Texto Sobre Silêncio

Cerca de 5127 texto Sobre Silêncio

⁠O que é a morte, senão o esquecimento,
Um silêncio profundo que vem com o tempo?
O corpo pode cair, esvair-se no ar,
Mas o que somos, o que vivemos, ninguém pode apagar.
A morte não é o fim, mas a ausência do olhar,
A distância que cresce quando param de nos lembrar.
Mas quem toca a alma, quem imprime no peito,
Não morre jamais, permanece no perfeito.
O corpo se apaga, mas o espírito arde,
Em cada lembrança, em cada saudade que invade.
Na memória dos que ficam, a vida ressurge,
E nas palavras que ecoam, o ser se refugia.
A morte é só uma curva na estrada do ser,
Um ponto que nunca é definitivo, mas se faz entender.
E quando o último suspiro for dado, o último ato concluído,
Seremos eternos, pois o amor que deixamos será sempre ouvido.
Enquanto alguém contar nossas histórias com amor,
Viveremos, imortais, como a eterna flor.
A morte não pode nos calar, pois a vida é contada,
Na memória que preserva, nossa alma é eternizada.

Inserida por Matetentaluma

PALAVRAS
Não gosto muito do silencio mudo.
Mas se tem uma coisa que gosto menos ainda são as monossílabas. Ou palavras únicas.
Você usa toda a sua espontaneidade através de uma mensagem para que a outra pessoa sinta sua vibe ‘up’ refletida nas palavras, como por exemplo, aquele bom dia caloroso, animador e inspirador, carregado de positividade:
“Bom dia! que seu dia seja lindo, que a semana seja maravilhosa e cheia de boas e agradáveis surpresas e etc...”
E em resposta vc recebe um seco: “bom dia.” (e junto com a droga do PONTO.)
Detesto também pontos. Gosto de vírgulas, dois pontos, exclamação, interrogação e as minhas preferidas reticências... Adoro reticências...
Mas aí vc ainda insiste, pode não ser um dia bom, né?
“como vc tá? Tudo bem?”
“tudo”
“Blz”
“ok”
“o.k.”
Isso é tão... tão... Frustrante. Caberiam mais algumas palavras. Porém, resumindo é isso.
Cansei. Que se dane!
Adoro a pluralidade das palavras. Aquele agrupamento maravilhoso de letras que formam as P.A.L.A.V.R.A.S. Depois frases. Textos. Livros. Palavras me fascinam. Fico perplexa como, em plena evolução da comunicação, algumas pessoas são tão “sem palavras”...

Inserida por LILIARAQUEL

⁠*Entre o Amor e o Silêncio*
Te beijo a testa com carinho,
te olho fundo, mas não te alcanço.
Te amo em cada passo sozinho,
mas teu olhar virou um muro, um cansaço.
Sei que quer mais do que palavras,
sei que espera um gesto em ouro ou prata.
Mas todo dia, entre as águas,
eu luto pra trazer o que é nosso tesouro.
A casa cheia, a mesa posta,
as contas pagas, o pão na mão…
Mas teu olhar distante encosta
no peito e aperta o coração.
Não é o anel que me faz teu,
nem é o metal que sela o laço.
Sou teu em cada passo meu,
sou amor inteiro, mesmo sem abraço.
Se a dor te fala mais que eu,
se a vida amarga o que é bonito,
saiba que ainda sou só teu,
mesmo sem brilho no anel do dedo anelar,
mas com o coração infinito.

Inserida por felipe_mateus_alessi

⁠Tempestade

Lutar contra injustiças, é bom. O silêncio diante do mal pode ser cumplicidade.
Porém, existe a irritante autopiedade, um coitadismo que manifesta pena de si, sem ação concreta.
São dois mundos: um é o que identifica o problema e parte para a luta, outro é o que reclama sem parar e quer que todos notem como é infeliz.
Ria mais de si, torne suas dores alavancas, evite o excesso de dramas narrativos e, acima de tudo, busque uma solução. Institua o dia de hoje como “um dia sem reclamar” e veja a diferença. Lembre-se: falar muito e reclamar, nunca acalmou uma tempestade.

Inserida por samuelfortes

⁠Tic Tac, visível

Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo. Hoje, 13\12, foi o dia em que vi as luzes se apagarem e um sufocar de medo em meio à correnteza de uma enxurrada da chuva que caía há 25 anos. Chuva fria e sinto cada gota, sinto o olhar de medo e sem mais nada o que fazer, não mais acordava. Naquele momento, era o nascer do apagar de várias lâmpadas de natal, o perder de várias luzes natalinas, o desenrolar de medo e solidão. De chinelos havaianas, água por entre os dedos e corrida na noite fria, escorregar de chinelo, naquela hora em que toda havaiana é famosa e reconhecida, quando se solta ao meio entre o polegar, não há mais tempo para baixar e prender, melhor deixá-la assim mesmo que a correnteza levará, assim como levou o tempo e o sangue.
O desacender de árvores, apagar de sorrisos, decorrer do vazio, no tratar dos pássaros e mergulhar no profundo lago da lamentação. Dorme, nós temos luzes, só tem , neste lugar, a humanidade de nossas duas janelas.
Neste momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida e, sobre o parapeito da janela da traseira da casa, sentindo húmida da noite a madeira onde agarro, debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim.

Inserida por samuelfortes

⁠Tem barulho
Que
A gente

Só escuta
Quando
Faz silencio

Assim

É a água
De chuva

Que se faz
Do
Rio a sua morada

As falhas
Dos homens
Eternizam-se no aço

E
Quanto mais bebemos
Mais sede temos

As suas virtudes
Escrevemos na água

Como um gole d'água
Bebido no escuro

Inserida por samuelfortes

Calmos, na sombra incolor
Que dos galhos altos vem,
Impregnemos nosso amor
Deste silêncio de além.

Juntemos os corações
E as almas sentimentais
Entre as vagas lassidões
Das framboesas, dos pinhais.

Cerra um pouco o olhar, no teu
Seio pousa a tua mão,
E da alma que adormeceu
Afasta toda intenção.

Deixemo-nos persuadir
Pelo sopro embalador
Que vem a teus pés franzir
As ondas da relva em flor.

A noite solene, então,
Dos robles negros cairá,
E, voz da nossa aflição,
O rouxinol cantará.

Paul Verlaine

Nota: Tradução de Guilherme de Almeida

⁠Silêncio da Partida: Quando Só Para Mim Tinha Importância


Às vezes, chego a um ponto em que finjo estar tolerando tudo. Tenho preguiça de argumentar, de tentar explicar. Calo-me, mas não engulo. Apenas me preparo para partir. A decisão já está tomada, mesmo que a tristeza ainda me acompanhe. Porque, ao longo do caminho, percebo que aquilo que para mim tinha tanta importância, para o outro não significava nada. E isso dói. A dor não vem do afastamento em si, mas da constatação de que, mesmo quando entregamos o nosso melhor, muitas vezes somos deixados para trás.

A tristeza não é uma fraqueza, mas um reflexo de tudo o que tentamos construir, das esperanças que alimentamos, e das promessas que não se cumpriram. O que resta agora é seguir em frente, mesmo com os olhos ainda voltados para o passado. Porque, mesmo sabendo que só para mim tinha importância, há algo mais forte dentro de mim, algo que me permite seguir. A liberdade vem da escolha de ir, mesmo quando a partida se faz silenciosa, e a dor é uma lembrança do que não foi recíproco.

E, com o tempo, essa dor se transforma. Não mais como um peso, mas como a sabedoria de quem se escolhe, de quem aprende a se dar valor, mesmo que o outro não tenha visto. O fim não é o fim, mas o começo de algo que só a mim importa agora.

Inserida por Jorgeanesquivel

⁠Ressonância Noturna

Em meu lar, ressoa a voz, Do vizinho que não guarda o tempo. No silêncio, ecoam palavras, Que invadem, perturbam o momento.

Alugado o espaço onde vive, Enquanto o meu é minha morada. São pequenos e próximos lares, Mas a paz, por ele, é roubada.

O síndico espera por vozes, De outros que se sintam oprimidos. Mas os corajosos se foram, E o silêncio dos justos, vencidos.

Há noites em que o descanso reina, E noites que em vigília me encontro. O relógio, sem leis ou limites, Transforma em tormento o meu sono.

Buscar consolo na casa materna, Um lar que já não me pertence, Bagunçaria minha rotina, Em uma fuga que não convence.

É aqui que vivo, é aqui que insisto, Na luta por um pouco de paz. Pois cada eco, cada grito, É um apelo que não se desfaz.

Inserida por fluxia_ignis

⁠A Floresta do Silêncio

Em um canto remoto do mundo, longe das luzes da civilização, havia uma floresta antiga conhecida como a Floresta do Silêncio. Diziam que qualquer pessoa que adentrasse suas profundezas com o coração tranquilo seria capaz de desvendar os segredos da existência.

Leonete, uma mulher medrosa e desconfiada, decidiu aventurar-se na Floresta do Silêncio. Cansada de viver de teorias, ela buscava a verdade e acreditava na magia. Sentia uma necessidade constante de entender o que fazia tudo funcionar e como ela se encaixava no grande esquema das coisas. Com uma mochila nas costas e a mente aberta, ela se embrenhou entre as árvores altas e ancestrais.

Os primeiros dias na floresta foram desafiadores. O silêncio era avassalador, quase ensurdecedor. No entanto, aos poucos, Leonete começou a perceber as sutilezas da natureza ao seu redor: o som suave do vento nas folhas, o murmúrio dos riachos e o canto distante dos pássaros. Ela começou a sentir uma conexão profunda com tudo ao seu redor.

Uma noite, enquanto observava as estrelas, Leonete teve uma epifania. Ela percebeu que não havia distinção entre ela e o resto do universo; tudo fazia parte de um único evento cósmico, uma dança eterna de energias e formas. Compreendeu que o universo não tinha um propósito específico, mas que era belo e perfeito em sua simples existência.

Com o tempo, Leonete aprendeu a viver cada momento plenamente, sem tentar traduzir ou complicar o que acontecia ao seu redor. Ela entendeu que as coisas são como são e que o segredo da felicidade está em aceitar a simplicidade da vida. Assim, ela voltou para a civilização com um coração em paz, carregando consigo a sabedoria da Floresta do Silêncio.

Ela compreendeu que a verdadeira sabedoria é render-se à vida e deixar-se fluir com ela. Viver de maneira plena e autêntica significava acolher cada experiência sem resistência, permitindo que a vida seguisse seu curso natural. Leonete encontrou paz ao perceber que, ao se entregar ao fluxo da vida, ela era capaz de se conectar mais profundamente com o mundo ao seu redor e, assim, descobrir o significado verdadeiro da existência.

Inserida por fluxia_ignis

⁠Ecos da Alma

No silêncio profundo da existência, A alma brilha em pura ressonância, Liberdade dança em suaves fragrâncias, Paz interior, uma eterna constância.

Nos jardins secretos do ser, Onde a luz do espírito floresce, Gentileza se espalha ao amanhecer, A alma, em seu esplendor, agradece.

A felicidade verdadeira é sutil, Não grita, mas sussurra ao coração, Nos gestos simples, no amor gentil, Na beleza da pura contemplação.

Caminha a alma, livre, leve, Entre o céu azul e a terra calma, Em cada passo, um sonho se atreve, A manifestar a graça que acalma.

Inserida por fluxia_ignis

⁠A União Perfeita das Metades Eternas

No encontro das metades eternas, há uma dança silenciosa, um balé de almas que se entrelaçam no mais puro dos sentimentos. Não é necessário despir-se de roupas, mas de barreiras; não é o corpo que se entrega, mas o espírito que se revela.

A presença é um presente constante, onde cada riso se transforma em uma melodia, e a telepatia, em uma linguagem sem palavras. Olhar nos olhos do outro é ver além das aparências, é enxergar a alma despida de máscaras e armaduras.

O toque não é apenas contato; é a costura delicada que une duas essências, entrelaçando memórias, compartilhando segredos e deleitando-se na companhia um do outro. Sentimos que somos um só, transcendentais no tempo e espaço.

Fazer amor com a alma é uma celebração do amor puro e eterno. E neste encontro sublime, compreendemos que não se pode ganhar a outra metade sem, primeiramente, despir-se de si mesmo. É uma entrega total, onde duas metades se completam, formando um todo inseparável, e juntos, transformam-se em um único ser, passeando pelo jardim do céu, onde as estrelas sussurram segredos de amor eterno, e a magia do universo os envolve em um abraço celestial.

Inserida por fluxia_ignis

⁠Solitude Serenata

Entende o segredo dos solitários, Quem no silêncio encontra a paz, A alma dança ao som do vácuo, A luz que ninguém mais traz.

Não teme o peso do abandono, Nem se curva à solidão. O que busca o próprio sono, Encontra abrigo em seu coração.

A companhia é ofertada, Não mendigada, não em vão, Pois em si, a mente é fortificada, Fortaleza na imensidão.

Se entende a solitude serena, Encontra vida em seu universo, A existência se torna plena, Na calma de um verso.

Inserida por fluxia_ignis

⁠Dentro de nossas complexidades, dos erros que se perpetuam no silêncio dos dias, é inevitável que a gente clame, implore, ainda que ciente de que o amor, de verdade, é um caminho de ida e volta, onde o carinho e a entrega não se perdem na espera. Clamei por essa entrega, com sede de sentir uma completude que eu via apenas do lado de fora, por vezes esquecendo que amar, também, é confiar no tempo do outro, na entrega do outro, naquilo que o outro pode dar – e não no que a gente espera.

É natural que a gente queira, às vezes até com desespero, que aquele pedaço de mundo que a gente vê no outro se encaixe exatamente no que a gente precisa. E, nesse desejo, acabamos por não ver que insistir pode ser o mesmo que perder. O amor é fácil, dizem; e na luta constante, percebo que o que se chama de amor nunca deveria ter um nome assim se ele ferir ou quebrar. Aprendi que o amor, aquele que é amor de verdade, é o que acolhe, se faz paz, é aquele que cresce em meio à compreensão mútua, e não em batalhas.

Amar alguém é, também, reconhecer as partes de nós que ainda não estão prontas, as partes que se lançam para frente sem prudência, e perceber que, para amar e ser amado, não há espaço para barreiras. Ficar ao lado de alguém que escolhe estar ao nosso lado é abraçar essa cumplicidade; é entender que há diálogos francos, mãos que se tocam sem receio, e passos juntos, onde o mundo inteiro vira segundo plano.
No amor verdadeiro, existe o espaço para a dor e para a cura, para os tropeços e as retomadas. E é por isso que acredito que um erro não deve definir a totalidade do que somos. Continuar juntos, mesmo após esse erro, é uma escolha que fazemos – uma escolha de lutar pelo que temos de melhor, de nos mantermos lado a lado na transparência, na honestidade, na reconstrução.

Querer alguém é estar com quem quer agora, e que não deixa a incerteza corroer o espaço entre as palavras. Que nossas ações, nossos olhares e gestos não tenham pontos obscuros, pois nada entre dois corações honestos precisa de sombras. É assim que se constrói o futuro: de mãos dadas e planos, de desejos compartilhados, e, quem sabe, até um lar para chamar de nosso. É alguém que nos lembra, nos dias caóticos, que a vida pode ser leve; é quem nos faz transbordar e agradecer ao universo pelas histórias que não se concretizaram, porque, no fim, nos preparavam para alguém que escolhe viver ao nosso lado, diariamente.

Inserida por anapaulamendesv

⁠Que meu silêncio seja uma lembrança constante do meu amor por você, um lembrete de que estou sempre presente, mesmo quando as palavras falham. E que, juntas, possamos encontrar conforto, força e conexão, não apenas nas palavras que falamos, mas também no silêncio que compartilhamos.


Iza Lira

Inserida por iza_lira

⁠Ele é
A Luz do mundo
A Lâmpada para os pés
O silêncio no desespero
A alegria na depressão
A recompensa do amor
O conforto do cansado
A cura ao doente
O caminho ao perdido
O lar do desamparado
O carinho ao abandonado
O conforto ao traído
A coragem ao derrotado
A submissão ao líder
A liderança ao incerto
O alimento ao faminto
O caminho a ser percorrido
A vitória do improvável
A mãe ao bebê
O motivo da vida
O sentido a morte
A verdade a dúvida
A vida ao recém nascido
O perdão ao acusado
O ombro ao choro
O alimento ao faminto
A água da fonte
O princípio de tudo
O meio do nada
O Alfa e o ômega
Jesus

Inserida por AntonioLimaJunior

⁠O meu silêncio fala, mas não é o silêncio absoluto. Não é o vazio sem som, sem vida. Ele tem um peso, uma densidade invisível que preenche o espaço entre nós. As palavras que não digo se acumulam como uma tempestade prestes a se formar, mas em vez de se manifestar em gritos, se dissolvem em uma leve névoa, palavras soltas, como fragmentos de um sonho impossível de capturar. Cada palavra que deixo escapar, desprovida de conexão, é uma pista, um fragmento de algo muito maior que ainda não encontrei coragem para compartilhar.

Minhas palavras são gotas de um oceano turbulento que guardo dentro de mim, e cada gota é um pedaço de um segredo que tento proteger das marés da vida. Falo o suficiente para que você perceba que há algo mais por trás do que estou dizendo, mas me contivo, quase como se o medo de ser compreendido me mantivesse ancorado ao chão. Não posso dizer tudo, pois as circunstâncias que cercam minha vida são como correntes invisíveis, segurando as palavras que quero gritar, mas sei que as palavras que não saem podem falar ainda mais do que aquelas que solto no ar.

O meu silêncio fala de um espaço profundo, de um querer que não se atreve a se expressar. O meu olhar revela a batalha silenciosa que travo todos os dias, mas as palavras são um território arriscado, onde a vulnerabilidade mora. Não me expresso no grito, mas na ausência dele, e é essa ausência que deixa tudo ainda mais claro. O silêncio não é mudo. Ele grita de uma maneira que só os atentos podem ouvir.

E você, que tenta entender, talvez perceba algo no meu olhar, ou na forma como me movo. Minhas expressões não mentem, embora também não falem tudo. Cada gesto, cada pausa, carrega um peso que transcende as palavras. Eu espero que você consiga decifrar, mas sei que a chave está no que não digo, no que deixo intocado. O que não é dito, mas sentido, talvez seja a única verdade que posso oferecer.

Inserida por Helsinki

Você lembra?
Sentou-se comigo ali, naquele banco de praça abandonado.
Preferiu o silêncio por algum tempo, ficou tudo bem, você se sentiu a vontade, e permanecia por perto.
Eu fiquei te olhando, examinei cada traço do seu rosto, e vi como você desviava o olhar quando ficava sem graça.
Você não acendeu o cigarro, porque eu te pedi. Não queria ter o seu cheiro impregnado nas minhas roupas, não queria ainda decorar o seu cheiro logo tão cedo. Pra caso de bater a saudade no decorrer do dia, eu não precisaria me lembrar do seu perfume barato misturado com esse cigarro amargo de quinta.
Você sentiu as minhas mãos geladas te acariciando vagarosamente. E agente ainda se permanecia em total silencio.
Me lembro que de longe dava pra ouvir o barulho das folhas sendo levadas com o vento.
Via seus braços fortes se arrepiando com o leve frio que fazia naquela manha de outono.
Eu pude avistar as pontas dos prédios sendo cobertos pela neblina.
Por perto a visão que tinha era de pessoas caminhando, com pressa, encarando o chão. Talvez cheias de problemas, com almas tão vazias.
Mas eu tinha você bem ali na minha frente, me fazendo perder o foco sobre tudo.
Por que estar com quem agente ama, não teria preço, não teria como se comparar a nada.
Como pode? Por fora um silêncio profundo entre nossos corpos, e por dentro gritando o mais alto possível.
Encontros ocasionais, beijos de surpresa, abraços demorados, palavras ao vento.
Coisas naturais da vida, não aconteceriam todos os dias. Já era de se saber.
Lembra também, do apartamento bagunçado? Da nossa foto no porta retrato, dos bilhetinhos na porta da geladeira. Lembra do nosso amor? Lembra da sua blusa que me servia de pijama em dias de chuva? Lembra da cor apagada da cortina, que você tanto reclamava? Eu troquei as cores, apenas pra satisfazer o seu bom gosto. Mas é claro que isso não seria o suficiente pra te ter de volta nos meus braços.
Amar muito alguém, nem sempre é o suficiente pra ter de volta. E disso eu sei bem.
E hoje, as coisas naturais da vida ficaram tristes.
Isso não é uma carta, é um presente, que de embrulho eu lhe envio a minha saudade.
— Oh saudade.

Inserida por JeMartines

⁠Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem!

Caetano Veloso

Nota: Trecho da música Sozinho, com composição de Peninha.

Inserida por usuario1026984

Por vezes eu escolho o silêncio, sábio é aquele que silencia, pois certas coisas não valem a expressão em palavras, basta silenciar. O silêncio é a forma mais linda de amar, amar o verde das matas, as águas das chuvas, da cachoeira, do mar, amar a terra produtiva e o dourado do sol. No silêncio podemos sentir o sabor do vento, viajar na meditação ou na leitura de um bom livro. Na madrugada ele vem de mansinho e preenche o coração em plenitude, afaga como um cobertor quentinho, só é permitido ser rompido pelo som da chuva numa tarde de inverno. O silêncio é o livro dos afortunados, é calmaria, é garoa. Se por ventura ele lhe trás desespero, saiba que você pode vencer esta guerra interna, apenas aceite, receba e agradeça, pois assim você tem a oportunidade de encontrar a paz interior.

Inserida por giovanabarbosac