Textos de poema
Verso assediado.
Calei o inevitável...
Repeti meu grito...
Reprimindo um poema amputado...
Nos enganosos lagos de águas mansas...
Joguei anzol pra coletar o peixe sagrado...
Quis me alimentar...
Mais não tive êxito...
Lavei o peso do que não era pecado...
Deixei a balança digital da ilusão falar por mim...
Ambos os sentidos me encontrei...
Sofri...
Chorei e sorri...
Assediei o verso comprimido...
Deixei os odores empregnárem em minh'alma...
Espremi a poesia que somente exalava e não me explicava...
Dando o real tempo com meu silêncio...
Tentei...
Insultei o alfabeto adormecido...
Me submeti á contração....
Abreviei meu olhar e ressaltei...
Indignado...
Minha voz ecoou...
Dei prazo pra razão....
Escrita fina na moldura do meu pensamento...
Pincelei o quadro da minha inspiração...
Afoito e descarado...
Me revesti de verniz minha imaginação...
Me protegi da humildade do tempo...
Me conservei...
Acordado e produtivo...
Matei na mosca...
O que planejei...
Autor Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
Seu olhar
E se todos olhares fossem assim,
Como um belo poema sem fim,
De traços meigos e brilho próprio,
Que descreve o bem,
Que apaixona,
Traduzindo seria eternidade,
Na caneta do poeta seria encantador,
Nas mãos do músico teríamos melodia,
Na paleta do pintor a arte mais bela,
Mas nas mãos de Deus virou amor,
e amor é onde se esconde a beleza vida.
E se todos olhares fossem assim,
assim como o seu...
Poema da Cor
Nesse pobre corredor
correm risos de amor ,
corrimão largo de mão
correm lágrimas em vão .
Desse velho corredor
jovens cantam sua dor,
canto esconde sua alma
vermes cobram sua cor.
Cobre sangue e miséria
segue sério na conduta,
ninguém quer a sua vida
todos cobram sua labuta.
Corre pobre de amor
sua vida sua dor ,
canto esconde a miséria
sangue cobre sua cor.
Poema Nascimentos
Lembro-me do último dia em que nasci,
e de outros nascimentos.
Talvez tenha sido servo de Nefertiti,
Cônsul dileto da Imperatriz.
Togado professor no Kansas.
Eremita numa caverna desabitada no Sul.
Quantas vezes me viveu, este jeito de existir?
Fui conselheiro de Napoleão.
Astrônomo inglês a velejar no céu.
Ou será que sou apenas,
quem te encontrou vestida de ramos,
numa manjedoura em Belém.
Não me sei bem as idades.
Vivo de sentir memória.
Vivo de viver no que cabe.
Lembro quando corrias atrás do Tiranossauro.
Quando pisaram na Lua e viram teu rosto estampado.
Assim nos fundamos de uns outros em nós.
Nos cingimos de tantas vozes que coabitam.
Como não ter me impregnando daquilo que pressenti,
Quando lia o livro da vida que um dia passou por mim.
Carlos Daniel Dojja
De que adianta a ética, a etiqueta, a estética...o poema, o problema... se somos náufragos de um mundo caótico onde as lideranças mundiais querem a destruição em massa da humanidade...salve raras exceções...
Entre Dalai e Dali de salvador fico na lama.
Continuo sonhando com a utopia.
Gmcm
Poema vivido
Eu queria estar frente a frente ao teu olhar,
sentir a maciez de tuas mãos pegando as minhas,
e as alisando bem devagar.
Ver o mexer nesses cabelos, a minha mão iria
sentir, fio por fio por ele deslizando.
A suavidade de tua pele, o aroma do teu perfume.
Sentir o calor de tua boca, em um beijo dado bem
devagar, sentir teus lábios junto aos meus, no mexer do
amor ,e das línguas a se encontrar.
Escutar a tua voz, perto bem perto dizer coisas que eu
gostaria de ouvir ditas ao pé do ouvido, que bom vai
ser, se este poema possa ser vivido em todos os
seus versos, e dividir contigo cada estrofe, e na do
beijo torná-la real , tão real que demonstre a todos
havê-la sentido.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista. Aclac. RJ
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
A Mão e a Luva
Eu hoje comi um poema com pão
Seco
Ontem não fiz nenhuma refeição
Amanhã talvez uma sopa de letrinhas
Há dias que não brota poema algum
Acordo e mantenho o jejum
Até que anoiteça
Mas as palavras um dia brotam
Como água dos rios
Como chuva
Há poemas que caem
Há poemas que cabem
Como uma luva
E alimentam a alma.
Minha felicidade vem de quando estou só
e ninguém me interrompe no poema,
essa espécie de transfusão
do sangue para a palavra,
sem qualquer estratagema.
A palavra é meu rito, minha forma
de celebrar, investir, reivindicar:
a palavra é a minha verdade,
minha pena exposta sem humilhação
à leitura do outro,
hypocrite lecteur, mon semblable.
INTRODUÇÃO À POESIA
Peço a eles que peguem um poema
e o segurem à luz
como um negativo colorido
ou que aproximem o ouvido contra sua colméia.
Digo jogue um rato dentro do poema
e observe-o procurar a saída,
ou caminhe na sala do poema
tocando as paredes à procura do interruptor.
Quero que eles esquiem
sobre as águas do poema
acenando para o nome do autor à margem.
Mas tudo o que querem
é amarrar o poema a uma cadeira
e torturá-lo até obter uma confissão.
Eles começam a bater nele com a mangueira
para descobrir o que ele realmente significa.
UM POEMA COMO MEDALHA
Era um menino pobre, pequenino.
Não sei se teve pipa de papel azul,
Nem barquinho na enxurrada.
Não sei se viu papai-noel na chaminé,
Ou se alguém lhe contou estórias encantadas.
Era um menino...
Que cresceu e cresceu...
Contou-me estórias e se vestiu de papai-noel
por tanto tempo na minha memória.
As estórias que ele me contou, eu não sei quem lhe ensinou.
Esse menino tão pequenino!
Cresceu e cresceu...
Hoje, herói de tantas batalhas!
Porém, sem medalhas.
hoje estou feliz.
um dia eu bem quis que
estas palavras
compusessem os versos de um poema.
por hoje,
a minha felicidade é intransigente.
ainda que eu aja
e me sinta insuficiente.
ainda que eu pense
e me haja nostálgico.
ainda que eu mesmo sinta
e pense em comos e porquês.
entretanto
por hoje,
eu estou feliz.
por hoje,
houvera felicidade.
Dedico esta publicação [meu poema nº 500, aqui na rede] À Alma da minha Santa MÃE, que partiu deste viver/morrer, por motivos de cancro; após ter sido tratada pela nora [minha Linda Esposa] durante mais de cinco anos, dois dos quais acamada; sem a ter deixado ganhar uma única chaga/escoriação, naquele pobre [por tão sofrido] corpinho!
Abandonar uma Mãe ou um Pai, num lar…
Ai de quem, abandone em tal seus pais;
Alegando pra tais não ter vagar;
Esquecendo dos tais tão dedicar;
Que cá, ninguém consegue, um contar mais!
Dedicar, neles tido, no criar;
Dos tão bons pais, que cá tais fizeram;
Pelos quais, de si, cá tanto deram;
Que cá ninguém consegue, um mais contar!
Porque um pagar tão igual, cá irão ter;
Naquela dor sentida de abandono;
Que a quem os criou, em tal, tão deixaram!...
Por neles ter havido, um esquecer;
Que em seu semear, haverá retorno;
Idêntico, ao que semearam.
Com o sentir [de quem teve SEMPRE na sua e deles casinha] A MÃE e o Pai, até de cá; terem partido.
Escrever um poema
É eternizar seus momentos em vida.
Imortalizar o que diz a alma.
Numa atitude sempre bonita.
Concretizar suas palavras abstratas.
Numa frase, deixando-a explicita.
Dizer mais de Mil pensamentos.
Em boas ações distribuídas.
Externizar o melhor de você.
Junto ao que sua boca dita...
A vida passa
Passando estou
De passagem
No passado passageiro
Entre linhas de um poema
A espera suprema
De um beijo delicado
Do porta retrato
Entre versos sem sentindo
Sentindo sentir o coração
Escrevendo palavras
Ignorando a razão
Gritos internos
De um voz ímpar
Que grita sem parar
Não posso te amar
Dentre os motivos que posso escolher
Escolho o que me motiva
A nem um deles escolher
Eu escolhi te esquecer
Meu poema não são letras
Meu poema não são versos
Meu poema não são estrofes
Meu poema é o universo
Meu poema é teu sorriso
Meu poema é teu olhar
Meu poema e tua boca
Que me faz delirar
Meu poema não tem rima
Pois não sei rimar
Meu poema tem seu cheiro
Pois este eu sei admirar
Meu poema tem tristeza
Meu poema tem beleza
Meu poema é secreto
Meu poema é incompleto
É para poder completar
Preciso te amar
Você só precisa saber
O quanto amo você
03/08/19
Depois de ouvir o relato de uma pessoa com depressão, escrevi este poema.
"ESPERANÇA
Minha alma está vazia,
Sem um pingo de poesia.
Sob o império da razão,
Fica triste, sem ilusão.
Queria ver o calor das cores,
Dos cheiros, de novos amores.
Mas o tempo está tão escuro!
Só vejo o presente, sem futuro.
O que antes era prazer,
Agora virou tarefa, dever.
A alegria que senti outrora
Despediu-se, foi embora.
Recordo-me, com pura saudade,
Daquele tempo em que a felicidade
Estava ali, sempre parceira.
Mas ela partiu, virou poeira.
Virou cinza o que era azul,
Não tenho norte, leste, oeste ou sul.
Estou só, aqui neste ponto.
Nem pra um passo estou pronto.
Meu sorriso é caricatura.
Porque rir é uma tortura
Para uma alma que somente chora,
Que anseia pela alegria, até implora.
Mas morreu aquela alegria,
Foi partindo, dia a dia,
Até pra sempre se despedir
Deixou-me assim, também querendo partir.
O que me faz permanecer na luta,
Mesmo com esta dor absoluta,
O que busco na minha lembrança...
Seu nome é ESPERANÇA."
É difícil explicar que um poema
não possui objeto como um navio
os recipientes desse uma estação as flores dela
Indivisível como um número primo
Ele foge do tempo como você
e acaba
quando você deixa de escrever deixa
de ler quando você não se
lembra mais do que você acabou de ser
há apenas um instante
durante um momento durante uma palavra
rampa do cais flama poeira cometa
que assobia para um bando
de pequenos pássaros cantando longe
sobre nós tudo afastado nada tangível
nem mesmo preto no branco
Último poema
Nestes lugares desguarnecidos
e ao alto limpos no ar
como as bocas dos túmulos
de que nos serve já polir mais símbolos?
De que nos serve já aos telhados
canelar as águas de gritos
e com eles varrer o céu
(ou com os feixes de luar que devolvemos)?
É ou não o último voo
bíblico da pomba?
Que sem horizonte a esperamos
em nossa arca onde há milénios se acumulam
os ramos podres da esperança.
há sempre um degrau
entre o que se escreve
e o que se gostaria
de ter escrito
e quando há um poema
inexaurível
desses que nunca mais se pode
parar de ler
que não se pode mais soltar
porque no meio dele há um vórtice
um poço d’água potável
onde se pode nadar muito
em círculos, sem pressa
onde se pode apanhar com as mãos
os peixes intermináveis
não há como não ponderar
sobre qual seria o verdadeiro poema
aquele outro ainda maior
mais robusto
que alguém tentou escrever
um cavalo pode mudar o curso
de um poema
é preciso não temê-lo
os saltos, os espaços vazios
de como se arranjam entre si
de como, sem atrito, produzem luz
disse
deixe o seu corpo boiar
pra que as letras pairem diante dos olhos
é preciso que o dia nos encubra
com alguma névoa pálida
e a fumaça dos automóveis forme
entre nós e as coisas
uma espécie de anteparo vertical
quase transparente
e nos faça avistar de longe os músculos rijos
de um bando de animais que trotam
por entre os carros