Texto sobre a Natureza
ESSE RIO QUE EXISTE AGORA
Esse rio que existe agora
tão diferente na lida,
será o mesmo d'outrora,
da nossa infância querida?
Esse rio que existe agora
d'água suja, poluída,
será o mesmo d'outrora
ou é outro rio sem vida?
Esse rio que existe agora
sem ter mais força no ventre,
será o mesmo d'outrora
ou corre morto somente?
Esse rio que existe agora,
sem árvores em suas margens,
será o mesmo d'outrora
ou será uma miragem?
Esse rio que era tão limpo,
d'água pura, cristalina,
não sacia mais a sede
desta terra nordestina!
Esse rio que era tão cheio
de tilápia e de pial,
por que está assim deserto?
Nos responda o homem mal!...
QUEM ESCUTA A VOZ DO RIO?
Quem escuta a voz do rio,
Quem escuta a sua voz?
Do rio que está clamando
Por socorro a todos nós!
Quem escuta a voz do rio
E dele se compadece?
Pois o rio está clamando
por socorro, pois perece!
Quem escuta a voz cansada
Das águas tão poluídas?
Quem escuta a voz do rio
Lutando para ter vida?...
Quem escuta a voz do rio
Nos clamando, em desespero,
Consumido pelas dragas,
A ganância do areeiro?...
Quem escuta a voz das águas?
Quem escuta a voz do leito?
Pois quem deixa a voz do rio
Adentrar para o seu peito?...
Atentai pro seu clamor,
Criança, jovem, adulto;
Não deixem o rio morrer,
A terra ficar de luto!
O HOMEM NÃO É UM BICHO (?)
O homem não é um bicho,
mas se torna um bicho-homem;
quando ele polui o rio
das águas que ele consome!
O homem não é um bicho,
mas perde todo renome,
quando ele polui as águas
dos peixes que a gente come!
O homem não é um bicho,
mas esse nome faz jus;
quando ele joga no rio
o lixo que ele produz!
O homem não é um bicho,
mas se torna um bicho-homem;
quando agride a natureza,
não tem outro cognome!
VOZ DAS ÁGUAS
Voz das águas! Voz das águas!
Quem é que escuta as tuas mágoas?
Quem escuta o teu clamor
Clamando por mais amor?...
Clamando por mais limpeza,
Mais respeito à natureza.
Voz das águas! Voz das águas!
Quem é que escuta as tuas mágoas?
Quem é que escuta o teu grito,
O teu canto mais aflito,
Ecoando pelo Norte...
Relutando contra a morte...
Quem é que escuta as tuas mágoas?
Voz das águas! Voz das águas!...
TINHA UM RIO NO MEIO DO VALE
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
Tinha um rio no meio do vale
No meio do vale tinha um rio
Tinha um rio no meio do vale
No meio do vale tinha um rio
Tinha um rio...
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Nas cenas de minha infância passada
Que no meio do vale tinha um rio
Que tinha um rio no meio do vale
Tinha um rio...
Um rio de águas cristalinas
Um rio cheio de peixes...
Um rio que poluíram...
Um rio que assassinaram...
Tinha um rio no meio do vale
Que nunca me esquecerei.
QUANTO VALE A VIDA DUM RIO?
Oh, meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Assisto aqui num programa
Que o Rio Doce declama
A sua dor, o seu drama...
Sua morte num mar de lama!
E antes que o rio se cale,
Pra sempre, no meio do vale,
Pra sempre, por causa da Vale,
Pergunto ao mundo inteiro:
Quanto vale um mar de lama?
Quanto vale a ganância humana
Neste solo brasileiro?...
E aqui pergunto de novo:
Quanto vale a vida dum rio?
Quanto vale a vida dum povo?
Responda-me quanto é que vale,
Oh Vale! Oh Vale! Oh Vale! Oh Vale?!...
RIO MORTO
(Parodiando Manuel Bandeira)
Onde as águas puras do passado
Produziam vida em abundância
Contemplo agora a realidade
Do presente, degradado, poluído,
Onde escorre, na areia, o rio morto.
Rio morto, rio morto, rio morto.
Águas de paisagem cristalina
Que abasteciam os ribeirinhos!
Águas, potáveis águas,
Para bebermos jamais.
Se perderam com o rio morto.
Rio morto, rio morto, rio morto.
Rio morto, rio injustiçado
Rio violentamente, rio
Morto, sem motivo algum,
Razão nenhuma. O que foi
Ficou no passado.
Agora é apenas um rio morto
Rio morto, rio morto, rio morto.
AQUELE QUE CORTA UMA ÁRVORE
Aquele que corta uma árvore
corta, sim, uma esperança
de ter um mundo de paz,
de mais amor e bonança.
Aquele que corta uma árvore,
por maldade ou por ganância,
o troco receberá
pela sua ignorância.
Pois uma árvore, quem corta,
deixa escancarada a porta
pra cobrança da natureza!...
Tijolo, concreto, mármore,
não substitui uma árvore,
por mais conforto e beleza!
CANÁRIO DA TERRA
De repente, no quintal, uma novidade:
Pousa um pássaro que tanta beleza encerra!
Um canário da terra, mas, que em nossa terra,
Já se encontra em extinção — é a realidade!
Pois a ganância, misturada co’a maldade,
Fez do homem um caçador que a vida emperra,
Pois com gaiolas, alçapões, fez uma guerra
Capturando o cântico da liberdade!...
Oh, passarinho que me faz uma surpresa!
Parecendo um solitário na natureza,
D’onde vens? de que árvore ou de que morro?...
Há um silêncio no teu bico, um desencanto...
Por que não cantas para mim teu belo canto,
Passarinho que parece pedir socorro?!
O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA
Coitado do homem da grande cidade,
Trancado em casa por trás do portão,
Qual passarinho sem ter liberdade,
Quase vivendo em igual condição!
Os dois na prisão, cantando saudade,
Pássaro e homem no mesmo refrão;
Um por causa da humana crueldade,
O outro com medo do astuto ladrão!
Coitado do homem, nem se dá por conta
Que a liberdade ele mesmo afronta,
Mantendo o pássaro em uma prisão.
Ele, na verdade, é que está mais preso
Do que o passarinho — pobre indefeso! —
Prisioneiro sem saber a razão.
A Bahia tem uma magia que é só dela!
Ela ensina, cura e recupera.
São processos mágicos, lentos que te fazem perceber o gosto e a importância do vento.
É banho de mar de dia, banho de mar a noite, tira seus medos como uma mãe que te apresenta o escudo e a foice!
Por aqui também existe banho de sol e lua, dança na rua, que cativa os nativos, os visitantes e toma tua alma nua.
Eu, humana falha, aceito todo o poder, toda a sabedoria que ela vem me ensinando a cada dia, e é por isso que eu lhe digo, SOU LOUCA POR TI BAHIA!
Incógnita.
Tão perfeita e sinistra
De mecanismo circular
Tudo é independente
Das mãos humanas, a trabalhar
Natureza misteriosa...
Tu me fazes pensar
Que o mais sábio
É o nosso Deus
Que a este mundo tenebroso
Veio embelezar
Quando do verbo fez real
E a ti, se pôs a desenhar
Matemáticos eficientes
E cientistas inteligentes
Ainda procuram...
Tua formula desvendar.
Ventania
Essa ventania conturbada
Balança os galhos
Caem as folhas de outono
No telhado da prima
A Prima Vera
Levam raiz, de galho em galho
Que em dureza se desdobra
E não transmutam
Nem voam
E ao serem flexíveis ao vento
Com toda sua intensidade
Força e perversidade
Ali permanecem
Então chega uma hora
Que cansam os ventos
E a árvore continua á morar
Em sua terra natal
Outrora com renovo
Em suas folhas que sombreiam
Da casinha
o nosso quintal
Amanhecer no Campo
Como é lindo no campo o amanhecer,
Contemplar o sol surgindo atrás do monte,
Observar a sombra das árvores esmaecer,
Vendo a água cristalina brotando na fonte.
Caminhar lentamente pelo descampado,
Ainda pelo orvalho a grama molhada,
Sendo consumida pelo rebanho de gado,
E apreciando os pássaros em revoada.
Exibindo as mais lindas plumagens,
Com seus gorjeares diversificados,
Emitindo sons como mensagens,
Para que não fossem dispersados.
O sol continuava pelo céu a desfilar,
Com um forte brilho e muita caloria,
Deslocando como um relógio a mostrar,
Que já se aproximava o meio do dia.
Aguardando pela a hora do almoço,
Sentei-me numa varanda imensa,
Com o suor descendo pelo pescoço,
Mas sentindo uma felicidade intensa.
Após tomar um banho e almoçar,
Tomei água fresca que na bica escorria,
Vendo as pessoas no mato a roçar,
E o cãozinho que pelo quintal corria.
Mas como sol permanecia muito forte,
Ainda sentindo no corpo muita moleza,
Permaneci na varanda e tive muita sorte,
De poder apreciar a mais rica beleza.
Flores, aves e animais diversos,
Convivendo na mais perfeita harmonia,
Inspirado no conjunto escrevi estes versos,
Observando várias espécies em sintonia.
Estou encantado com estes cenários,
Construídos com tanta riqueza,
Enfeitados pelos amarelos canários,
Que o Criador integrou com a natureza.
Jose Romildo Duarte 21/ 05 / 2015
Oh menina vem,
Que eu vou retirar todos os espinhos dessa sua flor
Oh menina vem,
Sentir meu abraço, meu afago e calor.
Oh menina vem,
Que eu quero me perder nas suas curvas
E no seu olhar
Oh menina vem
Que nesse cantinho de roça
Uma família eu vou te dar
Oh menina vem
De mãos dadas em terra seca vamos caminhar
Oh menina vem aqui no alto desse morro
Na montanha vamos morar
Oh menina vem,
Vamos viver, vc e eu
Deus e nós e a criação
Viver sem medo
Dar lugar a unidade
Dar lugar a liberdade
Ao fogo, ao beijo e a paixão
Oh menina vem, que eu te garanto que daqui não terá partida,
Nossas crias de amor,
Não terão o dissabor,
Saberão de verdade o que é vida.
Oh menina vem, vem conhecer meu mundo
Te garanto vais gostar
É que eu sou simples
Sou bom moço
Sou da roça
Sou trabalhador e eu
Só quero te amar
Ao pé dum calvário
De uma rosa, uma pétala pendia inerte
E, incerta, murmurava então: "Será que vou?"
Súbito veio o vento, e a pétala lá voou,
Abandonada às dúvidas que o medo verte.
Dir-se-ia que, naquele terrível cenário,
Repousara ela, tímida, ao pé de um calvário.
Eu gosto de água, de rio, de vento, de cheiro de terra molhada, de olhar nos olhos das pessoas e perceber o que elas são longe de toda a loucura cotidiana.
A natureza é algo que nos cura de nós mesmos, de nossos estragos, de nossas erupções, de tragédias causadas por outros e no final por nós.
Ela nos salva de tudo e de nada.
🌻
Tudo o que precisamos agora ...é gradiosamente e apenas isso.
Conecte-se com a realidade da vida
Desconecte um pouco do seu mundo virtual e do cotidiano.
Veja os sinais que a natureza e o universo mostram diariamente. Mostrando o quanto é simples viver no esplendor do universo em conexão com a origem da vida.
Basta apenas entender que as maravilhas que existem neste planeta, como o mar, os rios, as florestas, cachoeiras e montanhas, o vento a chuva, o arco-íris, o nascer e o pôr do Sol, as fases da Lua e as noites estreladas, são uma conspiração do universo com a natureza para lhe mostrar o caminho da felicidade...
Sabado ao amanhecer
A brisa leve e calma
Como nuvens no verão
Tendo a visão desse vasto
Oceano com pedaços de algodão
A vegetação inicia sua apresentação
Indo de um lado para o outro
E o fim do sopro encerra a dança das pipas
E com o cansaço do sol
As aves repousam em seu ninho
Tudo é tao mágico que finalmente estamos no domingo
Náufrago
Perdido, desperta desalentado,
Com o corpo aspergido da água, salgado do mar
A areia conglutinada na face e nas partes nuas do corpo
Em meio à angústia proporcionada pela cena,
Vagarosamente coloca-se de pé,
Na busca da compreensão do que fazia ali.
Olha o entorno e vê uma ilha
coberta de vegetação mista, com árvores enormes e verdes
exala o perfume das flores: gardênias, jasmins, lavandas, cravos...
Sobressai-se o cheiro inconfundível de mel das álisso...
O silêncio ruidoso de sua mente é quebrado pelo canto dos pássaros: pintassilgos, canários, corrupiões, azulões e corruíras - uma mágica sinfonia.
O céu azul, cintilante, reflete nas águas mansas
Sente uma leve brisa...
Um náufrago, confuso, à procura de uma saída.
Mesmo que sua alma sinta a doçura do lugar,
Como desvendar o mistério e partir?
O que era eu? Pergunta-se
E o que é essa saudade de alguém, de qualquer coisa que angustia?
Busca explicações, mas só encontra um vácuo dentro de si:
Uma ilha cheia, mas ninguém para lhe fazer companhia.
Como aquela, existem outras ilhas desconhecidas,
Construídas por mãos divinas...
Vê seu reflexo nas águas...em seus olhos uma dolorosa instabilidade, sem sentido.
A brisa é fresca, monta uma fogueira
Nela coloca as impurezas da ilha,
Aqueles gravetos, as lascas sem razão.
Espera encontrar alguém, embora ainda não saiba quem...
Sentado imóvel, olhando na direção do horizonte,
Ouvindo os pássaros, sentindo o perfume das flores,
ainda sente como estivesse naquela ilha cheia de vida,
Que embora tão real dentro de si,
é um tesouro abstrato da sua imaginação.