Texto sobre o Passado

Cerca de 4374 texto sobre o Passado

O passado, o presente e o futuro, mais não são que um momento aos olhos de Deus, sob cujo olhar devemos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão não são mais do que condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las e passar para uma esfera livre de existências e ideais.

Nem cedo, nem tarde.
O presente é hoje.
O passado está no arquivo.
O futuro é uma indagação.
Faze hoje mesmo o bem a que te determinaste.
Se tens alguma dádiva a fazer, entrega isso agora.
Se desejas apagar um erro que cometeste, consciente ou inconscientemente, procura sanar essa falha sem delongas.

Caso te sintas na obrigação de escrever uma carta, não relegues semelhante dever ao esquecimento.

Na hipótese de idealizares algum trabalho de utilidade geral, não retardes o teu esforço para trazê-lo à realização.

Se alguém te ofendeu, desculpa e esquece, para que não sigas adiante carregando sombras no coração.

Auxilia aos outros, enquanto os dias te favorecem.

Faça o bem agora, pois, na maioria dos casos, “depois” significa “fora de tempo”, ou tarde demais.

Emmanuel
Hora Certa

"Quem escreverá a história do que poderia ter sido o irreparável do meu passado; Este é o cadáver.
Se a certa altura eu tivesse me voltado para a esquerda, ao invés de para direita; Se em certo momento eu tivesse dito não, ao invés que sim; Se em certas conversas eu tivesse dito as frases que só hoje elaboro; Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro seria insensivelmente levado a ser outro tambem..."

E quando você começar a se desprender do passado, perceberá que algo vai querer te puxar de volta, para que você lembre e queira tudo outra vez. Mas resista! Não há como algo acontecer duas vezes e da mesma forma, não há porque viver de passado quando se tem tanta coisa aí pra viver. Coisas novas só acontecerão quando você quiser seguir em frente, quando você deixar de se lamentar, levantar dessa cadeira e ser feliz com o que tem hoje e não com o que se tinha ontem. O futuro está aí, o futuro é hoje, é nesse segundo. Então receba-o com um sorriso no rosto, deixa ele entrar, deixa ele te invadir, deixa tudo que tiver pra acontecer, acontecer no tempo certo. Tenha paciência, novas histórias estão te esperando, novos começos, novos sonhos e tudo o quanto seu coração desejar. Sorria, mesmo sem motivos, mesmo sem razão, mesmo que seja por nada, mas sorria. A vida pode até não ser fácil, mas seu sorriso pode iluminar o futuro e a vida de alguém.

Porque não vivo nem no meu passado, nem no meu futuro. Tenho apenas o presente, e ele é o que me interessa. Se você puder permanecer sempre no presente, então será um homem feliz. Vai perceber que no deserto existe vida, que o céu tem estrelas, e que os guerreiros lutam porque isto faz parte da raça humana. A vida será uma festa, um grande festival, porque ela é sempre e apenas o momento que estamos vivendo.

Paulo Coelho
O Alquimista. São Paulo: Paralela, 2017.

A vida não vale a pena se não for vivida no presente. Passado já era e o futuro ninguém sabe, mas o presente é você quem faz. Então não fique se preocupando com o que falam de você, com a sua aparência, com coisas insignificantes. Se preocupe com quem realmente te ama. E verá como tudo ficará mais feliz.

O que distingue o homem do animal é a razão; confinado no presente, lembra-se do passado e pensa no futuro: daí a sua prudência, os seus cuidados, as suas frequentes apreensões. A razão débil da mulher não participa dessas vantagens nem desses inconvenientes; sofre de uma miopia intelectual que lhe permite, por uma espécie de intuição, ver de uma maneira penetrante as coisas próximas; mas o seu horizonte é limitado, escapa-lhe o que é distante. Daí resulta que tudo quanto não é imediato, o passado e o futuro, atuam mais fracamente na mulher do que em nós: daí também a tendência muito mais freqüente para a prodigalidade, e que por vezes toca as raias da demência.

"Não acerque-se de meus traumas, não invada meus mistérios, não atrite-se com o meu passado, não se esforce para entender. É proibido tocar no sagrado de cada um. Hoje faço mais planos, cultivo menos recordações e não guardo muitos papéis. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço os limites com as mãos.. é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais e não perco a fé por constatar o óbvio: Tudo é provisório, inclusive nós. (...) Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna e delicada. Sempre desprezei as coisas mornas. As coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador. É preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia. E por mais piegas que seja dizer: Eu não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim."

Eu “não resisto a uma baixaria bem brega”! Resisto sim. Tenho um passado hippie que me deixou muitas coisas boas. Estou sempre preocupado com a ética, com a beleza, com a dignidade. Sou educadíssimo, e fui criado de maneira muito católica, com toda aquela culpa de “maus” pensamentos, “mas” ações, e uma terrível nostalgia da “bondade” (como a “Alice” do Woody Allen).

Caio Fernando Abreu

Nota: Carta a Guilherme de Almeida Prado

Dispenso uma vida rotulada, humores instáveis, amor de hora marcada. Nego reviver o passado e ter maturidade quando quero colo. Discordo viver sobre desculpas e amordaçar minha tolerância. Não esfolo meu valor com o descaso. Não podo minhas asas. Não oscilo de opinião. Adorno meus medos, dores são segredos; prefiro expor o que tenho de bom. Não sou de faces, mas tenho fases. Não invento personalidade, nem crio situações. Que me achem fria; que me julguem estranha. Que se afastem os que confundirem autenticidade com estupidez. Sou o que quebra e não cola; o que brota mas também desfolha. A intensidade de uma ocasião. Perfeita, ou não.

Ilusões

No silêncio da noite, sonho;
Cenas, fatos, pessoas, momentos.
Um passado distante, presente,
Ainda,
Me conduz em turbilhão;
Tristonho,
Recrio felicidades e histórias,
No inusitado da imaginação.
Busco em cantos de saudade
Trazer ao cotidiano
De agora
As alegrias vividas a dois .
O que era, perdeu-se,
Partidos cristais.
O que foi, são sensações,
Nada mais.
Os novos caminhos percorridos
Não serão os mesmos de outrora,
Jamais.
Resta-me então reviver,
No imaginário, as fortes emoções
Do passado, num canto qualquer,
Numa dobra escondida
Da memória.

ENGANOS

Mergulhei no passado tentando
compreender o presente de uma vida
e descobrir em tantos enganos
a verdade escondida nas mentiras.
Em que dobra do tempo vivido
ela ficou perdida; oculta nas sombras,
tantas vezes negada ou transformada.
O tempo partilhado com o nada.
O prazer sofrido, sem o gozo
do ideal imaginado; perdido.
A mudança rápida de amores,
deixou a mágoa do vazio;
e, por não ser o amor verdade,
fiquei sozinho, sem compreender
o destino cruel que nos leva
a viver tudo o que não é.

Vozes do Passado

Acordei, e me percebi mais velho,
e era natural, sendo meu aniversário.
Porém, ao me olhar no espelho
notei o fato extraordinário;
eu estava muito mais velho ainda,
talvez muito mais do que deveria,
porque no espelho eu refletia
a imagem triste e cansada
sem o mesmo viço antigo.

Na surpresa, afastei a cortina
que me separava do passado.
Pouco a pouco notei antigos rostos,
que vinham belos a sorrir saudades,
mas que sorrindo se transformavam
em nuvens densas de poeira cinza.
De vultos velhos e curvados.
O andar trôpego se arrastando
na névoa escura do caminho,
não me permitia identificar.

Em meu espanto,vi surgir ao fundo
outra figura entre as sombras,
que refletida em mim. Era Eu,
cada vez mais velho, mais triste,
cada vez mais só, sem sorrir,
sem esperanças, sem ninguém.
Mas a solidão não me magoava,
apenas refletia o passar do tempo,
que corria e zumbia nos caminhos
de outrora, inclemente, em gritos
estridentes de muitos adeuses.

E, do fundo também se ouvia
o canto repetido e nostálgico
dos espectros das vidas passadas.

Ilusões (I)

Hoje, voltei dez anos
em meu passado,
e vi um sonho,
que foi presente,
mas nunca
foi futuro.
Ilusão-criança,
que brotou um dia
(eu juro)
da espontaneidade
de um ideal
(paternal).

Voltei dez anos,
de espanto
e em pranto,
estarrecido
meço a extensão
do nada.
Calculo em milhões
de números,
a multiplicação,
fantástica,
do zero pelo zero.
A imagem juvenil
do que fui, confunde-se,
desfocada, na angústia
do que sou.

Um presente-passado,
sem futuro,
a enterrar
em profundas covas
as provas
de um erro.
E do sonho
desperta a figura
de um covarde
que treme e arde
de revolta,
mas cala.
(1972)

Tentando julgar o amor futuro pelo sofrimento passado.
O amor é sempre novo. Não importa que amemos uma, duas, dez vezes na vida - sempre estamos diante de uma situação que não conhecemos. O amor pode nos levar ao inferno ou ao paraíso, mas sempre nos leva a algum lugar. É preciso aceitá-lo, porque ele é o alimento de nossa existência. Se nos recusamos, morreremos de fome vendo os galhos da árvore da vida carregados, sem coragem de estender a mão e colher os frutos. É preciso buscar o amor onde estiver, mesmo que isto signifique horas, dias, semanas de decepção e tristeza.
Porque, no momento em que partirmos em busca do amor, ele também parte ao nosso encontro.
E nos salva.

Paulo Coelho

Nota: Trecho de "Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei"

⁠O passado é fixo, não vai mudar. O futuro é grande, não nos pertence. Mas existe um lugar onde as estrelas brilham, e os gatinhos miam, e as almas cansadas se recuperam. Um lugar onde com um pouco de teimosia você consegue encontrar beleza no meio do caos, nem que seja em algo tão efêmero quanto uma flor. Esse lugar é o presente. Nossa casa é no presente.
Devemos contemplar essa residência não só porque é linda e cheia de vida, mas porque existe uma lição escondida nela. A terra, a grama, as flores - se você observar com carinho, elas revelam um segredo. O céu, o vento, o mar - se você ouvir com cuidado, eles assopram a verdade no seu ouvido. Não precisa se cobrar tanto. Não precisa ser perfeito. Só existe uma coisa que você deve a si mesmo: chegar vivo no fim do dia.
Se conseguir, você está de parabéns. Porque convenhamos: existir basta. O fato de você estar aqui, agora, respirando, é a coisa mais incrível, bizarra e ridícula que já aconteceu na história do universo. Que direito esse mundo tem de te convencer do contrário? Que direito você tem de se convencer do contrário?

COMO SER FELIZ!!!
Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.

O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

Onde estão seus móveis? - perguntou o turista. E o sábio, bem depressa, perguntou também: E onde estão os seus...? Os meus?! - surpreendeu-se o turista - mas eu estou aqui só de passagem! Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem de ser feliz."

Lembra? Oh, eu não faria isso! Lembrar é perigoso... Eu vejo o passado com um lugar cheio de ansiedade. As lembranças são traiçoeiras! Num instante vc está perdido num carnaval de prazeres, com aroma da infância, os neons da puberdade... No outro, te levam a lugares aonde vc não quer ir... Onde a escuridão e o frio trazem a tona coisas que gostaria de esquecer! As lembranças podem ser vis, repulsivas e brutais....
Mas podemos viver sem elas? A razão se sustenta nelas. Não encarar as lembranças é o mesmo que negar a razão! Mas e daí? Quem nos obriga a ser racionais? NÃO HÁ CLAUSULA DE SANIDADE! Assim quando você estiver dentro de um desagradável trem de recordações, seguindo para lugares do passado onde o risco é insuportável.... Lembre-se da loucura. Loucura é a SAÍDA DE EMERGÊNCIA!

Não vou te convencer do seu gostar, as meninices já deveriam ter passado, as meias verdades evaporado, mas a minha paciência se perdeu no meio das tuas indecisões. O seu problema é achar que todo mundo é palhaço e vive a seu bel-prazer. Acorda pra vida, sai desse teu mundinho bolha, ninguém é idiota para ficar perdendo tempo num jogo onde você quer vencer sozinha.

Pare de criar teorias milenares para tentar me conquistar. O que me conquista é você ser você, sem essas amarras desnecessárias, sem enrolações de menininha de dezoitos anos… Estou aqui sentado na porta da tua casa e você aí pensando se vai me responder a mensagem de ontem com um ok ou um emoticon.

Não tenho mais paciência para lutar contra essa “dificuldade” dissimulada.

Gosto de um gostar direto, sincero, sem definições de certo ou errado, sem pesos ou mágoas de relacionamentos passados, onde uma leve dificuldade até atrai, mas o impossível desanima. Gosto do simples, eu e você, sem turistas, quer mais simples do que isso

O passado já era, passou, acabou. Não adianta tentar reviver momentos, emoções e lembranças – eles não vão voltar só porque você quer. Ao olhar sempre pra trás, você nunca vai enxergar as pessoas que querem te colocar pra frente.
"O oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença"

Isabela Freitas
Site oficial de Isabela Freitas

Nota: Trecho da crônica "Será que ele ainda gosta dela?"

...Mais