Textos de Lua
O que tínhamos não era amor.
O que tínhamos não era atração.
O que tínhamos era mais forte.
Nunca soubemos explicar o que era,
até hoje não sabemos.
Se nossos corpos se encontrarem,
por um descuido os nossos olhos
se cruzarem, e o nosso sorriso aparecer, é sinal de que por mais distantes que estejamos, nossa conexão jamais acabou.
Somos um do outro, mesmo o destino não querendo, mesmo que você e eu tenhamos que seguir um outro rumo, virar a esquerda e seguir na direção contrária.
Nenhuma pessoa irá sentir o que senti contigo, ninguém terá o que eu tive com você, o que você teve comigo.
Da forma que te beijei, ninguém te beijará, das vezes que te olhei, ninguém te olhará, dos carinhos que te fiz, não existirá outro igual.
É, recordar o passado
Deixa marcas,
Aperta o peito,
Esmaga a saudade.
Se o meu coração falasse
Ele não falaria nada
Por que nada o tem a dizer
Se o meu coração pudesse sorrir
Ele não sorriria
Por que motivo algum faz o rir
Se o meu coração sentisse
Um amor verdadeiro, intenso, e puro
Ele poderia falar da experiência única de um amor assim
Ele poderia sorrir, sorrir bastante
Por ter sentido esse amor.
RASO
Você fala em cortar o mal pela raiz
Fala em desatar nós
Cortar laços, relações
Virar o rosto, ver defeitos
Falar do outro
Fala que não se importa
Mas se ver uma porta aberta, qualquer brecha, quer logo entrar.
Aponta o erro alheio
E se diz sempre acertar
Aquela pequena pedra no meio do caminho
Virou muralha a te incomodar
Mas tente ir mais fundo
E gaste tempo com coisas grandes
Deixe de alimentar sua alma de desamor
Cresça e amadureça
Pois você ainda é muito raso.
Retrato II – Poema escrito em considerações ao Poema RETRATO de CECÍLIA MEIRELES
Eu era assim, como você
E nunca me vi tão longe do que já fui antes
Do que sou agora
Diga-me o que aconteceu com o tom
Do meu cabelo, da minha pele
A cor dos meus olhos já se apagara
Onde eu estava que não enxerguei essas mudanças?
Porque tive eu de fugir para não ver tais marcas?
Já me chamam de Senhora e me sinto tão invisível
Ao mesmo tempo que me vejo tão presente.
Como posso ter mudado tanto
E não ter morrido como sempre desejei
No memento instante, no tempo ausente.
Encanto
Presenciar tal beleza me arrepia dos pés à cabeça
Um olhar que parece me chamar para atravessar oceanos
Um sorriso turbulento
Ao mesmo tempo meigo, claro e lento
E esses cabelos enrolados que o vento conduz para a pista de dança
Sem se preocupar com o tempo
Nunca avistei nada igual
E encontrei no acaso aquele que fará da minha vida
Um eterno carnaval.
Leve e Quente –
Teus seios quente
Tua pele roçando a minha
Me deixa sem equilíbrio
Como é erógeno a curva das tuas nádegas
E me arrepia a alma
Passar a minha língua
Sob teu corpo
Venha minha amada
Deite-se ao lado daquele que treme de desejo
Ao avistar seu corpo despido
Renda-se ao nosso prazer
Como é celestial tocar-te
Firme, forte e com paixão.
Que vire pó- Poema escrito sob considerações da música MINHA MORTE de RAUL SEIXAS
Que vire pó e o vento leve
Toda mágoa, toda tristeza, toda dor
Que vire cinzas no cinzeiro
E o vento leve
Toda doença, toda fonte de morte
O câncer instalado na alma
Que vire poeira
E o vento leve
Toda mentira que nos cega
Toda gente que nos odeia
O mau olhado alheio
E que o pó levado
Alimente o vício de algum homem
Que como eu já experimentei do mais puro
Que as cinzas sejam queimadas
Depois de roubar a vida
Do homem que não conseguiu apagar o cigarro no cinzeiro
E toda essa poeira
Seja levada ao fundo do mar
Para guardar em segredo os altos e baixos
Que a vida nos dá.
Para/ George Henrique Bastos.
Sozinho
Já estive no meio da multidão onde muitos diziam – se irmãos, onde mais existia amor foi onde senti uma das piores dores. “Eis que com o ferro fere com o ferro serás ferido”, fere o coração, fere à alma.
Sempre ouvi que é impossível ser feliz sozinho, que a vida é sempre cor de cinza quando não temos alguém para dividir alguns momentos em bons dias.
Sim, já estive acompanhado de pessoas agradáveis, desagradáveis, parceiros leais e desleais, a busca de nunca se sentir sozinho me fez engolir muita coisa a seco, no entanto, sempre fui desses que se entrega a fundo se for para amar por completo, ou até decepcionar-se por inteiro.
Estar sozinho consigo faz parte, parte de um autoconhecimento, e por mais que seja tão angustiante e solitário, de fato ser sozinho não nos traz nenhuma felicidade, mas um desafio de conviver com nossas próprias virtudes e defeitos. Ser sozinho não é uma escolha, afinal, ninguém quer estar sozinho nos momentos de frio, de indecisão, de calor humano.
Viver sozinho pode ser uma consequência dos rumos que a vida nos leva, isso faz com que cometamos alguns deslizes que pode nos custar caro.
Muitos dizem que é bom estar só, outros já pensam o contrário, e são tantas afirmações que chega a ser difícil se encaixar em uma delas.
Volto para dentro de mim e me olho sem embaraços, ás vezes o que vejo não agrada o outro, o que vejo no outro não me agrada, e vivendo eu consigo mesmo não corro o risco de ser desagradável.
E como já disse, estive na companhia de vários, e hoje tenho estampado na pele a traição de muitos.
Sei que dói estrar sozinho
Dói mais ainda estar na companhia de quem nunca teve paz.
Dói ser frio
Dóis mais ainda entregar-se por completo a quem nunca esteve inteiro
Dói ser alegre
Dói mais ainda quando doamos um sorriso a quem não sabe recebê-lo
E por mais que doa tudo isso, o que dói mesmo é comparar- se a quem não deve.
A cada dia sobrevivo com meus cigarros e minhas besteiras.
Poema Excêntrico I
Talvez tu cigano da meia noite não sentiu o tempo passar
Cantarolava noite e dia sem parar
Embora sejas tu um belíssimo sabiá
O tempo parece não esperar
Ó Poeta adornado, embora hajas calado
Uns são anjos outros palhaços
E é difícil inventar-te um oficio
É que desde o início tu és um mistério sem destrincho
Que o vento sempre traga o aroma dos teus cabelos para embriagar as rosas do campo
O lírio das tuas expressões mostra-me a lisura nos teus atos
Te fotografei
Te ponho no retrato.
Poema Excêntrico IV
Tu viras noites como o dia que escurece e amanhece
Leva uma vida de boêmio com sutileza
É de um exato sorriso
Mas de um olhar incógnito
É contraditório se dizer ínfimo quando se és grande
És um macho tímido
Alvo como luz que reluz na escuridão
Não, teu cabelo não assusta
E tua conduta é tão pura
Que não há medo de aproximação
Tu és de mistérios absurdos
De um olhar vivo para o mundo
Talvez tua timidez de não insistir em pequenas coisas ou grandes
Seja medo de alcançar o inalcançável
É que de fato és raro o ínfimo se tornar visível.
é domingo
o carro que dá partida é o mesmo há alguns anos
o caminho é quase o mesmo
a mesma estrada
os mesmos lamaçais
os mesmos vira-latas nas calçadas
as mesmas bicicletas
talvez sejam os mesmos os homens que ali vendem abacaxis
a senhorinha da barraca de verduras
ainda é a mesma
O paradoxo da pobreza material
e da riqueza
daquele ar romântico
e meio bucólico
são os mesmos
as mesmas galinhas nos quintais
o cavalo que puxa a carroça
o pasto
o curral
o Sol que reflete na vegetação
o trem que anuncia passagem
todos ainda são os mesmos
entro pela mesma porta
encontro ali
a mesma poltrona
a TV ligada no mesmo canal
o mesmo café
o mesmo bolo de fim de tarde
a rotina é a mesma
um passeio pelas plantinhas da varanda antes de pôr a mesa
uma indicação de um remedinho pra tosse antes de partir
exatamente a mesma Helena
exatamente o mesmo João
eu, que há muito já não sou a mesma
minha cor preferida já é outra
já não leio a mesma coleção de livros do Pedro Bandeira
já não vejo mais os filmes de antes
e a cada instante mudo um pouco mais
conservo exatamente a mesma vontade
de que aquilo contrarie o tempo e a natureza
e permaneça
naquele mesmo vazio de grandes construções
atrás daquele mesmo trilho de trem
e que a cada domingo que a vida guarde
baste atravessar a mesma estrada
o mesmo lamaçal
e aquele amor continuará ali
exatamente o mesmo
desde o meu primeiro abrir e fechar de olhos
há vinte e dois anos atrás
Aquela do amor a distância
Eu não quero toda sua atenção
Eu só quero o seu coração
Passo o dia pensando em você
Mas a noite preciso adormecer
E sonhar
Com seus beijos
E carinhos e outras coisas que não posso nem pensar
É meu destino
Te querer
Mas quando acordo a realidade vem me dizer
Que estou sem você
São quilômetros a nos separar
Tantas estradas e placas até enfim chegar
Um oceano inteiro de incertezas
Minhas amigas dizem para eu esquecer
E francamente estou a enlouquecer
Conheci homens que são encantadores
Tem alguns que te tiram para dançar
Mas só com você posso voar
Tem outros que te levam para jantar
Mas só com você posso me saciar...
Tantos outros com mil predicados e prendados
E mesmo você
Estando distante
Irritante
Errado
É quem eu quero
Desejo
Sonho
Pois eu te
Poderia escrever a palavra que não menciono
Mas há tantas coisas entre uma linha e o coração
Os desejos, coragens e medos
Que transpassam essa sensação
Fantasias de um sonho sem fim
De acordar e de não ter você em mim ...
Aquela da perita em errar com você
Nossos olhares se cruzaram há muitos anos atrás
E foi automático aquela sensação
Que de mim, você não sairia mais
Tem horas na vida que somos reféns da sorte
Tem horas na vida que tentamos acertar
Você é meu erro
E posso afirmar
Que virei perita em errar
Que tempo bom, aquele dos nossos erros?!
Andar de mãos dadas
Então um dia o vento do tempo soprou
Cada um para um canto
Um oceano entre nós
Não havia mais presença
Mas você ainda estava aqui
Na marquise do velho mercado abandonado
Numa mesa vermelha de bar
No balanço do parque esquecido
E como eu não gostava disso!
Como lidar com a ausência de alguém aqui fora
Quando esse alguém é presente aqui dentro?
Quando você, não saia do meu pensamento?
O relógio da vida é rápido demais
Um ano, três, seis, dez... nem lembro mais
A chuva caia lá fora
Foi quando novamente te avistei
O que teria sido do nosso tempo?
Não, confesso que eu não sei
A carne que não fica junta
O toque que não se dá
Nada disso importa
Quando o sentimento está
Olhei seus olhos por um minuto
Ele ainda está lá
Ele ainda está lá
Ele está aqui
1994
Você me olha
Mas não me vê
Você me vê
Mas não me toca
Você me toca
Mas não me sente
Você me sente
Mas não compreende
Você me compreende
Mas não me escuta
Você me escuta
Mas não me fala
Você me fala
Mas não me faz
Quem pode fazer?
O amor
Quem pode falar?
A coragem desenterrada
Quem pode escutar?
A humildade praticada
Quem pode compreender?
A sabedoria errante
Quem pode sentir?
Eu e você amantes
Quem pode tocar?
A verdade vivida
Quem pode ver?
A esperança colorida
Eu vejo você!
Deixar morrer
Sim, eu sei que vai morrer
A lembrança de mim em você
E eu vou deixar seguir
Apesar de ter em ti algo como luz e vida
A luz ficou no passado
A luz hoje esta perdida
Mas é verdade meu bem,
Há muito de você em mim
Há muito de mim em você
Não adianta negar
Não adianta mentir
Mesmo separados
Quem nos impedirá de sentir?
Mas nessa noite e por muitas outras
Vamos esse sentimento omitir
E assim lentamente deixar morrer
O passado em mim
O passado de você
Lembro da primeira vez que te vi
Ligeiramente por entre um por do sol alaranjado
Assim começou o nós aqui em mim
Uma paixão dessas que a gente não escolhe
Rasga o peito atravessa a alma
Aqueles breves dias que estivemos juntos
Recordações que jamais esquecerei
No dia em que seguimos caminhos diferentes
Yndaiá... Doeu demais
Afinal tem dores e sabores que não se explicam aos mortais
* Som
Confiar em quem?
Esses dias precisei ir ao dentista. E confesso que estava com muita dor. Talvez seja uma tendência né? Só lembramos de algo que precisamos quando esse algo, nos magoa, nos fere. Eu fiquei despontada comigo mesmo, pois deveria ter tido mais cuidado com os meus dentes. Com cada um deles. Pois fazem parte de mim... Seja para a minha alimentação, seja para o meu sorriso... Nesse momento de dor lembrei que era conveniada a um plano odontológico (sim há 2 anos!) e que nunca tinha utilizado o mesmo. Bem, peguei a lista de especialistas e procurei o Dentista e especialista em endodontia que estava mais perto. Liguei fui prontamente atendida e marquei a consulta para o dia seguinte. Fiquei muito feliz em ser atendida com tamanha atenção e ter conseguido horário brevemente. No dia marcado estava eu com a boca escancarada na cadeira da profissional, que foi anotando tudo na fichinha. Ao término da análise o resultado: Você está com 8 dentes que precisam urgentemente de cuidados, sendo que um deles é canal. Quando escutei a palavra canal, confesso que tremi na base. A avaliação criteriosa, veio seguida da seguinte informação: “Esse procedimento de canal, ficará em XXX,XX reais”. Silenciei, agradeci a auxiliar tomou nota do meu telefone e agendou o retorno. Sai meio tonta, sim afinal fiquei meia hora deitada com a boca aberta, tendo refletores dignos de um estádio de futebol, sendo mirados no meu rosto... E fiquei meia ressabiada, pois o procedimento de canal até onde eu sabia era pago pelo plano. Liguei para a Central de Informações e fui informada que meu plano cobria todo o tipo de TRATAMENTO ENDODÔNTICO ou seja: Havia uma falha de comunicação, ou informação, ou o pior: má fé por parte da especialista que estava me atendendo. Na dúvida procurei outra profissional. Que fez a avaliação, que apontou para 3 dentes cariados e dois canais. E o melhor de tudo: Não pagarei nada por isso. Estou finalizando os procedimentos e meus dentes estão agora, bem. Por eu contei tudo isso? Pela confiança. É a confiança! Aquela que depositamos muitas vezes em um momento de desespero na pessoa errada. Quando estamos machucadas, e precisamos nos livrar de uma dor, de uma mágoa procuramos a cura e o tratamento para essa dor as vezes em pessoas e coisas erradas. Existem pessoas que tentam se livrar das mágoas (principalmente as sentimentais), com o primeiro que aparece. Afinal é mais cômodo. A questão é: infelizmente a conta vem depois. E você estará disposta a pagar? Queremos que as coisas sejam rápidas e que resolvam todas as nossas dores... Mas quando agimos no momento de desespero e dor, nem sempre tomamos as decisões mais sensatas. Porque a dor nos tira a capacidade de sermos racionais. Queremos o alivio imediato. Mas esquecemos que muitas vezes ao confiarmos no primeiro que aparece, podemos futuramente sofrer muito mais, seja por um tratamento de canal mal feito... ou por tantas outras coisas... FATO É QUE NÃO DAMOS CONTA DE COMO É IMPORTANTE TER EM QUEM CONFIAR. Digo aqui que se coração tivesse dente, (estranho, mas vamos lá é subjetivo mesmo rs), muita gente andaria desdentada por falta de amor próprio e por não ter cuidado com seus conteúdos, suas emoções e histórias. É muito difícil estabelecer laços, confiar em alguém então! Mas é necessário. Isso faz parte da humanidade. Criar e manter laços. Porém hoje em dia muitos, e muitas estão perdendo isso. Uns culpam o relógio, é a falta de tempo afastando as pessoas engolindo segundos, minutos e vidas. Fato é que se CORAÇÃO TIVESSE DENTE, MUITA GENTE DE SORRISO PERFEITO ESTARIA BANGUELA POR FALTA DE AMOR PRÓPRIO E POR TER CONFIADO EM QUEM NÃO MERECE.
Sempre e sempre e sempre
As vezes eu sinto fome
As vezes eu sinto frio
As vezes eu sinto saudade
As vezes eu sinto um arrepio
As vezes eu sigo o relógio
As vezes eu sigo a razão
As vezes eu sigo a beleza
As vezes eu sigo o coração
As vezes eu penso em mim
As vezes eu penso em você
As vezes eu penso em nós
As vezes eu penso sem porquê
As vezes eu choro de raiva
As vezes eu choro de dor
As vezes eu choro de medo
As vezes eu choro de amor
Sempre que as vezes eu sentir a saudade
Sempre que as vezes eu seguir o coração
Sempre que as vezes eu pensar em nós
Sempre que as vezes eu chorar* de amor
Estarei sempre feliz
*(aquele choro bom que só conhece quem ama e é correspondido)
VERSÃO
Odeio o modo como fala comigo
E como usa regata
Odeio como corrige o meu português
Odeio seu sotaque e quando pronuncia a palavra contexto
Odeio seus braços e mãos e seu sorriso alinhado
E como consegue me tirar do sério
Eu odeio tanto isso em você
Que até me sinto doente
Odeio como me irrita
E odeio quando você mente
Odeio quando me faz rir muito
Mais quando me faz chorar...
Odeio a geografia
E o fato de estarmos distantes
Odeio o número 3 mil e toda a estrada que tem até sua porta
Odeio a linha do Equador
E o fato de não me ligar
Odeio quando somes
E o fato de enviar me dias de paz e luz
Mas eu odeio principalmente
Não conseguir te odiar
Nem um pouco
Nem mesmo por um segundo
Nem mesmo só por te odiar
*SOM *VERSÃO
É manhã!
Eu vejo como o sol sorri pra mim e sei que não é recíproco.
Estou tomada pelo enjoo da ressaca, e consequentemente perdi.
Perdi o que há de melhor para começar o dia.
A contemplação da manhã, do sol, do ar puro de dia novo.
Perdi!
Haverá outras manhãs, outrora, eu queria que fosse esta.