Texto para Animar uma Pessoa
"A Pessoa" (Igor Calazans)
Aquela pessoa
Acha aquela pessoa
Que acha aquela pessoa
Entre tantas pessoas.
Aquela pessoa
Que se acha a pessoa ideal
Faz da outra pessoa
Pessoa tão impessoal,
Que para aquela pessoa oculta
Da busca, da caça e da luta,
Ser a única pessoa
Que entre milhões de pessoas
A mesma pessoa procura.
E acha! Pessoa à pessoa,
uma só, a única pessoa,
Que estava no meio de muitas.
Quero dizer, foi você quem me ensinou o sinônimo de amar e todos os antônimos de odiar: querer, gostar, venerar.
Todos os dias de manhã quando eu acordava com o cabelo mais bagunçado que os sentimentos no meu peito, e você dizia como eu estava linda, tão linda quanto meus olhos naquela tarde de domingo quando me conheceu. Eu sorria, envergonhada. ''está maluco por falta de cafeina.'' Eu disse uma vez, e você com toda graça e maestria recitou pelos próximo vinte segundos uma ideia contra aquela. Sempre foi teimoso demais...como quando estávamos naquela biblioteca uma vez, e teimou em dizer que Fernando Pessoa não era tão bom quanto Carlos Drummond. Me emburrei. Bati o pé e disse o quão insano era por pensar aquilo, todavia sua citação aniquilou o meu argumento em menos de um segundo: Entre a dor e o nada o que você escolhe?
E eu que sempre tive uma resposta na ponta da língua me vi sem ela. O que você escolhe? As palavras rondavam em minha mente, como aquele vinil gasto e velho que costumávamos colocar para tocar.
Seus cabelos estavam caídos para o lado naquele dia, sua barba por fazer, usava o suéter xadrez que eu costumava roubar toda a madrugada, apenas pra sentir o seu perfume amadeirado. Sorri. Suas iris castanhas me observavam com atenção e céus, naquele momento eu soube... eu enfim soube o porque de vir ao mundo chorando, o porque de ter tantas cicatrizes causadas por amores rasos, rasos demais que me causavam dores por mergulhar de cabeça, o porque de ter caminhado por um longo tempo na estrada chamada vida, até um lugar denominado pela geografia de Rio de Janeiro.
Tudo em prol de conhecer você, naquela avenida movimentada e calejada do centro, com comerciantes gritando e pessoas apressadas para os seus trabalhos. Leite e mel pingaram dos meus olhos antes de dizer:
Eu escolho a dor. Se ela tiver o seu nome, sobrenome e endereço.
Últimos Versos -
Tenho te carregado
(no peito)
desde os primeiros dias
em que nos conhecemos.
Sinto saudades dos velhos
motivos: a brisa, os livros,
as tardes da tua rua.
Saudades da tua risada,
da espera na calçada,
dos riscos, do céu,
da lua.
A saudade ficou um pouco
nos latidos de aviso do
teu cachorro,
nas frestas da varanda,
por onde eu (ansioso),
olhava à tua espera.
Ficou no cheiro jovem e
delicado do nosso namoro
aprendiz - adolescente - a quem
eu (suspeito),
dedico este sentimento
sincero, lírico e nostálgico.
A saudade também ficou nas
conversas virtuais – presentes
distantes -e nos papos a
centímetros da pupila dilatada e
respiração ofegante: pensamentos navegavam nas redes da
comunicação abertas
à alma).
Haviam horários e eu os perdi.
(Lembranças... saudades).
Sem explicação,
ainda te olho com olhos
de adolescente apaixonado:
intensos e devotos.
Ainda te enxergo como a garota
de treze anos,
de dentes e pernas salientes,
e olhos tristes de mel.
A garota birrenta,
cheia de manias e erros
de português,
que carregava meus olhos
– sempre seus olhos –
por onde fosse.
A garota que me ensinou a
beber água antes de sair
de casa.
Aquela garota que, apesar de
homem feito,
me provocava frio na barriga
quando estava por perto
e, estranhamente,
ainda sinto como se estivesse
aqui pertinho ou, na verdade,
nunca tivesse saído.
As fotografias estão aí para
quem quiser ver,
mas algumas pequenas coisas,
alguns pequenos gestos e
detalhes - fragmentos do ontem –
(nosso amor adolescente), como o teu cheiro de menina, a timidez aprendiz
dos teus lábios e a rebeldia dos
teus cabelos imaculados confundindo
minha sorte, somente eu sei
o que representam em
minha vida.
Mas já não há mais tempo
para voltar.
Agora o continuar é um sem
sentido peito cheio de traumas e
amarguras,
um sentimento grandioso e
inútil de onde eu,
sangrando,
escrevo estes últimos
versos.
P.S.: Não vá embora antes
de falar comigo.
(...)
Era uma festa, agora o
adeus!
"Chorar é Lindo" -
Eu sinto muito por aqueles
que são frios demais,
calculistas demais,
vazios demais.
Os que se autodenominam:
bem resolvidos.
Estão sempre muito seguros
de si mesmos e tão inseguros com o outro.
Negam sentimentos, evitam profundidades, delicadezas.
Não se permitem chorar,
errar, ter medo,
dúvidas...
Sentem-se superiores, intocáveis - donos de tudo.
Eu parto do nada: sou
pequeno e infinito.
Não sei bem
qual o proposito,
qual a graça
da vida.
Mas, entregar-se
intensamente as coisas
- as paixões -
que cativam-nos é,
a meu ver, o essencial.
Sofremos em busca de
alegrias, de sorrisos.
Mas, como bem disse o poeta
das coisas simples:
Chorar é lindo!
O que algumas pessoas esperam de você?
Não esperam nada!
Por isso te humilham,olham a sua aparência e não a sua essência...
Mal sabem elas que a qualquer momento,Deus pode mudar a sua trajetória de vida e te colocar em uma posição elevada,porque as promessas de Deus para um servo fiel são de exaltação.
Repetidas e Limitadas -
A quantidade de pessoas
repetidas e limitadas
que eu encontro por aí,
é absurda.
É tão difícil cruzar uma alma
elevada, profunda, especial
quanto aceitar essa
realidade.
Uma vez ou outra (no calor do encontro),
eu pensoque encontrei,
mas não.
É só mais uma pessoa
legal,
com alguma coisa
legal.
Ainda assim,
cópia da cópia da cópia
(claro, com suas particularidades).
E não importa se são magras,
bem-sucedidas, atléticas,
baixas, gordas, amarelas,
fortes, diplomadas.
Se julgam-se espertas,
inteligentes, superiores,
felizes.
Se frequentam igrejas
ou não;
academias ou não;
baladas ou
não.
E não importa o quanto são
justas e honestas e
solidárias.
O quanto amam coisas
como:
animais e crianças e flores
ou o quanto adoram praticar esportes
e ouvir música...
não importa.
Superficialidade e mediocridadejuntas,
em estado funcional,
denunciam: trata-se de uma
pessoa "normal"
(fora os defeitos e
virtudes).
E no fim,
são todas iguais.
Assim sendo,
nada mais de especial
acontece.
Infinito Distante -
Somente a morte é algo
inteiro,
e ainda assim,
com uma parcela do
infinito distante,
imaginada, desconhecida.
Viver é despedaçar-se (diariamente),
em fragmentosde verdades, mentiras e ilusões,
a fim de adiar o
inevitável e profundo
sono eterno.
Sonhar, então,
é manter-se ainda acordado.
Insistências -
Há,
em mim,
um enorme
cansaço feito
deinsistências.
Há um acúmulo de
frustrações e derrotas
em forma de
rejeição.
Assim,
é preciso parar,
respirar... enxergar-me,
cuidar-me.
Dar chance para que
algo diferente,
de alguma forma,
possa acontecer: nascer
ou morrer.
Será Para Sempre -
O Tempo,
inevitavelmente
continuará a passar.
As pessoas tomarão
seus rumos,
cada uma à sua
maneira,
cada uma banhada
sob as consequências
de suas escolhas,
de seus atos.
Conhecerão novas pessoas,
criarão novos vínculos,
atarão novos laços
e,
de todos os amores que
ficaram por acontecer,
digo,
de todos os amores
suspensos no
tempo — com todas as
quase glórias
e as quase tragédias,
e todo o desconhecido
dos quase — um deles
será mais lembrado.
Mesmo se já houver um
outro;
mesmo que não haja mais
o mesmo fogo, o mesmo
desejo, os mesmos
motivos,
ele será lembrado.
Hora ou outra,
sem a mesma intensidade
será lembrado.
Sem a mesma urgência
de outrora
será lembrado,
sem nunca, de fato,
ter sido.
E porque nunca será,
será para sempre.
A Grande Questão -
Por que ainda há no mundo
pessoas morrendo em decorrência dafome?
Não há alimentos suficiente
para todos?
Quem fabrica as cédulas
e moedas — necessárias para
se ter os alimentos?
Que material é usado na fabricação das cédulas e moedas?
Esse material usado é mais
raro e importante que as milhares de vidasperdidas diariamente?
NÃO HÁ DESCULPAS!
A violência não irá
acabar.
Os conflitos, as guerras,
infelizmente,
continuarão a acontecer.
O preconceito, a intolerância,
a injustiça, a desigualdade,
todas essas coisas,
provavelmente nunca serão,
tatalmente extintas.
Acidentes, doenças, catástrofes continuarão a ceifar vidas.
Mas a grande questão é uma:
POR QUE AINDA HÁ NO MUNDO PESSOAS MORRENDO EM DECORRÊNCIA DA FOME?
Não Amanhece -
Acabei de acordar, depois
de mais uma noite,
extremamente
torturante.
Agora são,
precisamente,
09h37, de uma segunda-feira
qualquer de outubro.
A noite passada
(um pouco mais do que
de costume),
foi bastante triste,
angustiante — quase
não dormi.
Chorei tanto que, neste momento,
sinto-me, fisicamente,
como se estivesse
anestesiado.
Os meus olhos mal se
mexem.
Sinto meu corpo pesado
e um pouco trêmulo.
Inerte.
Em contraste, pensamentos acelerados, desordenados,
confusos, que estão me
causando umcerto temor,
uma certaangústia, um quase
desespero — algo como um
grande medo — medo do restante
do dia.
Não é bem a morte o que
mais me assusta:
É algo que precede-a.
Algo como perder
o controle.
Estamos na primavera
e,
hoje,
me parece que será um
dia ensolarado — de
céu azul lá
fora.
Aqui dentro...
Nem sei: não amanhece.
FERNANDO PESSOA
Com as suas mil faces,
são tantas em uma.
Com a pura emoção
sem uma alma pequena
sonhou os sonhos do mundo.
Sempre inquietação,
mordidas aos bocados
foi feliz e infeliz
Pensando por pensar,
sua alma sofreu o tédio.
incoscientemente
coerência da incoerência
Ele foi mutação,
Alberto, Ricardo ou Álvares.
E completamente alma,
foi natural igual,
ao levantar do vento
mfp
Guerra Fria -
Neste momento,
não tenho mais por que
lutar.
É inútil,
é uma batalha
totalmente perdida — acabou.
O que restou da guerra
foi lutar contra o
espelho:
um velho conhecido, cheio de
marcas, feridas, traumas
acumulados — heranças de outras guerras (perdidas).
Posso até golpeá-lo,
atingi-lo,
mas o verdadeiro inimigo
é outro (confortavelmente
inatingível), com status
de vencedor — de Grande
Vencedor — dessa silenciosa e impiedosa "guerra fria",
onde vence quem sente
menos,
e o final provou, de maneira
clara e cruel,
que somente um tinha
coração.
Não Jogue o Jogo -
Não jogue o
jogo!
Um encontro — que leva a um
desejo — que transforma-se em sentimento — que nos faz
mergulharem sonhos —
é para nos ajudar a reparar
os estragos que a vida
costuma nos fazer
diariamente.
Se te rouba a paz:
causando desconforto,
provocando raiva, aflição...
não serve!
É inútil, traumatizante,
destrutivo.
Não jogue o jogo:
Ambos serão derrotados!
Não Quero Explicar: Talvez Não Saiba -
Primeiro,
a sensação de acolhimento,
de não estar mais,
aparentemente,
sozinho.
Depois uma dependência
e uma vontade a mais,
de mais e mais vontade.
E esquenta e esfria
e, às vezes,
transborda para quase secar.
Renasce (se é que é possível),
depois de quase morrer.
E morre,
inexplicavelmente, respirando.
Não, não é o amor:
é isto.
Nem sei bem como somos
por dentro, lá no fundo.
Mas espero que compreendas
todas as lágrimas e bebidas
e motivos desta semana;
deste mês;
deste ano...
Vá,
desta vida.
Em Casa -
Largo mão da rua e
ponho o pé na
escada.
Subo-a, não penso,
chego ao portão, fico ao portão.
Giro o trinco, abro o portão,
entro e fecho-o.
Dou cinco passos à esquerda
e chego à porta.
À direita, há entretenimento:
não paro — sigo em frente.
Mais nove passos e paro.
Olho rapidamente à direita,
há descanso:
não deito — continuo
adiante.
Mais dez passos e fico
diante de mais uma
porta — onde tenho passado
a maior parte do tempo.
(Dormir, pensar, escrever...).
À direita há água, há remédios,
há alimentos: não bebo,
não tomo, não como.
À frente,
depois da última porta,
a última janela
e o fim.
Atravesso a porta e fico
próximo à janela.
Dou mais dois passos e
chego à janela. Fico à janela.
Fecho os olhos e me sinto,
de fato, em casa.
Há conforto, há segurança — abrigo.
Agora
abro os olhos,
abro a janela e vejo à minha
frente (decorando a janela),
a lua.
E assim, de repente,
como se amasse,
eu me lembro que existe um
mundo inteiro distante,
bem distante, muito
distante lá fora.
E choro.
Falha -
Tentei,
o dia inteiro,
encontrá-la, mas falhei.
Revisitei importantes lembranças
— gestos, fotos, vídeos —
e,ainda assim,continuei vazio.
Abracei-o.
Beijei-o, e nada.
Mesmo diante da pessoa mais importante do mundo,
no dia mais importante do
ano,
eu não encontrei as palavras,
os encontros — a Poesia.
E falhei.
Mesmo com todos os motivos
e sentimentos;
mesmo com todo o orgulho e admiração, eu falhei na busca.
Tudo que consegui escrever
resume-se a isto:
Este lamento, esta culpa, esta falha.
Este vazio.
Todas as crianças são especiais.
Absolutamente todas.
Mas nós, adultos, falhamos.
Falhamos muito.
E, grosseiramente, estragamo-las.
O Normal da Coisa -
Eles não me deixarão
em paz.
E eu não vou conseguir
deixá-los também.
(Mas, certamente, eles ficarão
melhor que eu).
Agora é isto:
o normal da coisa.
E a coisa toda está fundamentada
na futilidade, superficialidade e mediocridade da grande maioria deles.
Eu precisaria ficar rico,
talvez,
para que algo diferente
aconteça.
Então,
precisarei somente de alguns
deles, e esses eu os
suportaria.
Eu posso suportar alguns
deles, certamente.
Eu não suporto muitos
ao mesmo tempo:
Uma vizinhança, uma cidade,
um país...
Uma geração e a próxima
sob os efeitos desta.
O CARENTE
Vim contar a história do "O carente"
Como o próprio nome já diz
Ele é carente, carente de amor
Ele não recebeu esse amor
De seus familiares
Mãe, pai, vó, vô, irmãos
Por causa dessa falta desse amor
Ele faz de tudo para chamar
A atenção de todos
Ele cria um personagem que
Chama atenção, chega até
A ser humilhar para chamar a atenção
Pensando que a atenção
Substitui o amor, que não recebeu
Mas... Ele sofre! Sofre muito!
Pensa que a felicidade está
Na outra pessoa, não em si mesmo!
Agrada extremamente as pessoas.
Deixa de ser ele mesmo, para agradar
As pessoas
Isso é muito triste!
Não é só "O carente" que sofre!
Várias pessoas sofrem também!
Lógico, que tem tempos que somos
Carentes! Todos somos!
Mas "o carente" ele é assim
O tempo inteiro! A vida toda!
Quando chega ao ponto de se
Humilhar! Já é grave, por mais que
A pessoa não ache!
Mas...tem tratamento!
"O carente", tem que começar a gostar de si mesmo, não agradar tanto as pessoas,
Comece a gostar de sua companhia!
Tudo isso é feito pela força de vontade
Quando "o carente" desistir de tudo!
Vem um brilho de força, de vontade para erguer-se a luta!
Assim "O carente", não deixa
De ser extremamente carente
Aos Meus Avós ‐
De onde se é capaz de se imaginar,
eu sinto, como uma primeira
força, que eu nasci dos
meus avós.
Dali:
de onde eu alcanço
o sonho,
os primeiros choros,
os primeiros
passos.
Dali:
da casa cheia, maior,
de todos.
Dos grandes encontros,
das brincadeiras no balanço
da rede, do colchão no
meio da sala,
da sala, dos quartos cheios,
das risadas com os primos
e tias e tios.
Nasci do chão áspero (que
desgastava só os lados
dos pés),
das plantas e da caixa d'água
(fria), com pequenas pedras
e latas em cima e o que eu não
me lembro agora.
Dos quintais de objetos
e pinhas e mamão.
Das histórias
(depois, repetidas inúmeras
vezes),
do pequeno velho espelho amarelo
no lavabo de mãos ao lado do
velho quarto com objetos
e um forte cheiro
de sertão.
Nasci dali:
das conversas, das piadas,
dos longos cabelos, da
tagarela que não para
de falar.
Nasci de onde eu reconheço
(hoje),
o primeiro colo,
o afeto, a ternura, a doçura
nas palavras, nos gestos,
nos cuidados — a proteção.
Assim,
de onde se é capaz de amar incondicionalmente,
eu sinto como uma primeira
força maior que eu nasci
(e eu não sabia ontem),
do primeiro amor dos
meus avós.
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