Textos de Chuva
Só que não chove,embora eu preferisse que chovesse pois quando as gotas de chuva caem elas me tranquilizam,me lavam a alma como se fosse eu que chorasse e que aliviasse minhas dores que não cicatrizam mais e não as nuvens.Mas não podemos culpá-las,todos todos tem um dia ruim de vez em quando,se irritam e ficam sobrecarregados.A diferença é que elas não precisam disfarçar nada para ninguém,quando estão tristes simplesmente choram,não fingem que está tudo bem.
A vida é como um Rio, começa com uma pequena chuva e um aglomerado de árvores, quanto mais chove a água vai iniciando um processo e escolhendo os caminhos, as quedas que parecem uma dificuldade em um determinado momento, em um momento futuro a transforam em uma linda cachoeira, que vem fortalecer o rio.
A chuva cai lá fora, mas aqui dentro também chove. Minhas lágrimas, caem ao ritmo das gotas da chuva, as trovoadas pesam a cada instante o que se assemelha ao meu peito carregado de dor. Se não fosse tão doloroso seria belo a um texto qualquer. Sinto que estou perdendo o ar aos poucos, ao mesmo tempo o vento se torna forte. Parece que esse tormento nunca vai acabar, nem aqui e nem lá fora.
Aí eu olho pra trás e tenho certeza de que tudo passa nessa vida e nada é para sempre. O dia pode ter sol, pode ter chuva e pode ser nublado, são apenas dias que nascem e que morrem e continuam passando como uma metamorfose, ora casulos, ora borboletas... e que simplesmente observo calada na janela do tempo.
Tudo em mim é intenso, sou do tamanho daquilo que sinto e sinto muito por transbordar ou secar, ser eterna ou momentânea, ser cais ou despedida, ser sol ou lua, ser brisa ou chuva, ser terra ou nuvem, ser horizonte ou janela, ser infinita ou finita, ser possibilidades ou não. Sou feita do sentir e jamais do sentimento imposto. Sou da natureza!
Vou lhes contar a minha ideia de felicidade plena. É estar cercada pela natureza, dormir com o ruído dos grilos e acordar com a alvorada dos pássaros. É caminhar descalça pela relva molhada de orvalho e sentir o perfume das flores silvestres. É cultivar sementes na terra para que possam germinar e produzir meu alimento. É fazer o bem ao próximo, respeitar e amar pessoas que conheço e aquelas que nunca verei pessoalmente. É ler muitos livros, assistir todos os filmes possíveis, dançar a luz da lua, tomar banhos de chuva, cantar desafinada enquanto caminho observando as árvores. É conseguir colocar em prática todos os ensinamentos sobre espiritualidades que venho aprendendo ao longo dos anos. 'Pra mim' felicidade é isso.
Quando não chove, muitos reclamam; quando chove, outros tantos continuam reclamando. Em vez de reclamar, por que não agradecer pela chegada ou não da tão esperada água que vem do céu, das nuvens, para alegria da fauna, da flora, dos rios, e nossa? Esta frase de Roger Miller fala sobre a chuva de forma metafórica, mas vale a pena refletir sobre a sua essência: "Uns sentem a chuva; outros apenas se molham."
Há dias em que chove em mim. Nesses dias acordo com os olhos completamente molhados e a esperança alagada, sendo impossível chegar até ela, mas eu não desisto, coloco um sorriso no rosto e sigo sorrindo porque sei que a felicidade está nas pequenas coisas do dia a dia e logo ali na frente eu a encontro. Não duvido por um só instante que, assim como o sol, a luz de um sorriso inteiro voltará a brilhar em mim depois que tempestade que embassou o meu olhar passar.
Nem todos os dias tem sol,e muitas vezes chove aqui dentro.E eu me permito viver, tudo da maneira que tem que ser,não consigo compreender a mania de muitos, que se esconde por trás de um falso sorriso, tentando passar uma imagem do que não se sente,do que não se é,talvez para aparentar ser forte ,imbatível .
Será que é esse mundo virtual ? onde tudo é lindo..belo ?
Estão esquecendo que ainda há vida lá fora ? as pessoas sente,ri,sofre e chora.
Ser forte, é ser capaz de mostrar ao mundo o que se é, sem mascara, sem medo do que vão dizer,ou pensar,é ser você mesmo,sem copia,sem mascara , com todos os defeitos. Quem é, que não os tem?
Se há alegria irei rir, sim ! se há tristeza vou chorar,sempre fui assim transparente em tudo que vivo e sinto,não me permito me mascarar por nada e por ninguém.
Quando ao despertar da AURORA,
Olho pela janela e chove la FORA,
Um desejo imenso invade meu SER,
E esta vontade louca de te TER,
Todinha pra mim, envolvente em meus BRAÇOS,
E com minhas carícias ocupar teus ESPAÇOS,
Intensamente passional de te fazer FELIZ,
Pois na vida foi o que eu sempre QUIZ,
Foi pertencer a uma linda MULHER,
Se Deus permitir e assim o QUISER,
Certamente você ainda vai ser a MINHA,
Estrela, minha luz e minha RAINHA...
Quando chove vejo lágrimas de poetas caindo do céu.
Poetas apaixonados que vivem nas nuvens. sinto e defino assim...
Chuvas fortes são poesias presas, poesias que impactam, que nos emocionam, que secam a boca...
chuvas mais finas, são poesias suaves, que adoçam a vida e nos curvam a boca...
Tão bom ver chover...ver as gotas de poesia caindo.
E apenas um pensamento vem a mente, me libertar da normalidade e me entregar de braços abertos, feito criança inocente para banhar na chuva que cai sem parar e me encharcar de poesia para nunca mais secar.
Outro dia
Nada é eterno
Lá fora o escuro
E agora só chove
Molha a roupa do varal
E tanto faz
Não chega a ser tão mal assim
Essa noite está tão morna
Nada excede
Tudo em seu lugar
Distante, como sempre foi
O tempo parece eterno
Mas só o que dura pra sempre
É sua lenta passagem
Correndo eternamente
Numa viagem sem volta
A chuva caindo do Céu
A noite sem sentido
O ruído do vento
E o sentido do tempo é pra frente
Nada é eterno
Tudo passa eternamente
A gente é que não vê.
Edson Ricardo Paiva.
BOULEVARD CAFÉ
Chove torrencialmente. Na rua transeuntes dispersam-se. O tempo mudou de humor, esbraveja trovoada. Chora, lava as ruas. O destempero temporal, chuva brava, silencia.
Mulher desce a ladeira, devagar para não cair. Leva nas costas o peso das preocupações impostas pela vida, ao encontro do Boulevard Café, pausa rotineira.
Molhada, no balcão faz seu pedido, na inquietude saborosa do desejo de degustar um mentolado café.
Engole como se fosse o último, prazer destilado aos poucos. Degusta também, algumas aflições inevitáveis, entre um e outro gole.
Olhares sutis despertam a cumplicidade. Homens de paladar apurado saboreiam a admiração.
Entre os olhares, insinuante aceno. Um breve olhar ensaia a resposta do adeus.
No Boulevard Café, o mesmo pedido, a mesma medida, os mesmos olhares e um salutar café.
Na rua a chuva silenciara. A mulher retoma seu trajeto, com o fardo mais leve, deixando as preocupações a mercê do destino.
O sol aparece tímido, alguns pássaros cantarolam, ensaiando um fim de tarde poético, de mornas inquietudes na passarela cotidiana da vida.
As vezes chove, por quê era pra estar chovendo, As pessoas sem amam por quê talvez eram pra se amar, As roupas combinam as vezes, por quê não deveria combinar toda hora! As coisas acontecem, por quê é pra acontecer. Tudo Tem A Hora Certa, A Pessoa Certa, As Roupas Certas e As coisas Certas.
Talvez nem tudo seja impossivel, mais sempre vai ter algo que a gente não consegue.
Você é aquela que molha no meu seco, que chove na minha terra, que planta o que eu colho, a luz que me escurece, o sim do meu não, o sentimento do meu amor, a alegria da minha dor, a realidade das minhas ilusões, o bom no meu mau, o certo no meu errado, a escrita nos meus parágrafos, o universo do meu céu, você toca a música da minha canção!!!
Jota Cê
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Chove por aqui
Não sei o porquê de tanta chave, cadeado ou qualquer outra proteção, se no final das contas tudo é invadido; se chegas assim, sem avisar, e te aproximas como quem nada quer e fica por aqui mesmo, pouco ligando para o aviso de “não perturbe”.
Pra que tantas máscaras, fantasias e contradições, se o carnaval ainda nem chegou? Te projetaste de tal maneira para mim que é difícil de te tirar daqui - tu sabes o quanto custa ter que diminuir um sentimento dentro da gente para que ele ainda possa existir num cantinho isolado, guardado como se fosse um poema. Por favor, não me venha com esse seu fingimento de arrependimento, muito menos com essa sua saudade forçada… nada do que você falar vai mudar o que decidi. Para de mentir. Mentir para mim, para você. Aceita. Acredita que existiu - que ainda existe - um carinho tão grande que não coube mais em mim e que teve que explodir para os lados, mas não aguentaste e tiveste que ir embora. Eu quis que essa fosse a história. Nunca quero perder esta versão: você chegou do nada, te amei, me amaste, nos amamos, deu no que tinha que dar e no que não tinha, mas passou. Nosso tempo se foi, escorreu pelas mãos, pelos olhos. Te encontrei, te perdi, te achei novamente e perdi de novo. Fomos nós. O tempo passou… continua passando agora.
Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa. Passa.
Por aqui ainda fará calor, flores brotarão, as folhas de minhas árvores cairão e o vento nunca irá parar de soprar. Não te esqueces que por aqui sempre há de chover… guarda-chuva nenhum vai mudar isso.
há dias que acordamos e vamos tudo nublado.
Há dias em que acordamos... chove lá fora, E chove ainda mais cá dentro.
Há dias em que acordamos com os olhos cheios de lágrimas, em que tão depressa os abrimos, como voltamos a fechar, porque não queremos sentir.
A verdade é que achamos que não esperamos nada, e quando damos conta estamos sempre à espera de alguma coisa.
Já não perco o meu tempo a tentar entender os teus enigmas. São perguntas sem resposta. Ou talvez nem seja nada disto. Quem sabe as respostas sejam bem mais simples do que as perguntas.
Não é que tenha deixado de te amar. Mas algo que existira entre nós naquele momento deixou de existir.
Tragediazinha
Cansou-se da eterna espera
o morno amor chove-não-molha
e retirou seu cavalinho
da chuva peneirando lá fora.
Casou-se com a igreja
o fogão a máquina de costura
e recheou os frios dias
de tríduos e novenas
biscoitos bolos rendas.
Mas na calada da noite
no recato escuro
ainda embala o velho sonho
de um amor absoluto.
Constatação
Chove nos edifícios, nas árvores e nos sapatos.
Um silêncio mudo invade meu olhar distante.
Sou aquele que espera a resposta do vento
e acredita explodir todos os porquês.
Não mendigo razão, nem uso maquiagens no coração...
O que fascina meu olhar é o inesperado,
a ausência de regras descoloridas.
Abro a porta, castro a covardia,
saio sem capa de chuva pela tempestade da incompreensão.
Gosto dos pingos da chuva acariciando minha nuca,
beijando minha face...
Busco a sensação peculiar
que a naturalidade pode oferecer aos lábios sem prisão,
sem cortes, sem escudos, sem perfeição.
Sou lagarto se adaptando ao clima da vegetação.
Noite longa
Noite vazia e escura
Não sei se chove ou ficam as estrelas
A noite fria prenuncia a escuridão
Da treva no meu quarto
Um vento sopra lastimoso
Assoviando melancólico
Lá fora um silêncio pesado
Faz sinfonia à minha sina
Não tem luar nenhum
Não ouço voz alguma
Recolho-me na solidão
Que preenche o meu vazio
Pingos de chuva no telhado
Um celular emudecido na cabeceira
Um olhar umedecido e destorcido
Temporal de lágrimas escondidas
Deixa chover dentro de mim
Deixa limpar meus sentimentos
Quando a noite terminar
Talvez outro dia renasça...
(Nane - 03/09/2014)