Texto Romance
Um castelo de bons ais,
Tão doce de [gemidos,
Doces acordes sonoros,
Agradando os [ouvidos.
Invasão e terno afago,
Maciez do meu agrado,
Enfeitando os sonhos,
E agradando os olhos...
Voltas sempre para mim,
Porque só eu faço assim,
Amas o meu par de [pernas,
Carícias tu não me [negas.
A poesia é travessa...,
Sensualmente não mente,
Para te amar imensamente,
E te agradar eternamente...
Convencida dos teus [desejos,
Ultrajando todos os [medos,
Agarrando-me às tuas [manias;
Escancaro-me às tuas [alegrias.
Não sei o quê fazer com você,
E nem com a lembrança doce;
Que me fez gostar sem querer
Do olhar que me fez endoidecer.
Tua serei sempre que quiser,
E do jeito que ordenar...,
Não há nem como negar
Sob o domínio do teu olhar,
Não há como não esquecer
Do manso bem-me-quer
Vindo de um beijo estelar
- Primeiro e derradeiro -
Que fez o meu corpo te querer
- inteiro -
Sendo eu poesia última,
Juro-te como o meu amor
- verdadeiro -
Guardado estás no meu peito.
Não sei o quê fazer com amor,
E nem com todo este encanto...
Quando não é verso, ele é pranto
É melhor eu fixar no meu canto.
Jura que irá voltar para mim!
Não encontro melhor fim,
Por isso resolvi me recolher
Para eternizar em versos
- tudo -
O que o coração não consegue
- apagar -
E o que o meu corpo espera
- se alimentar -
Do universo feito de você
E deste amor que não consigo
- esquecer -
Porque nascermos para nos repletar.
Não sei o quê fazer com o tempo,
E nem com a distância...
Que os meus versos sejam o breviário,
E a saudade de mim se torne estância.
Dançam os plátanos ao vento,
Jubilosos de tanta gratidão,
Saúdam os mansos parreirais,
A saudade é o sentimento
Dono de um tempo que não volta mais;
Sublimes os leques das araucárias
Abertos em celebração,
Bondoso o Vale dos Vinhedos
Repleto de belezas sobrenaturais.
A vida acontece plena,
- fortificada
A mata cor de menta,
- perfumada
Sob a proteção da grandeza
De um céu feito de turquesa,
Protetor de mãos trigais,
Povo feito de batalhas,
Gente que não se rende jamais!
Encantam com sabores,
Persistentes na labuta,
Gente gaúcha e resoluta
Que não perde sequer uma luta!
Não me poupe das tuas mãos
Que brindam com carinhos,
Não me poupe dos teus passos,
Quero estar nos teus caminhos.
Não me poupe dos teus beijos
Que lembram os sacros pomares,
Não me poupe dos teus sabores
Quero celebrá-los diante dos altares.
Não me poupe dos teu pensamentos
Poéticos cataventos de sentimentos,
Não me poupe dos teus beijos solares
Quero estar contigo em todos os lugares.
Não me poupe nem das tuas noites,
Que me convidaram para protagonizar
- as boas madrugadas -
Quero estar na tua companhia
Não sairei jamais das tuas estradas;
Não me poupe dos vinhos embriagantes
Das mais doces juras e do Vale dos Vinhedos;
Ainda hei de saber dos teus (segredos)...
A chama da vela
- marca -
A doce silhueta
- insinuante -
Ao cair do poente
- brota -
A abóbada silente
- brilhante -
À iluminar o corpo
- dos amantes -
A saborear celeste
- sorrateira -
A cena picante
- extasiante
A chama da vela,
- revela -
A coreografia bailante
- de joelhos;
Capaz de escandalizar
Os mais sensuais espelhos.
A chama da vela,
- capaz -
De trazer a paz,
Para dois que querem mais;
Estimulados à enfrentar a horas,
Carregar auroras e desmaiar poentes
Nas linhas mais erógenas - amar;
Juntos cultivando sementes
Para sempre um novo raiar.
A chama da vela,
Derrete a cera,
Como o seu olhar,
Faz com o meu corpo,
Sem pudor e sem dó,
Envolvendo-me como um nó
- exato -
Verso perverso e inefável,
Que me prende, aperta e segura,
Na delícia que não passa,
Numa poesia incurável,
Glória aos céus,
Por esta loucura!...
Não é preciso provar nada,
Precisamos um do outro,
Não devemos nada a ninguém;
Devemos nos provar...e bem!
Não é preciso justificar nada,
Entregamos fácil o ouro,
Não negamos nada a ninguém,
Todos percebem muito bem...
Não é preciso esconder,
Dançamos no abismo;
Não recusamos o amanhecer
Dois oráculos e um destino.
Vagueio peregrina na tua mente,
O teu corpo sente a ausência
- unicamente - do meu!...
E o meu escreve evitando
- lembrar - de que já teve o seu!
Escrevo poesia - evitando -
Lembrar de que ela existe,
Como um gemido de fidelidade
- extrema - pela falta que me fazes;
Ainda escreverei versos muito melhores,
E bem mais plenos e audazes...
O meu poder vai além do teu querer
A minha fragrância envolveu o teu arfar;
O meu desejo ainda vai te endoidecer
A minh'alma sempre é o teu [altar...
A minha luxúria virou o teu refúgio,
O meu anseio não passou, ficou;
A paixão tornou-se inquebrantável,
O nosso corpo é um só: [indissociável].
O vento ergue o sublime uivo,
A chuva molha o teu [escudo,
O meu corpo em descuido manso
A vontade no peito desfez o [escuro.
A chama não se apaga nunca,
O amor é a luz do mundo,
A verdade traz o fio da [espada,
O arrepio que me traz e sempre me [mata.
A minha presença sempre será [forte,
O verso mais lindo que fiz, não rasguei;
A doçura de amor virou lei,
O amor trouxe você que me deu [sorte.
O poder de estar sempre contigo,
A cadência que te alucina, poema de absinto,
O amor que se arrisca até no abismo,
A loucura que não apaga nem da memória.
As estrelas riscam o chão,
E escrevo sobre o amor
Na palma da minha mão,
És Universo e intimidade
Vou reverenciar cada minuto
Em nome da nossa paixão.
As estrelas iluminam
Os teus tontos passos...,
Porque no fundo és menino
Pleno e do mundo desprotegido;
Precisando dos meus afagos,
Para não temer o infinito.
Segue os meus passos
Como o Sol descobre a sombra,
Sinal de que não havia percebido
Da libertinagem com pompa,
Rimado pelas estrelas aos estalos.
Pecado inconfessável,
Chama secreta,
Perfume inefável,
Rosa mística,
Oásis no deserto,
Ilusionismo perfeito,
Soneto d'alma,
Porão aberto,
Algema quebrada,
Coração inteiro,
Flutuação perfumada,
Estou hipnotizada,
Completamente dominada.
Ouço o sussurro do rebojo,
Danço a música do vento,
Assim distraio a tua falta,
Não perco a minh' alma.
Rabisco o meu caderno,
Escrevo o nosso enredo,
Respeito o valor do tempo
Resistindo a dor e o medo.
Nunca mais me distanciarei,
Rejeitarei os oceanos,
Sigo os teus passos ciganos,
Confesso, eu me apaixonei!
Como divindade, escrevo,
Nestas linhas não me nego,
Para todas elas, eu me entrego,
O amor é realmente cego...
Amo-te imensamente,
Confesso, és desconhecido,
... admito! Grito!
Viver livre de ti, eu não consigo!
Vencendo os limites,
- eu me vejo em ti -
Rompendo convenções
- eu me vejo em ti -
Imaginando mais de mil fetiches.
Cantando os sonetos,
- eu escrevo por ti -
Colhendo as flores,
- eu vivencio por ti -
Cultivando mais de mil sabores.
Enamorando os poetas,
- descrevendo-te -
Encantando as sereias,
- embalando-te -
Ao som das conchas singelas.
Alçando o impossível,
- relembrando-te -
Pedindo o teu perdão,
- surpreendendo-te -
Com o meu beijo cheio de paixão.
Afinal, eu sou tudo e nada,
Apenas aquilo que não se espera
De uma dama e poetisa,
Um verso do avesso,
Brisa sem eira,
Aroma que enfeitiça,
Poesia sem livro,
Intimidade desconhecida
Que roubou o teu juízo.
Alonga o teu olhar para ver
A figueira aos pés da duna,
Os frutos tão ricos da alma
De um segredo que é prece,
Eu pude colher os figos
Sob a Lua para fazer um doce,
E também para fazer sentido
- bendigo -
Só para ser exclusivamente tua.
Sempre fugimos do mundo,
Porque nos reconhecemos em tudo.
Sempre fugimos de gente,
Que não ama, não sorri e não protesta.
O amor não surgiu em vão,
Ele nasceu para iluminar a Terra.
Existe uma dolência que nos une,
Nunca chegará a se tornar escuridão,
Resistirá em nós o mesmo Sol,
Que nascerá e que se dobrará;
Persistirá como saliente brasa,
Deslizará como mão que afaga,
Com o doce beijo que não para,
Será muito mais do que chama...,
E queimará muito mais do que fogueira
Em noites de luar, e não tente duvidar!
Amor sempre teremos de sobra!
Tu és como mar que leva o barco,
Assim é a carência que nos dobra;
Afirmativa é a boca sedenta por água,
Nós chamaremos insistentemente - a toda hora,
Seremos uma luz que não se apaga;
Um nó do destino que não desata.
Existe um amor que o mundo enxerga,
Não há ninguém que discorde,
E muito menos nos afronte,
Estamos prontos para a epopeia,
Que há de fazer a história,
De duas almas severas;
Tão doces quanto valentes,
Sementes lançadas ao vento,
Resistindo ao veneno,
Do cotidiano que é quimera.
Amor: aprecie a cantiga do mar!
Observe como gingam as correntes,
Tenho que te confidenciar:
- Eu quero te mimar!
O quê pensam as gentes?
Que somos inconfidentes.
Eu sou a tua rosa solar,
Regada pela água do mar,
Poesia e repente de amar.
Dissolvida pela encruzilhada
Causada por uma decisão,
Esquecida pelo afastamento
Da tua presença fui lançada,
Cantante dos versos deste fado
Em companhia da solidão
Do luso-mineiro largo,
Derrotada pela autoridade
Que só o tempo é capaz de ter:
Eu jamais consigo te esquecer.
Entretida pela chuva e pelo sol,
Acompanhada só pelo vento,
Arrependida por não te ouvir,
Esperando-te a todo momento.
Entristecida pelo abandono
Que eu mesma me impûs,
Não ando enxergando nem a luz.
Sozinha por ter fugido do querer,
Sei que corro o risco de te perder.
A chuva de prata anuncia:
o amor que você confidencia.
O sabor da vida desafia...,
é amor que também escandaliza.
A artista desenhando a estrada,
a alma de um homem estradeiro,
A vitória de um amor perfeito,
a vida celebrando cada passada.
A janela do tempo aberta,
- o amor que você acredita
É flor desabrochando no canteiro,
- a poesia antes desconhecida.
O rouxinol na mão saudando
o dono do viveiro,
O fado manso na tua mão,
o mel em forma de canção.
O vento batendo na janela,
a Lua iluminando o chão,
O Sol projetando o amanhã,
a vida é sempre uma promessa.
Fantasio na surdina,
Revivo na alvorada,
Comemoro na aurora,
Estive ao teu lado,
Embalada pelo beijo,
[Selo] de outrora,
Universo de poesia,
Outrossim, sinfonia.
Prevejo na calada,
Rememoro a neblina,
Esparramada alfazema,
Sensualidade albatroz,
Provocação extrema,
Janela aberta audaz,
Terra de Geraes provada,
Por ti entreguei-me inteira,
Ainda te pertenço sem dilema.
Vento que assobia,
Que desassossega as folhas,
Vento que brinca,
Que desinibe a flores,
Vento que sacode,
Que do livro vira as páginas,
Vento que transporta,
Que leva o meu perfume,
Que faz com que ele penetre
Nas tuas frestas e bata na tua porta.
Sou o vento que balança
A tua janela, espera!
Quem espera sempre
- alcança -
Nunca se perca de nós;
Entenda a nossa cumplicidade
Que vive de esperança
E de pé na Terra.
Tarde ensolarada à beira mar
E ritmada ao modo do vento,
No ir e vir do balanço do mar
Como o teu jeito manso,
A tua voz de suave encanto,
O teu riso aberto, sincero;
Trazendo a tua voz presente
Anunciando contente:
- a nossa reaproximação!
Os pássaros são anjos inteiros
De plumas adornados,
Cantores da anunciação,
Saudando o tempo e a distância;
Pela incapacidade de desfazerem
Uma verdadeira paixão.
Os divinos cantores
De asas abertas,
São ainda mais lindos
Anunciando a liberdade,
Que só o amor pode trazer
A verdadeira salvação.
Os sentimentos não se dissociam,
Amor e paixão tem uma fórmula
- secreta -
A nós foi nos dada à missão:
De sermos boticários da anunciação
De uma mística que Deus secreta.
Toco as estrelas com os dedos,
Abre as portas da tua alma!
Traz para mim os teus beijos,
Ventos de um forte presságio!
Nasci para ser amor irreversível,
Tornei-me a primavera dos desejos.
Tateio entre os giros do Universo,
O destino fez do meu coração
- um verso disperso
Escrito para ser inesquecível
De uma doçura de derreter o inverno.
Teço um caminho de fina seda,
A minha loucura por você não é lenda,
Talvez a minha suavidade surpreenda,
Dançarei na Lua para que não se esqueça.
Toma-me pela mão, e escreva!
Virarei poesia, e até mesmo odalisca;
Tenho coragem até de ser ousadia,
Fazendo que por mim você persista.
Te adorarei sempre por inteiro,
De janeiro a janeiro,
Do jeito do poetinha,
Tenho a marca de todas a revoluções,
E o perfume das mil tentações.
Tudo em ti virás em mim,
Sou cantiga que te nina,
Sonata que lhe rouba o chão,
Sou a magia do amor que invadiu
A tua alma, a tua mente e o teu coração.
Toco as orquídeas do nosso jardim,
Respiro nelas os teus aromas
Doces da tua flutuação,
- Estás em todo o lugar! -
Tranquilidade um dia a gente terá,
Um dia a gente irá se reencontrar.
Conhece a chama ardente
Do meu corpo sob o teu,
Arranco o teu chão e o teu sono;
Com o meu bem servir ao Dono,
O teu caminho também é meu.
Amanhece comigo no [riso,
Entardece comigo no teu colo,
Anoitece com o meu [cio;
Eu te arrepio, sem frio,
Eis o nosso verão: eu anuncio!
Esquece este mundo vazio,
Presenteie-se com o luxo de abandonar
- tudo -
Em nome do melhor do prazer;
Não temos nada a perder!
Vamos nos deliciar,
E celebrar sobejamente:
- Só eu e você! -
A minha imagem é viva
Ela jamais descansa,
A minha imagem é de carne
Ela jamais te cansa,
A minha imagem ferve
Ela não te dá descanso;
A minha imagem verte
Em cada um dos teus poros.
A minha imagem é presença,
Que traz consigo a sentença,
De prestar-lhe obediência,
É mais do que isso:
É emprestar a minha indecência
Fugidia de qualquer coerência,
Entortando-lhe até os ossos.
A minha imagem é malemolência
Feita de vidro quando estou longe,
E feita de papel quando estou perto;
Na tua mão sou página de livro,
Que se dobra, mas não se vira,
Sou o teu caso sério, admito.
Como páginas que não se viram,
Escrevendo inequivocamente
Juntos uma nova história no Universo.
A chama se [revela
Como noite acesa,
É brasa inconsumível
Da tal ardente estrela,
Que ilumina e [celebra
A vontade que nos cerca.
A chama se [destaca
Como palavra fina,
É incenso perfumado
Da divindade incrível,
Lira de apaixonado,
Feito nó que não [desata.
Valsa em nós o Universo,
O meu íntimo te pertence,
Talvez ainda estás [perdido,
A saudade é nossa - sempre;
De estarmos na mesma corrente
Nadando somos o curso do rio,
Da poesia inequívoca sou o verso:
Dolente, apaixonado e [atrevido.
É questão fora de [tempo,
Sempre em todos os tempos,
Todos musicais ou [não;
Ambos pagãos ou divinos,
Tão satânicos ou bíblicos.
A chama [ardentemente
Em tempo há de contar,
Que nunca [deixou
De por ti se apaixonar;
Vontade que não vai passar.
É questão além do [tempo,
Sempre e em todo o lugar,
Quando paro para [pensar:
Bate o sentimento, o tal penar!
Essa distância irá acabar.