Textos de Rita Lee

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Ficou tudo tão vazio desde que você foi embora.
Não quero mais me arrumar, nem ir pro bar, sei que você não vai estar lá.
Fico esperando você abrir a porta do meu escritório fazendo a mesma pergunta de sempre, mas nunca mais vai acontecer.
Nem durmo mais com o celular do lado do travesseiro porque você não tá mais aqui pra me ligar de madrugada, inventando a desculpa mais boba do mundo só pra vir pra minha cabine e dormir de conchinha.
Nem quis mais enrolar o cabelo e me maquiar, de repente parou de fazer sentido.

Nunca imaginei que fosse sentir tanto sua falta.

⁠Amanhã será muito melhor.
E se você está feliz por ser feliz amanhã, então eu também estarei feliz por você.
Quero dizer, é claro que você sabe que estou sempre feliz em vê-lo, mas se você também está feliz em me ver, também estou feliz.
Amanhã eu espero que você aproveite, mesmo que seja cansativo ou se você tiver um dia difícil amanhã, eu só espero que você encontre uma pequena coisa boa amanhã, pelo menos.
Se você não conseguir encontrar isso, eu o ajudarei, mas desejo tudo de bom para amanhã e os dias que virão.

Basta vires tu. Tu e o abraço. Não precisas sequer de algo dizer, chega só tu e o abraço. Aquele abraço que me cala, sossega e aquieta. Aquele abraço que me faz fechar os olhos, respirar fundo e sorrir.
Bastas-me tu. E o abraço. O que me conforta e descansa. Tu e aquele abraço calado que me traz todas as respostas. Aquele abraço que me retém contra o teu peito. Aquele abraço que faz de mim miúda. E invencível.
Basta vires tu. Eu já cá estou.
Trazes o abraço?

Basta um abraço. Nada mais que o silêncio de um abraço. Bastam uns braços. Os teus braços ao meu redor. Nada mais que a força do teu abraço em mim.
Basta um abraço. Um abraço que tudo acalma. Uns braços que nos protegem. Uns braços que nos envolvem e seguram. Que nos aquecem e acalmam.
Basta um abraço. O teu. Em mim.

Somos bagagem. Somos feitos de coisas que trazemos da vida. Carregamos connosco todas as alegrias e desventuras que já conhecemos. Todas as lágrimas choradas e todos os risos sinceros. Todos os tombos que demos e as nódoas negras que os recordam. Todas as vitórias conseguidas e o suor que as fez alcançar.
Todos somos bagagem. Pedaços de coisas que conquistámos. Fragmentos de experiências. Peças de um todo, que sozinhas não fazem sentido.
Todos trazemos bagagem. Malas cheias de sonhos. Caixas com sorrisos. Pacotes de tristezas. Sacos com saudades. Caixotes com conquistas.
Todos temos bagagem. Emocional. Material. Sensorial.
Somos bagagem. E precisamos de que o outro esteja disponível para nos ajudar a desempacotar caixotes. Mas, antes disso, precisamos de estar disponíveis para aceitar a bagagem do outro.
Somos bagagem. Eu e tu. E, a tua bagagem, é como se minha fosse. Basta entrares e pousares as malas. E recostares-te.

Pega-me na mão e diz-me que vai tudo correr bem. Olha-me nos olhos e sorri. Dá-me um beijo e conforta-me. Faz-me um afago e acalma-me. Abraça-me e diz que ficas comigo para sempre. Que vais tomar sempre conta de mim. Que sabes que eu estarei sempre ao teu lado da mesma forma. Que nada existe que nos faça deixar de gostar um do outro.
Promete-me ficar e eu prometo-te não me ausentar.
Toma conta de mim. Que eu tomo conta de ti.

Não sei desde quando te amo. Não sei quando percebi que tu eras eu. Não sei desde quando soube que me acompanhas desde sempre. Não sei desde que eternidade fazes parte de mim.
Mas sei o exacto momento em que descobri que te amava antes. Sei desde quando percebi que tu já eras o meu sítio. Sei desde quando soube que antes já te queria para sempre.
Estranho? Provavelmente. Mas sei que sempre soube. Há coisas assim.

Azar? Azar é não tentar, não é não conseguir chegar ao destino que queremos. Azar é não sair dos trilhos e ver o que está do outro lado da vida. Azar é cair e recusares levantar-te. Azar é cruzares-te com quem não queres e deixares que isso te faça mal. Azar não é nada acontecer, é não tomar a iniciativa.
Azar? Azar é acreditares que o azar existe e que te condiciona.
Azar é não conseguires sorrir quando o dia coloca uma nuvem cinzenta por cima da tua cabeça. Azar é não abraçares as coisas simples que te fazem feliz. Azar é esqueceres-te de quem és. Do que queres.
Azar é esqueceres-te de ti.

Ontem ao adormecer: em quem pensaste? Quem foi a última pessoa que te cruzou o pensamento? Quem, naquele momento em que ainda não deixaste que o sonho te invada, permaneceu na tua mente? Quem se instalou no teu querer e fugiu contigo para o teu sono? Quem levaste contigo dentro da tua alma?
Hoje ao acordar: em quem pensaste? De quem eram os braços que te apeteciam? De quem era o beijo que esperavas que te acordasse? Quem querias sentir junto a ti nos primeiros raios da manhã? De quem era o cheiro que te querias aperceber antes dos olhos sequer abrires?
Ontem, tal como hoje: adormeci e acordei contigo.
E tu, meu amor? Em quem pensaste?

Prometo. Prometo que continuarei a ser sempre eu. Que não mudo o meu mau feitio. Que continuarei a não deixar nada por dizer. Prometo que continuo a levar o mundo à frente quando quero algo. Prometo ter sempre um sorriso e um colo. E lágrimas. E um abraço mesmo nos dias maus. Que continuarei a fazer disparates se me deixares. Que continuarei a ser a mesma miúda rebelde e senhora ajuizada.
Prometo. Prometo ser eu. E o que prometo cumpro.

Definir saudade? Não consigo. É dos sentimentos mais avassaladores que existem. Como se descreve o vazio? O silêncio? A ausência? O pedaço de nós que se ausentou?
Saudades não é só sentir falta de alguém. É sentir a falta de alguém em nós. Dentro de nós. É ter saudades de nós com alguém. É o estar por estar, e o ser por ser.
Como se traduz em palavras aquilo que a saudade corta sem nada nos tocar. Que fere. Que magoa. Que esvazia. Que ecoa. Que enlouquece.
Nada disto se assemelha à saudade que sinto. São pequenas as palavras que a descrevem.
Definir saudade? Não me é possível. Talvez por a sentir tão em mim. Talvez porque me toque na pele todos os dias. Saudades. Infindas. Sempre!

Diz que é paixão. Diz que é urgência de dois corpos que não separam mentes. Que é a pressa de chegar aonde de nunca se ausentaram. Diz que é a sofreguidão de um beijo que não pôde ser no imediato saboreado. Que são mãos ávidas de saudade de um toque que ficou marcado. Diz que é a ansiedade de sentir ali no momento o toque desejado. Perceber que pele com pele, arrepia. E que, olhos nos olhos, se ansia.
Diz que é paixão.
Ou diz que será amor?

Não sei quem tocou em quem. Não sei quem chamou quem. Quem puxou o outro até si. Não sei qual de nós desviou o outro do seu caminho e o fez entrar por outra vida adentro. Não sei qual de nós trocou o coração de lugar. Não sei quem falou primeiro e não deixou o outro calar. Não sei quem não larga e não deixa o outro ausentar-se. Não sei quem jogou o primeiro jogo e deixou o outro ganhar. Não sei quem renasce quando o outro sorri. Não sei quem morre um pouco quando o outro se afasta. Não sei qual é o carente ou quem de nós quer mais mimo.
Já não sei se eu, sou tu. Ou se tu, és eu.
Acho que somos apenas nós.
E isso basta-me.

E é isto que é difícil: sentir que nos beijam a alma. Sentir que alguém se dá a esse trabalho. Que se empenha para chegar onde outros não chegam. Que quer de nós precisamente aquilo que não vê, mas aquilo que sente que somos. Que nos quer: por inteiro.
Beijar alguém é fácil. É um puro acto físico. Basta juntar duas bocas e um beijo está dado. Frio, vazio e sem sentimento. Apenas uma acto. Nada acrescenta e nada ensina.
Beijarem-nos a alma é que é difícil. Beijarem-nos e sentirmos que o mundo desabou. Beijarem-nos e percebermos que aquilo é tudo que ambos queremos. Beijarem-nos e finalmente sossegar. Beijarem-nos e apenas ficar.
Que quando duas almas se querem beijar, que nada as consiga travar!

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Agradeço o interesse pela minha alma e as centenas de textos, mensagens e vídeos para eu reencontrar a Deus. São gestos de carinho, eu sei, mas creiam-me: quanto mais vejo estes vídeos e textos, mais sólida fica minha posição. Agradeço também os salmos diários e os trechos bíblicos enviados. Não é por falta de contato com a Bíblia que eu sou ateu. Hoje eu passei duas horas e meia relendo cartas de Paulo em função do que estou escrevendo. Enviar trechos bíblicos para mim é como enviar pornografia para um senhor de 96 anos: eu lembro daquilo, já gostei, mas não provoca nenhuma reação mais em mim há muito tempo.

Nem sempre o amor ganha. Às vezes você terá que abrir mão dele pra continuar. Às vezes é o outro quem irá embora. Não por egoísmo ou intuição, mas por força. É preciso força para abandonar coisas, roupas que não servem mais, pessoas que a gente ama muito. É com muita força também que você segue em frente. E encontra outros motivos para viver. Porque força e coragem dependem de você.

⁠ROCK LEE na luta pra mim
Venceu o Gaara com garra
RITA LEE na música cantou
Encantou e descansou
BRUCE LEE inspirou
Era pura arte
Mais que marcial
Invadindo as telas
As mentes e os olhos
STAN LEE e escrevia
E até hoje leio
Num instante te leio
Na minha estante
LEIO: fe LEE pe, o LOBATO.

Inserida por fellipe2023

Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobrefundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.As coisas.

Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam para casa.

Estão menos livres mas levam jornaise soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia.

Mas é uma flor.

Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

O Homem Escrito

Ainda está vivo ou
virou peça de arquivo
sua vida é papel
a fingir de jornal?

Dele faz-se bom uso
seu texto é confuso?
Numa velha gaveta
o esquecem, a caneta?

Após tantos escapes
arredonda-se em lápis?
Essa indelével tinta
é para que não minta
mas do que o necessário
é uma sigla no armário?

Recobre-se de letras
ou são apenas tretas?
Entrará em catálogo
a custa de monólogo?

Terá número, barra
e borra de carimbo?
Afinal, ele é gente
ou registro pungente?