Texto Pro Homem que te fez Sofrer
Convite Triste
Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.
Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.
Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.
(Em: Brejo das Almas)
Se o homem é tão livre no estado de natureza como se tem dito, se ele é o senhor absoluto de sua própria pessoa e de seus bens, igual aos maiores e súdito de ninguém, por que renunciaria a sua liberdade, a este império, para sujeitar-se à dominação e ao controle de qualquer outro poder? A resposta é evidente: ainda que no estado de natureza ele tenha tantos direitos, o gozo deles é muito precário e constantemente exposto às invasões de outros. Todos são tão reis quanto ele, todos são iguais, mas a maior parte não respeita estritamente, nem a igualdade nem a justiça, o que torna o gozo da propriedade que ele possui neste estado muito perigoso e muito inseguro.
O mau elemento
Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Anos nos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.
Tô nem aí
Tô nem aí pro futuro, pra celulite, tô nem aí para queixas datadas, tô nem aí pro telefone mudo, pros surdos, pro preço do combustível, tô nem aí se vai chover amanhã, se o presidente vai viajar, se vai voltar, tô nem aí.
Pra discussão sobre maioridade penal, violência e barbárie, tô aí. Pro fim desta impunidade que incrementa a bestialização das nossas vidas, tô muito aí.
Tô nem aí pros especuladores da vida alheia, pro Schwarzenegger, pros índices de audiência, tô nem aí se fui convidada ou preterida, quem é a primeira da lista, a segunda, a última, tô nem aí pro novo namorado da Nicole, pras declarações da Luana, quem é gay ou não, com silicone ou sem, se é virgem, se é rodada.
Pros sentimentos das pessoas, tô aí. Para seus desejos e dúvidas, para seus medos e ousadias, tô aí. Para tudo aquilo que tem consistência, para tudo aquilo que nos comove, para o leve e o denso, para a alegria genuína e para o luto, tô aí, sim.
Tô nem aí para quantas calorias tem um bife, tô nem aí pra corrida espacial, se há vida após a morte, tô nem aí pro carro do ano, pra musa do próximo verão, pro gol mais bonito do domingo, pra manchete da capa de amanhã.
Para a grosseria e a falta de delicadeza que corrói as relações, tô aí. Para a brutalidade das pessoas, pro egoísmo, pra falta de educação e civilidade, para todos que possuem uma nuvem preta acima da cabeça e a carregam pra onde quer que vão, tô aí e me dói profundamente.
Tô nem aí pro que foi decidido na reunião de condomínio, na reunião de cúpula, na reunião de mães, nas reuniões que duram mais de dez minutos, tô nem aí pro salário dos outros, pras novas tendências, pra cotação das minhas ações no mercado externo.
Tô aí pra alguns, pros meus. Tô aí e estou aqui. Estou atenta. Estou dentro. Estou me vendo. Estou tentando. Estou querendo. Estou a postos só para o mínimo, o máximo. Para o que importa mesmo. Para o mistério. A verdade. O caos. O céu. O inferno. Essas coisas.
No mais, tô nem aí. Refrão e desabafo
Sempre Não é Todo Dia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e ah....
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia
Eu que já sabia tudo
Das rotas da astrologia
Dancei e a cabeça tonta
O meu reinado não previa
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Botei o meu nariz a postos
Pro faro e pro que vicia
Senti teu cheiro na semente
Que a manhã me oferecia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Vou chegar atrasada e distraída,
como quem saiu do trabalho e foi direto pro bar.
Vou pedir um hi-fi inocente
e olhar toda hora pro relógio
como se estivesse alguém me esperando em outro lugar.
Vou rir bastante, manter um ar distante
e esquecer quanto tempo faz.
Vou perguntar pelos amigos e, se aceitar carona,
deixar cair um brinco no banco de trás...
Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...
Nota: Adaptação da crônica "As Possibilidade Perdidas" de Martha Medeiros. Repassado sob o título "Definitivo" ou "Viver não dói" e muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Carlos Drummond de Andrade, o texto termina com uma tradução livre do trecho da novelista inglesa Mary Cholmondeley, pertencendo a última frase a Tim Hansel.
...MaisEu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você
Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
A impontualidade do amor
Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir “eu te amo” num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir “eu te amo” numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.
Amor em paz
Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.
Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de minha vida. Mas farei que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei.
Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. Mas jamais irei me considerar um derrotado.
Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda. Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão.
Talvez um dia o sol deixe de brilhar. Mas então irei me banhar na chuva.
Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. Mas jamais irei assumir o papel de vítima.
Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderão em minha direção.
Talvez numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. Mas não terei vergonha por esse gesto.
Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece a minha confiança.
Talvez com o tempo eu perceba que cometi grandes erros. Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho.
Talvez com o decorrer dos anos eu perca grandes amizades. Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.
Talvez algumas pessoas queiram o meu mal. Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar.
Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo da música. Mas então, farei que a música siga o compasso dos meus passos.
Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris. Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração.
Talvez hoje eu me sinta fraco. Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente.
Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias. Mas terei a consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma.
Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo.
Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas.
Talvez a vontade de abandonar tudo se torne a minha companheira. Mas ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo.
Talvez eu não seja exatamente quem gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem sou. Porque no final saberei que, mesmo com incontáveis dúvidas, eu sou capaz de construir uma vida melhor.
E se ainda não me convenci disso, é porque como diz aquele ditado: "ainda não chegou o fim" Porque no final não haverá nenhum “talvez” e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.
Infeliz em público
O sofrimento, excentuando-se o que traz de dor, tem um certo glamour, é cinematográfico.
Cena 1: você atravessa a madrugada escutando músicas antigas, fumando dois maços e revendo fotos.
Cena 2: você se trancafia no banheiro, senta sobre a tampa do vaso sanitário e dissolve-se de tanto chorar.
Cena 3: você se revira na cama sem conseguir pregar o olho, pensando, lembrando, doendo.
Cena 4: você caminha por uma rua da cidade, sem rumo, parando para uma cerveja num boteco estranho, onde ninguém lhe conhece – que bom ser invisível.
Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.
Que os demônios levem pro inferno aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória. Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.
Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules. Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho. Você não quer estar ali, quer estar em Marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.
Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade. Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada. Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior.
Eterno Namorado
Meu bem, não quero te fazer sofrer
Não quero te fazer mal
Mas eu estou mudando e preciso
seguir sozinha... Não foi escolha minha
Não... Eu não estou te abandonando e nem fugindo
Eu só estou crescendo, é uma força que vem de dentro
é mais forte que eu...
Eu te amei com todas as minhas força e eu ainda te amo... Acho que te amarei eternamente...
Hoje a chama que está no meu peito não me esquenta como antigamente... Ela está me queimando...
Guardei todos os abraços, beijos e cheiros só pra mim...
Guardarei os segredos, os medos só pra mim... Guardarei os sonhos, os planos para o futuro só pra mim...
Quero continuar do seu lado, pra sempre meu eterno namorado... Eu vou estar sempre do seu lado como: amiga, namorada, conhecida ou nada... Mas sempre estarei aqui...
Você poderá sorrir do meu lado, chorar no meu ombro, se perder nos meus olhos e morrer nos meu lábios...
Pois te amarei eternamente
Mas não, eu não quero transformar esse amor em ódio
Deixa eu guardar o que de melhor aconteceu pra mim...
Amor
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
Pra que sofrer com despedida
Se quem parte não leva
Nem o sol, nem as trevas
E quem fica não se esquece
Tudo que sonhou?
Tudo é tão simples
Que cabe num cartão postal
Pra que sofrer com despedida?
Se só vai quem chegou
E quem vem, vai partir
Você sofre, se lamenta
E depois vai dormir...
Alguém quando parte
É porque outro alguém vai chegar
Num raio de lua, na esquina
No vento ou no mar.
Pra que querer ensinar a vida?
Pra que sofrer?
Baby, só vai quem chegou.
Se tanta pena tenho merecida
Em pago de sofrer tantas durezas,
Provai, Senhora, em mim vossas cruezas,
Que aqui tendes uma alma oferecida.
Nela experimentai, se sois servida,
Desprezos, desfavores e asperezas,
Que mores sofrimentos e firmezas
Sustentarei na guerra desta vida.
Mas contra vosso olhos quais serão?
Forçado é que tudo se lhe renda,
Mas porei por escudo o coração.
Porque, em tão dura e áspera contenda,
É bem que, pois não acho defensão,
Com me meter nas lanças me defenda.
Essas coisas
“Você não está na idade
de sofrer por essas coisas.”
Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas ?
As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer ?
Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma ?
E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
Sabe aquele medo horrível que você tem de sofrer? De perder algo que ama muito? De vomitar? De que tudo saia do seu controle? Eu torço pra que isso te aconteça, acredite, é maravilhoso.
Se um passarinho azul passar na sua frente e borboletinhas amarelinhas o acompanharem, isso é realmente lindo, não porque você ganha bem, ou porque tem um apartamento cheio de almofadas te esperando, ou porque tem uma pessoa especial ao seu lado te dizendo que eles são lindos.
Eles são lindos porque existem simplesmente, igual a você. Eles são lindos porque você está completamente sozinho neste mundo, mas este mundo é maravilhoso,
não tenha medo.
Não tenha medo de descer até o inferno e queimar como um papel cheio de regras e certezas, queime, vire cinzas, chega de querer controlar a vida, chega de querer amar, existir e desejar pelo seu ego. A vida é muito maior do que você, acredite nela, colabore com ela, tenha fé nela, faça a sua parte, mas em hipótese nenhuma sonhe que você pode simplesmente enfiá-la amassadinha dentro da sua bolsa, ela
com certeza vai se vingar de você.
Deixe, deixe a onda da dor passar por você, ela pode até te derrubar, te afogar um pouco, te chicotear com o sal, te assustar com tanta grandeza, mistério, profundidade e experiência, mas acredite em mim, você não vai morrer.
Você vai se levantar, ainda que a praia inteira ria de você, ainda que a força tenha levado suas roupas e você esteja completamente desprotegido para a vida, nu, entregue, sem dignidade. Ainda assim você vai se levantar e seguir em frente!
Eu não quero mais amar
Para não sofrer
Para não chorar
Vida perdida
Estrada tão comprida
Melhor nem dizer, ai
Melhor nem pensar
Para não sofrer
Para não chorar
Velho riacho
Que vem lá da serra
Cantigas tão antigas
Me contou
Velho riacho
Então me conte agora
Como eu vou viver, ai
Sem o meu amor
Se eu vou viver
Sem o meu amor
- Relacionados
- Alguém Te Fez Sofrer
- Você me machucou com palavras
- Você Me Machucou
- Textos de coração partido
- Não Amar é Sofrer Amar é Sofrer mais
- Homem de Verdade
- Homem Idiota
- A Raposa e o Homem
- O Homem Pequeno
- 74 elogios para homem que vão mexer com o coração dele
- Conto O Homem que Sabia Javanês