Textos de Reflexão
Vida
Todo dia ao amanhecer
Me lembro dos meus planos
De infância e juventude
Dos amigos de escola
da minha bicicleta
daquele dia de chuva que não volta mais
E cada dia traz um recomeço
Memorias perdidas
lembranças esquecidas
Se o futoro é daqui a um segundo
e cada passo que se da
é como um pulo
É preciso viver
É sonhar
É preciso ter fé na vida
É preciso se dar
É amar
é preciso ter fé na vida
Tão incerta quanto certa é a morte
Vidas paralelas podem se encontrar
Mas é preciso cuidado ao andar
Se as pedras no caminho
Não te deixa continuar
É preciso viver
É sonhar
É preciso ter fé na vida
É preciso se dar
É amar
é preciso ter fé na vida
ATAHUALPA
Atahualpa foi um imperador inca que nasceu em março de 1502 em Quito, atual capital do Equador. Era filho do imperador Huayna Cupac, famoso por manter uma política rígida e cruel com seu povo, com a princesa Tocto Pala.
Antes de dar a luz à Atahualpa, Tocto Pala havia desposado primeiro o pai de Huayna, Tupac Yupanqui. Como a cultura inca era hereditária em praticamente todos os sentidos, a morte de Tupac acabou fazendo com que Huayna se tornasse imperador e, consequentemente, marido de Pala.
Huayna havia cedido para seu filho o território norte da Cordilheira dos Andes, que abrangia parte do Peru e praticamente todo o Equador, em consideração a Pala. Entretanto, o imperador também tinha outro filho, Huascar, a quem havia lhe entregado todos os territórios andinos do Sul, que tinha sede em Cusco.
Com a morte de Huayna e, não muito tempo depois, a morte de seu filho primogênito que iria substituí-lo no cargo de imperador, havia dúvidas sobre quem seria o novo imperador inca. Huascar, que dominava Cusco, histórica sede imperial, estava decidido de que seria o novo rei, mas sentia-se inseguro com as grandes terras deixadas para seu meio-irmão.
Sendo assim, Huascar ordenou que Atahualpa se dirigisse à Cusco para lhe reconhecer como imperador. Entretanto, os soldados de Atahualpa o alertaram para uma possível emboscada e viajaram junto com ele na intenção de tomar o Império Inca.
Atahualpa contava com uma grande vantagem: em seu exército, reuniu diversas sociedades que pretendiam acabar com o domínio cruel exercido pelos incas, lutando com muito mais homens a seu favor que Huascar. Historiadores avaliam que durante essa batalha, que ficou conhecida como Guerra dos Dois Irmãos, cerca de cem mil pessoas pereceram.
Naquele momento, corria um boato de que havia estrangeiros que pretendiam acabar com todo o Império Inca, que já estava bem enfraquecido após a batalha entre os irmãos. Atahualpa, que se tornara imperador, resolver apurar essa história e dirigiu-se até Cajamarca, no Peru, onde recebeu um convite do líder das tropas espanholas, Francisco Pizarro, para um jantar.
De fato, o álibi de Pizarro revelou-se uma grande armadilha. Ele cercou os Incas e fez uma proposta: ordenou que eles aceitassem a religião cristã se quisessem sobreviver e ofereceu um livro da Bíblia Sagrada. Sem entender nenhuma palavra em castelhano, Atahualpa jogou a Bíblia no chão, o que deu a entender que ele queria guerra. No mesmo momento, soldados espanhóis que estavam escondidos avançaram e prenderam imediatamente o imperador.
Mesmo na prisão, o imperador inca pediu aos seus súditos que assassinassem seu meio-irmão Huascar, pois acreditava que ele estava envolvido na conspiração.
Durante muito tempo Atahualpa permaneceu preso, pois os espanhóis tinham interesse em manter contato para desvendar algumas localizações estratégicas. Mas, por não aceitar a doutrina católica, acabou sendo condenado segundo as leis da Igreja por poligamia, assassinato de ente familiar e tirania. Morreu enforcado em julho de 1533, pena considerada leve por seus contatos com Pizarro.
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Francisco Pizarro tinha enorme ambição de fama e riquezas, aproveitou-se da guerra civil, vencida por Atahualpa e preparou-lhe uma emboscada. Para recobrar a liberdade, Atahualpa ofereceu a Pizarro um quarto cheio de ouro e outro de prata. Os espanhóis se apoderaram do tesouro, mas logo executaram o Monarca.
Revista Historia y Vida - Dossier Aztecas. España: Mundo Revistas, s/f.
Um lugar...
Onde eu possa ser feliz, onde tudo é diferente como se tudo fosse sonho. Onde eu possa ter amigos verdadeiros. Um lugar que eu possa amar e ser amada. E quero tentar criar meu mundo de felicidades já que não acontece real. Posso criar de outra forma, de uma forma que não vou sofrer, uma forma que vou amar e ser amada.
Onde vou sonhar acordada. A onde vou se sentir aliviada de tudo que já aconteceu. Eu vou lembrar que isso apenas será um sonho porque é difícil ser tornar realidade.
Receita de Vida!!!
Todo dia pela manhã quero estar bem vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de minha visão já andar me traindo... rsrsrsrs. Aprendi isso com Papai!! (Ele sempre disse: “Esteja pronta para ir à Esquina ou na China”)
Nunca sei o que me espera ao longo de cada dia, mas, seja lá o que for já sei: - Devo esperar Pacientemente, de preferência sempre com um Lindo Sorriso. Às vezes já sei que vou enfrentar uma situação onde nada, absolutamente nada tem concordância com Meu Querer, com o que Espero com o que Desejo, (nem vou relacionar aqui o que são estes itens no meu dia a dia...) já sei a descrição do que me espera... e, Sei que Melhor é Enfrentar as situações, mesmo adversas, com um entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um presente de papai Noel, isso muda Tudo. Então.. Respiro um pouco e Sigo.
Felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do que encontro pela frente, não depende de como as coisas vão estar arrumadas... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sei, eu posso passar o dia inteiro, contando as dificuldades que tenho em certas partes de minha vida que AINDA não funcionam bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que são ótimas.
- Simples assim? - Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os sentimentos.
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu tenha guardado para cada época da vida. Há! a velhice! (ESTÁ VELOZ A MINHA PROCURA! rsrsrsrsrsrsrsrs) é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica. Pode anotar AÍ. Mil Beijos e Sorrisos!
Querida Buenos Aires, te conheci muitos anos atrás, quando nem mesmo ideais eu tinha formado dentro de mim ainda, quando minhas mãos não conseguiam segurar uma xícara de café direito e quando eu ainda andava de mãos dadas com a dor.
Andei pelas tuas ruas com medo, afinal, tu és uma cidade enorme, com ruas tão largas que minhas pernas curtas não davam conta de atravessar uma avenida sem que teus sinais de semáforo já sinalizassem o fim do percurso.
Ao partir, tu deixaste em mim o desejo te retornar. Retornar para o tuas ruas cobertas de folhas de outono, e para tuas árvores repletas de jacarandás na primavera.
Ao partir, doeu meu coração e senti minha alma me atrair para ti, eu sabia que retornaria, seguramente, voltaria para teus braços.
Passados alguns anos, conforme esperei ansiosamente, voltei.
Tu não mudaste muito, não mudaste nada, aliás.
Ainda me recebeste com alegres sorrisos, com as folha secas presas ao chão, com o clima adorável de outono e com o céu inconfundível que me abraça cada vez que o enxergo.
Por outro lado, voltei para ti muito diferente da menina daqui partiu, cheguei ao teu coração cheia de traumas, com muitas dores e medos que eu sabia que só cabia a ti cura-los.
Hoje, já consigo atravessar tuas largas avenidas sem necessitar correr, já sei pegar um trem e abraço tuas árvores com aquele sentimento de estar sendo privilegiada por estar aqui.
Hoje minha querida, meus sonhos não são mais conhecer a Disney, tampouco montar uma cidade de lego ou ganhar a barbie do ano, meus planos mudaram um pouco, meu sorriso já não é mais tão espontâneo e minhas palavras são mais comedidas, mas algo não mudou: meu amor por ti.
Sei que aqui ainda tenho muito chão a percorrer, mas também sei que a primavera me aguarda, com suas lindas flores e seu clima maravilhoso.
Não tenho medo, fecho os olhos e confio em ti, ainda que chegue o inverno, me sinto acolhida. Me sinto forte, já me sinto curada, por ti.
Certa vez me questionaram sobre o melhor momento da minha vida, sem titubear respondi que havia sido todos aqueles mais difíceis, onde pude constatar o quão forte eu era e como eu poderia ser mais e mais e mais forte ainda.
Não sou o tipo de pessoa que teme as dificuldades ou que se esconde por detrás de um sorriso quando as lágrimas ardem e teimam em sair, aproveito o momento de alegria ao
máximo, mas valorizo cada lágrima.
As pessoas têm a ilusão de que a felicidade é um estado de “estar”, mas não é.
Felicidade é um estado de “ser”...
Ou você é feliz ou você não é feliz.
Ser feliz é muito mais do que um momento, ser feliz é encontrar dentro de um momento ruim a razão para estar vivo, é achar na dor, a alegria de existir e achar nas dificuldades
uma oportunidade para se sobressair.
Se felicidade fosse um estado de “estar”, então quantos de nós poderíamos dizer que
somos infelizes?
A vida consiste em momentos, e viver cada momento com a convicção do estado de “ser” feliz te concede vantagem sobre a aquele que não consegue ver beleza nem mesmo
em si próprio.
"Como é possível sentir vontade de ser melhor, vontade de estar junto, querer cuidar, querer respeitar, querer fazer feliz pelo resto da vida?
Planejar o pedido de casamento, escolher a raça e o nome do primeiro cachorro, pesquisar sobre as regras de adoção, chorar igual criança ao escutar uma música, ou vendo o sorriso em fotos. Como é possível isso?
Será que é normal ter a total certeza de que sua felicidade é estar ao lado dessa pessoa? Sentir uma vontade absurda de fazer esse homem feliz a cada minuto da vida dele, perceber que quando você está pensando nele, o mundo parar e não existi mais ninguém além dele na sua frente, mesmo não estando?
Será que isso é amor? Será que ele é o que eu procuro? Será que é por ele que eu vou acordar todos os dias? Não, não é possível sentir tudo isso por alguém que nunca viu. Será?!" Carta de mais uma mulher que sofreu pelo Homem do mar !
Amor meu
Única
Do meu lado esteve sempre presente,
apesar do tempo, da distância e dos conflitos.
amor
amiga
amante
Vida Minha.
Aquela a quem dei minha vida sem medo.
Linda
impossivel de passar despercebida.
Amorosa, de coração bondoso.
Não há nada que eu,
por você, não faria.
Meu porto seguro nos dias de tempestades
Minha conselheira nos dias difíceis.
Amor meu
Vida Minha
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Deus sempre mandou recado amorosos a Terra nos informando e nos convidando a vivências fraternas sem espaço de interesses pessoais, conflitos e guerras.
Evoluindo com as ciências e nos despertando para a caridade impressa no respeito ao outro no dividir do arroz, do feijão, do chinelo, do sonho de paz, da oração.
Em acordes sonoros que vibram alem das aparências, alem dos julgamentos alem das crenças e atuais tendências eis os chamados já audíveis em nossas consciências.
Seu nome é fraternidade, como feixe de varas espalhadas pelo planeta, sinfonia e canto, dias de luz em nossa existência mesmo que não toque o coração, seja apenas aparência.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
E contempla em Si todos os credos, dogmas,
religiões e até estandartes nos quais o amor
ao próximo e a caridade seja bandeira que
se expande ao erguer-se o mastro.
Se interesse pessoal perde-se
no intento o lastro.
E no trabalho voluntário, onde for possível,
imprimimos nossas pegadas na areia,
nos desertos, nas ruas, na pedra de alabastro, porque apenas na fraternidade
iluminamos nosso rastro.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Nas ações de acudimento ao planeta,
no ato de recolher lixo das praias, dos oceanos;
a humanidade se reinventa e tece
sob um sol que acode e higieniza
em acesso pelo coração ou na campanhinha
estridente da ciência que avisa, recrudesce guerras
desumaniza, mas também cria vacinas
e nas escolhas de cada ser surge o homem novo
rompendo a casca do ovo, pescador de lixos,
habitando o Evangelho que nos humaniza.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas.
Vim para cumprir as Leis,
diz o Messias em Mateus 5.17.
E nos apresenta a Lei de Amor nas
Bem Aventuranças de um sermão
que é luz e vida e nos abastece esperança.
Se nunca ouviu falar no Sermão do Monte
e suas oito Bem-aventuranças
quem sabe é hora de ampliar suas andanças?
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Nos dias de verão ensolarados me abre
no coração o cadeado, mas percebo que ainda o mantenho escravizado ao orgulho que me coça o pensamento. Dedilhando uma harpa em torno do próprio umbigo, não estudo, dou poucos passos, fujo das informações que me possam retirar das redes confortáveis.
E quando finda o verão, o sol cordato, ameno me espeta afetuoso a investir no aprendizado, me enforca, me enovela e me sinto preparado.....
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Se somos médiuns, significa dizer: somos antenas. Recebemos e transmitimos do mais alto, como em Pentecostes os recados de nosso Pai celeste.
E não existe no escrito acima qualquer novidade: a mediunidade existe, está presente no homem desde o inicio da humanidade.
Hoje mostrei a minha mãe um perfil no Instagram. São diversas fotos de um jovem que aparece com frequência mostrando seu corpo nú, claro, imagens censuradas. O comentário de minha mãe foi o mesmo que provavelmente muitas e muitas pessoas de sua época fariam e fazem: “- é para se aparecer?” Imediatamente respondi que não e que a pessoa é artista.
Entendo minha mãe pensar dessa maneira, afinal, ela foi criada em outro tempo e acabou de dar partida em sua vida digital, ou seja, acabou de mergulhar em um mar onde as pessoas diferentes podem ser elas mesmas por através de todos os muros de preconceitos, ainda lhe custará um par de anos até que entenda que o mundo evoluiu. Por isso, não julguem a ela nem aos que ainda não entendem nosso progresso. É uma questão de tempo.
No momento que falei a ela que a pessoa das fotos é artista, também lhe disse: quando é uma modelo na playboy, não tem problema? E se fosse o ensaio sensual de uma bela mulher? Essas seriam aceitáveis?
Minha mãe parou para pensar, não me respondeu, mas percebi que se pôs a mudar de opinião.
Nem tudo é preconceito, às vezes é só desinformação e desatualização.
Somos cristãs e isso não anula o respeito que tenho por qualquer ser humano, independente de sua profissão, cor, sexualidade, religião ou estilo de vida. Aliás, não deveríamos ter que militar em favor das pessoas por elas serem diferentes de nós, a evolução mental deveria ser natural, já que não é, vamos mostrar EM AMOR a quem ainda não entendeu que ser diferente é bom.
Ah! O perfil que mostrei a minha mãe é do @jupi77er
O BANCO DA PRAIA
Um banco solitário, triste olhando o mar
Querendo carinho…
Recordando abraços, beijos, sorrisos
Sussuros,algumas lágrimas
Saudades deixadas, guardando mil segredos
Nas fibras da sua madeira pintada.
O banco mudo e frio,cansado de esperar
Quer voltar a escutar... ali me encontro
Sentada, aconchegada, enternecida
Partilhando lembranças, passeios infinitos
Em dias sem data, o sol e a maré se deleitando
Na praia da minha infância ainda adormecida.
Chega como o vento.
De repente.
Por vezes suave.
Noutras, quebrando janelas, devastando a intimidade.
Chega como o vento.
Não se sabe o que quer,
de onde vem
e nem para onde vai.
Simplesmente chega.
Sem invocação nem convite.
Impõe-se. Faz-se invasor. Faz-se presente.
Uma outra força, ainda sem nome, que deriva violentamente como uma urgência,
agarra-se ao pulsar do coração,
no peito,
ao peito,
querendo romper a pele.
Por vezes faz até doer.
E dói. E agarra-se aos olhos, essa ansiedade que ressoa no peito, como um pássaro preso querendo voar.
É o corpo que perscruta a iminência da luz, intermitente,
ante do ressoar de um grito mudo.
É o corpo que sente, num arranjo perfeito, a marcação do compasso determinado pelo tempo.
De novo, o vento.
Um sopro mais profundo, arranca fio a fio,
e suplica, à vida e à morte, o passo em frente.
Avança-se ao sabor de uma balada, a da incerteza.
Toda a pele ficou a nu,
Despida.
De conjeturas. De certezas. De verdades.
De novo, o coração dentro do peito,
Pulsante.
De novo, um novo olhar em olhos então erguidos.
Vibrantes.
Olhos que despertam para renascer.
Olhos que se abrem a uma nova existência.
É a criação de um novo ser em plenitude, reinventado, partindo da essência, desprovido de conceitos.
Tal é a emanação interior que existe,
Que faz brotar,
como nos ramos despidos de uma árvore de inverno,
os primeiros botões verdes que se erguem ao primeiro raio de sol que inaugura a Manhã.
Ou não fossemos nós
fruto dessa força fluida e cíclica:
a Natureza.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Aquele que ofende nem
sempre tem noção do que diz.
Se possui, levado por sentimentos,
qual velhas colunas em despenhadeiro
fala do que aprendeu e ainda sente,
pálidas memórias de vidas passadas
ou até de vidas recentes
que convocadas pela Nova Era
gemem de morte no inconsciente.
Não se deixe levar pela péssima qualidade da foto, o que vale é a imagem e o sentimento envolvido nesse momento. Era um daqueles dias que tudo o que você mais quer é deitar na cama e descansar. Estávamos em meio ao furacão de um propósito de 28 dias cumprindo tarefas que fizessem de nós pessoas melhores.
Minha mãe era uma mulher como qualquer outra: tinha uma rotina, morava em um apartamento próprio quase na área rural de Porto Alegre, tinha meia dúzia de amigos e mais sonhos do que ela mesma poderia contar. Tinha também um cachorro feio e um emprego ruim. Está bem, a parte do cachorro feio podemos ignorar, para os olhos dela, ele era bonito (bem, eu também sou, aos olhos dela, então, ela não tem altos padrões de beleza).
Eu, se quer tinha uma vida. Não gostava de sonhar e nem imaginava que o amor ia além daquilo que eu já vivia. Meu coração não andava nada bem e eu havia perdido muito na vida, apesar de pouquíssima idade.
Cortei laços com minha família “fábrica” pois precisava crescer, sair do ciclo.
Em um dia como qualquer outro, Deus olhou para minha vida com a mesma misericórdia com que olhou para a vida da minha mãe e decidiu nos unir.
Desde o momento em que cheguei na vida dela, perdi as contas de quantas vezes ela me montou e desmontou em laços de amor, deixei de contar as tristezas e planejar meu futuro pelo dia de hoje. Ela trouxe a bagunça que só uma mãe que não gerou no útero pode trazer.
Ela tinha medo de errar, e por essa razão, errou muito. Errou mais do que deveria, mais do que poderia. Errou mais do que qualquer outra mãe erraria, errou por não ter recebido nenhum manual de instrução de como lidar comigo.
De tanto errar, começou a acertar. Acertou em todos os abraços, mimos, cheiros, beijos, zelos e cuidados. Me deu além do que eu merecia, além do que eu precisava e não me deixou crescer. Ainda não me deixa. Ela me quer por perto, tenho a impressão de que, de tão perto que ela me quer, provavelmente, se ela pudesse, me colocaria dentro dela. Me engoliria só para que eu estivesse tão perto dela que seríamos uma única pessoa.
Eu, errei pela idade, errei por temer, errei por conta dos outros, errei por culpa-la e errei por exigir demais. Errei em cada noite que não lhe dei um beijo antes de dormir, errei nas orações em que pedia a Deus para que ela fosse uma boa mãe para mim. Eu deveria era ter pedido para ser uma boa filha.
Até que, após vários anos, atravessando nossos vales mais extensos, decidimos acertar.
Oramos, choramos, passamos fome, contamos moedas para pagar a conta de energia, vendemos nossas coisas e mudamos de estado. Sem grana. Tomamos banho direto do cano pois não tínhamos chuveiro, dormimos no chão e quando tínhamos grana, decidimos não investir em nada, deixamos de comprar até mesmo um prato para comer. Ao invés disso, compramos umas passagens de avião e fomos para a Argentina. Trabalhamos, sorrimos, brincamos, fizemos amizades, erramos. Passeamos muito e comemos mais ainda.
Trabalhamos freneticamente, juntamos muita grana e construímos um sonho maior do que todos os sonhos. LIBERDADE.
Juntamos muita grana e jogamos fora. Recolhemos tudo, dissemos adeus e partimos. Outra vez. Acertamos, dessa vez.
Mudamos de país, adotamos uma gatinha rançosa e bipolar, compramos um carro mais velho que sobrevivente do Titanic e mais enferrujado que prego contaminado com tétano. Aprendi a dirigir.
Construímos uma casa dentro de um carro, moramos nela. Odiamos!
Viajamos por muitos lugares, comemos coisas diferentes. Coisas ruins e conversamos com gente boa. Boa demais. Fizemos família ao redor de muitos lugares.
Perdemos, ganhamos. Ficamos enlutadas, ficamos longe. Mas, o coração é como um imã com polaridades opostas, sou atraída pela energia gostosa que minha mãe tem, e ela pela minha.
Reconstruímos pontes, vivemos em família. Fomos família.
Reconstruímos, gastamos dinheiro, jogamos ele fora. Criamos laços, rompemos laços. Aprendemos coisas novas, bebemos até cair. Caímos de tanto beber. Compramos uma cachorra.
Mobiliamos a casa, pintamos tudo, equipamos e desfizemos tudo. Nos isolamos, crescemos, nos desafiamos.
Reconstruímos.
Quando entendemos que não precisa esperar a segunda-feira para começar a dieta, nem a sexta-feira para sair com os amigos. Não é necessário esperar o Natal para presentear, a páscoa para comer chocolate ou a sexta-feira santa para comer peixe. Quando entendemos que existe mais valor no AGORA do que no TALVEZ, então, entendemos que não cabemos em uma caixa que a sociedade criou para nos rotular. Por isso, tenho árvore de natal montada desde abril, como chocolate quando dá vontade, comecei dieta na quarta, parei na quinta, recomecei na terça. A reunião com os amigos pode ser em uma ligação por vídeo de horas, e o tempo para dizer te amo sempre é imediatamente.
Não é necessário esperar faltar para dar valor.