Textos de Mar

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MAR REVERSO
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Eu tenho um mar inteiro à minha espera,
na praia que me acolhe ao fim do dia,
com águas ressurgidas da quimera,
que afogam, no seu leito, a nostalgia!...

Marulha, neste inverno, a primavera,
trazendo um sol sereno à noite fria!...
Mergulho, sem pensar em quem eu era,
nas vagas doutra luz que me inebria!...

Eu mato o meu marasmo nas marés,
fazendo do meu barco sem destino,
a nau que há de alcançar outro universo!...

Nos versos destas ondas sem revés,
sou puro como os sonhos dum menino
e vejo-me a fluir num mar reverso!

© Pedro Abreu Simões ✍

in “MAR REVERSO (Ecos da Terra, do Mar e da Vida)”, 2015

Inserida por pedro_simoes

Marcas

E ela parou diante do espelho e se permitiu observar as marcas esculpidas em sua face, marcas que o tempo não foi capaz de suavizar e tão pouco amenizar.
Marcas de alguém que caiu, sofreu, mas que sobreviveu!!
Marcas de muitas lutas e algumas derrotas, mas também marcas de grandes vitórias e conquistas.
Marcas que contam histórias, que marcam o tempo vivido e não foiesquecido, e que marcam o tempo que você esperou para os seus sonhos alcançar.
Marcas que te fazem ser forte, quando você pensa que não pode mais continuar. Marcas que te impulsionam a continuar e não desistir.

Mas tem algumas marcas que são tão queridas, que são tão únicas, que você faria tudo novamente só para viver a emoção daquele momento tão especial.
Marcas que te devolveramo prazer de viver, e que colocaram um brilho novo no seu olhar.
Marcas que te deram forças para continuar a lutar!!

E lembre-se, ninguém passa pela vida sem ter suas próprias marcas, sem ter suas próprias lutas ou suas próprias batalhas.
Mas o bom é que a cada vitória alcançada, nossas forças são renovadas e novos objetivos são traçados.

Algumas vezes ficamos tão cansados que a melhor opção é desistir, mas isso não significa que vamos esquecer dos nossos projetos, é só uma pausa para renovar a nossa fé e continuar a jornada de onde paramos.

Não desista se a luta estiver muito pesada, não desista se seus ombros não mais aguentarem e se o cansaço tentar te dominar.

Não desista se você não tiver mais forças para continuar, se você não encontrar mais razão para novos caminhos trilhar.

Olhe para tudo que você conquistou e tudo que ainda deseja conquistar.
Coloque os motivos que fazem seus olhos brilharem sempre diante de você e continue sua caminhada.
Tudo tem dia certo para terminar, tudo tem hora certa para acontecer.
Seja forte, seja persistente e siga sempre em frente.
Não desista, acredite, ainda é tempo de realizar!

Inserida por Marthasil

Meu caminho é incerto nesse mar de possibilidades chamado vida, pois apesar de sempre seguir em frente me desfaço em milhares de escolhas e constantemente mudo.
Para uns sou bom, para outros ruim...
Para uns um alívio, para outros um tormento porque independente da sua vontade ou desejo passo rapidamente ou lentamente por ti. E essa minha indiferença revela minha unica e real forma, até mesmo porque estou sempre em movimento seguindo meu único propósito...
Nunca paro, nem quando tu repousas em um sono eterno.
Eu sou tempo que se finda e recomeça a todo instante, num eterno equilíbrio.

Inserida por Dom-Oliviero

FRATERNIDADE NO MAR

Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos. —Efésios 2:19

No dia oito de agosto de 2005, o mundo tomou conhecimento do resgate dramático de sete navegadores russos, presos num pequeno submarino emaranhado em uma rede de pesca. Os homens haviam sobrevivido a três dias frios e escuros no fundo do oceano e tinham menos de seis horas de suprimento de oxigênio. Enquanto isso, na superfície, observava-se uma união de esforços desesperados de russos, japoneses, ingleses e americanos. Finalmente, o submarino soltou-se da rede. O Ministro de Defesa da Rússia elogiou a operação, dizendo: “Vimos em ações, não em palavras, o que significa a fraternidade no mar.”
O livro de Efésios fala da unidade dos que crêem em Jesus, referindo-se à unicidade “da família de Deus” (2:19). Os gentios, que antes eram “estrangeiros” e “estranhos” (v.12), agora foram “aproximados pelo sangue de Cristo” (v.13), unindo-os com seus irmãos e irmãs judeus. Esta unidade deve influenciar os esforços de fraternidade entre a comunidade cristã atual.
Os crentes em Jesus estão comissionados a fazer os mais importantes esforços de resgate. Pessoas estão morrendo sem Cristo. Louvado seja Deus que esforços missionários estão unidos para trazer esperança, salvação, educação e resgates de emergência a pessoas desesperadas em todo o mundo. Este é o significado da fraternidade em Cristo. —DCE


A igreja sã é o melhor testemunho para o mundo em sofrimento. David C. Egner

Inserida por pao_diario

PROTOCOLO

Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. —Tiago 1:6

Se você fosse convidado para uma reunião com o Presidente do seu país, independente de sua opinião sobre ele ou ela, você provavelmente iria. Ao entrar no Palácio do Governo, um funcionário público responsável pelo protocolo o receberia e orientaria sobre os procedimentos adequados para a reunião com o presidente. Basta dizer que seria inaceitável agir como se fosse um familiar mais íntimo ou fazer críticas na hora dos cumprimentos.
Por isso não se surpreenda pois que a Palavra de Deus mostra claramente que há um protocolo para entrar na presença de Deus. Hebreus 11:6 apresenta um dos itens para que a interação seja adequada: “Porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” Deus quer que lhe sejamos completamente dedicados, e Ele se entristece quando nossos corações estão repletos de crítica, descrença e dúvidas.
Tiago nos diz que quando pedimos sabedoria a Deus, a chave para a Sua resposta é se de fato estamos pedindo ou não “com fé” (1:6). Deus se agrada quando nos aproximamos dele com fé inabalável.
Por isso deixe as suas dúvidas na entrada principal e siga o protocolo: aproxime-se de Deus com um coração cheio de fé e Ele terá prazer em dar-lhe toda a sabedoria que você necessita. —JMS

Troque a insatisfação causada pela dúvida pela satisfação da fé em Deus. Joe Stowell

Inserida por pao_diario

🌻

De frente pro mar vejo pegadas na areia, rastros de vida. O senhor do dia ás vezes sai de cena para que o espetáculo aconteça, tamanha grandeza que se opõe diante da força maior da evolução e desperta entre as passagens nubladas a necessidade de busca pela mais importante fonte de luz, a que vem de dentro.
Horas de reflexão me cobrem de gratidão quando calço meus sapatos e reverencio o luar. O sol meu abrigo, querido amigo que até mesmo na escuridão, brilhou no meu coração e iluminou o meu caminhar.
Aqueles sinais espalhados pela areia são um verdadeiro presente, viver é florescer em cada amanhecer. ✨

Inserida por CAMILAHARUMI

Meu coração é um violino.
Lá fora sopra o vento
contorcendo o mar.
Penso no infinito.

La fora passa o vento
digladiando com o mar.
A ideia é um precipício.
Por que há o vento
penso no princípio,
no sem fim, no caminho.

Triste verso que agora escrevo
(e que alguém vai lendo),
pensar é um abismo.

Sou pequeno bem pequeno,
mas minhas mãos tem gestos

que nunca terminam.

Inserida por pensador

Poema da Desilusão

Você me mostrou o mar ,os cumes das montanhas os castelos encantados...e eu nada pude te retribuir...trancado em uma sela sem nada fazer por ti...preso a tantos tormentos não consegui te enxergar .Minha alma clama por justiça mas a justiça é tão tardia...mas quero te mostrar a clareza das respostas do olhar nunca trocado e do amor nunca vivido...

Inserida por elenice_manfroi

Ela é uma dança suave e agitada, uma música, ela é mar, vento, borboleta, ela é natureza!
Um mar profundo de emoções, um céu azul, uma flor.
É a garota que amadureceu a mulher forte que habita nela. Ela estuda,trabalha, batalha.
É a busca incansável. Ela quer cafuné,quer tomar banho de chuva, bater foto no meio da rua,na praia,na calçada.
Ela ja percorreu tanta estrada.
Ela adora abrir os braços ao vento, sentir a brisa em seu cabelo,acredite: diferente de todas as outras, única,despretensiosa. Sabe o que quer e o que merece.
Ela não quer muito, sabe que a grandeza esta nas coisas pequenas.
Ela, gosta de beijo na testa, abraço apertado que estrale seus ossos de leve.
Ela cai e levanta, é dedicada e esquecida, carinhosa e por vezes braba.
Não é qualquer um que pode tê-la, não é qualquer um que vai conhecer ela inteira.
Ela se completa, sabe que não lhe falta nenhuma peça.
Ela só quer viajar, dançar de olhos fechados, no ritmo da musica que embala seu coração, ela é cheia de emoção, a cada segundo, tem o seu melhor e o seu pior, suas asas e seus pés no chão.
Ela voa com as próprias asas e no seu amor próprio, faz morada.

Inserida por Joyceamanajas

Eu me toco em versos, me faço flores...danço em rosas e mar.
Me olho displicente e me vejo no tempo parada sem rumo
em estradas vazias, caladas...vez em quando me vejo em rios
nado em sonhos, deságuo em passados parados no tempo,
tempo em que sorrisos me consumia, me abraçava...
tempo em que músicas me cantavam poesias, me abraçava a alma
me levava em águas correntes, cristalinas...me entregava em cores
olhares quentes...acalmava meu frio, aconchegava meu corpo
beijava minha pele, arrepiava.
Lembro com vinhos, taças geladas...noites enebriantes, envolventes.
Me envolvem em lembranças, me aconchegam na saudade...
Porto seguro, ondas calmas...poemas despertam minhas vontades,
memórias me levam, me carregam pra junto de ti.

Inserida por LeoniaTeixeira

Monarca Sagitáriana

A água o fogo a terra e o mar, são os seus discípulos.
Inteligente demais para ter antipatia, sempre disposta a amar, mas é intensamente ágil na paixão.
Palavra metade não cabe no seu dicionário, fluída na eudaimonia, e existe uma calidez no seu olhar.
Herdada de um sorriso artístico que reproduz esperança, fé, amor e sorte. No entanto pactua um elemento transformando a água do mar em energia vital, conduzindo paz e bem-estar a quem está ao seu redor.

Inserida por CaioClippe

DIZER NÃO PODE SER UM SIM

Deitei, pra aguardar o sono...
Mergulhei num único ato de fato
As margens da paixão quente e finita
As vidraças ficaram embaçadas te aguardando
Tanto tempo que te busquei e esperei...
Vinhos e queijos à meditações ficaram se aquecendo na lareira…

Minhas sílabas etílicas buscavam vírgulas sóbrias
E trouxeram apenas muitas interrogações enquanto a tua espera fiquei,
Ou tu ...ou fui eu quem as trouxe,
Ai....! Que diferença faz quem e quando....

Se te amo e me amas? Palavras... Palavras criam asas no ar não nada provam, nada solidificam
Realizemos algo de concreto então, para a veracidade vir a tona...
Frente as evidencia do amor!

Será que conhecemos o amor?
Eis a questão? Depois de tantos amores teus..... Pode até ser que saibas ser seu o amor ...
Mas eu ? Que sei eu de Amor?
Vez que de um único amor até hoje provei...
E tu me exclamavas com reticências
Reticências tem muito a dizer ...ah e como tem....

Quando voltarei a estar entre vírgulas aguardando teu vulto?
Responda- me sinceramente, meu amor ...
Divino ou não, tu és prudente, ora oceânico, místico, ora platônico...

Se eu amargamente dissesse :
--o amo ... Pois me equivoquei...!
O que tu farias ? Se não fosse tua de mais ninguém seria?
Certa que tu não te darias por vencido!

Busquei entender meus erros de mulher ingrata que tenho sido por não ser tu por mim correspondido, embora saibas que negar minha lascívia tem sido via de mão dupla de retorno a ti

Se fui ríspida quando me beijavas entre versos e rimas , foi para te provocar
Nunca sequer soube ser eu volátil...
Fui tola quando te voltei às costas e lacrei a porta de nosso relacionamento!
Quando voltarei?
Não sei!

Os desejos foram mais eficazes e qualificados que me derrubaram em torturas
Torturas e migalhas , não aceito,
são lembranças que jogamos aos ralos sociais!
Sai em busca de respostas em meio ao caos ....por uma e nefasta razão.

Não via mais a esperança, nem a sombras dos espetáculos que roteiramos juntos…
Menos um dia
Menos uma esperança…
Quanta dúvida casta !
E tu continuas a provocar ...

Ao meu coração, com pequenas pitadas versadas, debulhas meu infinito amor misericordioso.
Poderíamos usufruir as pétalas dos girassóis de Van Gogh em óleo,
Ou aos riscos cúbicos de Pablo Picasso numa batalha " Guarnica"
Riscar e arriscar em telas meu corpo, e me enaltecer de tua tinta leitosa
E de minha arrepiada epiderme lúgubre…

Repleta de ousadia para ser quem abençoa a espinho saliente dos ímpares…
Dos descasados rebeldes…e mau humorados, retesados, vertendo deleite
Dos lugarejos apaixonados e baldios…
De um piano Bethovenissimo e sincero!

Acordo nas ruas perplexas do teu mundo,
Desperto ais passos de meus medos!
Não posso mais esperar !
Preciso que tua lança esperança chegue até este ser varrido de volúpia e desejo

Para que esperar então?
Se tudo que me deixastes,
foi um punhado de sonhos bordados de vontade e reiterados desejos.
Não é real, e nem irreal !
É o que tem ser...
Seja, esteja...
_________________Norma Baker

Inserida por NormaBaker

O lado de fora é sempre maior que o de dentro:
O Mar é maior que o peixe, ele tem espaço de sobra para nadar;
O Céu é maior que o pássaro, ele tem espaço de sobra para voar;
O Espaço é maior que a estrela, ela tem espaço de sobra para brilhar;
A Vida é maior que o homem, ele tem espaço de sobra para amar;
O Reino é maior que a igreja, ela tem espaço de sobra para atuar.

Inserida por bjardim

Como prosseguir

Assim como o mar sem sal,
Eu fico sem identidade,
Me sinto cansado e humilhado;

Você me acusa sem piedade,
Fico sem defesa, por que ninguém me acredita,
Ninguém se atreve me ouvir;

Como vou prosseguir assim,
Dia após dia,
Quem vai me ajudar a ser forte nessa jornada,
Onde vou me refugiar, onde terei paz;

Meu mundo é enorme mas triste,
Pois não esquece dos sonhos que ajudaste a sonhar,
Mas que agora estão distantes, perdidos,
Como posso continuar assim?

Muitas vezes tenho medo do escuro,
Pois não consigo ver,
Ainda assim a multidão me assusta,
E me escondo dela, no escuro;

-há alguém ai pra me confortar?

Meu Deus, por favor, escuta me apelo,
Cuida de mim!

Como vou prosseguir assim,
Dia após dia,
Quem vai me ajudar a ser forte nessa jornada,
Onde vou me refugiar, onde terei paz;

Meu mundo é enorme mas triste,
Pois não esquece dos sonhos que ajudaste a sonhar,
Mas que agora estão distantes, perdidos,

Não posso continuar assim.

Inserida por nando7735

NADA MAS FALTARÁ




Quando meus braços ,nos teus braços ,forem abraços.

Quando no mar dos teus olhos, eu puder mergulhar.

Quando em teus beijos molhados ,eu me afogar .

Quando ao simples toque na minha pele ,me arrepiar .

Quando sentir frio ,em teu corpo ,me aquecer.

Quando ao meu lado você estiver, ao amanhecer.

Quando nos meus dias , os espaços ,você preencher .

Quando isso tudo acontecer,nada mas resta ,nada mais faltará...
Estarei por completa !!

Inserida por GerlaniaFelix

O dia me saltou aos olhos.
Acordei com o frio na barriga - qual sempre tenho - e lembrei do mar. Ele está do meu lado e eu estou do lado dele.
Somos boas pessoas, corrompidas por imposições. Somos corrompidos quando crianças e retumbamos durante a vida.
A vida deveria ter um ar prazenteiro, e acaba nos forçando a respirar o cabuloso.
Tenho me esforçado para encontrar os pequenos momentos da vida, os mínimos, os reais, os que eu vou querer viver de novo, os que viverão na mente. E percebi que não adianta procurarmos, eles nos acham. Basta estarmos de braços abertos e deixarmos os preconceitos, de lado.
Tomei meu café. Abri um livro. Deitei na rede.
A vida é curta o suficiente para fazermos da morte, nosso próximo sorriso. As religiões são imposições demais - e idiotas demais - para se tornar um fanático. A dor é muito grande, para julgar a do outro.
As mulheres são muito mais do que você vai entender. Os homens são simples demais para pensarem ser tanto. As ruas são lindas demais, para não admirá-las.
Existe um cigarro entre meus dedos. Existe ouro no meu sangue. Existe luxo, na mais pura solidão.

Inserida por kevinmartins6

Vejo no céu a brilhar
A aquarela Laranja e Amarela
E o azul deste imenso Mar
Roseta daqueles Pássaros
Daqueles que estão a Cantar
E na grama, aquele verde de encantar
Da Maçã mais vermelha
O rubro está lá
Do tronco da iniciais
O Marrom deixa sua Marca
Na Pintura da Vida
Só os Marcantes e Essenciais
Predominam e enfim...
Se Tornará uma Obra Prima

Inserida por GeehSouza9

PELO MAR ADENTRO

Entro pelo mar adentro com aqueles
Que morrem num abismo agarrados a
Um último sonho dirigido na escuridão
De um comboio que passa numa velha

Ponte que ilumina a escuridão das noites
Escura que é impossível perder o caminho
Lâmpada no mar adentro sombrio de viver
Aprisionados numa clareira que nos ilumina

Há nossa volta um abismo certo e atingível
Tão incerto ilusório que mantém muito longe
O pensamento das memórias não realizadas
Sentimento amarrado, sentimento esquecido

Dos pensamentos cinzentos dormem na mente
Já vi demais, mas não vi tudo o que gostaria
Caminhei, mas não tão longe quanto eu queria
Pelo mar adentro dos que já partiram de viagem.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

PERDOANDO DEUS.

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com o que via.

Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia - e não possivelmente um equívoco de sentimento - que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.

E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.

Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.

Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.

... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.
Inserida por PAULOVALENTIM

Todos nós, como na natureza, fazemos parte de um todo:
A terra, o mar, os rios, as matas e todos os elementos da
natureza não existem isoladamente mas, "coexistem"...
Da mesma forma nós dependemos uns dos outros...para
construir uma "coexistência" pacífica e igualitária para todos,
por mais difícil que isso possa ser.
‪Cika Parolin‬

Inserida por CikaParolin