Textos Bíblicos
Os discípulos de Jesus devem estar conscientes de que se acham unidos com todos aqueles que anseiam por um mundo novo. Eles não podem se subtrair a essa missão, mas precisam dar testemunho através de suas obras. Não se comprometer com isso é deixar de ser discípulo do Reino. Através do testemunho visível dos discípulos é que os homens podem descobrir a presença e a ação do Deus invisível.
(nota de rodapé)
A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.
(nota de rodapé - para Mt 5,17-20)
A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.
(nota de rodapé)
Mt 5,27-32:
Jesus radicaliza até à interioridade a fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. O adultério começa com o olhar de desejo, e o mal deve ser cortado pela raiz. A exceção citada no v. 32 pode referir-se ao caso de união ilegítima, por causa do grau de parentesco que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lv 18,6-18; At 15,29).
(nota de rodapé)
Como se pode superar a vingança ou até mesmo a «justa» punição? O Evangelho propõe atitude nova, a fim de eliminar pela raiz o círculo infernal da violência: a resistência ao inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através de comportamento que o desarme.
(nota de rodapé - para Mt.5,28-42)
O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17.
(nota de rodapé - para Mt 5,43-48)
Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
(nota de rodapé - para Mc 2,13-17)
Todo homem, consciente ou inconscientemente, tem na vida um valor fundamental, um absoluto que determina toda a sua forma de ser e viver. Qual é o absoluto: Deus ou as riquezas? Deus leva o homem à liberdade e à vida, através da justiça que gera a partilha e a fraternidade. As riquezas são resultado da opressão e da exploração, levando o homem à escravidão e à morte. É preciso escolher a qual dos dois queremos servir.
(nota de rodapé)
Irmãos, não fiquem criticando uns aos outros! Quem critica o irmão ou julga seu irmão, está criticando uma lei e julgando uma lei. E se você julga uma lei, você não é alguém que obedece a uma lei, mas alguém que a julga. / Ora, só um é o legislador e juiz: aquele que pode salvar e destruir. Quem é você para julgar o próximo?
Tiago 4, 11-12
No tempo de Jesus, «Lei e Profetas» indicava todo o Antigo Testamento. Esta «regra de ouro» convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai.
(nota de rodapé)
Tanto a opção fundamental pelo Reino e sua justiça (entrar pela porta), como continuar nessa busca fundamental (caminho), não são fáceis. A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Estes ficam relutando, ou escolhem a estrada mais larga proposta pelos ídolos.
(nota de rodapé)
PRIMEIRA CARTA AOS TESSALONICENSES
FÉ, AMOR E ESPERANÇA
Introdução
Redigida em Corinto no inverno de 50-51, esta carta é o primeiro documento escrito do Novo Testamento e do cristianismo.
Atingido pela perseguição, Paulo teve que deixar às pressas a cidade de Filipos. Dirigiu-se a Tessalônica (At 16,19-40), grande cidade comercial e ponto de encontro para muitos pensadores e pregadores das mais diversas filosofias e religiões.
Paulo anuncia o Evangelho e forma aí um pequeno grupo. Mas, perseguido, tem que fugir (cf. At 17,1-10) e seu trabalho corre o risco de se esvaziar diante das inúmeras propostas dessa grande cidade. Então, de Atenas, ele envia seus colaboradores Timóteo e Silas para visitarem e trazerem notícias dessa comunidade perseguida. Timóteo e Silas encontram Paulo em Corinto. Ao receber deles a notícia de que a comunidade de Tessalônica continuava fervorosa e ativa, ele escreve esta carta para comunicar a sua alegria e estimular a perseverança da comunidade.
Nesta carta, Paulo também procura responder a algumas questões que preocupam a comunidade de Tessalônica. Uma é o problema da vinda gloriosa de Cristo. Os tessalonicenses pensavam que essa vinda se realizaria logo, e se perguntavam: Os que já morreram, será que não vão participar desse grande acontecimento? Paulo mostra que no fim da história, tanto os mortos como os vivos estarão reunidos para viverem sempre com Cristo ressuscitado. A esperança é para todos, e todos participarão da vitória de Cristo sobre o mal e sobre a morte.
O Apóstolo relembra que a vida cristã é espera ativa do Senhor. A espera, formada de fé e perseverança, leva a construir a comunidade no amor. Ela faz olhar para o alto e para o fim da história, mas também leva os fiéis a se empenharem com todos os outros homens nas realidades terrestres, como o respeito ao corpo e o trabalho. Uma espera que não deixa de reforçar a fidelidade ao Senhor, porque o céu nada mais será do que a plena manifestação da realidade que os cristãos já começam a viver no presente da história: a união com o Senhor para sempre.
TEXTOS RELEVANTES DESSA CARTA:
Pregamos o Evangelho a vocês trabalhando de noite e de dia, a fim de não sermos de peso para ninguém.
o Evangelho que pregamos não foi apresentado somente com palavras, mas com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Vocês sabem o que fizemos entre vocês, para o bem de vocês mesmos.
Queríamos tanto bem a vocês, que estávamos prontos a dar-lhes não somente o Evangelho de Deus, mas até a nossa própria vida, de tanto que gostávamos de vocês.
Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, acreditamos também que aqueles que morreram em Jesus serão levados por Deus em sua companhia.
Deus nos achou dignos de confiar-nos o Evangelho, e assim o pregamos, não para agradar aos homens, mas a Deus, que sonda os nossos corações.
«Nada se parece tanto com um verdadeiro profeta, como um falso profeta.» As ideologias que nos afastam da opção fundamental pelo Reino e sua justiça são cheias de fascínio, e sempre trazem a aparência de humanidade e até mesmo de fé. Só poderemos perceber a sua falsidade através daquilo que elas produzem na sociedade: a cobiça e a sede de poder, que levam à exploração e opressão.
(nota de rodapé)
TIAGO, APÓSTOLO, ADVERTE OS RICOS OPRESSORES:
Ouçam agora vocês, ricos! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a desgraça que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas.
O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devorará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias. Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.
Vocês viveram luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dia de abate. Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.
(Tiago 5, 1-6)
Nem mesmo o ato de fé mais profundo da comunidade, que é o reconhecimento de Jesus como o Senhor, faz que alguém entre no Reino. Se o ato de fé pela palavra não for acompanhado de ações, é vazio e sem sentido. A expressão «naquele dia» indica o Juízo final e nos remete a Mt 25,31-46, onde são mostradas as ações que qualificam o autêntico reconhecimento de Jesus como Senhor.
(nota de rodapé)
Salmo 125
1 Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se pode abalar, mas permanece para sempre.
2 Como os montes cercam Jerusalém, assim o Senhor protege o seu povo, desde agora e para sempre.
3 O cetro dos ímpios não prevalecerá sobre a terra dada aos justos; se assim fosse, até os justos praticariam a injustiça.
4 Senhor, trata com bondade os que fazem o bem, os que têm coração íntegro.
5 Mas, aos que se desviam por caminhos tortuosos, o Senhor infligirá o castigo dado aos malfeitores. Haja paz em Israel!
Salmo 126
1 Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho.
2 Então a nossa boca encheu-se de riso e a nossa língua de cantos de alegria.
Até nas outras nações se dizia: "O Senhor fez coisas grandiosas por este povo".
3 Sim, coisas grandiosas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres.
4 Senhor, restaura-nos, assim como enches o leito dos ribeiros no deserto.
5 Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão.
6 Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes.
Salmo 129
1 Muitas vezes me oprimiram desde a minha juventude; que Israel o repita:
2 Muitas vezes me oprimiram desde a minha juventude, mas jamais conseguiram vencer-me.
3 Passaram o arado em minhas costas e fizeram longos sulcos.
4 O Senhor é justo! Ele libertou-me das algemas dos ímpios.
5 Retrocedam envergonhados todos os que odeiam Sião.
6 Sejam como o capim do terraço, que seca antes de crescer,
7 que não enche as mãos do ceifeiro nem os braços daquele que faz os fardos.
8 E que ninguém que passa diga: "Seja sobre vocês a bênção do Senhor; nós os abençoamos em nome do Senhor!"
Salmo 130
1 Das profundezas clamo a ti, Senhor;
2 ouve, Senhor, a minha voz! Estejam atentos os teus ouvidos às minhas súplicas!
3 Se tu, Soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia?
4 Mas contigo está o perdão para que sejas temido.
5 Espero no Senhor com todo o meu ser e na sua palavra ponho a minha esperança.
6 Espero pelo Senhor mais do que as sentinelas pela manhã; sim, mais do que as sentinelas esperam pela manhã!
7 Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, pois no Senhor há amor leal e plena redenção.
8 Ele próprio redimirá Israel de todas as suas culpas.
Salmo 132
1 Senhor, lembra-te de Davi e das dificuldades que enfrentou.
2 Ele jurou ao Senhor e fez um voto ao Poderoso de Jacó:
3 "Não entrarei na minha tenda nem me deitarei no meu leito;
4 não permitirei que os meus olhos peguem no sono nem que as minhas pálpebras descansem,
5 enquanto não encontrar um lugar para o Senhor, uma habitação para o Poderoso de Jacó".
6 Soubemos que a arca estava em Efrata, mas nós a encontramos nos campos de Jaar:
7 "Vamos para a habitação do Senhor! Vamos adorá-lo diante do estrado de seus pés!
8 Levanta-te, Senhor, e vem para o teu lugar de descanso, tu e a arca onde está o teu poder.
9 Vistam-se de retidão os teus sacerdotes; cantem de alegria os teus fiéis".
10 Por amor ao teu servo Davi, não rejeites o teu ungido.
11 O Senhor fez um juramento a Davi, um juramento firme que ele não revogará:
"Colocarei um dos seus descendentes no seu trono.
12 Se os seus filhos forem fiéis à minha aliança e aos testemunhos que eu lhes ensino, também os filhos deles o sucederão no trono para sempre".
13 O Senhor escolheu Sião, com o desejo de fazê-la sua habitação:
14 "Este será o meu lugar de descanso para sempre; aqui firmarei o meu trono,
pois esse é o meu desejo.
15 Abençoarei este lugar com fartura; os seus pobres suprirei de pão.
16 Vestirei de salvação os seus sacerdotes e os seus fiéis a celebrarão com grande alegria.
17 "Ali farei renascer o poder de Davi e farei brilhar a luz do meu ungido.
18 Vestirei de vergonha os seus inimigos, mas nele brilhará a sua coroa".