Texto para uma Pessoa Especial
A Lua resolveu dar uma lição no sol
Apagando temporariamente o seu farol.
Quis mostrar como dois seres tão diferentes
pelo menos um dia, poderiam ser equivalentes.
Na sombra umbra que a terra fez
a Lua pode finalmente se mostrar
Penumbral, parcial até que total.
Mas o que realmente a Lua quis nos provar?
Que alguém mesmo sem luz própria
pode um dia também irradiar.
Ou quem sabe mostrar que a beleza não esteja contida apenas na luz
Ela pode existir também no apagar.
Que todo mundo tem uma sombra em algum lugar
Que foi a falta de luz quem fez a Lua reinar.
E que todos um dia, mesmo sem luz,
podem vir a se destacar.
Mulher de fases, tais como a lua.
Tem fases de querer se fazer sentida
igual a força exercida em homens e marés.
Fases de dar sentido criando destinos
como quem faz um mapa astral.
Fases de doação se fazendo clarão para
iluminar a noite escura dos apaixonados.
Fases de reconhecimento
querendo o olhar atento
dos que lhe escrevem versos de amor.
Ela é como a lua, só faz o que quer.
Ela é como a lua, tem fases e fusos próprios.
Míngua, Cresce e se re_Nova.
Ela é como a lua...
Cheia de vontades.
Ecos de uma Nova Estação
É inverno, e sinto o frio se aproximar.
Há um sussurro gelado que dança nas folhas que restam,
como se as árvores se vestissem de ausências,
despindo-se de folhas, como almas diante do inevitável.
Suas sombras alongam-se,
guardiãs de um silêncio que só o inverno traz.
Os pássaros emigram,
levando sonhos e canções para terras distantes,
enquanto nós, aqui, envoltos em mantos e lembranças,
esperamos a temperatura cair,
como quem espera o nascer de um poema.
Os bancos do parque, agora vazios,
guardam histórias de verões passados,
memórias aquecidas pelos sorrisos que se foram,
tal qual lembranças escondidas em caixas de sapatos.
E há, sempre, a estátua do herói,
imóvel em seu bronze e sua glória,
silenciosa testemunha de nossa transição,
do calor para o gélido aconchego das novas manhãs.
Nas ruas, a pressa dos passos se transforma em lentidão,
como se o frio pedisse um compasso diferente,
um momento para refletir,
para sentir a terra e o tempo.
Internamente, ecos de uma nova estação.
Chove bastante aqui dentro,
venta forte e inverno-me.
Mas, ao invés de praguejar, varro as folhas caídas,
agradeço o beijo da brisa,
e tento preservar os galhos,
até o meu próximo florescer.
Ansiedade em Verso,
A cada esquina da mente, dançam sombras incessantes,
A ansiedade, sutil, tece seus fios de inquietação.
É um labirinto íntimo, sem jardim, sem findar,
Onde o pensamento se perde em constante aflição.
O coração bate descompassado, respiração ofegante,
Cada instante, um mar revolto, turbilhão interno.
Na ânsia de um não ter querer, sincero.
A vida, peça onde sou figurante,
Interpretando o papel da busca pelo eterno.
Há dias em que o sol não aquece, apenas brilha,
E as noites são abismos de silêncio e dor.
A alma cansada, curva-se, vacila,
Na esperança de um alívio, um gesto de amor.
Mas, na tormenta, encontro força oculta,
Nos versos que escrevo, busco compreensão.
Na luta contra a maré, a alma exulta,
Descobrindo na poesia, a chave da libertação.
Assim, navego nas águas do ser, profundo,
Entre medos e sonhos, perda e ganho.
Na jornada de viver, só neste mundo,
Tentando, dia após dia, encontrar meu tamanho.
Entre relâmpagos e sentimentos
Me relaciono como quem pisa na terra seca,
à espera da chuva. Primeiro,
deixo que a poeira envolva meus pés,
tímida, apenas levantando o véu do chão.
Mas, quando estou pronto para sentir
o toque suave das primeiras gotas,
o céu inteiro se desfaz em trovões:
relâmpagos e sentimentos.
Uma rajada de água desce,
apaga minhas pegadas,
desfaz meus rastros e certezas.
O amor, aparentemente, não é apenas um chuvisco,
mas uma tempestade que encharca cada canto,
sem pedir licença, ocupando todo o espaço
que sempre foi seu.
Era uma vez!
Na minha infância
Eu era princesa do mar
Eu era rainha dos reinos da fantasia
Já fui Cinderela
Branca de neve
Chapeuzinho Vermelho
Já voei com Peter Pan
Já fui a Sininho
Também fui Emília
Também a Narizinho,
No reino das Águas Claras...
Hoje só tenho a lembrança
Do tempo em que eu era criança
Eu que já fui sereia, princesa do mar
Meu sapatinho de cristal se quebrou
Minha capa vermelha desbotou
Meu Peter Pan envelheceu
A Sininho de dentro de mim, já não tem mais o pó de pirimpimpim
A Narizinho ao botox se rendeu
O Reino das Águas Claras escureceu
Tudo passou
Eu cresci...
Tudo só é maravilha no país da Alice...
Meu caminho
Sigo o mesmo caminho todos os dias
Tendo sol como companhia
Sigo assim...
Mesmo sem nuvens
Mesmo com chuva
Com pássaros
Ou sem trevos
Com flores
Ou sem espinhos
Apenas sigo
Meu caminho tão só
Se quiseres me acompanhar, eu aceito
Mas não espere diálogo
Nunca falo...
Se não quiser, entendo
Eu jamais interpelo...
Sigo assim...
O caminho
Eu
E minhas considerações...
Emoções , vontades
Sonhos e realidades
Em minha estrada a fora...
Percepções
Percebo tuas mãos ainda marcadas em meu corpo
Sinto ainda teu perfume colado em minha roupa
Ouço teu pés no chão , caminhar sobre meu quarto
Ainda sinto tudo
Tudo em minha volta
Cada movimento , cada palavra
Dita nos nossos momentos de carinho
Lençóis amassados
Roupas jogadas
Em minha mente tudo permanece no mesmo lugar
Embora nosso quarto esteja todo arrumado
Mas fecho os olhos e ainda vejo
Nossa última noite de amor
Maravilhoso amor
Tantos delírios
Sussuros , gemidos
Tudo guardado aqui no cantinho dos meus olhos...
O Guarani
Peri ama Ceci
Isabel ama Alvaro
Que ama Ceci
Peri índio goitacá
De olhar profundo e de fidelidade voraz
Um amor no meio de uma batalha
Ganancia de Don Loredano
Tal como a obra Shakespeariana
Isabel e Alvaro morrem juntos...
Mas o ataque dos Aimorés
Fará a casa de Don Antonio sucumbir
Ele entrega Ceci a Peri
O batiza como cristão
E assim se vão
A casa de Don Antonio se acaba numa explosão
Mas o tal amor ainda iria passar
Por algumas provações
Num tempestade viu Ceci tudo acabar
Mas Peri indio valente pede pra Tupã os guardar
E á sombra da lenda de Tamandaré
Peri numa palmeira faz canoa
Descem o rio e água se escoa...
Perpetua-se o amor
De Peri por Ceci...
Baseado na obra de José de Alencar - O guarani
A carta
Estou indo embora
Hoje decidi ir embora
Decidi te deixar
E contigo as lembranças tristes
As noites passadas a te buscar
Apenas te tinha em meus pensamentos
Porque a tua presença não se fazia nos momentos
Nos momentos alegres e nem tristes
Teu corpo aqui, mas teus pensamentos não em mim
Por isso hoje decidi
Decidi partir...
Arrumei minhas malas com apenas o que tinha quando cheguei
Não levo nada a mais, nem mesmo você...
Fecho a casa, assim como fecho meu coração
Tranquei as janelas
Arrumei a cama
Ah! Tem um café quentinho a te esperar
Deixei tudo certinho, arrumadinho
Como você gostava de ver
Quando você ler essa carta
Estarei tão longe que não dará mais tempo de me buscar
Fique bem
Seja feliz...
Um beijo, o último beijo ontem já te dei...
Sei que vais estranhar essa minha decisão
Pois tudo ao teu ver era perfeito
Mas não dentro do meu coração
Saio da tua vida para ser feliz
Desejo que assim sejas também...
Não te quero mal, vou mais além
Sei da moça por quem te apaixonaste
Não mentes tão bem...
Sei de tudo há anos
Mas só agora me decidi
Abro a porta de minha gaiola
Voarei...
Rumo à felicidade
Mais uma vez fique bem...
Beijos
Adeus
De quem sempre te amou.
Monóloga
E eu fico aqui.
Desnorteada por teu amor
Aqui largada , jogada...
Simplesmente sem sentidos pela tua paixão
Fico aqui a me doar
Doar meu amor
Meus sonhos
Meu corpo
Sempre aos teu desejos
Aos teus instintos...
Mas não quero mais ser teu brinquedo
Não quero mais ser teu objeto
Que usas e jogas fora
Tenho alma , tenho espírito
Não quero mais esse amor
Assim unilateral
Solitário
Monólogo...
Não permitirei mais que você
Me use assim
Me abuse assim , por noites afio
Por anos sem fim
Pois se que não me amas
Apenas transbordas em mim teu prazer animal
Não quero mais você
Não quero mais a mim assim
Desse jeito pra mim , eu não te amo mais...
Never say goodbye
Nunca diga a palavra Adeus
O amnhã não o conhece
Permaneça assim adiando tuas promessas
Adiando teus sonhos
Guardando-os na alma
Nunca diga adeus
Nunca, palavra forte demais para ser dita
De qualquer maneira
Solto ao ar
Nunca diga adeus...
Diga até logo
Até mais
Pois nessa vida sempre nos encontraremos
Esqueçida
Agora me esqueces num canto
Como algo passado
Algo que se perdeu
Algo que foi trocado por outra mais interessante
Esqueces assim que já te fiz feliz
Esqueces hoje que já fiz parte de teu presente
Esquecestes de tudo
E agora me jogas num canto
Ali ao lado das fotografias velhas e antigas
Junto aos livros empoeirados, amarelados pelo tempo
Agora faço parte de teu esquecimento
Aceito, entendo e assim sigo minha vida
Um simples detalhe passado despercebido...
Liberte-me
Não me prenda
Não me aprisione em tua vida
Não nasci para ser engaiolada em teus temores
Não preciso, nem posso ficar ao teu lado com um bibelô
Não me prenda em você
Desacorrente-me para que eu possa voar
Você já me machucou demais cortando minhas asas
Deixando-me ao teu lado triste assim...
Deixe-me voar
Voar para longe, onde haja sol
Onda haja um lugar para que eu seja quem realmente sou
Deixe-me viver em outros sonhos
Deixe-me descobrir outros horizontes
Vivo alçar vôos tão longos e felizes
Vivo a sonhar com um céu azul, vento batendo em minhas asas
Tudo em sonho, em pensamento...
Eu te peço... Me deixe voar
Nasci pra ser livre
Nasci pra ser feliz
Abra minha gaiola, me deixe sair, cantar
Sou pássaro ferido
Sou ave tão só...
Alma Perdida
Ensurdeci com meu choro contido
De uma alma perdida
Entre os mundos em fim
Calei-me diante dos tribunais celestes
Onde me condenavam por te amar demais
Amarrei meus gestos que eram amplos
Troquei-os pela cabeça baixa
Assumindo meus erros...
Mas diante de Deus confessei,
Que matei meu coração, sufoquei-o, arranquei sem dó...
Pois só assim iria conseguir sobreviver á paixão;
Mas agora vivo vagando
Perambulando pelo mundo na escuridão
Apenas uma alma corroída
Perdida nos caminhos onde percorri contigo...
Só me restaram as lembranças,
Do teu sorriso bonito
Do teu corpo maldito
Que fez pecar , que me fez perecer
Mas se eu tivesse uma chance novamente
Renascer suavemente, nesse mundo cruel
Faria tudo de novo
Procuraria-te sem pensar
Entregaria-me outra vez, iria te amar...
Pois não me arrependo de nada do que fiz
Apenas te amei
Pena que você não me quis...
Leticia Andrea Pessoa
Profan
Não me olhe assim... É melhor para você
Se fechares os olhos sobreviverás
Sou tal como a medusa
De beleza inebriante
Mas que cega a quem olhar
Em pedra te transformo
E me deformo em teu olhar
De coração profano
De alma mais profana ainda
Não tenho medo de te desprender tua alma do bem
Não quero você tão puro assim
Se vista de paixão
Quem sabe chama minha atenção
Me aceite assim
Não me prenda
Não me siga
Sou livre, ave negra e noturna
Figura do mal
Tudo que é certo eu odeio
Tudo que é sagrado eu destruo
Portanto rapaz,
Afaste-se de mim
Letícia Andrea Pessoa
Meu eu
Hoje minhas palavras estão um tanto negras
O espírito negro o outro lado de mim hoje dominou
Meu lado obscuro
Minhas vontades maléficas
Hoje saltaram para fora de meu corpo
Tentei prender esse meu eu
Mas de nada adiantou
Ele saiu abrindo a asa sobre mim me dominou
Comecei então a descrever esse mundo sombrio
Esse mundo fétido, escuro
Onde as trevas dominam
Onde a luz jamais entrou
Mete-me medo esse ser
Que de tão belo encanta
Mas que ao mesmo tempo tem a face deformada pela luxuria
Os sete pecados nele vivem
Todos os defeitos nele permanecem
Esse meu lado do mal
Guardo bem guardado
Escondido trancado
Á sombra dos olhos de Deus
Leticia Andrea Pessoa
Meus desejos
Meus desejos são inconfessáveis
Indecifráveis
Meus desejos são como animais ferozes
Atrás das grades precisam ficar
Como um louco, insano
Trancado precisa estar
Eles possuem garras fatais
Dentes mortais
São monstros horrosos
De feições grotescas
Mostram-se muitas vezes belos
De perfumes inebriosos
Mostram-se sedutores e muito calientes
Mas necessito mantê-los trancafiados
No fundo de minha mente
Nos labirintos de minha alma
Te peço deixe-os em paz ...
Leticia Andrea Pessoa
Versos ao ídolo - Ao meu ídolo Elias Matogrosso
Olho-te aqui tão distante
Me perco no teu olhar a todo instante
Amado meu á distancia permaneço a observar
És como estrela em noite enluarada
Que jamais pode se tocada
És canção na viola ponteada
As canções assim evocadas a um amor
Amor onde jamais se fará moradia
Pois não tenho essa ousadia
Em realmente te amar
Apenas te observo em teu mundo
Alguém em que meus pensamentos caminha
Viaja a me faz sonhar...
Sou alguém caro amor,
Que tão distante fica de ti
E que apenas quer sentir
Essa admiração a me inspirar...
Leticia Andrea Pessoa
O relógio marca a vida constantemente sem cessar
Marcam segundos
Minutos
Horas a passar
Se o tempo parasse...
Ah se o tempo parasse
Queria que parasse no instante em que te vi
Aquele mágico instante
Em que me deparei com teus olhos
Perdendo-me como se perde em um oceano tão profundo
Esses teus olhos verdes...
Ah esses teus olhos verdes...
Como eu dizia,... queria que o tempo parasse nesse instante
Que parada fiquei a te olhar
Vendo-te passar devagar, aos poucos
Fui me curvando...
Dobrando a rua atrás de ti
E assim sumiste ao fim...
Agora fico imaginando aquele momento
Em que por ti me apaixonei...
Leticia Andrea Pessoa