Textos de Brena Braz
Mande mensagem. Mande flores. Mande no rumo da minha vida. Me pegue no colo. Dance comigo no supermercado. Coloque o meu CD favorito quando eu entrar no seu carro. Me chame de princesa. Me chame de linda. Me chame pra fazer parte da sua vida. Apareça de surpresa. Entre na minha vida sem eu perceber. Minta que eu sou a única mulher que você deseja. Minta que você mataria um dia de trabalho pra ficar à toa comigo em casa. Minta mesmo que eu não acredite em nada disso. E, se você resolver tornar tudo isso realidade, apenas seja. Eu não preciso saber que é verdade.
Valorizo as pequenas atitudes, assim como condeno pequenas mancadas. Sou rancorosa, guardo por anos uma coisa que me magoou de verdade. Sei perdoar. Passo por cima dos erros pra ficar junto das pessoas que eu gosto. Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio. Perdoo uma vez, porque errar é humano. Perdoo duas porque o ser humano é estúpido às vezes. Mas não posso viver perdoando porque isso seria incompetência minha.
Eu nunca quero ter certeza de tudo na vida. Acho que amar é isso. Saber dar sem garantias. Sem exigir nada em troca. Arriscar, acreditando que vai dar certo. Sem olhar pra trás e se arrepender porque deu errado ou porque não era bem assim que você planejou. Acho que amar é incondicionalidade. Não ter prazo de validade. Não sei nada sobre amar, mas desconfio que não tem nada a ver com certezas.
Acredito mesmo que a gente só aprende – ou não – dando cabeçadas na vida. Que a gente só aprende com as próprias experiências. Acredito também que quanto mais a gente vive, menos tolerante se torna. Acredito que as atitudes contam muito mais do que as palavras. Acredito que cidadãos que bancam os bons moços têm muito mais chances de te decepcionar. Acredito que mentira tem perna curta, como dizia minha avó. Acredito que a gente deve conhecer uma pessoa antes de se apaixonar (e não o contrário). Acredito que tudo que vem rápido demais vai embora com a mesma velocidade. Acredito que a gente só tem uma chance na vida de fazer uma grande merda. Acredito que perder a confiança é como quebrar um vaso: você pode até conseguir colar, mas vai ser sempre um vaso colado. Acredito em duendes, gnomos e em papai-noel. Mas não acredito nos homens. Não mais. Duvido até de mim mesma agora.
ELE VAI SE CASAR
Ele vai se casar. Ele vai se casar daqui duas semanas apesar de a gente
ter se encontrado secretamente ontem à noite. Ele vai se casar porque
agora ele é um homem importante e precisa ser um homem casado pra
mostrar que amadureceu. Ele vai se casar ignorando todas as vezes que
ele me encosta e o corpo dele se arrepia. Ele vai se casar ignorando o
fato de que a vontade que ele tem de me encontrar não vai acabar no dia
seguinte do casamento dele. Ele vai se casar e a gente só não vai se
encontrar mais porque me recuso a me encontrar secretamente com homem
casado. Ele vai se casar e vai receber mensagens de texto no celular
como essa que acabei de ouvir agora “amor, não esqueça o arroz”. Ele vai
se casar e todo o arroz que vão jogar nos noivos vai simbolizar o tanto
de vezes que a noiva dele vai ser traída. Ele vai se casar e a minha
vida vai continuar sem ele porque sempre foi assim. Ele vai se
casar e tudo que eu pensava sobre o amor vai por água abaixo assim como
nossos encontros secretos. Ele vai se casar e vou começar a acreditar
que todas as pessoas estão condenadas a se casarem com outras pra terem
relacionamentos estáveis (que eu chamo de mornos). Ele vai se casar e me
fazer acreditar que todas as paixões arrebatadoras estão condenadas ao
fracasso. Ele vai se casar e todas as chances de a gente se ver de novo
vão escorrer pelo ralo daqui duas semanas.
Eu quero ter certeza
E, depois que ouvi essa frase, todas as únicas certezas que eu tinha na vida foram pro ralo. Escorreram pelo meu rosto lavando o resto de alma que eu ainda tinha nele. Logo eu, que nunca tive sequer uma certeza na vida, preciso dar garantias pra alguém de algo que eu não faço a mínima idéia. Eu digo que amo, mas talvez eu não saiba o que é amor. Eu ouço juras de amor de gente que confunde os sentimentos. E me confunde.
Dizem que, quando a gente ama alguém, deve deixar livre. Então, realmente não sei amar. Não consigo dizer que amo e ficar longe. Não consigo gostar e não ter notícia. Não me dou bem com a distância. Não entendo relacionamentos abertos. Não admito traição. Não entendo quem gosta e não quer ficar junto. Não entendo quem diz que ama e não sabe se quer. Não entendo alguém que quer certezas sem apostar no relacionamento.
O dia que eu coloquei meu passarinho no dedo, levei ele pra rua e ele não quis ir embora, mesmo podendo voar, eu entendi o que é liberdade. É querer estar junto mesmo com milhares de outras possibilidades lá fora. É poder ir e querer ficar. É ter a chance de escolher. Liberdade é ter milhões de caras na sua cidade pelos quais você poderia se interessar mas você se enfia num aeroporto lotado pra atravessar o estado e ficar com quem você quer. Liberdade é poder falar que ama. Liberdade é poder falar do que não gosta. É saber conviver com a diferença e respeitar isso. É entender que ninguém é exatamente do jeito que você imaginou que fosse. É estar junto e fazer planos. É estar junto sem saber o que vai acontecer amanhã. É querer continuar mesmo que os planos dêem todos errados. Mesmo que você não tenha nenhuma certeza.
Vou seguir o que dizem e deixar livre. Vou seguir. Livre. Fazendo planos pra minha própria vida. Ou não. Vou simplesmente deixar que as coisas sigam seu curso natural. Livre. Que a vida continue. Que as incertezas passem. Que a paz reine. Que o amor renasça. Que possamos fazer escolhas certas e escolhas erradas. Que a tal liberdade sirva pra isso. Pra nos permitir viver errando, acertando, amando, descobrindo.
Eu nunca quero ter certeza de tudo na vida. Acho que amar é isso. Saber dar sem garantias. Sem exigir nada em troca. Arriscar, acreditando que vai dar certo. Sem olhar pra trás e se arrepender porque deu errado ou porque não era bem assim que você planejou. Acho que amar é a incondicionalidade. Não impor condições. Não ter prazo de validade. Não sei nada sobre amar, mas desconfio que não tem nada a ver com certezas
Abra a janela. De dentro. Mantenha o coração aberto. Para tudo. E para todos. Use mais a intuição. Arrisque. Permita-se. Não se culpe tanto. Aceite os erros. Os seus e dos outros. Sem exceção. Chore sobre o leite derramado, mas depois enxugue tudo e prossiga. De cabeça erguida. Seja forte mas seja doce. Ou agridoce, se preferir… Seja suave. Suavize. Conjugue o verbo tranquilizar-se mais vezes… Tranquilize-se. Liberte-se dos conceitos. Não julgue e nem cultue tantos pré-conceitos. Acolha e nunca condene. Abra-se ao novo, mas respeite o antigo, nele podem estar muitas respostas.
Pergunte quando não entender, e nunca se envergonhe. Apenas diga a verdade. Saiba lidar com as pequenas mentiras, são elas que mantêm o mundo de pé. Peque todos os pecados capitais, mas AME sob todas as coisas que estão entre o céu e o mar. Entregue tudo o que não entender ao Infinito. E confie mais. Mas desconfie vez ou outra. Suba em lugares inusitados. Reformule. Abra os olhos. Mais abertos. Muito mais que abertos. Espertos. As possibilidades são brincalhonas e gostam de se disfarçar de toda forma, até feito um quebra-cabeça. Complicado. Fique atenta. Discorde quando sentir vontade. Concorde se puder. Acorde a hora que quiser. Ninguém tem nada com isso. Insista, ou desista se achar que já deu. Admita suas tristezas. Não mascare sua alegria. Aproveite bem mais o dia. E sorria. Muito, sempre e mesmo que esteja difícil. Ele é um antídoto. Natural. Persista no sorriso. Não espere nada nem coisa nenhuma de ninguém, mas sonhe todos os sonhos que desejar. Viva um minuto por vez e respire. Profundamente. Ar é vida. Você ficaria surpresa em se ver respirando quando está tensa… Expire. Aspire. Lentamente. Carinhosamente.Tenha sede de vida. E beba toda água que puder. Água purifica. Ame a vida e divida seu calor. Abrace, beije, toque. Chegue mais perto. Seja um ser abraçador. Construa felicidades pequenas, e não duvide de nada. Tudo é possível. Ou não… Tanto faz, corra atrás. Se valer a pena.
E então, quando vier o cair da tarde e o sol resolver se pôr, agradeça uma, duas, muitas vezes por todo seu calor. Agradeça ao sol, a tudo e a todos, e finalmente durma tranquilo, você deu ao amor, abrigo, você foi sol e calor! Durma tranquilo, amanhã é outro dia e o sol sempre volta á brilhar. É só abrir bem as janelas, e deixar ele entrar!
Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.
Você não vai me ver mentir. Desista. Mentiria sobre a cor do meu cabelo. Sobre minha altura. Até sobre meus planos para o futuro. Mas não vou mentir sobre o que eu sinto. Nem sob tortura. Posso mentir sobre minha noite anterior. Sobre minha viagem inesquecível. Mas não agüentaria mentir sobre você por um segundo. Não na sua cara. Mentiria pras minhas amigas sobre a sua beleza. Diria que tem corpo de atleta e um quê de Don Juan (mesmo sabendo que elas iriam descobrir a farsa depois). Mas não me faça mentir e dizer que não te quero. Que eu não estou na sua. Não me obrigue a jogar. Não me obrigue a dizer “não” quando eu quiser dizer “sim”. Não me faça tirar você da minha vida porque meu coração ainda acelera quando você me liga.
Insisto. Não perca seu tempo comigo. Porque eu não quero entrar no seu carro se não puder entrar na sua vida. Não me conte seu passado se eu não puder viver seu presente. Não faça planos comigo se não me incluir no seu futuro. Não me apresente seus amigos se, amanhã, vou virar só mais uma. Me poupe do trabalho de adivinhar seus pensamentos. Diga que me quer apenas quando for verdade. Diga que está com saudade apenas se sentir minha falta do seu lado. Peça minha companhia quando não desejar só meu corpo. Me ligue quando tiver algo pra dizer. Mas, por favor, me desligue quando não estiver mais afim de mim.
Nota: Trecho do texto "Não perca seu tempo comigo" de Brena Braz
Eu não gosto de metades. De gente que não sabe ser. Que não sabe a que veio. De respostas em monossílabos. “Não” e “sim” nunca foram resposta. Isso não é amizade. Amizade de verdade tem que ter cumplicidade. Tem que ter olho no olho. Sentimento. Troca. Troca de confidências. De desabafos. Amores à parte. Esses não trocamos.
O que sempre falo com meus amigos (como se conselho valesse de alguma coisa) é que vingança não é remédio. Nem fazer justiça com as próprias mãos. Acredito que o tempo se encarrega disso. Acredito que pessoas que usam da confiança e boa vontade das outras nunca vão se dar bem na vida. Ou não vão ser felizes. Ou nunca vão conseguir amar de verdade. Ou não mereciam a gente. Ou que a gente deve agradecer por ter se livrado de um encosto. Ou sei lá o que. Nunca fui boa conselheira. Talvez essas sejam as formas da vida punir quem brinca com o coração dos outros. Não sei mesmo. Em todo caso, deseje o mal de volta pra pessoa. Não por vingança. Só pra ver se ela é forte como você.