Textos sobre Dor
Outono da minha vida
Adentrando ao outono da minha vida,
Um paradoxal inverno quente me anima.
E a primavera, florida, faceira e sorridente
Reflete a esperança de um dezembro caloroso,
Com o verão pulsando caloroso em minhas veias.
Com certeza um natal muito feliz
Entre familiares e amigos.
Um “adeus ano velho” ruidoso
Com prazerosos brindes, fortes abraços,
Estalados beijos e furtivas lágrimas.
Mais um Ano Novo repleto de promessas.
Que aventuras viverei em janeiro?
Viagens, estradas, novas paragens.
Fevereiro de olhares, sorrisos e afagos.
Conquistas merecidas, achados fortuitos,
Quiçá novos amores, explosivas paixões,
Prazeres incontáveis, noitadas inesquecíveis.
Assim a vida se renova, até a hora da partida.
Março trará corações dilacerados,
Almas partidas, bilhetes rasgados,
Pulseiras, anéis e colares jogados.
Roupas rotas, tênis gastos,
Revistas dobradas, livros esquecidos.
Enfim, páginas viradas, vidas passando.
Os passos antes largos, agora lentos,
Os olhos lassos, as nuvens altas,
Prolongados suspiros, ais, sussurros.
O tempo escoando entre dedos e frestas,
As ondas do mar lavando lamentos,
Na areia desenhando imagens funestas...
(J.M. Jardim, setembro/2013)
Hoje acordei a dizer adeus às lágrimas.
Apaguei da minha vida as mágoas,
passei por cima das angústias,
estou a desatar os nós da vida
e das lembranças da memória
O inferno é perder a capacidade de amar
de perdoar, de sentir compaixão pelos outros
Somente quem passa pelo gelo da dor, pela perda
e quando chega à inocência amor
é para vive-la sempre com uma grande plenitude..!
Saudade Póstuma
Você se lembra de tudo como se fosse hoje, dos momentos felizes que se foram. Das dores, claro você esqueceu. Pois o tempo cura tudo, mas não apaga a saudade.
Desejando que o passado se transforme em futuro. E que tudo seja como antes. O passado são seus planos futuros, já seu presente, é viver o passado.
Mas são saudades póstumas, e não eternas. E é você quem insiste em segura-las. São como barreiras que te impedem de andar. Mas quem é que disse que você quer andar?
Bom, e do futuro você esqueceu. No meio desse montante de passado, ele se perdeu.
Sei que você alcança o som que vem de mim...
Sei que você escuta cada batida desacelerada deste coração.
Sei que você escuta em seu ouvido, cada suspiro que libero quando penso em ti.
Sei que você escuta o meu silêncio
Sei que você escuta os meus gritos sufocados.
Sei que você escuta a dor que vem de dentro de mim.
(Sim, a minha dor tem som)
Sei que você escuta o meu chamado todos os dias.
Sei que você gosta de me escutar....
Mas, não sei até quando conseguirei sufocar o barulho que em mim precisa morrer.
"Quem te conhece bem; sabe até a diferença de um "BOM DIA", um sorriso seu quando é sincero e um "adeus" quando não se consegue derramar uma lágrima, mais que doí até a alma está tristeza de uma despedida, a quem tanto queremos que permaneça por perto."
—By Coelhinha
A Apedrejada
Meu nome é Asho
Tenho treze anos e vou morrer
Por apedrejamento.
Ao relento
Dos corações endurecidos.
Fui condenada por prevaricação.
Num tribunal paralelo.
Meu crime?
Fui violentada,
Estuprada.
Rasgada na minha inocência
Eu só tenho treze anos
Acudam-me. Quem pode salvar-me?
A primeira pedra feriu a minha cabeça.
Pulei dentro do buraco,
Cheio de pedras
Tentando fugir.
Eles vieram atrás
50 homens,
Fortes e raivosos.
Acossaram-me.
Socorram-me.
Agora me apedrejam sem parar.
A dor é aguda e atroz
Vomitei.
Gritei.
Urinei.
Defequei.
Inúmeras vezes de dor.
Agonizei.
Cadê a Anistia Internacional?
Onde está a voz dos Direitos Humanos?
Estou agonizante
Só tenho treze anos.
Não quero morrer.
Muito menos agora,
Por lapidação.
Abriram vários buracos na minha cabeça.
Esfacelaram-me.
Estou sofrendo dores
Do tamanho da maldade deles.
Enfim, vou morrer
Após duas horas dolorosas.
Com a vergonhosa aquiescência do mundo
Eleni Mariana de Menezes
A chuva cai lá fora e um rio transborda dentro de mim,como eu queria não me sentir assim,sua ausência dói tanto as vezes penso que não vou suportar como dói a dor de te amar e com voce não poder estar.
No rio de emoções do meu coração voce é o barquinho a
Navegar,as vezes tenho medo de te machucar, nem sempre sou mansa,minhas águas ficam turvas me perco no breu, só quero que voce seja meu.
Que saudade é essa que me invade?
Adentra minhas entranhas, toma conta de toda parte
Nossa como arde!
Que sentimento é esse que embaralha meus pensamentos
Já perdi a noção de tudo e de tempo
Que desalento!
Que angústia é essa que me cega?
Quero caminhar e não sinto minhas pernas
Decisões incertas!
Quando vou te ter de volta no meu mundo?
Nem que seja por um descuido
Futuro obscuro.
Tudo me lembra ele.
A música que eu deixei tocando no repeat, na segunda vez que ele dormiu comigo.
Passar na frente de onde ele trabalhava, é impossível não olhar e procurar por ele.
Pessoas falando Bonjour, ou qualquer coisa em francês...
Todas as letras de todas as músicas que o shuffle do ipod toca tem um pouquinho dele.
Todo homem de terno preto ou nariz empinado, não tem como não me lembrar ele.
Absolutamente tudo me lembra ele.
Queria tanto que ele voltasse pra mim :(
Eu sempre disse que a gente nunca mais ia se ver e você sempre disse que eu não sabia de nada. Entre uma conversa e outra você dizia que a gente tinha que ser amigos no Facebook, acho que me disse isso umas cinco vezes, inclusive na manhã em que foi embora.
Já vi gente ter pé atrás e medo de ser rejeitada, mas eu consigo atingir níveis inexplicáveis. Mesmo assim decidi te procurar. Não foi nenhuma surpresa, porque venho bisbilhotando seu perfil nos últimos dois meses, sem nunca ter coragem de adicionar.
"Add as Friend", pronto, adicionado. Ainda enviei uma mensagem bonitinha: "Tinha 15 coisas pra te falar antes de você ir embora, mas esqueci até de falar Boa Viagem e Boas Férias, beijos". Isso foi há exatamente 24 horas e até agora você não me aceitou como amiga, já tô conformada com o fato de que você nem deve mais lembrar de mim e vou ser só mais umas daquelas estranhas que ficam pra sempre na lista de solicitações de amizade, que você nunca vai aceitar.
MALDADE
Se em alguma circunstância se questionar sobre a maldade, eis aqui uma possibilidade.
Ausência de amor,
Tanto a si, quanto ao próximo,
E talvez, um pouco de dor,
Causada por um malfeitor
Ilusão de que o material
Vale mais do que o espiritual,
Escassez de altruísmo,
E em resposta, o individualismo
Desmemoria de valores e ideais
Buscam o que almejam feitos canibais
Enxergam o preço de tudo
Perdem de vista o valor do nada
Desconhecimento de que apenas perpetua a alma
O que é feito para tal,
Ó Céus, esquecem que a maldade
Pode ser letal.
Tudo que eu sei sobre a minha luz, Eu aprendi com a minha escuridão.
Tudo que eu sei sobre a vida,
Eu aprendi com as minhas perdas.
Tudo que sei sobre a cura,
Eu aprendi com meu coração partido.
Tudo que sei sobre a paz,
Eu aprendi com o caos que existe dentro de mim.
Tudo que sei sobre meu propósito, Eu aprendi com os incontáveis erros que cometi.
Foi através da dor, que
Eu aprendi as lições mais importantes...
'A MORTE'
Inevitável, silenciosa e profunda,
A morte nos envolve em seus braços gélidos.
É a derradeira viagem, a travessia
Para o ignoto, onde o tempo se dissolve.
Sob o manto da noite, ela nos conduz,
Além das estrelas, além dos sonhos.
Ali, achamos o descanso almejado,
Onde não existe dor, temor ou pranto.
A morte é o derradeiro baile, o último alento,
A despedida da vida e do mundo que nos é familiar.
Mas, quem sabe, ela possa ser também
O prelúdio de algo novo, um percurso sem fim.
Assim, quando a penumbra vier ao nosso encontro,
Que possamos estender a mão com bravura e paz.
Pois na morte, porventura descubramos a verdade,
O esclarecimento dos enigmas que nos rodeiam.
Filía é saber que existe alguém que acredita e admira você.
Filía é chegar no fim do dia e pensar em alguém antes de dormir e se orgulhar desse alguém.
(Filía me lembra panquecas, tudo fica melhor com panquecas.)
Filía é vencer e ter alguém que te aplauda, que se alegre com a sua vitória.
Filía e sentir o amor, apesar da dor.
Filía é errar e ter alguém que aponte o erro, mas também a solução.
Filía é ver a queda do outro e fazer com que se erga.É honrar e defender na ausência.
É fazer com que você sinta, que as estrelas foram feitas para serem vistas, pelos seus olhos.
Filia não se esconde, os olhos nunca mentem, está numa palavra bondosa, um abraço gentil, num conselho sincero, umas boas risadas.
Filía é o amor, O sublime amor entre amigos.
DEDICADO A UMA OUVINTE…
A LUA é a prova de que a beleza não pede atenção, não precisa de bajulações frias e vazias.
Desde os tempos antigos, recorremos a ela quando lapsos de clareza batem a porta, frações momentâneas de euforia, desesperança, paixões, angústia, amor e ódio.
Quase sempre aparece, nós a olhamos e ela nos olha de volta, quase como que se alimentando da totalidade de nossas alegrias e tristezas.
Está sempre observando e ouvindo com muita atenção.
Todos que você ama, todos que conhece, todos que você já ouviu falar, todos que já existiram.
Cada caçador e saqueador, cada campeão e covarde, cada inventor e demolidor.
Cada rei e plebeu, cada mãe e pai, cada casal apaixonado.
Cada criança sonhadora e esperançosa.
Cada poeta, cada músico, cada dançarina, cada cozinheiro.
Cada santo e pecador.
Somos agraciados com sua beleza redundante, mesmo tão longe, porém tão perto, mesmo tão só, porém tão acolhida. Ela parte, porém sempre retorna, de um jeito ou de outro, nos céus de uma noite estrelada, ou no aconchego de nossos corações.
Ela retorna com a certeza, de que sempre vai estar aqui, até o fim…
(Se você tem uma lua na sua vida, não desperdice seu tempo com ela, divida suas dores, suas conquistas, suas paixões, seus medos e seu amor).
DEDICADO A UMA OUVINTE…
Hoje eu gritei
Hoje eu gritei comigo,
a raiva fervendo em cada palavra,
ódio espalhado como veneno,
amor não correspondido, uma ferida aberta.
Hoje eu gritei com ele,
em desespero e frustração,
implorando por um pouco de atenção,
mas só recebi silêncio, um eco vazio.
Hoje eu gritei com a gente,
lembranças rasgadas, promessas quebradas,
nossos sonhos desfeitos,
restos de um "nós" que nunca foi.
Hoje não encontrei os meus sapatos,
não consegui regar minhas flores,
não vejo meu reflexo no espelho,
porque a dor me cegou, me engoliu inteiro.
Porque me deixaram gritar?
Minhas vozes se perderam na tempestade,
cada grito uma lâmina cortando a alma,
até que deixei de existir, consumido pela dor.
Hoje eu gritei,
e no fim, o grito me silenciou,
morreu uma parte de mim,
que nunca mais vai entender,
a dor que ficou.
Entre o Ser e Ler
Entre folhas de papel, a alma se perdia,
Uma adolescente sonhadora, entre linhas se escondia,
Nas páginas de um livro, um refúgio encontrava,
Realidades paralelas onde a vida desenhava.
Cada frase lida, um mundo repleto de cor,
Um portal para sonhos, para um outro fervor,
Histórias que a levavam para além do horizonte,
Onde as dores reais jamais eram fronte.
Mas ao fechar o livro, a verdade a cercava,
A vida cinzenta, dura, nela se entranhava,
Cada retorno ao real era um golpe profundo,
Como se a luz das histórias se apagasse no mundo.
Ela queria ser aquelas heroínas, viver aquelas paixões,
Mas em seu cotidiano, só haviam desilusões,
Os livros eram abrigo, mas também uma prisão,
Onde o desejo de ser mais trazia frustração.
Decidiu então fechar as páginas, deixar de fugir,
Encarar a realidade, tentar resistir,
Mas a família, alheia ao peso que ela carregava,
Não compreendia o porquê de sua paixão que se apagava.
Julgada por não mais mergulhar nas histórias,
Sem saberem das lágrimas, das noites sem glórias,
Ela calava a dor, em silêncio e solidão,
Buscando forças em sua própria razão.
Mas dentro dela, as palavras ainda viviam,
Os sonhos e esperanças, silenciosos, resistiam,
Talvez um dia, o equilíbrio encontraria,
Entre o real e a ficção, onde a felicidade emergiria.
E então, voltaria a ler, não para escapar,
Mas para se inspirar, para o mundo abraçar,
As histórias não seriam mais um refúgio distante,
Mas um complemento à vida, um toque constante.
Assim, a jovem sonhadora seguiria seu caminho,
Carregando em si a força, e um destino alinho,
Entre livros e vida, encontraria sua verdade,
Num abraço profundo, de eterna dualidade.
Futuro Incerto
Tentei ver pela neblina
Mas lá só vi um borrão
Talvez seja a verdade
Ou a minha imaginação
Me prendendo na arapuca
Pra que eu pare com a busca
Nessa imensa imensidão.
Olhar pro futuro dói
Justamente pelo risco
De se ver bem na pior
Como bem, feliz e rico
Aí que é o pulo do gato
Pra não cair que nem pato
Na furada, e não de brinco.
Mesmo com minha caneta
Ainda arde o coração
Mas assim que é o mundo
Não é doce ou jamelão
No fim, nada vai sobrar
Não adianta pensar
No que tá na escuridão.
O Silêncio
Machuca a minha alma,
Como uma lâmina afiada,
Rasgando fragmentos do meu ser.
O silêncio,
Traz saudade do timbre da sua voz,
Grave, informal, incompreensível...
Mas ainda assim, tão familiar.
Eu gostava de ouvir.
Agora, resta-me acostumar ao vazio,
A sua ausência.
Peço apenas: fique longe!
Não quero reviver a dor
Que um dia dilacerou minha essência,
Encharcou meu rosto com rios de lágrimas.
Ao menos, um adeus...
Mesmo que mísero.
Pode me odiar — eu já me odeio mesmo.
Pode criticar — eu critico a mim mesmo.
Eu não sou ninguém, não sou eu mesmo.
Tudo conspirando contra mim, e eu sinto o peso.
Uma saída dessa dor é o que eu desejo.
Se tem uma luz no fim do túnel, eu não a vejo.
Eu sei que falhei, que tentei, que lutei.
Eu enxerguei que eu não passava de uma farsa,
Eu aprendi que a vida é uma piada amarga.
Sentimentos machucam mais do que facas;
palavras até confortam — depende de como são usadas.
Sonhos são pra criança que ainda não foi frustrada.
Se você mente pra si mesmo, não adianta nada.
Um dia vai se ver no espelho a dor vai estar escancarada,
Sonhos são só sonhos e a vida não é um conto de fadas.