermelho, minha felicidade ao longe, eu avistava.
O coração gritava, minh'alma abalroada.
Tornava-se realidade o que eu tanto sonhara.
Minha alegria, nos meus braços, eu vislumbrava.
A cada beijo, a cada toque, a cada palavra, me desmontava.
E tudo só me dava a certeza que ela eu amava.
Eu daria mil vidas para que aquela noite fosse eternizada.
E as estrelas foram testemunhas de quê, naquela noite, eu amara..."
"Ganho o meu dia com o seu sorriso.
Atônito, não acredito no que fez comigo.
Beldade da pele morena, tudo em ti é lindo.
Riqueza de verdade é ter, dos teus olhos, o brilho.
Incrível o que sinto agora, você me levou o juízo.
Ela é incrível, a cada palavra dela eu mal respiro.
Linda, bela, perfeita, não te merecem qualquer dos adjetivos.
Amor meu, quero você hoje, bem mais que ontem, aqui comigo, você é meu abrigo..."
Em toda a minha vida nunca tive muitas demonstrações de carinho, talvez isso explique o facto de não saber lidar com emoções ou carinhos.
Posso afirmar que não sou esta pedra de gelo que aparento ser, sou muito mais que uma pessoa fria e sem sentimentos.
Os sentimentos não se vêem por fora e embora seja um bloco de gelo por fora, por dentro sou um misto de sentimentos, dores, sorrisos, amores, medos, decepções, choros e alegrias.
Quando me apaixonei pela primeira vez, deixei todos esses medos e receios de lado, atirei-me de cabeça sem medo de cair. Dei tudo de mim, tudo o que tinha e o que não tinha, dei tudo o que podia e o que não podia dar, dei uma grande parte de mim para alguém que não soube cuidar.
Não estou arrependida de o ter feito, pois tudo o que dei foi verdadeiro.
Não vou mentir e dizer que não doeu, porque doeu, doeu muito. Doeu saber que nem sempre somos o suficiente para alguém e que nem sempre somos quem a pessoa espera, doeu saber que todos os desejos e sonhos com essa pessoa jamais se realizarão no futuro.
Com tudo isto aprendi que é preciso aceitar que não existe mais espaço para nós na vida de alguém, que existem amores rasos, que nem amores são, são apenas ilusões e que as pessoas vão embora para que outras melhores entrem nas nossas vidas.
Levei muito tempo a entender isto, ainda hoje não entendo muito bem, mas aceito as coisas como elas são, então, tal como todos tenho as minhas inseguranças e por não querer demonstrar a pessoa frágil, sensível e sentimental que sou, escondo-me por trás desta mascara de pessoa fria.
No fundo sei que nunca vai existir ninguém capaz de me amar e de me aceitar tal como eu sou, esta pessoa cheia de defeitos.
Deixei de acreditar no amor, sempre que gosto de alguém as pessoas fazem um sentimento crescer em mim para no fim irem embora sem nenhuma explicação.
Esta foi outra lição que vou levar para vida, nunca cultivem algo que não têm a certeza que sentem ou que querem levar para a frente porque nunca sabem o quanto esse sentimento cresceu dentro da outra pessoa.
Não acredito no amor, acho que não existem pessoas que saibam amar, amar é muito mais que beijar e abraçar, amar é estar lá, hoje, amanhã e sempre, nos bons e maus momentos, amar é cuidar e respeitar, ajudar e elogiar até mesmo os defeitos, amar é aprender a ouvir e compreender o outro, amar é ser livre e poder realizar todos os sonhos, amar é algo simples e sincero, amar não é dizer "amo-te", amar é a intensidade em nós, é podermos ser quem somos, amar é amar e ninguém sabe fazer isso hoje em dia, nem mesmo eu.
Às vezes queria poder fugir de quem eu sou, do lugar onde estou, quem sabe desaparecer por uns pequenos segundos.
Queria poder agarrar em todos os meus sentimentos e viajar com eles para outro lar, deixando-os para trás sem querer e começar do zero, com outro nome, outro jeito de ser, com uma nova forma de amar.
Talvez assim eu tivesse tempo para me curar de todas as cicatrizes e aprendesse o verdadeiro significado do amor, que por certo não é nenhum dos que me falaram até hoje.
Na minha mente eu imagino
Como seria ter você aqui comigo
No coração eu esclareço
Que te amar tem um preço
Em uma lágrima te explico
O quanto é bom ficar contigo
No pensamento só te vejo
E sei que não é só desejo
Com meus lábios eu te beijo
Cada um deles é perfeito
Minha pele te quer por perto
Se você está longe não me sinto completo
Encontrei uma linda rosa no jardim,
Era a mais bonita do seu lar,
Será que ela gostará de mim?
Ou irá apenas fazer-me sangrar?
Eu ainda não a colhi,
Mas desde o primeiro dia que a vi,
Que não paro de me lembrar,
Da forma como ela sorri,
E do seu enorme desejo de amar.
Não sei se deva dar,
Dar tudo de mim.
Onde a irei semear?
E se ela não quiser deixar o jardim?
Talvez não seja o momento,
Ou talvez seja a hora certa,
A verdade virá com o vento,
E eu vou estar sempre alerta.
À espera que esta linda rosa,
Feita em prosa,
Goste de mim,
E talvez, eu more com ela no seu jardim.
Não sou poeta, mas "nua"
Aprendi a citar cada verso teu.
Decorei cada rima,
como um pintor decora a paisagem do céu.
Não sou artista, mas "despida"
Contornei cada linha tua,
Pintei cada traço e forma por outros esquecida.
Como um cantor toquei a tua melodia favorita na rua.
Não sou poeta, nem cantora,
Não sou atriz, nem pintora,
Mas se fosse serias a razão,
Para cada traço, linha e verso,
Serias a minha maior inspiração.
A dama da noite.
- Mar, você me ama? Perguntou a Lua, ao Mar salgado e irritado,
- Porque amaria alguém que está tão longe de mim? Tenho a areia que me completa. Respondeu o Mar.
- Sol, você me ama? Perguntou a Lua, ao orgulhoso Sol.
- Porque eu amaria alguém que ofusca meu brilho? Respondeu o Sol.
Então, a Lua se retirou e foi em busca de quem pudesse amá-la.
Não muito longe dali, um homem se questiona noite pós noite:
- Lua, por que não me ama?
- Como poderia eu, rainha da noite, amar alguém tão pequeno assim? Disse a Lua ao homem com um tom debochado.
O homem, pediu que a Lua testasse seu amor por ela.
- Vá até o Vale, onde os sonhos nascem e traga para mim uma semente.
A semente que a Lua se referia, era o sonho que o homem alimentou por todos os seus anos de vida, o amor.
- Pois bem, dê a mim o que nenhuma outra pessoa recebeu de você. Disse a Lua, e imaginando que o homem iria dar a ela ouro, prata, ou qualquer outro objeto humano, ela sorri de uma forma sarcástica.
- Eis que hoje, dou a rainha da noite meu coração, o qual não entreguei a ninguém, embora mesmo não entregando ele foi machucado, más é o bem mais precioso que tenho para lhe dar!
Tirou então um punhal e acertou em seu coração.
- Entrego a você o que ninguém jamais teve, cuide, assim como eu gostaria de cuidar de você, adimire-o assim como eu te adimirei, pois nem o salgado Mar nem o orgulhoso Sol podem ter o que você tem.
O homem morreu ali no pé daquela colina, a mesma colina onde a Lua se levantava todas as noites. Emocionada com o feito daquele pequeno ser, derramou lágrimas sobre o homem, a noite nunca tinha sido tão demorada como foi naquela.
E sobre aquela colina, uma pequena árvore nascia e todas as noites suas flores se abriram e um perfume doce saia delas. Todas as noites a Lua era lembrada de quem um dia a amou de verdade.
Viajo e volto sempre que posso, a aquele lugar só nosso, que sonhamos construir...
O lugar mais que perfeito, onde ao menos do mesmo jeito, ninguém mais ia de partir...
O tempo passou ligeiro,
fez de nós passageiros, da saudade prisioneiros, nesse eterno ir e vir...
Quem sabe paro o ano te vejo, depois do dia primeiro, talvez de março a janeiro, ou lá pro outro fevereiro, se assim Deus permitir...
Naquele lugar chamado encontro, tem um coração sempre pronto, quem quiser pode chegar sem ter hora de partir...
ARIDEZ NO CERRARDO
A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...
Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...
Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...
Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...
O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo
Escassez, de você no cerrado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
DÓI-ME TANTO
Dói-me o cansaço que trago em mim
Dói-me a obrigação de reviver a dor
Dói-me o suicídio nostálgico imposto
Dói-me cada passo que dou sem fé
Dói-me o pesar que me tolhe a voz
Dói-me não amar como desejo amar
Dói-me a ilícita dor que me consome
Dói-me este ópio agarrado à minha pele
Dói-me os sonhos levados pelo vento
Dói-me os castigos que a vida me tem dado
Dói-me este combate desigual todas as noites
Dói-me o luto contra o pior dos inimigos
Dói-me este meu remar contra a maré
Dói-me para me libertar deste eterno mal
Dói-me a insónia até de madrugada
Dói-me o sangue derramado no corpo vazio
Dói-me a secura da boca do vinho azedo
Dói-me ouvir as queixas a quem roubaram a vida
Dói-me as palavras gritadas em versos
Dói-me as lágrimas derramadas em silêncio
Dói-me no fundo a secura das despedidas
Dói-me a palidez dos rostos em saudade
Dói-me ver os amantes da noite em desamor.
A orquestra sinfônica de Tenerife toca ao fundo
enquanto eu escrevo essas palavras.
Como essa soprano consegue levar a voz a esse alcance?
Se eu soubesse faria chegar minha voz até você.
Te fazer saber.
Homem com pensamento cativante,
Que tira inspiração de cravos em maçãs.
A opera agora é de Vivaldi
toca sobre o inverno.
Isso me lembrou você,
Que me faz sentir primavera.
Colhi uma muda de jasmim
No jardim mais belo que vi
Cuidei da plantinha que havia em ti
E a plantei num cantinho em mim
Sigo a vida, sentindo seu cheirn
Feliz demais por ser assim
Mesmo que distante de tudo, enfim
De você, de seu olhar, num sem fim
A saudade machuca só um tantin
Pois brinca em meu quintal
Um gêmeo faceiro de seu anjin
Eu devo estar louco.
Minh'alma, ébria de amor, engana meu corpo bobo.
Passo sufoco.
As cores da minha vida, se esvaem, pouco a pouco.
Tudo ao meu redor, preto e branco, lembra-me de ti, socorro.
Me sinto um tolo.
Por crer que, minha sede de paixão, morreria nas águas do seu poço.
Não me perdoo.
Por deixar-lhe voltar de novo.
Tenho um nada de zelo e ti, age com dolo.
Pois quando a saudade, à ti, grita meu nome, tu vens à mim, com gosto.
E eu parvo, outra vez, com o coração suplicando, te perdoo...