Texto Romance

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⁠O Compasso do Vôo
Tocou um tango.
Ele levantou-se, saiu pelo salão, abandonou a mesa e a comunhão de todos que o cercavam e na multidão ele a viu; era ela todos seus dias, era ela todas suas noites.
Aproximou e disse:
— Dance este tango comigo.
Ela indignada com a transparência respondeu:
— Não sei dançar tango.
— Isto não importa, tango é uma dança masculina; comigo você não perde o compasso.
Ela levantou-se e viu o mundo em alto relevo descortinado acima de sua verdade.
Caminhou até o salão, petrificada, nem sabia como tocá-lo em público.
Ele providenciou o enlace. Pegou suas mãos úmidas e
geladas, segurou-as com firmeza e as trançou em seu corpo.
Ela sentiu seu movimento e desta vez não podia fechar os olhos, inalou seu cheiro sem poder beijá-lo, percebeu suas pernas fortes e não podia entrelaçá-las. E por um instante o vinho recém aberto a deixou tonta em um só gole.
Dançou, jogando seu ritmo nas batidas sufocadas suspiradas do bandónion.
Suspirou, puxou coragem e dançou aos olhos de todos. E no mundo emparedado ela viu o fio do prazer e com volúpia dançou esparramando todo seu desejo.
Neste instante, o salão foi inundado de um perfume fragmentado e indefinido da lágrima que escorre, do pensamento cheio de saudade, do prazer de sua voz e da incerteza do encontro frente à maciez do contato de seu beijo.
E todos perturbados com o banho de verdades em pétalas frente estes sentimentos, dançaram embriagados abraçando seus pares. E no amontoado esprimido do anonimato, eles os amantes, se perderam sem julgamento.
E nas asas do desejo e da imaginação emergiram na noite e no compasso fálico desse desejo onde mora a morna volúpia longe das paredes livres, perderam-se no horizonte em um vôo flutuante sem destino certo.
Onde a noite é suave ao adormecer, onde pairam e
pousam as almas amantes que se deitam para simplesmente amar.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠A Taça

Lá bem longe, onde o horizonte descansa e o vento faz a curva e a vista nunca alcança e imaginação descreve, tem uma cidade e no seio dela há um mercado que vende todas as intenções.
Há cheiros saborosos, paladares indescritíveis e ideias nunca despidas e negócios sem questão de pendências.
As portas se abriam ao último vento frio das madrugadas e se encerravam ao findar e ao tremular a última questão.
Junto ao burburinho ela adentrou a procurar algo mais que o destino guardara e o desejo não lhe proporcionara. Revirou não encontrou e na saída viu uma velha maltrapilha com uma taça cravejada de pedras preciosas, bordada com filigranas de ouro.
Teve piedade e se condoeu por ela, velha, sozinha e na sua bagagem somente a taça.
Foi depositar uma moeda em seu xale esparramado pelo chão e a velha sussurrou.
— Não preciso de esmola.
— Então me vende esta taça quanto custa? Quero ajudá-la.
— Quero uma morte digna, um teto cheio de palavras amorosas, ouvidos curiosos para que eu possa contar minha viagem e mentes sem julgamento para desdobrar minha bagagem.
— Mas o que esta taça guarda em segredo para que eu possa levá-la e a você em minha história?
— Se beber o que ela contém, terá a solução de todas as suas perguntas.
Respostas que nunca achará em livros e a inteligência de ninguém vai verbalizar para acalmar seu coração.
— Vou pensar, consultar as entrelinhas, volto logo.
— Estarei aqui, pode ir à diversidade desse mercado que não vai preencher seu coração.
Caminhou lentamente de coração vazio entre as sedas macias e esvoaçantes do mercado. Não se encantou com as suas cores alucinantes.
Colocou nos dedos anéis fabulosos de pedras facetadas e lapidadas mas que não contornavam nem de longe as curvas de sua insatisfação.
Observou os mágicos, mas sabia de todos os seus truques. Comeu quando o estômago desejou, mas não houve surpresa no seu paladar.
Sentiu o perfume absorvido de toda a ciência e alquimia, mas seus cheiros não descortinam nenhuma lembrança.
Ficou cansada, tinha que voltar, sua ausência estava expirando, voltou à velha:
— Eu compro esta questão.
E foram para casa e a viagem apenas começou.
Todas as manhãs, em sua cama profundamente macia em sua tenda com tudo o que era sua conquista, abarrotada de troféus dependurados e perfumados e os dedos cheios de anéis diplomados, bebia da taça e sua mente se abria, clareava e tinha a solução de todas as questões.
Mas o tempo soprou e as dunas mudavam de paisagem e o que era ontem, hoje tinha outra face e o que era absoluto ontem, hoje de nada valia e as questões iam e vinham, passavam mas não encontravam repouso, resolução não terminavam, caiam feito goteiras, cada dia em lugar diferente.
Ela se irritou; tudo tinha que acabar. Queria um mundo soprando fresco em sua face, absoluto, sem discussão de nada.
Foi à velha reclamar.
— Bebo da taça velha, todos os dias e quanto mais bebo mais goteiras perturbam minha calma, você iludiu meus pensamentos e minhas melhores intenções, onde mora a solução finita de todas as minhas angústias?
— Você tem que beber da outra taça.
— Onde está a outra taça?
— Eu bebi tudo o que nela continha e a manuseei tanto que ficou gasta, fina, transparente, trincou as bordas e a haste
esfarelou e virou areia que o vento do deserto sopra.
— Velha você me enganou e me vendeu ilusão. Qual a verdade que mora nesta taça ou vai me vender à prestações? Vá ao deserto agora e diga ao vento para juntar todos os fragmentos e monte outra taça porque eu quero beber dela.
— Isto é impossível! Não posso recolher palavras de uma vida, não posso relembrar de todos detalhes. Na verdade tudo que bebi habita comigo, me escute.
— Não tenho tempo.
— Então não tem sabedoria, "o saber” leva tempo saber: é uma consulta longa e o diagnóstico, a conclusão, é sem tempo exato.
— E o que faço com a senhora, a jogo nas esquinas?
— Eu sou taça, a sabedoria que você tanto procura não vai acalmar suas decisões e não vai ser taça se não me escutar. Vai ser areia triturada do deserto e nem vai saber onde ficar quando envelhecer: vai vagar, perambulando, rodopiando feito areia sem dar a ninguém o seu recado.
Tem que reescrever e solucionar todos os dias. Todas as horas. E o mundo vem, pisa em cima de suas intenções e você novamente reescreve. Deixa seu rastro. Sua Verdade. Sua Sabedoria. Sua persistência.
Por que quem vive muito, rejuvenesce nos ouvidos de quem escuta.
E o ou vinte amadurece.
Alcança cheiros, sabores, paladares indescritíveis, amadurece na procura e aprende que além dessa taça existe outra e esta não está à venda mas dela todos podem beber se você tiver fé na sua sabedoria.
Dentro dela há a esperança que encurta todos os caminhos.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Nunca é tarde
O tempo se revelou nas tardes, o que passou e o que ficou
escorreu pelo meu rosto.
E na linha fina daquele horizonte onde o sol se punha,
alinhavei meu coração para não fugir.
O lado oculto daquele sentimento tingiu de rubro
minhas mãos, minha boca, e manchou meus pensamentos e toda circunferência de minha existência.
Estava sufocada, afogando em paixão, respingando questões
e senões.
Nas tardes vi que era tarde, delineei meu coração, atirei,
lancei no vasto para não cair no extremamente. Marquei a direção de meu afeto.
E resto ficou fora de controvérsia.
Nas tardes moram as emoções e conclusões.
Nunca vou te esquecer.
Quero amanhecer e ressuscitar, dia que tem o dom de iludir.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Aroma



Tudo cheirava dúvida naquele instante, seu olfato se calou e
seu mundo não representava nada, pois cheirava a coisa nenhuma.
Tirou o vestido, que transpirava ninharia, tomou um banho
que não aliviava e a insignificância escorreu pelo ralo todo o seu
perfume.
Seus cabelos molhados, banhados, esfriavam suas costas e
não exibiam a espuma de seus sentimentos.
Passou maquiagem que não enfeitava nem migalha, o
instante da folia, do carnaval, no colorido de amar.
Espalhou, vitrificando seu corpo, um creme, e ele recolheu
seu perfume, não exalou seu bálsamo.
Os caminhos de suas curvas exibiam solidão.
No isolamento sobre a cama, um vestido novo com etiqueta
tentava dar vida e fragrância à nova estação de sua vida.
Vestindo tudo como novo, não havia cheiro de loja nem
recomeço.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠“Tudo passa, tudo voa, a vida é vento, é brisa, aroma, pétala
de rosa que cedo tem viço e perfume e, a noite, murcha, perde
a cor num momento à-toa.”
Augusta Faro


Sem licença para voar - A rosa e o anjo

Num jardim onde a cidade passava havia uma Rosa, beleza
única, perfeita, reativada, aveludada, em haste cheia de espinhos.
Entender e recolher uma Rosa e se arranhar num caule
espinhoso para viver somente uma primavera de dias, era mais
fácil deixá-la se exibir no seu jardim, apreciá-la ao longe, do que se
espetar em dúvidas e lamejos.
E assim ficou a Rosa no jardim, ora botão, ora Rosa,
despetalando sozinha, exalando seu perfume em vão, presa em um
chão hermético e imutável.
“Rosa, Rosa, um dia você se apaixona.”
Não andava, mas o mundo se transmutava em sua frente, e
ela, opressiva, presa, escolhe e colhe.
Todos passavam desavisados e a Rosa escolhia.
Rosa queria asas.
E o jardim dizia:
”Para sair do chão, voar e conhecer outras flores, o canteiro
que Rosa fundou raízes em nada vai perfumar e vai esfriar. Vamos
revirar retirar suas raízes para encher e ocupar sua paisagem com
outra muda onde Rosa floresceu.”
Próximo, um anjo passava todos os dias, de asas abertas em
código de quem voou e aterrisou em turbulência, mas obedeceu às
ordens dos céus.
Rosa viu e queria as asas do Anjo.
Tentou impressionar, também abriu suas asas em pétalas
querendo alçar vôo, mas as raízes do jardim a seguravam e diziam:
“Se voar vai virar folha e pétala seca, vai morrer.”.
Todos os dias, todas as horas em que o Anjo passava, pensava
em se fazer presença, abria também suas asas em pétalas e exalava
seu perfume.
O Anjo não via, era mensageiro, carteiro, tinha dever e não
percebia seu perfume no burburinho do jardim.
Amanheceu.
Anoiteceu.
E a Rosa aconteceu.
Saiu do caule em madrugada esfriada, sem luta, abriu seu
tecido, suas pétalas, e as pregou em espinhos, como couro, para que
curtissem no choro do amanhecer, junto dos sonhos da noite.
No dia seguinte, ao florescer do dia, costurou seu tecido com
pistilos em pontos pequenos, juntos, ligando tudo ao imperceptível.
Revestiu-se daquele sentimento e foi comprar do Anjo uma
asa para voar.
Subiu aos céus, onde morava, com poucas e velhas moedas
caídas no jardim, mas com muito perfume. Ascendeu em seu vestido
longo exalando perfume, deixando todos extáticos e tontos com seu
cheiro, tropeçando pelo jardim.
Chegou aos céus e pediu ao anjo:
– Quero asas brancas como a verdade, impermeáveis como
folhas, longas como uma viagem e douradas como os sentimentos.
Ele a olhou. Tinha voz aveludada como seu vestido e um
perfume machucando seu coração. Se fechou e disse:
– Vendo asas, somente asas.
– Posso escolher?
– Não há o que escolher, só vendo asas. Você tem licença
para voar?
– Não, não tenho, mas o meu perfume tem e a imaginação é
dona dos céus.
– Não gosto dessa conversa, quero ver sua licença.
Desenrolou seu pistilo, os enrolou no dedo e as pétalas se
desprenderam, perfumaram, e ele se apaixonou com a verve de seu
flanar.
Ela tinha muitas asas, leves ao sabor do vento, mas sem
direção.
– Posso me aproximar? – disse o Anjo – Te faço uma asa, mas
quero de ti um beijo.
E o silêncio tomou conta daquele instante. E tudo que voava
e cheirava parou.
Ela ofereceu sua boca carnuda e ele a abraçou com suas asas,
e tudo virou ventania que se perdeu num beijo, num vento que
levava pétalas de Rosas como tivesse asas e licença para voar.
As pétalas voaram tontas como verdades reservadas, como
sentimentos feitos de um flanar desavisado, seco e dourado como
aspiração

“Várias pessoas que tiveram a experiência choravam
desorientadamente, pois amavam o amor somente,
sem achar alguém para receber tamanho afeto, que
labaredava, chamuscando cada junta de corpo, veia
por veia, músculos, ossos e tutano e, assim, todas as
moléculas moles e duras do corpo e da alma.”
Augusta Faro.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠O sol do meio dia beijava-me o corpo ansioso, se existisse a possibilidade de personificação dos elementos da natureza em seres humanos, diria que neste domingo silencioso, o calor dos amarelos raios de sol tentavam confortar-me ao esperar por ele. Observava os carros passarem de forma apressada, sem me importar muito com a vista, era a primeira vez que me encontraria com alguém para um possível sentimento de carinho e afeto após alguns meses (pareciam anos) os quais me senti abandonada, humilhada e insuficiente. Tive meu tempo para a recuperação e também para me sentir uma mulher incrível. Apesar de tudo isso, parte de minha cabeça me dizia coisas terríveis, ainda podia sentir o sabor amargo da secura na garganta, duvidei por uns segundos se tudo sairia bem, afinal, me sentia influenciada por palavras grudadas no passado as quais se me esforçasse poderia me recordar do tom e da cor acinzentada que vinha de um amor do passado.
Uma mão me toca com cuidado nas costas, uma voz soa a seguir receosa, disse-me um oi tão delicado que estranhei de primeira vista tamanho cuidado. Seus olhos sorriam para mim, olhei para trás empurrando duas mechas do meu cabelo atrás da orelha. “Me enganei” penso, mas depois ele me diz o quanto estou linda, os ombros relaxam e me contento ao perceber que em seus elogios não vinham complementos como: mas, falta ou você deveria...
Tudo isso era tão novo e excitante. Ser olhada novamente, estava surpreendendo, estava sendo retribuída. Fomos a uma barraquinha de sorvete. Brincamos de quem pagaria a conta, demos um real cada um por cada sorvete que pedíamos, ele nem sequer olhava para os lados, já eu, lançava olhares para algumas meninas que caminhavam na rua e retornava o olhar a ele que nem sequer notava qualquer outro acontecimento a não ser nosso encontro. Perdi a conta de tantos sabores que me fez experimentar, depois do terceiro, suspeitei que fazia isso só para ver minha expressão a cada novo gosto. Cheios, deitamos nossos corpos na grama quentinha do parque, conversávamos sobre nossos interesses ao som das risadas enérgicas das crianças ao correrem ao redor dos brinquedos.
Demonstrava interesse por todas as minhas histórias e dava loucas ideias para que eu experimentasse ousar. Ainda me sentia tímida, ele percebeu, parecia entender de mulheres. Seus dedos subiram pela minha nuca, fazia-me um carinho vagaroso, tocava em meus cabelos suavemente, como se quase tivesse medo de me tocar, retraí meu maxilar, as bochechas esquentaram como há muito não fazia, ele podia não ser o novo amor da minha vida, afinal, não procurava por aquilo ainda, mas naquele domingo senti as cócegas amortecerem meu corpo e gosto agridoce de um carinho. Como era bom um singelo desejo de uma pessoa de fazer a outra se sentir bem. O fato é que a cada minuto sentia-me cada vez mais mulher, um ser humano digno de prazer e de sentir, de compartilhar e de ser cuidada. Então, respirei fundo e em sincronia sentamos, mas ainda estávamos com os joelhos semi dobrados. Imaginei voltando a adolescência, com ansiedade e uma vergonha pouco infantil, seus olhos castanhos eram iluminados pelo sol em metade de sua face, já que o sol se punha. Sorríamos, pois, sabíamos que estávamos com caras engraçadas e expressões bobas, algo incrível iria acontecer.
A distância entre nós se encurtava, o hálito fresco remetia os vários sorvetes que provamos juntos o que trazia uma sensação de intimidade e comédia, quando em um de repente o qual já esperava e ansiava aconteceu: Seus lábios tocaram os meus, parecia que os meus pulmões só inspiravam antes do beijo, e quase que como aquele alívio reconfortante, meus músculos relaxaram, brisas leves ricocheteavam nossas bochechas em chamas, cada sensação sentíamos juntos, era clichê dizer o quanto parecíamos sermos um só, mas era só o que conseguia pensar no momento. Queria mais, sentia meu peito exigir dele um pouco mais, levantei apressada segurei sua mão e nos acomodamos a uma parede rindo de alegria verdadeira. Puxei sua camiseta para trazê-lo a mim quase sem ar, mas ainda exigindo um pouco mais. Enlaçou seus braços em minha cintura, ficava a cada minuto com mais água na boca, por assim dizer, desejando-o como ele me desejava, a reciprocidade aquecia meu coração e ali permanecemos, não só em carne, um estado de entrega total, seguido de risos e conversas. Fui deixada no ponto de casa, já fazia frio. Nos abraçamos, gostava de moletons, o abraço era mais quentinho e acolhedor. Se o veria de novo, eu não sabia, Arthur, era um nome doce como sua personalidade, o mais importante foi o momento incrível com ele, não se igualaria a nenhum outro, pois era um momento com uma pessoa e nenhuma pessoa é igual a nenhuma outra e ele representava a minha coragem de me permitir sentir de novo, não pensando em futuro e finalmente, esquecendo o passado, deixando pra trás a mulher que não se reconhecia mais e dando lugar a mulher do presente, cheia de oportunidades e possibilidades de adquirir cada vez mais confiança, que sentiu se desejada e digna de ser amada por si e qualquer outro, não importava, naquele dia senti-me confiante para isso. Em um último olhar sorri novamente, já era noite estrelada, cruzamos olhares uma última vez, corremos um para o outro em um beijo estalado, para mim significava uma saudade gostosa de um dia incrível, viramos os dois de costas um para outro, seguimos nosso caminho. Gostaria de prever sua expressão após se virar, tudo isso porque ria silenciosa enquanto seguia meu caminho, com a mão tocando os lábios e um sorriso nostálgico.

Inserida por Sunsetflowerbabe

⁠Todos os Dias

Há meses, poucos, abri a porta, caminhei até você e até então o que havíamos falado por instantes virou realidade.
Você também abriu a porta, tropeçou, titubeou e segurou-me pela cintura. Dominou o que era seu ou "o que lhe foi meramente ofertado".
No escuro de tudo, você mirou sua conquista. Como todo território, eu era grande c você sussurrou vitorioso:
— Você é linda!
Avancei mais e cobri minha paz em seus lábios e por segundos você não perdeu tempo, apalpou as montanhas dos meus seios como céus intransponíveis.
Te resguardei, sua valentia, minha insensatez – procurei te agradar, te arrastei em meus campos: mas não havia paz entre árabes e judeus.
Havia escutas nas divisas e não mais nos avistamos.
Só restou a miragem dos seus passos no escuro, meio ao bombardeio e nosso desejo que não é pecado, somente desejos.
Hoje nos avistamos através de telas de vime: cada um em seu lado.
E na imaginação de toda composição, eu durmo com você
Todas as noites
E o meu desejo por você
Ainda me acorda
Todos os dias.



Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Meu Segredo: Seu Rastro



Minha bolsa esconde um jardim de aromas cítricos e adocicados que ventilam lembranças que caem como tempestades.
Entre aspirinas esfareladas, resto de uma história perdida que insiste em viver.
Busquei em você refúgio e caí num abismo de infinitos desejos.
Ela, a bolsa, a única testemunha de nossos beijos guarda silenciosa nosso segredo. Dentro dela um lenço com um grama de seu perfume.
Não te vejo mais.
Passa distante, desconhecido. Mas quando a saudade vem soberba em querer você.
Sou humilde, abro a bolsa, desdobro as lembranças respingadas, inspiro seu perfume e me deito com os segredos.
Dentro da minha bolsa um jardim de história e segredos perfumados.



Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠⁠⁠Quando você diz que ama alguém.
Mas não gosta do jeito de se vistir, falar, intereragir , não gosta do trabalho ou da forma de trabalhar
Então me conta, Por que diz que ama?Porque tenta alimentar um sentimento que não existe em você? O que te faz pensar que de fato ama determinada pessoa se não gosta de nada nela?
Se você realmente ama você não tenta mudar nada, porque quando se ama alguém você não tenta muda-lá afinal, você se apaixonou por ela assim, com todos esses erros e defeitos, ninguém é perfeito. Não use a frase Eu te amo pois ela já se tornou clichê, se realmente ama alguém cuide, proteja, respeite, mostre que se importa isso vale bem mais. E não tente muda-lá , se o amor for recíproco ela vai fazer isso sem precisar você pedir.

Inserida por SimoneFranca

⁠As cidades, as verdades e os muros.


Era manhã de abril e o céu não se cobriu de nada, e nas
cercanias da cidade descortinaram a estampa de seu amor fraseado,
pregado em todos os muros da cidade.
Diziam que era amor, mas tanto amor era resguardado, não
era arregalado e na boca de todos cingiam frases recortadas de
verdades que moram no absoluto julgamento de todos.
O que era velado, surdo, intransponível, efervesceu e tingiu
os muros de toda a cidade.
Agora não tinha mais vestes, arrancaram seus sentimentos
e dependuraram seus trapos pelos muros da cidade como
interpretavam.
Ela virou só lamento, andava quase seminua e todos
desviavam de sua presença. Diziam que nos muros cuspiam as
estações gravadas, onde sua boca pousou, o que dela suspirou e
com quem dançou.
Como se atrevera a tanto?
Não havia nela talento para o mal, arrombaram e viram a
folia de seu coração.
A chave se perdeu e o preconceito nasceu das reentrâncias
dos muros que circundam as cercanias das cidades.
Nos trapos as verdades despiram-se, como se fossem
realidades nunca realizadas, onde o leviano é sentinela de quem
não sabe nada de verdades e sentimentos.



Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Sonhos aposentados (parte 01)


Seu marido havia morrido, nem sabia quando, em que dia,
de que jeito, simplesmente morrera, sem anúncio fúnebre, sem
santinho em branco e preto, morreu sem dores, anestesiado, acima
dos lamentos.
Agora ele vivia de alma emprestada.
Deus sabe de quem, esperando sei lá o quê, talvez secar
esfarelar, virar húmus, voltar a terra.
Quis ressuscitá-lo à vida, abriu as janelas que deram vista às
montanhas ondulando, pés de café para que ele percebesse o ciclo
da vida, mas quando chegava cerrava todas as ventarolas com frio,
muito frio.
À noite, deitava com as mãos geladas, cruzadas sobre o peito,
era seu único movimento, e de madrugada exalava de sua boca um
hálito esquisito de fundo de baú, cheirando a curtume.
Agora, esposa tinha certeza, ele havia morrido mesmo.
Ele levantava, dizia exatamente a mesma coisa, vestia as
mesmas roupas, os mesmos sapatos, as mesmas meias. Caminhava
pelo mesmo corredor ao trabalho, dia a dia, cumprimentava as
mesmas pessoas com as mesmas faces doentias, os mesmos assuntos
e recortava e dizia as mesmas palavras. Não acrescentava, não
diminuía, era linear, hermético, impermeável, morno, quase frio,
pois ainda não estava completamente morto.
Sua face endurecera, não esboçava nada, nenhuma estação,
era dura como porcelana. Seus cabelos caíram e ralearam, a pele
ficou manchada de pintas que mais pareciam pequenas necroses.
Passou a ficar pálido, leite, quase transparente, às vezes
custava a perceber sua presença translúcida.
A casa também começou a mudar lá dentro; um frio intenso
que toda criação, gato, cachorro, papagaio, passarinho e pensamento só
ficavam e chegavam até a cozinha, onde o fogo a lenha espalhava calor.
Não podia mais amá-lo porque o frio dele cortava-lhe a pele,
e o calor dela derretia seu corpo.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Atropelada

Como posso abandonar
Algo que nunca tive
Como posso amar
O que nunca conheci
Como posso sentir saudades
Do que nunca me pertenceu
Como posso sentir tudo
E ficar tão vazia
Como posso
Agora desistir
Se nada aconteceu
Onde mora
A divindade dos sentimentos
Que tanto desejei
E nunca compartilhei.


Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Sem Fim

Por favor, me espere e não desesperes porque chego tarde.
Não tropeces no conflito do dia porque chego fora de hora.
Deixe as horas correr, não as esperes exatas porque ando acompanhada e tenho que aguardar a brecha do dia para te abraçar.
Não penses
Não conclua
Porque não aconteceu nada...
Nada?!
Só o meu desejo que te procura e te apalpa pelas ruas e esta vai ser uma história até agora sem fim!
Fim não existe, você vais voar eternamente sem saber onde pousar teus sentimentos, e eu ficarei louca avistando a tudo, despida ou coberta de seus fragmentos e ainda serei um mosaico de palavras sem sentido porque:
Nunca é um tempo
Longo demais
Para não amar.

Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

- Para a Lua -

Jeito de mulher, olhar de menina
Qualquer aventura ao seu lado, é como um disparo de adrenalina.
Ela é segura, ela é forte, ela é linda
Seu sorriso conquista qualquer um, e no meu coração ela é sempre bem-vinda.

Ainda me lembro daquele dia
No metrô, eu ia a tua procura, ouvindo o que meu coração dizia.
"Ei, vai com calma, seja você mesmo, pra não se machucar."
Mas quando eu te vi, não tive outra escolha se não me entregar.

Daquele dia em diante eu percebi
Que o mundo poderia acabar, mas onde eu deveria estar era ali.
Do teu lado, no teu abraço, no teu olhar.
No único lugar onde eu aprendi a amar.

Nos teus olhos eu mergulhei, no teu abraço eu me abriguei, nas diferentes cores dos teus cabelos eu me encantei.
Uma sensação única que eu sei que com ninguém mais sentirei.

Eu errei, eu fui fraco
Demos motivos um para o outro para irmos embora e eu caí naquele buraco.
Hoje eu cresci, evolui, me fortaceli.
Mas de você e da nossa história eu nunca esqueci.

Me tornei alguém melhor,
Pra mim mesmo e pra quem estiver ao meu redor.
E quero que você veja e sinta essa melhora,
pois pra te ver de novo, eu já não vejo a hora.

Hoje eu te espero
Com todo o meu amor e sentimento sincero.
Continuando ou recomeçando,
é você que eu sempre vou seguir amando.

No sofá, na cama, no altar
Se eu tenho uma certeza na vida,
É que nesse dia eu direi sim sem exitar.

A saudade me derruba todos os dias,
Mas eu me levanto e olho pra cima.
Pois nossas lembranças só me trazem alegrias,
Assim como me fazem sorrir enquanto escrevo essa rima.

Por favor, não se esqueça
Que nesse mundo cheio de confusões,
Não importa o que aconteça,
Eu sempre te amarei mil milhões.

De: Igor Siviero
Para: Luana Lima

Inserida por _igorsiviero_

Apenas um segundo

Foi naquele minuto que eu soube
Que não poderia mais te amar
Foi naquele minuto que eu soube
Que ao fechar meus olhos não poderia mais sonhar

Foi naquele minuto que eu soube
Que aquele abraço seria o ultimo
E que seu sorriso de esperança
Com o tempo se dissolveria
Seria apenas uma doce lembrança

Foi naquele minuto
Que cada dia da minha vida
Veio em mente
Cada sentimento, cada sensação
Estilhaçando como um copo de vidro
Caído contra chão

Mas foi naquele segundo
Que meu olhar se chocou contra o seu
Perdida em meio aquele falso mar
Confortada em seus braços
Parei de me preocupar
Ali, mesmo que por um milésimo
Seria meu lugar

Inserida por Melinda_Donatela

Desculpa
Desculpa por não ter falhado
Desculpa por nunca sair do seu lado
Desculpa por ter te feito rir
Desculpa por sempre te ouvir
Desculpas por não conseguir te esquecer
Desculpas por tão perfeitamente te compreender
Desculpa pelos meus abraços
Desculpa pelos meus afagos
Desculpa por não te fazer chorar
Desculpa por sempre te amar
Desculpa por acreditar

Inserida por Melinda_Donatela

Esse seu amor
No frio é o me calor
Essa sensação não tem valor
Com você não sinto dor.

O seu ciúmes
Tira-me de meus costumes
Não me entristesse
Porém, me aquece
De mim você quer cuidar
E agora eu vou deixar
Me amar por completo
Mas lembre-se de não brigar.

Quando o sol se levantar
Com beijos desejo te acordar
Para de bom humor o dia começar.

Passo o dia com você jogando
Nós dois brincando
Mas melhor que tudo é com você ficar conversando.

Por você estou apaixonada
E até pelos seus defeitos encantada.

Inserida por LelezinhaMegs25

Queria poder continuar minha história de amor por uma garota, queria poder contar pra vocês que a gente conseguiu, que vencemos, que nenhum preconceito, não aceitação nos abalou, nos impediu... que ganhamos o mundo como sempre falávamos uma pra outra mas não vivemos em uma sociedade onde uns respeitam os outros né mesmo? Vivemos com pessoas que incomodam-se se tu faz uma decisão pra tua vida, se tu faz uma escolha na tua vida incomoda a quem estar aos arredores... que situação mais retrógrada, que decadência, que horror. Vocês tem ideia do que é terminar um relacionamento por causa de opiniões alheias? Digo isso não é de um vizinho, ou parente que mora do outro lado do mundo.. não precisamos ir tão longe não; são mães, pais, irmãos/irmãs, primos, tios/tias, até mesmo um amigo. Que sociedade é essa?
Pelo que vivi, pela dor que estou sentindo... não permitam-se passar por isso, não deixem que digam, que proíbam, que sua escolha/decisão afete a ele/ela/eles/elas, corte o mal pela raiz, imponham-se, exijam respeito, porque ninguém merece ter o amor destruído por esse tipo de gente que convive conosco, que sabotam nossa vida pq não agradou a eles..
Peço paz a esses, que prejudicam quem ama, quem quer apenas ser feliz sem se importar com nada!

Inserida por HeloisaFernandees

⁠IDEALIZAÇÃO
Enquanto te ouço pelo celular
não consigo pensar em algo:
tudo que penso é estar ao seu lado.
Enquanto te vejo na rua,
seja passeando ou indo à luta,
meu coração vibra
por você ser tão sua.
Enquanto te sonho numa noite qualquer,
te guardo no peito
como quem sabe o que quer.
Te peço pra Deus:
"Papai, se puder, me traz essa mulher".
Enquanto te escuto,
sua voz alcança meus sentidos
e promove algo sem explicação.
Acho, com certeza, que é
efeito da minha paixão.
Enquanto te penso,
ouço o deslizar de seus dedos na minha pele
e sinto a sua voz ecoando em meu pescoço
com um olhar sempre quente,
quase que um pedido de socorro.
Será que eu sou ausente demais
da realidade contradissente?
Ou será que fui abduzido
pela paixãodelinquente?
Sabe-se-lá o que for,
é com você que me encanto
e quero ir pra todo canto
te chamando de amor.
Aliás, apelido, você já tem tantos:
é furacão, baby, florzinha, meu amor.
Quero mesmo é seu sobrenome
no cartório, na certidão
e nos frutos do nosso amor.
Quero mesmo é você
me batendo, me surrando
só porque gosta de irritar.
Quero eu te estressando
com meu jeito bem chato
de tentar te amar.

Inserida por brunocidadao

⁠►De Segundos a Horas

Hortência, me perdoe pela ausência
Confesso, de antemão, que estou alucinado
Te amar tem sido uma viagem tão fantasiosa,
Que direi a velha, inevitável amiga no fim da jornada, que adorei
Talvez eu tenha sido alienado a não escrever
Entenda, suas mãos sobre meu rosto me confortam tanto,
Que, como uma criança serelepe, me divirto.
-
Princesa, escreverei amores em sequência
Alegro, em pura reflexão, o quanto estou apaixonado
Te beijar me induz a um estado fora de órbita
Sei, acima de qualquer intriga ou mentira, que a ti me entreguei
Às vezes desejo dedicar, mas, nunca quando estou com você
Donzela, meu coração a ti pertence, e volta a bater sem precedentes, sem prantos
O qual, antes me machucava, mas, agora só me convoca a prosear amor,
Obrigado por isso.
-
Não escrevo mais no puro vício, assim como no passado
Motivo? Não mais o necessito, possuo alívio vívido
Criar mundos e contos românticos? Não é mais o que preciso
Estar contigo, isso sim aprecio, previsto já em tantos, e tantos sonhos
Agora apronto, de imediato, nosso cantinho, que tanto amo.
-
Você, Hortênsia em glória, Vitória, me apavora
Como agora, me entristece por estar longe, como uma história saudosa
Mas, que voltará e me deixará a sentir ternura, até que vá embora
E retorne, para recomeçar toda essa nossa história, até que a viagem termine
E você não mais tenha que ir,
Como agora, te amo, como outrora, de segundos até as horas.
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Amor, assim como um cãozinho que espera do lado de fora
Estou aqui, neste temporal emocional
Amor, não demora.

Inserida por AteopPensador