Textos de Desilusão
*O lema de uma sofredora*
Uso este poema.
Para escrever o meu lema.
Amar não é solução,
Mas o que destrói o coração.
Depois de um abandono ficamos um cão sem dono.
Sofrer, sofrer e chorar
é o resultado de amar.
O que não consigo entender é
Que se amar é sofrer,
Para quê amor pra viver?
O mais correto seria se ele trouxesse alegria todos os dias!
O amor é traiçoeiro e ilusório
Primeiro nós trás alegria
Mas acaba em velório.
Se alguém quer minha opinião
Não entregue o coração
Para que ele não seja mais um corpo no caixão.
Tudo que estou falando pode parecer um drama!
Mas caso não acreditar
Pode um amor tentar
E quando tudo acabar
Sei que vai me apoiar.
Escrito em 2003
andei pensando em fugir
só pra sair
desse vazio que deixei-me atrair
sem perceber o quanto me consumi
desse falso amor a me ferir
deixei me permitir
pelas tuas doces palavras me atingir
tentei desconsentir
tentei desiludir
contemplando o céu a descolorir
vi mil gaivotas pranteando
numa tarde de sol a pedir
pra pôr mais vida
neste cinzento mar que poluí
daquelas lágrimas deixadas
sobre o nosso livro de elzevir
da nossa estória que deixou ser souvenir
corri entre as nuvens para me despedir
do teu sorriso numa manhã
e a noite sorrir com o amor que esculpi
e no espelho enxergar a única pessoa capaz de me retribuir
2016, O Espelho de Elzevir
É triste mas a única mensagem
Que eu no dia recebo,
É de mim próprio a dizer que ainda se vai abrir a passagem,
Para chegar a coisas que eu ainda não percebo!
Podem dizer o que quiserem,
Só digam é que existi,
Fiz a um sítio a que a luz não chega uma viajem,
E até ia outra vez, mas prefiro lutar por ti!
Pelo que tu disseste hoje parece
Que o teu coração é o dele, e o dele é o teu,
Agora o que aí entre vós acontece ,
Fica aí e não volta para o coração que eu queria que fosse meu!
Deve haver uma razão
Por eu não pôr nos meus poemas um ponto final,
Porque a minha vida e o amor não têm um travão,
E hoje confesso que se tivesse já havia funeral!
A LUZ
A luz cega-nos a mente
De tão perdidos que nos encontramos
Perdemos os sonhos sem tentar encontrá-los
Já sabemos que morreremos sozinhos
Mas caminhamos por entre as trevas
Pois até as sombras tem receio de nos acompanhar
Somos almas solitárias à procura da libertação
De tristes palavras contraditórias como o vento
Entre a nossa dor e a nossa própria solidão
O tempo é a ironia da vida que caminha lado a lado
Andamos por entre as sombras com as lágrimas secas
Nos olhos, vemos o que não gostariamos de ver
No entanto cobiçamos caminhos sem luz, sem esperança
Esta é a triste realidade que nos consome cada vez mais
E nos faz novamente andar nas sombras
Pobres mortais que somos, carne podre, protefacta
Sem sonhos, sem verdade, sem amor, egoístas sem piedade.
MORA
Mora em mim um amor
Mora em mim uma intensa paixão
Mora em mim um jardim perfumado
Mora em mim um toque que me enlouquece
Mora em mim um misto de desejo
Mora em mim um delírio doce
Mora em mim um amor revivido
Mora em mim uma louca loucura
Mora em mim intensamente correspondido
Um grande amor dentro do meu peito.
ESCREVO
Escrevo é o que sou
Histórias perdidas
Esquecidas na memória
Gravadas no coração
Inventadas com sabedoria
Do meu saber observar
Ficções que são encantos
Memórias que não aconteceram
Sonhos que morreram e não viveram
Escrever é uma forma
De agradecer, perdoar, esquecer
O que só o destino teve culpa
As palavras são a minha respiração
Elas dã-me vida e eu dou-lhes o meu coração
A minha alma nas memórias guardadas ou não.
NAVEGUEI-TE
Naveguei-te meu amor
Pelas colinas
Das tuas encostas
Sonhei-te perto de mim
Naveguei pelo teu corpo
Desejando mais e mais
Bordamo-nos um no outro
Rasguei-te na imensidão
Da fome sentida com um olhar
Naveguei-te com paixão
E amei-te nas memórias
De tantos orgasmos felizes.
RASGO
Rasgo o sombrio de mim
Na saudade de um espasmo
Degredo esquecido em mim
Solto nos rastros perdidos
Procurei esquecer a dor
Que me atormenta no espaço
Escondido nos sonhos
Que no tormento flagela
Os meus dias, noites sem dormir
Feito de novelos que fia a dor
No crepúsculo do vento
Quimeras de sombras
Que cobrem apenas a tua ausência
Para rasgar a dor que sinto
Quando não estou contigo.
EU VOU
Vou amar sem me perder
Sem me cruxificar
Vou sobreviver
Espairecer até morrer
Para demonstrar
O que vive em mim
Deixar sair sem nada sentir
Deixar fluir sem me repetir
Fugir das prisões
Libertar-me dos grilhões
Vou tentar fugir mas de ti
Nunca sou assim, crescer amar
Vivi com intensidade
Todos os momentos
Aprendi amadurecer
Coloquei no meu coração
Tudo que senti
Deixar andar sem nada esperar
Aceitar o que está
Para vir sem nunca duvidar.
No oasis tudo e vivo
E no deserto é símbolo da esperança
acolhe e salva viajantes, animais,
dos quadrúpedes aos rastejantes
renovando a vida
Eu a tempos no deserto
definhava, já sem esperança
quando lhe encontrei
nas suas águas me banhei
matei minha sede e fiz morada
Não durou pra sempre
E não mais que derrepente
senti o calor ardente
era o sol, bem na minha frente
na boca o gosto da areia
na pele fogo ardente, vermelhidão
já seco esteva meu coração
pois aquilo era só uma ilusão
essa miragem sem dó nem perdão
sumiu na imensidão.
SABES
Amei-te
Sem saber quem eras
Onde estavas
Tocaste-me com a ternura
Num louco desejo
Envolveste-me com as tuas mãos
E no teu corpo descubro
O sorvo dos teus lábios
Quero mais de ti, quero tudo
Amei-te sem saber quem eras
E a quem pertencias
No fim descubro que eras meu
Só meu que me pertencias
Sim a mim.
SÃO LONGAS
São longas as noites
Que passo sem dormir
Insónias noturnas
Nestas trevas profundas
Não sei o que sentir
A dor persiste, insiste
Na escuridão é que reflicto
Sobre o que tenho sido
Sinto-me a morrer devagar
Lentamente, sem querer morrer
Nesta minha punição que me fere
Que sangra,rasga-me no peito
Que me dilacera e tortura
Com intensidade na pele
E se propaga no corpo
Destas malditas insónias dolorosas.
EU SOU
Sou um corpo caído no chão
Num coração seco de alma vazia
Que esconde as mágoas da vida
Sou um corpo deixado no chão
Entre as traições e desilusões
Sombras que a vida deixou no profundo
Desgosto marcado dos sonhos perdidos
Sou um corpo preso com cadeado
Com a alma magoada algemada de insónias
Das carícias perdidas nas noites esquecidas
Sou um corpo torturado pelas insónias
Dum pesadelo sem correntes na alma
Que grita bem alto liberdade
Sou um corpo morto de frio
Deixado numa qualquer calçada
Perto do mar pleno de emoções
Sou um corpo que arde em paixão
De tanto amor que deu em vida
E agora renasce para voltar a amar.
TALVEZ SOU
Sou o meu próprio carrasco
Despojada de palavras lidas
Num livro jamais escrito
De sonhos gigantes
Nos confins da alma
Fazendo dos nãos talvez sins
Limites de alguns instantes
Letras cativas de solidão
Busquei na procura das virgulas
Perdidas dos que se desejam
Nas carnais sensações que despertam
As palavras despidas de desejo
Carrasco de corpos sôfrego de letras
Pontos das páginas escritas
De despidos corpos amando-se
Entre as sedentas repetidas páginas
Nos profanos sentimentos
Que se tentam libertar nas letras
Entre o meu próprio carrasco
Carne, corpo, sentimento
Escrita num livro jamais lido.
Olhou ao redor analiticamente,
Notou a falsidade aderente.
Gente sem emoção!
Dos amores que ali mantinha,
Sorrisos sem alegria,
Sem viço, ou qualquer razão.
Mulher é sensibilidade,
Só vibra intensidade.
Encrenca na indefinição!
Homem nunca predomina,
Sobre uma alma feminina,
Que brinca de sedução
Afinidade é algo mágico,
Que não se desperdiça.
Coisa que o universo faz pra dizer,
Que não existe nada exato.
Exceto à certas conexões.
Feitas pelos traços da sorte,
Que se dão a encontros raros.
Como milagres a cruzar,
O universo tende a separar.
Redirecionando o que é igual.
Que tudo é tão dual,
Que buscamos o duo,
Daquilo que se acha unidade.
Valorize quem está ao seu lado,
Esqueça pessoas que se foram.
Ame quem está a sua volta.
Expulse gente duvidosa, fria, e egocêntrica.
Busque a compatibilidade e leveza.
A solidão é difícil porém curável,
Mas o orgulho é indimensionável.
Alguns sofrem a fase terminal da dignidade.
Têm quem adoece tanto,
Que ao muito conviver com a doença, tornam-se parte dela.
Nosso amor
Lindo fora o nosso amor
Jurado ao luar
Justificado pelo ardor
Sem previsões de acabar
Ah como fora lindo
A combinação de nosso pulsar
Relembrando esses dias
Incito-me a chorar
Triste amor de carcereiro
Amor que quer me aprisionar
Há um universo a fora
Universo que eu quero desbravar
Oh caro amor
Ainda quero te amar
Mas como hei de fazer isso?
Tu só sabes me agoniar
Infeliz carcereiro
Carcereiro que deseja me amar
Compreendo sua dor
Mas não deverias me maltratar
Isso é triste
Isso é deprimente
Mas não deveria me angustiar
Se meu coração clama por seu amor
Por que tu não podes me amar?
Nosso amor vazio
O qual fazia-me pulsar
Hoje deixa-me triste
Perdida no seu falar
Tantas promessas
Tantas falácias
Tantas palavras a se acreditar
Sua simpatia iludiu-me
Logo eu
Aquela que ansiava te encontrar
Acredito que um dia
Tu possas me demonstrar
Os sentimentos que em ti residem
Aqueles que fizeram-me apaixonar
Oh juvenil amor
Deixar-te assim
Apenas traz-me dor
Mas não posso viver nesse mundo
Nesse mundo incolor
Meu querido carcereiro
Aquele que ousei amar
Por hora me despeço
Mas espero por um futuro
Um futuro em que possas me amar
Anzol ilusório
Dias de chuva, dias de sol
Me sinto iludido, um sentimento no anzol?
Que me pega feito o pescador um peixe
Pra minha vida, não encontro desfeche
E nesse clima, nem pra lá e nem pra cá
Converso comigo pra, tentar me encontrar
E fugir dessa isca de pessimismo, que prende mesmo
E me trás o sentimento de tristeza, angústia e um abismo profundo no peito
E se eu for nela de novo, vai continuar do mesmo jeito, só vou ficar mais preso
Difícil de escapar, se escapar não sai ileso
Um sentimento de alegria temporário
Que quer me fisgar independente do horário
E após essa poesia tenha uma reação, pra não ficar preso no anzol da ilusão
E se estiver, já é hora de escapar, e ai
Quer acordar?
Te procurei no lugar onde me deixou
Mas tu não estava lá
Meu coração de tristeza chorou
E ainda está a lhe superar
Tamanha dor não será fácil esquecer
O fogo do brilho do seu olhar ainda permanece a me aquecer
Como uma força divina me ajuda a caminhar
Como um lírio do campo ainda está a me guiar
Pensaste em mim assim como penso em você?
Retoricamente lhe pedirei ajuda
Ensine meu coração a te esquecer.