Texto Sobre Silêncio
*Barulhos silenciosos*
Noite calada
Dia chuvoso
Um barulho branco de chuva que percorre a madrugada silenciosa
O silêncio é o apaziguar do ser e o gritar da alma
A melodia dançante da chuva é o lamento dos que amam
O pulsar dos relâmpagos que iluminam as nuvens negras são como lâmpadas ineptas
O vento frio rasgando a madrugada como sonância de flauta, cantante, trazendo memórias esquálidas que me torturam
Noite calada
Estardalhaço mental
Mesmo se todos soubessem
O quão gratificante é viver
Deixariam de julgar o que vêm
E entenderiam o significado do “Ser”.
Um dia caça e no outro caçador;
Se escondendo das ameaças
E se mostrando ao bom observador.
Caindo em prantos por dentro;
Corpo sorridente por fora
Quem dera entendessem o sentimento
De quem demonstra que nunca chora.
Se existe um lado bom da vida,
Preciso descobrir se vivo
Pois, o lado que tenho não facilita
Mas prefiro correr o risco.
O grito mais alto
Ecoa no silêncio
De que clama exausto
Mais uma vez, pelo entendimento.
Aceitar a vida é viver no presente,
Deixando o passado aflorar mais uma vez
Pensar no futuro que ninguém aceite
E mostrar pra mim o que a coragem fez.
Na solidão, me esqueço. E nos silêncios com as noites sôfregas, que são povoadas de desejos ávidos, me olho no espelho e me acho dentro do isolamento...
Não percebo os estímulos, não acalanto a ternura, que mora em mim... Não aquieto os meus temores de ser só... Com a solidão, poderei sair por aí, caçando afetos, aceitando sobejos, confundindo não estar só... Trocarei, em sonhos, bilhetes tristes e acordarei vazia de mim mesma... Me perderei na fragilidade, que é o lugar onde encontro a mim mesma...
Sairei, com os pés descalços, braços bem abertos, desviando-me do tempo, buscando por ternura, acolhendo afetos mendigados, para não estar sózinha...
Só para ludibriar o tempo, tendo a bravura, me manterei transtornada, só para enganar o momento e não ter que esperar a vida passar, assim mesmo...
Marilina Baccarat no livro "É mais ou menos Assim"
SOLIDÃO
É assim...
Ausências de nós
Mudando o silêncio de lugar
O silêncio daqui pelo batido
Surdo do meu coração acelerado
Deste quarto em que estou
Pensando em você,
Querendo te ver.
O silêncio soa como
Chamando seu nome
Querendo carregar você no colo,
Mas não tem você.
Só eu, tateando o silêncio,
Escutando as paredes
Dizerem "estás só".
POETA SEM PALAVRAS
Quando a poesia consegue calar o poeta
Roubar-lhe as palavras que se formam à garganta
Emudecer o que se queria dizer
O silêncio apresenta-se
Revela verdades
Dá forma a seus vazios
Responde perguntas não feitas
Suspende o tempo
Quando a poesia consegue calar o poeta
Deixa na boca o gosto das palavras não ditas
O silêncio invade suas cavernas vazias
Preenche o espírito
Um santuário para poesia se faz
No poeta sem palavras.
SONETO DO SILÊNCIO
Ah soneto! Porque do silêncio és um desvario
distendendo as noites cá pros lados do cerrado
dando ao poema o poder dum suspiro sombrio
quieto, maniatado, num ostracismo perturbado
Se a ausência e inação me provocam arrepio
o vento um chiado frio, impassível e agitado
se nada do que inspiro a efeito vale, é vazio
então, que eu não fale, sinta, e fique calado!
E, assim, nestes meus sentimentos impuros
sem perfeição, e no coração tão inseguros
tal uma prece, que oferece, pra atingir-te-á
Faço súplica, compadecido de fé e de fervor
ó solidão, vai-te, assim, de partida com a dor
e a paz voltará e sobre mim de novo descerá... (o amor!)
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de setembro, 2021 – Araguari, MG
PROCURA
Algo, estranhamente
sempre me pareceu perdido
então, procurei
procurei nas pessoas
procurei na carreira
procurei no dinheiro
procurei nas religiões
procurei no prazer dos sentidos
procurei nas viagens
procurei nos livros
procurei em inúmeras coisas e lugares
até que cansei de procurar
cansei de mim mesma
e cansei da vida
mas foi neste cansaço, que eu silenciei
e quando, inesperadamente
eu encontrei
no precioso silêncio da mente
encontrei tudo
tudo o que nunca esteve perdido
tudo o que eu queria saber
tudo o que é impossível de definir
tudo o que sou
e, finalmente, aprendi que a procura
não passa de uma enorme ilusão.
Valéria Centenaro ©
Silêncio do Poeta
O poeta fala e a alma escuta
Teus versos de palavra bruta
Lapidados pelo sentido absoluto
Com as tuas rimas em tributo
Grifam a inspiração em poema
Nodoados de satisfação, dilema
Que teu silêncio inteiro trova
Teus amores, alegra, tua alcova
E quando emudece, se acoita
Nas sobras das estrelas afoita
Versejando os teus lamentos
Lamentando teus sentimentos
Com quimeras de um profeta
Nas falas do silêncio do poeta
E no alarido e silêncio em disputa
O poeta cala e fala e a alma escuta
21/10/2015, 21’22”
(Horário de verão)
Cerrado goiano
"Uma criança dormindo pede que sejamos apenas olhos, qualquer passo, qualquer palavra, qualquer toque poderá acordá-la. Mas o sorriso dos olhos é silencioso, deixa a cena intocada. Sim, as mãos tocam o rosto... Mas como são diferentes as mãos ternas das mãos que desejam a posse. A ternura não deseja nada. Ela só quer contemplar a cena".
(Em Sobre o tempo e a Eternidade)
Chega a noite...
Agradeçamos pelo dia que tivemos.
Ainda que em meio a turbulência, ainda que tudo tenha sido difícil, vencemos.
Ainda que tomados pelo cansaço de uma jornada longa, chegamos à noite.
Estamos respirando e temos um coração que ainda pulsa no peito.
Então ousamos dizer...
Obrigado Senhor, por esse dia!
Eu lutei, eu sofri, eu produzi... Eu venci.
Conceda-me o descanso que mereço. Silencia os meus pensamentos, encha-me de paz e prepara-me para a jornada de amanhã.
Seja tudo segundo o vosso entendimento.
(C.F.)
Você parece tão dona de si
E eu, tão dono de nada
Sua cabeça parece nem estar aqui
E a minha, sempre preocupada
Seu silêncio parece magia
E o meu, pura covardia
Seu abraço parece seleto
E o meu, tão incompleto
Sua presença parece notada
E a minha, sempre evitada
Suas palavras parecem ajudar
E as minhas, alguém machucar
E nessa eterna dissonância
Vamos tomando distância
Sem saber onde vai dar
Afinal, o que é este desconforto vazio e imaculado que parte do coração e chega ao estômago fazendo inverno ? Será que são as flechas envelhecidas do menino cupido, ou simplesmente a reminiscência de um outro alguém ?
Certamente todas as especulações são possíveis; quer dizer, menos àquelas que estão sob à luz do plenilúnio perturbando silenciosamente meu orgulho amargo.
Sim! Tenho a personalidade do avesso. Não negarei. Quiça sou um príncipe noturno cuja metamorfose a heteronomia social não ocorreu. Estou para a antiestética da estética trivial, assim como o príncipe "nocturne" para a nobreza do palácio.
Volta
Somes sem que eu a ti veja,
procuro-te em todo canto.
O coração guarda silêncio
e baixinho bate.
Não deixes sofrer a quem
tanto te ama.
Volta meu sonho de mulher,
faz viver a quem tanto te quer.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Acadêmico Acilbras - Roldão Aires
Cadeira 681 -
Patrono- Armando Caaraüra- Presidente
A atração do silêncio
Escutei o silêncio durante algum tempo,
Me vi envolvido em um absoluto nada.
Mas de nada virou tudo!
Já que esse tudo era tão escuro!
E da inércia da minha observação,
Senti ... Há aqui uma forte atração!
Revolvido, estou sendo, pela força de um horizonte de eventos,
Não encontro mais gravitação própria!
Buraco negro da existência
Sabia desta forte pulsão:
De buscar no Ser o tudo
E do tudo não ser mais não!
ESGUIO CRISTO
"Ressoe sua voz em meus ecos
Para que eu tampe meus poros com flama,
Seja inumerado para eclipsar o esguio Cristo
No compacto silêncio do centauro que nunca se enervou,
Divida a voz e o sal que nos compenetra
No espasmo que rabisca a humanidade eviscerada,
Revide o dedo por cima da lua e conheça quantos povos
Emudeceram no penhor da realeza,
Simule a dobra de escândalo conhecida das nações
E altere o celeiro envolvido no sopro do adormecimento,
Tonifique aquele esmero incompreendido
Na lordose da sua exuberância simbiótica."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
O vento na cidade.
Por um momento o silêncio tomou conta da cidade, não da cidade inteira, mas daquela rua, não um silêncio absoluto, mas uma pausa do caos.
O caos dos carros correndo, buzinando, os motores roncando, pessoas gritando, pessoas correndo e vendendo coisas. Havia apenas o som do vento e de um martelo em uma obra próxima.
Foi como se o vento estivesse trazendo a paz, a calmaria. Podia até jurar que ouvi pássaros! O som dos passos dados foram silênciados pelo som do coração e do sangue correndo nas veias.
Uma hora antes, ali mesmo havia passado carros de bombeiros com as sirenes ligadas. Horas depois uma manifestação de mulheres aconteceu.
No silêncio foi dito "obrigada por esse momento"... em pensamento.
O som mais alto e atordoante que conheci veio do silêncio
Essa é uma das coisas que se aprende sozinho
Assim como o vazio sempre estará preenchido com pessoas ou sentimentos vazios
E nada será completo
Porque crescemos com a ideia de que precisamos encontrar uma parte
Uma peça
E na busca inconstante e infeliz de querer ser par
Esquecemos que nascemos ímpar
Tão somente nosso
Que perdemos a chance de encontrar dentro de nós o que buscamos no outro
Como olhos apressados que passam despercebidos
Sem tempo para pousar em outro olhar
No próprio olhar
E descobrimos a face, mas não desvendamos a alma
Mas quando o silêncio chega e o vazio toma conta de nós
Refletimos o grito que há no olhar
E através do espelho da pra notar
Não existe problema na solidão
Basta fechar os olhos do rosto e abrir os do coração.
Em devoção...
Sou devota do silêncio, principalmente quando ele me grita aos ouvidos, coisas que só me fazem bem... São ensurdecedores os gritos que ouço do meu próprio silêncio... Mas são gritos que me despertam, me deixam alerta... O silêncio ensina, porque nele refletimos melhor... É no silencio que Deus opera o milagre... É o silêncio que impede a perda de nossas energias atraves de palavras negativas... O silêncio é a essência da sabedoria e da paz! #BomSabadoEbomDomingo #byLuhcyh
Menina mulher
Cheia de sonhos.
Combatia a realidade
Menina mulher
Metade no balanço da pracinha.
Outra metade se vira sozinha.
Tem um tanto de delicadeza.
Outro tanto de incivilidade.
Às vezes é guerra... às vezes é paz.
Metade é o que todo mundo vê...
Outra metade só ela mesma sabe o que faz.
Há nela cicatrizes.
Também sorrisos nela há.
Metade dela é vozerio.
Outra metade silêncio.
Uma parte é desiquilíbrio.
Outra... está em cima de um fio.
OS BENEFÍCIOS DO SILÊNCIO
Poder se reconstruir e levantar, com mais equilíbrio.
Que nos levam a enxergar o próprio íntimo, reconhecer suas características, suas dores e amores.
Como encontrar essa folga em um mundo tão imediatista e apático.
É necessário ficarmos por um momento inerte para percebermos o encanto dos conselhos do silêncio.