Textos de Pablo Neruda

Cerca de 93 textos de Pablo Neruda

Quero viver num mundo em que os seres sejam simplesmente humanos, sem mais títulos além desse, sem trazerem na cabeça uma regra, uma palavra rígida. Quero que a grande maioria, a única maioria, todos, possam falar, ler, ouvir, florescer. Nunca compreendi a luta senão como um meio de acabar com ela. Quero um caminho, porque creio que esse caminho nos leva a todos, a essa amabilidade duradoura. Quero uma bondade ubíqua, extensa, inexaurível. Resta-me no entanto uma fé absoluta no destino humano, uma convicção cada vez mais consciente de que nos aproximamos de uma grande ternura. Neste sobressalto de agonia, sabemos que entrará a luz definitiva pelos olhos entreabertos. Entender-nos-emos todos. Progrediremos juntos. E esta esperança é irrevogável...

Este terno

Vê se você muda
Eu tô falando sério
Ler Pablo Neruda
É cheio de mistério

Vento de regresso
Vidas a conflitar
Outra gambiarra
Não irá me chocar

Uh... tira logo este terno

Você nunca avisa
É frio e impontual
Vejo no seu punho
Uma atração fatal

Estufa bem o peito
Antes da mancada
Ao menos você ri
Na hora marcada

Uh... eu já tirei este terno.

Inserida por PensadorRS

POEMA MAS INTIMISTA DO MUNDO
(PARA OS ANDES, NA TOADA DE PABLO NERUDA)


PUEDO escribir los versos más tristes esta noche.

Este poema que despertou-me tantas catarses durante a vida
tornou-se um retrato piegas e
emporcalhado na lembrança.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Toda esta composição do cosmos, agora
reflete o voo de uma borboleta
o cravo pregado no peito do passarinho
a insinuação mansa e irregular dos amantes.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Amei e fui amado. Rejeitado. Desprezado.
até consumar-se a oratória do poeta popular:
SÓ SOU GRANDE SE SOFRER!

La misma noche que hace blanquear los mismos
árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Já não somos os mesmos. E será que fomos algum dia?
entortamos os nossos destinos na curva da aliança?
fizemos arquétipos pessoais?
ya no somos los mismos!
tampouco, o verbo intransitivo direto: amar.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

E isso: consola-me. Eis que a primavera floreou
os meus braços não te pertencem mais
nem o beijo
a voz
o corpo
meus olhos. O meu olhar já tem a quem...

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero...

Não quero. Pois já tenho a parte desejada
a rama do outono
o verão do vale
a manhã que entra pela janela.
aquela foi a última dor
pois o meu caminho tornou-se valsa
tango
transeuntes desesperados
e a inspiração do aconchego de
meu novo amor.

Inserida por ItaloSamuelWyatt

HOMENAGEM A PABLO NERUDA
Marcial Salaverry

PABLO NERUDA...
Um poeta... Um mito
Marcial Salaverry

Para de Neruda falar,
é preciso poetar...
é preciso conhecer do amor,
todas as maneiras,
todos os meandros...
Desde o amor desesperado.
até o louco amor apaixonado...
O amor não correspondido,
o amor só subentendido...
Neruda do amor não fala,
ele abre a mala,
e o desnuda...
assim é Neruda...
Conhece tudo do amor...
Desde o frio, até aquele cheio de calor...
Fala com simplicidade,
mostrando do amor a verdade...
É fácil seus poemas entender,
basta sabê-los ler...
Suas entrelinhas captar,
ensinando como amar...
Há que se ter sensibilidade,
há que se "ver" a saudade...
É preciso sentir na alma,
a vibração de seus versos...
É aí que está a grande beleza,
pois ele nos dá a certeza
de que um amor verdadeiro,
tem que ser vivido por inteiro...
E que o amor de um momento,
sempre deixará um lamento...
A obra de Pablo Neruda
destina-se às almas poetais...
Meio termo não existe,
esse é o sentir que persiste...
Neruda será amado
ou odiado...
Como são os amores...
Sempre naquela tênue linha
o amor e o ódio separando...

Marcial Salaverry

Inserida por Marcial1Salaverry

Sonhei ser o Pablo Neruda
num sonho louco
aquele delírio sem fim
Ele poeta que fez história,
Chileno, latino com intensidade aflorada.
Fez de suas tristezas
As mais belas rimas, os versos
Deixando sonetos
E, poemas repletos de beleza
com muita loucura


Sonhei que sua alma
Simplesmente me chamava
Com triste de saudade
Ansiava escrever como outrora
Seus versos de dor
cheio de profundidade
Falando da tristeza
E de sua alma errante
Que continua sua viagem
Pela eternidade afora

E, eu respondi: Escreva comigo
Traduziremos juntos
Nossas mágoas inflamadas
enfim acalmar a alma
Mas Neruda, digo-lhe
Escrevo com todo fervor
Com a intensidade deste ser
Pensa comigo poeta,
é só falando de amor verdadeiro
conseguiremos curar essa dor
(24/06/2019)

Inserida por DiCello

Sacrifícios Necessários

Assim como disse Pablo Neruda: "Se nada nos salva da morte, então que o amor nos salve da vida."

Nada como o Amor pode propor momentos inesquecíveis e tão valorosos, onde podemos ser o que verdadeiramente somos, compartilhando momentos com as pessoas que mais amamos, e principalmente amando de maneira integral, com todas as qualidades e defeitos. Por mais que estejamos aqui agora, e felizes, amanhã podemos estar fazendo sacrifícios, nos quais fortalecem e ensinam, mas que acima de tudo fazem aquilo que somos. Nem sempre estamos próximos daquilo que amamos, mas é justamente a distância e saudade que tornam nossas lutas ainda mais saborosas, pois lutamos e vencemos tudo o que é feito com Amor. É tudo que é feito com Amor é prevalecedor!

Inserida por FelipePedroso

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não Me Sinto Mudar

Não me sinto mudar. Ontem eu era o mesmo.
O tempo passa lento sobre os meus entusiasmos
cada dia mais raros são os meus cepticismos,
nunca fui vítima sequer de um pequeno orgasmo

mental que derrubasse a canção dos meus dias
que rompesse as minhas dúvidas que apagasse o meu nome.
Não mudei. É um pouco mais de melancolia,
um pouco de tédio que me deram os homens.

Não mudei. Não mudo. O meu pai está muito velho.

As roseiras florescem, as mulheres partem
cada dia há mais meninas para cada conselho
para cada cansaço para cada bondade.

Por isso continuo o mesmo. Nas sepulturas antigas
os vermes raivosos desfazem a dor,
todos os homens pedem de mais para amanhã
eu não peço nada nem um pouco de mundo.

Mas num dia amargo, num dia distante
sentirei a raiva de não estender as mãos
de não erguer as asas da renovação.

Será talvez um pouco mais de melancolia
mas na certeza da crise tardia
farei uma primavera para o meu coração.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda
Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1999.

Nota: Trecho do poema intitulado Poema 20.

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A Esperança da Humanidade

A vida política, porém, veio como um trovão desviar-me dos meus trabalhos. Regressei uma vez mais à multidão.
A multidão humana foi a maior lição da minha vida. Posso chegar a ela com a inerente timidez do poeta, com o receio do tímido; mas, uma vez no seu seio, sinto-me transfigurado. Sou parte da essencial maioria, sou mais uma folha da grande árvore humana.

Solidão e multidão continuarão a ser deveres elementares do poeta do nosso tempo. Na solidão, a minha vida enriqueceu-se com a batalha da ondulação no litoral chileno. Intrigaram-me e apaixonaram-me as águas combatentes e os penhascos combatidos, a multiplicação da vida oceânica, a impecável formação dos «pássaros errantes», o esplendor da espuma marítima.

Mas aprendi muito mais com a grande maré das vidas, com a ternura vista em milhares de olhos que me viam ao mesmo tempo. Pode esta mensagem não ser possível a todos os poetas, mas quem a tenha sentido guardá-la-á no coração, desenvolvendo-a na sua obra.
É memorável e desvanecedor para o poeta ter encarnado para muitos homens, durante um minuto, a esperança.

Pablo Neruda, in "Confesso que Vivi"

Inserida por Nickdim

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Inserida por gtrevisol

⁠Entusiasmo e perseverança

Esses são os dois principais fatores que contribuem principalmente para o progresso e engrandecimento dos povos.
Quantas vezes, vítimas da falta de entusiasmo e perseverança, ideias e obras proveitosas caem por terra, as quais, se postas em prática, trariam abundantes benefícios aos países que as adotassem!
Outras vezes, são seguidas com fervor, mas pouco a pouco o entusiasmo vai diminuindo até desaparecer por completo, e apenas com um bom apoio podem ressurgir.
Existem filósofos no século presente que se dedicam a difundir o entusiasmo e a perseverança, e seus livros são verdades sinceras e eloquentes, que, se lidos por todos, sobretudo pelas classes trabalhadoras, trariam grandes benefícios à humanidade.
Tudo o que é desejado para o bem de cada país deve ser perseguido com perseverança e entusiasmo, pois, sem essas condições, é completamente impossível que se concretizem.
Existem exemplos que destacam o que foi mencionado acima, exemplos que todas as nações ensinam aos filhos para que aprendam como honrar sua pátria.
Exemplos como os dados por Colón, Marconi e tantos outros não devem ser ignorados, pois eles levam a uma vida mais honrosa, e sem eles é quase impossível viver!

Pablo Neruda
Reyes, Neftalí. La Mañana, 18 jul. 1917.

Nota: Primeira publicação de Neruda, com 13 anos, assinada no jornal “La Mañana” como Neftalí Reyes (sobrenomes do escritor).

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Inserida por pensador

"De todos que existem sou dentre eles apenas mais um Pablo.
Pablo que sou ,pergunto a você: "Para ti sou que Pablo?".
Se te encabula a pergunta, te dou a resposta agora, no ato.
Estou para ti como Neruda aos poemas, tenho por ti a paixão de Picasso aos quadros.
Sou seu louco, seu tudo.Mas acredite, só seu!
Sou seu Pablo."

Inserida por pablocmr