Texto sobre Sol
O poente
O poente estava perfeito.
Nos dizeres de um poeta:
"bonito e trágico como tudo que é verdadeiro".
Tinha ele razão. Era tamanha a boniteza daquele instante,
e tão trágico o entardecer,
que durara muito pouco,
mas se estendeu o bastante para banhar os corpos na areia de algo sagrado
que eu não saberia dizer.
Talvez encontremos algum sentido nas grandes narrativas das religiões,
ou talvez não;
mas naquela tarde, naquele pôr de sol dourado,
naquele ínfimo instante,
nada, absolutamente nada,
necessitasse de um sentido
nem de eternidade,
bastar-me-ia estar na areia úmida,
ébrio da luz plácida e crepuscular que me convidava contemplar a finitude.
Saudades do mar
Saudades do mar como se a ele houvesse pertencido minha vida inteira
como se o calor que me ardia os ombros me desfizesse de pesadas vestes
e me cobrisse de sal, areia e sol.
As palavras que digo não traem as montanhas de minhas solidões.
Mas o mar...
incólume em meus abraços, faz-me esquecer...
De volta ao caos, me perco outra vez, no mar contido nos olhos de um poente
ressaca que me lança de novo às águas fundas de um oceano intangível
são mais bondosos e risonhos que a minha loucura
aqueles olhos.
ELA VOLTOU... A GAROA VOLTOU NOVAMENTE...
Hoje o sol surgiu na Capital paulista, meio tímido, mas ao menos apareceu, porém, não ficou muito tempo e se escafedeu, encoberto pelas nuvens ameaçadoras. A senhora que aguardava o ônibus desdenhou: " - Quem tem medo de nuvens? Eu temo trombadinhas motorizados." Ergueu o queixo, cruzou os braços e me deu as costas. Respirei fundo, resisti alguns segundos, contando até 10. E respondi: "Quem não tem guarda-chuva tem medo de chuva. Quem tem celular tem medo de trombadinha. Assim caminha a humanidade, nesta cidade. Sem dó nem piedade, pro marginal tua vida vale a metade." Ela se voltou, soltando chispas pelo olhar. Felizmente o ônibus chegou e ela se foi. E eu fiquei a relembrar os anos 50, 60, quando no outono e inverno a névoa úmida dominava as madrugadas. O sol só aparecia depois das 9 horas. E pontualmente às 15 horas a garoa se apresentava, por vezes seguida de densa neblina. Bons tempos. Mas este ano São Pedro nos pregou uma peça: o verão veio fantasiado de outono-inverno. Será a nova moda?
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
RAIO DE SOL
entre nuvens e terra
quente, sem direção
seu brilho bate cada instante
o tempo é inconstante
nas montanhas e colinas
energia radiante
percorre meu corpo
até o fim do horizonte
um feixe de luz
me desperta para amar
será ele ou ela
que vai me transformar
ao amanhecer sinto seu calor
agora já não lembro
se era sol se era amor
a diarista
já o lusco fusco chegando
com sua casca ressequida
o céu do sertão apagando
e as maritacas de partida
pela janela vai adentrando
silenciosa, está tal rapariga
espanando num desmando
sombreando, cheio de giga
tece a noite, vai-se o dia
finca estaca na imensidão
o canto da cigarra anuncia
o tardar, tolda a escuridão
o cerrado a noite cria
a melancolia recordação
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
segunda, outubro, 2019
Cerrado goiano
GARIMPANDO OS PRIMEIROS RAIOS DE SOL
Lourdes Duarte
Garimpando os primeiros raios de sol, envolto em meus pensamentos, conclui que o passado é como uma cortina de vidro, que nos dá a dimensão de como devemos caminhar no presente, nos preparando para o futuro.
Recolho meus pensamentos, pois a vida me chama aos afazeres, como se desejasse guardar minha alma e o meu coração, com o desejo de que ao acordar dos meus devaneios, as pessoas do mundo estivessem diferentes, mais humanas , menos preconceituosas, amasse ao próximo como a se mesmo... fossem mais felizes.
A vida não é como em sonho, mais podemos transformá-la começando a nos transformar por dentro.
Por isso, desejo dias mais calmos para deitar meu olhar sobre os canteiros da esperança e encher meu coração de felicidade, para que possa irradiar felicidade ao meu redor.
Que Deus alcance nossos sonhos e os tornem realidade.
Abraços
Colar de Prata
Colar de prata
cai sobre o pescoço
de princípio é um pouco gelado
Mas a pele viva
com seu calor aquece o colar
Ele cai sobre a pele
balança de um lado para o outro
e as vezes quando esta exposto a luz, ele brilha
e quando esta escondido por entre a roupa
ele fica guardado em secreto
De alguma forma se torna algo tão
parte da pele e do corpo
que na sua ausência,
o corpo sente falta do colar
Pois se tornou algo tão cotidiano
que mesmo durante o banho
ele fica pendurado no pescoço
Faça chuva ou faça sol
e não importa qual é a estação
o colar estara sempre pendurado ao pescoço
em movimento sobre o coração
fazendo tic-tac
No dia do nosso encontro,
pedi a lua pra brilhar mais os seus olhos.
Acertei com o sol pra radiar em seus cabelos
e com as estrelas para dançar.
O vento suave me concedeu a ternura,
e os pássaros entoarão o canto.
E o tempo, pedi pra parar...
Viverei cada instantes, eternizando o tão sonhado momento do Amor.
Perseguido pelo calor
Sinto uma brisa quente chegando
Carregando um mormaço inebriante
Que castiga esse pobre viajante
Que enfrenta o poder desse sol causticante
As nuvens amigas o abandonaram
O céu límpido azul é sinal que a temperatura só vai aumentar
O alívio de uma sombra é coisa rara por aqui
As horas passam e o calor só tende a elevar
Sua armadura o proteje dos raios do sol
Evitando um desgaste ainda maior
O calor é tão grande que o faz transpirar
Suas costas encharcadas de suor devem estar
Água gelada é uma luxo que ele não tem
Se contentando com a natural que carrega em sua bolsa
Hidratando seu corpo para continuar a resistir
Ao sol escaldante que não vacila
Ao final do dia, ele procura um alento
Deitando-se ao chão para relaxar por um momento
Na esperança de fugir desse calor fugaz
Que insisti em persegui-lo sem o deixar em paz
As estrelas piscam e brilham,
pequenas luzes distantes,
ilumina os meus instantes,
nos instantes que neblinam.
Essas luzes delirantes,
que no brilho da lua se homizia,
onde está os amores apaixonantes,
que desejei e que amei algum dia?
Perambulando no horizonte,
de leste a oeste,
a procura do acalanto,
onde o sol escurece e traz um novo dia.
Tenha calma, tudo voltará ao normal
Na mudança dos ventos a vida vai se renovar e tudo voltará ao normal.
Os sonhos voltarão, as flores vão voltar a florescer e o céu azul com o Sol resplandecente.
Os parques verdes ao amanhecer receberão aqueles que ficaram aquartelados em suas casas e a alegria nas faces mostrara mais uma vez o quanto é simples ser feliz neste mundo...
Era volúvel.
O bastante para assistir prostitutas
Sem tocá-las
E emendar-se até a próxima ereção.
Buscava um amor oblativo que não conquistara, mas pretendia.
E vagava.
Desencontrado que estava em seu caminho interior.
Perdido nos enquadramentos que lhe comprimiam o peito
Amava sempre, perdidamente, até o raiar do sol.
Esta noite meu corpo parou
a pele fria, com tom azulado
o sangue pouco bom
mas os olhos este chorou e meu travesseiro se molhou com gotas de remorso
O sol insistia com seu calor
pronto sempre desperto
entre ele e eu só há uma semelhança
ambos existimos
Tá certo que um de nós
serve para alguma coisa
o outro fica lá em cima parado no céu
Aonde estou, como cheguei nesse estado mental? até ontem estava tudo normal
Ah pronto, me recordo
mas que saco
tive uma recaída para o maldito álcool.
"Há dias que vem e não deveriam ficar.
Há dias que vão e deveriam, para sempre, continuar.
Quando 'cê me vem, me sobra nada e até me falta o ar.
Sua presença me faz sobrar a paixão, só o amar.
Fito seus olhos, me pego com o coração, à palpitar.
Desejo te abraçar.
No teu beijo, me adoçar.
No doce da voz, me deliciar.
Quisera eu, não te sonhar.
Nessa paixão, não me aprisionar.
Você é o meu Sol, quiçá o meu luar.
És meu rio, o meu mar.
Na imensidão da tua alma, eu hei de me afogar.
Infelizmente os dias de saudade vem, mas não deveriam ficar..."
"Em suas tempestades fui arco-íris e você foi-me apenas um céu gris.
Eu que sempre fiz suas vontades, abdiquei das coisas que eu sempre quis.
Minha felicidade, só existe no teu riso feliz.
Por vezes sua felicidade me fez infeliz.
Não entendo o que sinto e você não tem pudor no que diz.
Cada palavra proferida por você, constrói um castelo de areia nos sonhos de um tolo infeliz.
Nos tristes capítulos da minha vida, achei que você colocaria um fim, mas de tais capítulos, você foi só mais um adir.
Com seus sentimentos, suas ações, não condiz.
Nas minhas verdades, sou infeliz.
Nas suas ilusões, feliz.
Pra tê-la comigo, o que eu podia, eu fiz.
Meu amor é Sol, céu azul; sua indiferença, só mais um céu, gris..."
A vida sozinha não tem sentido,
mas quando você encontra alguém
que te completa é como o por do sol
no mar, um espetáculo para ser admirado
e que se renova sempre, mesmo com o vento
ou os dias nublados
E se na vida você e meu sol
eu sou o oceano que te encontra no final do dia
em um beijo quente e vermelho
Meu Deus, meu Deus. . .
O sol bem vermelho...
No céu se escondeu, muito além...
Uma estrela caiu...
Um anjo subiu...
Dizendo amém...
Voa tão leve...
Aquele que tem a vida breve...
Tristeza não tem fim...
Tão rápido partiu assim...
Por muito tempo, muito tempo...
Um suspiro fundo...
Por todos tão querido...
Foi embora desse mundo...
Vamos chorar de mansinho...
Que o céu hoje também chora...
Assim Deus se manifesta...
Conosco fica a saudade...
Mas a eternidade...
Abre-se em festa...
Descanse em paz Marcelo...
Janela da alma
Quando olho pela janela e não vejo mais as crianças brincando lá fora. Pergunto-me, o que aconteceu?
O que aconteceu com a espécie humana que estava aqui, na bolha artificial do mundo?
Um vírus! Um vírus, meu Deus, está acabando com os seres humanos.
Mas, espera! Veja! Alguns humanos ainda sobrevivem e usam máscaras.
Máscaras, não da vergonha que são alheia, mas da proteção. Pessoas morreram, crianças nasceram. Uma nova sociedade está surgindo com o nascer do Sol desta manhã. Lá fora, pela janela da alma, já não vejo, no silêncio das grandes cidades, a ansiedade humana. Nem a luxúria do consumismo. Apenas vejo o horizonte e, no silêncio, distante de mim, o inconformismo da ignorância alheia. E eles usam máscaras, parecem humanos, mas ainda resistentes. Ainda resistentes, meu Deus, a luz do novo mundo que vai surgir!
Seguimos acreditando..
Acreditamos que vamos acordar e tomar nosso café da manhã..
Acreditamos que vamos enxergar o pôr do sol (minha série favorita de final de tarde), porque depois dele existe o prenúncio de um novo dia,
nossa vida vai girando..
Mesmo que não existam certezas e as incertezas pairem sobre nossos pensamentos, a vida segue e segue..
Intencionalmente
Seus olhos, meio vagos
Ocupados somente pela lua
Se perdem na noite escura
Distraidamente
Acendem a trilha dos que te seguem
Sem saberem que apesar do seu brilho
Seus caminhos são inseguros
Escuros
Escolhe iluminar com luz roubada
De um satélite farol
Escondendo seu resplendor
Sol
Por medo de queimar
Resistindo a quem possa suportar
A luz da estrela que guarda