Textos de Ausência
Quando era criança, eu não via a hora de estar com Henry. Cada visita era um acontecimento. Agora, cada ausência é um não acontecimento, uma subtração, uma aventura sobre a qual vou ouvir quando meu aventureiro se materializar aos meus pés, sangrando ou assobiando, sorrindo ou tremendo. Agora tenho medo quando ele some.
Os olhos que brilhavam de felicidade outrora na face de quem estava feliz, acompanhado de uma pessoa amada, agora, brilham por causa das lágrimas provocadas pela perda, pela ausência que já é sentida, misto de gratidão e tristeza, seu coração está aflito, uma emoção expressiva que não cabeno peito, mas que com o tempo será por Deus, fortalecido, o lamento será convertido em saudade, boas lembranças de momentos ricos compartilhados, um grande incentivo para não desperdiçar a própria brevidade, amando e usufruindo o máximo possível, ciente de que, se Deus quiser, um dia também será uma saudade e melhor se for regrada a muitas alegrias, vivendo de verdade.
Fico pensando, como posso sentir saudades de alguém que nem ao menos me conhece? Como posso sentir saudades dos seus beijos, seus abraços, sem ao menos ter sentido, te tocado? Isso se chama paixão furacão! Ela vem com tudo, te remexendo por dentro, te fazendo chorar a cada noite sem a pessoa amada, te fazendo ficar pra baixo com a ausência da mesma, ah paixaozinha desgraçada, está me matando aos poucos por dentro, por que toda a vez que te quero, menos eu te tenho, quanto mais te espero, mas tempo demora para você chegar.
Deus não existe. Se Ele existisse seria apenas mais um objeto. Deus antecede a existência, assemelha-se mais ao invólucro que a agasalha, a nascente de onde sai o filete da vida. A linguagem é limitada. Só é possível a teologia no terreno da analogia. Deus não se encaixa num exemplo mais amplo, porque se encaixasse, o gênero do qual Ele se tornaria membro seria maior do que o próprio Deus. Todo esforço linguístico sequer toca nas bordas da divindade. Sem Ele “nada do que foi feito se fez”.
Não sei dizer se é gostar, possessão ou amor, mas, algo me prende a você de uma forma que não sei explicar. Fico presa em pesamentos, devaneios, perco a fome, perco o sono, perco tudo! Menos você. Não sei se da cabeça, do coração, ou dos dois. Tento encontrar formas de me livrar dessas amarras, mas, quanto mais eu tento te esquecer, mais eu lembro, mais eu sinto falta, mais perto me encontro independente da distância. E sua ausência me deixa um vazio, que é repleto de você.
É o SE que me incomoda, atormenta, perturba. Quando estou mal, é o SE que me faz pensar como seria se ele estivesse aqui para me fazer rir. Quando estou bem, é o SE que me faz fantasiar como seria se ele estivesse aqui, para viver esse momento comigo. É o SE que me persegue, me maltrata, me ilude.
A verdade é que a vida não espera você se recuperar dos furacões, dores e frustrações que ela mesma te causa. Enquanto você está aí, deitada na sua cama a dias, se lamentando com aquele velho urso de pelúcia e chorando, a vida segue e as pessoas também. Entenda que até mesmo aqueles que agora sentem sua falta, um dia vão se acostumar com a sua ausência, pq assim é a vida, a gente se acostuma e se molda de acordo com os acontecimentos.
Saudade nao sobrepõe a vontade de querer perto, nem impõe o desejo das expectativas. Saudade são lembranças boas que ficam para sempre. Saudade é ausência mesmo. Não machuca porque sabemos que são apenas lembranças, não é físico. Saudade é o amor que passou e ficou, é àquele até logo...
O que me aterra nos meus regressos de agora é não ter mais quem espere por mim, ninguém. A casa e os móveis, o ambiente que me faz recordar que algum dia tive alguém que me esperasse com ansiedade, mas "nesse algum dia" não sabia o que era ter alguém. O vazio da minha liberdade total.
Ontem J. veio me visitar. Em conversa reclamou que minha resposta à carta que ele me escreveu fora muito cruel. Fiquei assustada, pois não tive a intenção de magoá-lo, mas disse apenas o que penso sobre a amizade e a sua transformação com a ausência. E estava com razão, tudo ficou confirmado. Onde o amigo de há alguns anos atrás? O que agora tinha na minha frente era um conhecido apenas, que não sabia mais de mim e nem eu dele. Arrastamos a conversa pela noite adentro, o seu reencontro não me deu nenhuma emoção, está morto, ou, estamos mortos um para o outro. Nada fará reviver o que foi antes. Podemos começar uma amizade nova, como se fôssemos estranhos, mas o que passou está acabado, morto.
Você erra, você é falho. Eu errei, fui falha também. Você me culpou, e eu me refiz. Me fiz de novo, tentei mudar. Eu acho que consegui fazer um pouco diferente, tentei ser um pouco melhor. Mas agora, poxa, agora quem desandou foi você. E olhe só, foi me deixando, se fazendo tão ausente... Não culpo a nós. Mas eu te peço, por favor, não me troca assim, não me faz perder a fé no amor outra vez.
Ouço a voz do silêncio e o calar da noite. Sobre lua e estrela, procuro-te. Sobre o mar e o ar, sinto-te. Faço festa quando a tua imagem, a mim, vem. Defino traços, tatuo espaços, vastos, sobre tudo que de ti há em mim. E sobre tudo que és, nada sou em tua ausência, além da tua presença vivida em canto espectro do meu ser.
Ninguém é insubstituível, ninguém é bom demais para qualquer coisa, sempre existirá alguém um pouco melhor ou igual a você! Portanto seja simples e humilde, seja direto e honesto. Trabalhe com paixão com aquilo que ame fazer e não somente pelo dinheiro... Nunca se ausente, ou não falte muito, porque um dia descobrirá que sua ausência pode não fazer diferença ou até mesmo nem ser notada. Você pode ser ousado e se valorizar, mas cuidado pra não haver exageros... Sempre haverá outro para ocupar o seu lugar no primeiro descuido. Falo isso para mim mesma todos os dias.
Ela estava ausente. Nada a presentificava onde deveria estar. Nenhum fio de cabelo se movia, nenhuma pálpebra batia, nenhuma lágrima caía. Estava ausente da rua, do trabalho e até do mar que continuava a quebrar nela as suas ondas, como a dizê-la que tudo passaria. Estava fora do seu corpo, a embalagem que vestia a sua ausência e fazia os outros acreditarem que ela ainda existia e andava e comia e vivia, quando apenas sobrevivia a si mesma!
Sinto falta de um mundo que talvez nunca tenha visto, um mundo de verdade, onde é prioridade a cultura e a arte é devidamente respeitada e cultivada, onde as pessoas se interessam umas pelas outras não pelos erros, mas pelos calos que a vida deixou e quem essa pessoa se transformou, sinto falta de sorrisos sinceros, de não me sentir saturado pela mesmisse, sinto falta de músicas que tinham conteúdo, pessoas com conteúdo... Talvez eu já esteja ficando velho de mais para esse mundo, ou talvez os valores é que se inverteram e bem poucos notaram!
"Havia tinta, sim. Tinta cor de carmim,e do meu peito eu tinjo as folhas brancas de papel ainda amassadas. Junto à lareira, tento aquecer-me do frio, do gélido sentimento da ausência . Ainda sobre a mesa, a conclusão, de uma enquete de um simples pasquim,em tinta azul: "Não há culpados, sim, a injustiça mórbida da maldade alheia,impetrada contra um amor que não vigiou a si mesmo e deixou-se denegrir pelo tórrido egoísmo de ambos" . Enquanto leio,uso o vermelho para escrever- lhe com a inspiração de um coração que sangra em face da luz,aquela em cujo reflexo, permeia a lenha que queima ardentemente e lança faíscas sobre a minha pele,causando fissuras, capazes de tirar da noite o sono e fazer dormir o dia. O silêncio do lado de fora, da azo aos pensamentos de outrora, enquanto tento mudar o tom da cor das palavras que te escrevo..
Às vezes um lugar não é bom para você, mas as pessoas que estão ao seu redor fazem com que seja bom. Companhias a gente precisa sempre, como seria se não tivéssemos pelo menos um amigo? Eu sinto falta de ter amizades que eu podia contar em todos os momentos, infelizmente estão bem longe de mim. Só que o mais interessante é que continuam sendo a mesma coisa, porém, em uma longa distância. Só que aí você lembra que não tem eles aqui para te dar um abraço ou um ombro para que chores nele, você lembra que está praticamente só e vê que só tem membros da família para ser seu amigo. Mas é claro que continua sendo muito diferente, porque queremos alguém que não seja da sua família para demonstrar afeto por você e fazer com que acredite que as pessoas gostam de você por quem é.
Sempre fui sentimental a ponto de guardar a mistura ao lado do prato para comer por último. O melhor para o final. Tão sentimental que, quando criança, tomava Yakult pelo fundo do pote que era para durar mais. Mantinha o lacre intacto, mordia o fundo, um minúsculo furo no fundo e o minimalista Yakult durava vários minutos até acabar. Lembro uma vez que bebi metade do pote e guardei metade para mais tarde. Logo, sinto sempre que esvazio um cinzeiro. Cada bituca é uma lembrança. Tenho um cinzeiro em casa que guarda bitucas de anos atrás. Um cinzeiro especial, dado por uma pessoa que não me dará nada mais que ausência, então, tão sentimental que sou, guardo.
Há presenças que transformam e presenças que são como ausências. Quando não temos afinidade com uma pessoa a presença dela é como se fosse ausência. Contudo, a presença de alguém que amamos é semelhante a uma brisa paradisíaca, traz paz, serenidade, felicidade. Pessoas amáveis e gentis não tocam apenas nossa essência física, mas sobretudo, nossa alma, nossa mente e coração.
O que fazer quando não se sabe o que fazer? Quando buscamos a resposta que queremos em todos os lugares mas não conseguimos absorver o que respondem como a resposta que bate aquela sensação de "é isso!". O que fazer quando o que se deseja parece utopia? O que fazer quando a alma grita por um sentimento correspondido mas que muitas vezes só encontra eco em atitudes, mas não em palavras? O que fazer quando o Eu Te Amo não é muito claro verbalmente mas as ações mostram o amor na forma mais sutil de um entrelaçar de dedos dando as mãos, ou um olhar longo de carinho? O que fazer quando duas almas parecem se completar tão bem mas não podem estar sempre juntas? O que fazer quando o amor é tanto que transborda pelos olhos em lágrimas de saudade? Aos olhos de outros tudo pode ser resolvido com tamanha facilidade e brevidade, é tudo muito simples. É só fazer isso ou aquilo. Mas a alma que grita não ouve, a alma que chora não entende, a alma solitária não aceita a distância. Parece que a separação é infinita mesmo quando se passaram apenas alguns dias. A dor amplia o tempo, enquanto a alegria parece ser tão fugaz. Num instante acaba, e volta a alma a ansear pelo seu amor e a se questionar sobre o que fazer de sua existência.