Texto para uma Pessoa Especial

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Às vezes precisamos apenas de uma pessoa que nos enxergue de uma forma diferente e nos faça mudarmos nossa forma de pensar, porque vamos seguindo o nosso caminho e muitas vezes estamos tão acostumadas com as mesmas paisagens, que nem olhamos a nossa volta, e passamos por diversas encruzilhadas com várias outras possibilidades de trilhar um novo caminho e perdemos por não vê-los ou por medo das mudanças que poderão acontecer.

Por isso, quando encontramos em nosso caminho alguém que teve mais coragem do que agente, e desviou do seu caminho em uma dessas encruzilhadas, acabamos nos contagiando com tamanha ousadia, e isso nos encanta tanto que acabamos seguindo essa pessoa.

No começo por curiosidade ou por já estarmos cansados de seguir sozinhos. Às vezes é isso que precisamos,de uma pessoa que não apenas nos aponte um novo caminho, mais que também está disposto a seguir conosco, nos mostrar novas possibilidades, tornar o nosso caminho mais bonito, uma pessoa que se preciso for voltará nos mesmos caminhos que percorreu apenas para nos mostrar as coisas boas que encontrou por lá.

Não sei ao certo se podemos chamar esses acontecimentos de sorte, prefiro dizer que é coisa do destino, Deus planejou para que esse encontro acontecesse exatamente naquele ponto, mesmo que às vezes já havíamos estado bem próximos, mais não era o momento que foi planejado, por isso nem percebemos que passamos por essa pessoa.

Mais quando chega o momento nem adianta tentar fugir ou ignorar o acontecimento, a outra pessoa não entrou justo no seu caminho por acaso, ela foi guiada por uma força maior, ainda incompreendida por nós, e tudo foi tão bem-planejado que o encontro acontece em um ponto do caminho onde nossa opção é voltar por de onde viemos ou seguirmos em frente com aquela pessoa que está disposta a seguir conosco.

E como é fácil fazer essa escolha. Voltar significar, além de continuarmos caminhando sozinhos, voltaremos pelos mesmos lugares, e se já conhecemos esse caminho, que graça teria de ir por ele novamente?

Com certeza a melhor opção é arriscarmos, seguirmos em frente, sermos guiado por alguém que conhece vários caminhos, porque foi ousado, e nos levará pelos melhores que já percorreu.

Temos apenas que nos permitirmos sentir quando esse momento chegar, para não perdemos a grande oportunidade, e regredirmos na nossa caminha, e voltarmos ao ponto de partida, pois quando percebermos que perdemos a chance já será tarde demais, provavelmente aquela pessoa já terá seguido por outro caminho.

Inserida por maxilea

Esse pensamento é sobre uma pessoa que me faz sentir viva...

Você é a estrela da minha vida, ilumina meus caminhos e naquela noite chuvosa, com aquele céu nublado e sem sequer uma estrelinha brilhando, senti como se tivesse perdido você, minha única estrelinha... Então, por favor, amor, nunca pare de brilhar para mim!

Inserida por ana_clara_pinheiro

O que te fiz eu
Para que me trate tão bem
Pra que me queira
Sempre do seu lado?
Coloca docemente
Minha cabeça em seus ombros
E me embala
Tirando o mundo da tomada

O que te fiz eu
Para que sare minhas feridas
E exalte minhas cicatrizes
Que escondo de seus olhos?
As guardo para mim
Você me lê,
E recita em voz alta
Para eu não me esquecer

O que te fiz eu
Para tê-la como cúmplice
Nessa loucura diária?
O que fiz não me conte,
Deixe que descubra,
Faça disso meu mantra,
Para que queira ficar...

Inserida por Marcelotavares1

O que torna uma pessoa tão especial
é a sua essência.
É aquilo que não pode ser visto pelos olhos,
e sim pelo coração.
É o que carregamos dentro de nós
É a fragrância da alma que o corpo transporta e que exala o amor puro que o conduz!
E mesmo que aquele corpo vier a envelhecer e falecer
A essência, a alma permanecerá eterna!
Obrigado, por me fazer ver isso em você!
Te amo hoje, te amarei amanhã e continuarei te amando por toda eternidade!

Inserida por niviarodrigues

O que é uma pessoa ‘especial’, nos dias de hoje?
São as com “necessidades especiais”, que requerem cuidados que atendam às suas diferenças, seja visando a sobrevivência em seu cotidiano, ou relativas ao seu desenvolvimento físico e mental. Porém e acima de tudo, é essencial que recebam muito carinho, muito amor e, diante disso, uma família que abriga em seu seio tal pessoa, criança, adulto, idoso, forçosamente as pessoas que compõem essa família, tornam-se muito melhores do que seriam, se não tivessem esse ser ‘especial’.
É essa a maior recompensa que se pode ter: tornar-se melhor, ser também especial no sentido amplo.
Em primeiro lugar, o ‘tornar-se melhor’ significa buscar conhecimentos suficientes para compreender as causas, e os efeitos, daquela pessoa que nasceu ‘especial’, tanto a síndrome acidental quanto qualquer outro fator adquirido no decorrer da existência, consequência de idade ou circunstancial da vida no dia a dia.
Se assim não for entendido, essa família se aniquila, e fracassa.

Inserida por clovisrosa43

⁠Pessoa Especial
A paz que eu sempre procurei
Foi em você que eu encontrei
Alguém que jamais esquecerei
Pois foi a pessoa que eu mais me importei
As vezes você distante
Não muito falante
Sempre me lembrarei
De tudo aquilo que eu conversei
Pois sempre me fez me sentir especial
Aonde sua ausência dói fora do normal
As vezes uma dor aperta no peito
E lágrimas ecoam direto
Pois eu sinto saudade
De forma sincera e de verdade
Mas sei que você sempre se esforça
E logo retorna
Fico aqui sempre a esperar
A hora que minha amiga possa voltar
E se um dia de vez se afastar
E não mais voltar
Ainda peço a Deus a te guiar
E quem sabe um dia você volte a me procurar
Pois eu sempre irei te amar
Não importa o que o tempo revelar

Inserida por JoseAugustoSant

⁠""Gostaria de poder ver pelo olhos dos estranhos que vc encontra no seu dia dia, apenas para poder apreciar os detalhes da sua beleza por mais tempo.

E aproveitar da beleza do seu sorriso espontâneo, do brilho dos seus olhos e do seu cabelo cacheado que combina perfeitamente com cada detalhe do seu rosto....

E por fim me pegar perdendo o chão com cada vez que me encanto pela pessoa especial que você é.""

Inserida por caio_blasques_lizze

Existem pessoas que brilham, brilham naturalmente.
Brilham até em dias nublados e quando estão tristes.
Brilham em meio a multidão, às vezes elas não têm nada (mas tem tudo).
Não têm uma casa de luxo, um carro do ano, a bolsa de marca.
Mas essas pessoas têm algo inexplicável.
Você as olha e é sempre um enigma
Você as analisa e não as decifra
Você as questiona, mas ainda continua tudo uma incógnita.
Você só sente!
Sente uma energia imensurável
É um brilho que se emana desses seres, que encanta como o brilho das estrelas, no céu escuro em um horizonte plano e silencioso.
É um brilho profundo, mas tão leve que penetra facilmente nas nossas almas.
É o brilho de seres que já foram e são luz há milênios.

Inserida por Jessveroneze

⁠Teu Aniversário -

Neste dia especial,
dedico-te o mundo e tudo
que nele há de
poesia.

Mas sei que não me queres
no teu mundo,
então,
dedico-o distante (sozinho),
em silêncio.

E porque vives no meu
mundo — coração — (ainda
que não me ouças nem
me vejas mais e assim
queiras),
espero (ansioso), que me sintas
nestas simples e sinceras
linhas,
com a profundidade, graça
e leveza
com que fizeram
tua alma.

Às vezes me imagino uma “pessoa especial”!
E, confesso, eu gostaria muito de ser essa pessoa!
Irradiar, no rosto, a bondade e transmitir no olhar confiança...
Compreender, sem me esforçar muito, os desesperados e saber orientá-los para um caminho seguro.
Uma pessoa que possa aprender com as quedas; uma pessoa que aprende com o amor...
Poder compartilhar mais com os amigos...
Uma pessoa qualquer! Uma pessoa comum!
Ouvir, com mais interesse, os lamentos dos necessitados; entender mais os afetos singelos das crianças...
EU QUERIA REALMENTE SER ESSA “PESSOA ESPECIAL”!!!

Pedro Marcos

Inserida por PMarcos

Alguém Especial

Quando alguém se senti acolhido automaticamente recebe o dom da retribuição, nascem sentimentos que derretem o coração e purificam a alma. Só precisamos de um pincel para pintarmos as cores do nosso paraíso e quando estivermos dentro dele entenderemos os seus significados.
Alguém por ai vai saber ou já sabe como te incentivar, ela esta pronta para se entregar a você de corpo e alma, essa pessoa se você já a encontrou ou não, acredite ela te encontrará e fará você se sentir grande, forte e preparado para um novo momento em sua vida a dois. Se entregue, cuide e guarde bem essa pessoa como se não houvesse um outro amanhã.

Inserida por ricardo_souza_5

A uma pessoa especial,
A uma pessoa fora do normal,
Incomum, espetacular,
Pode se dizer,
Uma pessoa de se orgulhar.
A essa pessoa, me deixa boba,
Me deixa a voar,
Vivo pensando,
E até imaginando,
Uma vida cheias a de planos,
Para nos realizar,
Gosto porque gosto,
Ele é Único,
Me faz viver Sentindo,
Pois ele é meu Tudo,
O Amor mais lindo,
Que Vivo sem pensar,
Mais o qual posso me Orgulhar.

Inserida por Amora29

E de repente alguém consegue te arrancar um sorriso.Não um sorriso qualquer,aquele sorriso único e verdadeiro,sabe?
Mas aí você começa a desconfiar de tudo.E já nem quer mais acreditar nesse clichê.Será Que depois de tantas tempestades,vem mesmo irradiavelmente o sol? ou vai ficar
chuviscando?
E apesar de todos os prejuízos sentimentais,eu tenho que admitir
que estou sim,contente,radiante,feliz,enfim.Sorrindo à toa.Mas uma vez.

Nunca supus que isto que chamam morte
Tivesse qualquer espécie de sentido...
Cada um de nós, aqui aparecido,
Onde manda a lei e a falsa sorte,

Tem só uma demora de passagem
Entre um comboio e outro, entroncamento
Chamado o mundo, ou a vida, ou o momento;
Mas, seja como for, segue a viagem.

Passei, embora num comboio expresso
Seguisses, e adiante do em que vou;
No términus de tudo, ao fim lá estou
Nessa ida que afinal é um regresso.

Porque na enorme gare onde Deus manda
Grandes acolhimentos se darão
Para cada prolixo coração
Que com seu próprio ser vive em demanda.

Hoje, falho de ti, sou dois a sós.
Há almas pares, as que conheceram
Onde os seres são almas.

Como éramos só um, falando! Nós
Éramos como um diálogo numa alma.
Não sei se dormes [...] calma,
Sei que, falho de ti, estou um a sós.

É como se esperasse eternamente
A tua vida certa e conhecida
Aí em baixo, no café Arcada —
Quase no extremo deste [...]

Aí onde escreveste aqueles versos
Do trapézio, doriu-nos [...]
Aquilo tudo que dizes no «Orpheu».

Ah, meu maior amigo, nunca mais
Na paisagem sepulta desta vida
Encontrarei uma alma tão querida
Às coisas que em meu ser são as reais.

[...]

Não mais, não mais, e desde que saíste
Desta prisão fechada que é o mundo,
Meu coração é inerte e infecundo
E o que sou é um sonho que está triste.

Porque há em nós, por mais que consigamos
Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,
Um desejo de termos companhia —
O amigo como esse que a falar amamos.

Tenho a náusea física da humanidade vulgar, que é, aliás, a única que há. E capricho, ás vezes, em aprofundar essa náusea, como se pode provocar um vomito para aliviar a vontade de vomitar.
Um dos meus passeios predilectos, nas manhãs em que temo a banalidade do dia que vai seguir como quem teme a cadeia, é o de seguir lentamente pelas ruas fora, antes da abertura das lojas e dos armazéns, e ouvir os farrapos de frases que os grupos de raparigas, de rapazes, e de uns com outras, deixam cair, como esmolas da ironia, na escola invisível da minha meditação aberta.
E é sempre a mesma sucessão das mesmas frases... «E então ela disse...» e o tom diz da intriga dela. «Se não foi ele, foste tu...» e a voz que responde ergue-se no protesto que já não oiço. «Disseste, sim senhor, disseste...» e a voz da costureira afirma estridentemente «minha mãe diz que não quer...» «Eu?» e o pasmo do rapaz que traz o lanche embrulhado em papel-manteiga não me convence, nem deve convencer a loura suja. «Se calhar era...» e o riso de três das quatro raparigas cerca do meu ouvido a obscenidade que (...) «E então pus-me mesmo dia nte do gajo, e ali mesmo na cara dele — na cara dele, hem, ó Zé...» e o pobre diabo mente, pois o chefe do escritório — sei pela voz que o outro contendor era chefe do escritório que desconheço — não lhe recebeu na arena entre as secretárias o gesto de gladiador de palhinhas [?] «... E então eu fui fumar para a retrete...» ri o pequeno de fundilhos escuros.
Outros, que passam sós ou juntos, não falam, ou falam e eu não oiço, mas as vozes todas são-me claras por uma transparência intuitiva e rota. Não ouso dizer — não ouso dizê-lo a mim mesmo em escrita, ainda que logo o cortasse — o que tenho visto nos olhares casuais, na sua direcção involuntária e baixa, nos seus atravessamentos sujos. Não ouso porque, quando se provoca o vómito, é preciso provocar um.
«O gajo estava tão grosso que nem via a escada.» Ergo a cabeça. Este rapazote, ao menos descreve. E esta gente quando descreve é melhor do que quando sente, porque por descrever esquece-se de si. Passa-me a náusea. Vejo o gajo. Vejo-o fotograficamente. Até o calão inocente me anima. Bendito ar que me dá na fronte — o gajo tão grosso que nem via que era de degraus a escada — talvez a escada onde a humanidade sobe aos tombos, apalpando-se e atropelando-se na falsidade regrada do declive aquém do saguão.
A intriga a maledicência, a prosápia falada do que se não ousou fazer, o contentamento de cada pobre bicho vestido com a consciência inconsciente da própria alma, a sexualidade sem lavagem, as piadas como cócegas de macaco, a horrorosa ignorância da inimportância do que são... Tudo isto me produz a impressão de um animal monstruoso e reles, feito no involuntário dos sonhos, das côdeas húmidas dos desenhos, dos restos trincados das sensações.

Se me Ainda Amas, por Amor não AmesJá sobre a fronte vã se me acinzenta
O cabelo do jovem que perdi.
Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha boca.
Se me ainda amas, por amor não ames:
Traíras-me comigo.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro,
E com essas alegrias e esse prazer
Eu viria depois a amar-te. Quando,
Criança, eu, se brincava a ter marido,
Me faltava crescer e o não sentia,
O que me satisfazia eras já tu,
E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma estrada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.

Tens um segredo? Dize-mo, que eu sei tudo
De ti, quando m'o digas com a alma.
Em palavras estranhas que m'o fales,
Eu compreenderei só porque te amo.
Se o teu segredo é triste, eu saberei
Chorar contigo até que o esqueças todo.
Se o não podes dizer, dize que me amas,
E eu sentirei sem qu'rer o teu segredo.

Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já hoje, mas de longe,
Como as coisas se podem ver de longe,
E ser-se feliz só por se pensar
Em chegar onde ainda se não chega.

Amor, diz qualquer coisa que eu te sinta!

Fernando Pessoa
Fausto – Tragédia Subjectiva. Lisboa: Presença, 1988.

Nota: Trechos do poema MARIA: Amo como o amor ama.

...Mais

I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estacões
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Com um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes,
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer coisa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. “O Guardador de Rebanhos” In Poemas de Alberto Caeiro. Lisboa: Ática. 1946 (10ª ed. 1993). p. 21
...Mais

Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobresselente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconsequente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro eléctrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos,
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio!...

Fernando Pessoa

Nota: Versão adaptada de poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.

Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Lisboa: Ática. 1982