Texto Medo

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DOR FÍSICA X DOR EMOCIONAL

O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distensão, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito.

Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussão por horas: o que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio? Dores absolutamente diferentes. Eu acho que dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro. Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho.

As estatísticas não mentem: é mais fácil ser atingida por uma depressão do que por uma bala perdida. Existe médico para baixo astral? Psicanalistas. E remédio? Anti-depressivos. Funcionam? Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção, não com a eficiência de uma cirurgia. Certas feridas não ficam à mostra. Acabar com a dor da baixa auto-estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada.

Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar. Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que for demitido. Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito? Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos-socorros. Não adianta assoprar que não passa.

Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor. Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por Lars Grael, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio. O próprio iatista terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta. Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre.

Martha Medeiros
Crônica "Dor física X dor emocional", 1998.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 26 de outubro de 1998.

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Mergulho em você mesmo

Temos medo de estarmos conosco, mergulharmos em nosso interior. O silêncio e sua prática nos leva a esta possibilidade de encontro profundo e revitalizador. Com o silêncio, encontramos a paz e o amor incondicional vem com toda a força transformadora. O amor é a força mais sutil do mundo. O mundo está farto de ódio. É é este ódio irracional e distante da força criadora que destrói, corrompe e ensurdece a humanidade.

Pare! Recomece! Reprograme-se... O silêncio pode ser o ponto-chave desta nova caminhada. Pratique-o diariamente e transforme um pouco nosso mundo. Ouça-se.

Temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo. Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim.

Pratique diariamente o silêncio da paz. Respire profundamente algumas vezes. Inspire e sopre lentamente até ir relaxando e mergulhando dentro de si mesmo. Feche os olhos e silencie seus medos, preocupações e ansiedades diárias, por alguns momentos. Dê a chance à sua paz e à paz do mundo.

Faça a sua parte, se doe sem medo. O que importa mesmo é o que você é...
Mesmo que outras pessoas não se importem. Atitudes simples podem melhorar sua vida.

Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados. Espalhe esta ideia.

Transforme o mundo, a partir de você. Seja a mudança que você deseja para o mundo.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É ter coragem para ouvir um “não“.
Ser feliz é deixar viver a criança livre,
alegre e simples que mora dentro e cada um de nós.
É ter maturidade para falar “eu errei“.
É ter ousadia para dizer “me perdoe“.
É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você“.
É ter capacidade de dizer “eu te amo“.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida
é um espetáculo imperdível...
E tenha certeza que você é um ser humano especial
para todas as pessoas que te gosta, respeita e quer
te ver sempre bem...

Augusto Cury
"Dez Leis Para Ser Feliz", Augusto Cury, Sextante, 2003

Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar.
É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?”.
Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus.
Você, pensando pequeno, não ajuda o mundo. Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor.
Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de nós. Isso não ocorre somente em alguns de nós; mas em todos.
Enquanto permitimos que nossa luz brilhe, nós, inconscientemente, damos permissão a outros para fazerem o mesmo.
Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará outros.

Marianne Williamson
A Return To Love (1992).

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Nelson Mandela.

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REENCARNAR, PRA QUÊ?

Assim como as pessoas têm muito medo de morrer porque não sabem o que irão encontrar na outra dimensão, os espíritos que estão vivendo no astral têm medo de reencarnar.
Esquecer o passado e mergulhar no mar encalpelado do mundo, enfrentar seus próprios limites e os desafios de seu crescimento é assustador. Controlar as emoções, ordenar a mente, experimentar as próprias idéias e enfrentar os resultados requer coragem, persistência. Ficar entregue ao próprio discernimento, tomar decisões, ser responsável pelo próprio destino atemoriza.
Para o espírito, reencarnar é como vestir um escafandro e mergulhar nas profundezas do oceano. O corpo de carne tem um metabolismo lento, muito diferente da vida astral, onde tudo é mais dinâmico e rápido. Lá, a força do pensamento materializa rapidamente os objetivos, de acordo com a capacidade de cada um, criando e movimentando os elementos.
Aqui, na Terra, nossos projetos levam muito mais tempo para se tornar realidade. Para construirmos um edifício levamos muitos meses, enquanto lá eles o fazem em algumas horas..
- Como?! Há prédios no astral? – alguns vão perguntar.
Há prédios, ruas , cidades, tudo. O que chamamos de astral são os mundos das outras dimensões do universo.
Cada um deles gravita em determinada faixa de ondas, possui um magnetismo próprio e, para os que vivem lá, tudo é tão sólido quanto para nós é nosso mundo.
Não os podemos ver porque nossos olhos enxergam apenas em limitada faixa de percepção, o que não os impede de continuar existindo. A limitação é nossa. Os micróbios existem, mas só os podemos ver se tivermos um microscópio.
- Se eles têm medo, porque reencarnam?
Para reeducar o emocional. No astral as emoções são muito mais fortes e profundas. A tristeza, o remorso, o arrependimento, a frustração, a mágoa tornam-se insuportáveis e chega um momento em que, cansado de suporta-las, o espírito aceita nascer na Terra. Para ele, o esquecimento será uma bênção. O magnetismo lento permitirá que ele medite mais, experimente, reflita, conheça-se melhor e amadureça.
Reencarnar na Terra é começar de novo. Todas as lembranças do passado são guardadas no inconsciente temporariamente e, embora possam influenciar intuitivamente o espírito reencarnado, ele estará em sintonia com o cérebro do novo corpo, que como um filme virgem vai registrar as novas experiências. Não é genial?
A vida, mágica e divina, vai tecer os acontecimentos, juntar pessoas, de acordo com as necessidades daquele espírito, e criar estímulos a que ele se torne mais consciente, liberte-se dos antigos padrões de crença que o levaram ao sofrimento. Se ele aproveitar, voltará ao astral mais lúcido e feliz.
A vida é um eterno agora, e nós continuaremos sendo o que fizermos de nós, seja onde for que passemos a viver. Enfrentar nossas dificuldades desde já, fazer nosso melhor, é construir nossa paz.

O medo não é um sinal de covardia.
É ele que nos dá possibilidade de agir com bravura e dignidade diante das situações da vida.
Quem sente medo*e apesar disso segue adiante,sem deixar-se intimidar* está dando uma prova de valentia.
Quem,entretanto,enfrenta situações ariscadas sem dar-se conta do perigo,demonstra apenas irresponsabilidade...

Lembro de sentir um medo enorme. Vou, não vou? Lembro da mistura de ansiedade com algum sentimento sem nome ou explicação. Eu sabia e não sabia. Não sabia e tinha medo de descobrir. Lembro de sentir um frio na barriga, de pensar em desistir, de tomar Smirnoff Ice e dois chopps. Lembro de cuidar a hora, de sentir o atraso andar rapidamente e de achar uma pequena brecha, desculpa ou seja lá o que for pra ir embora. Lembro de sorrir de vergonha, de não saber o que fazer com as mãos, de falar daqueles 15 minutos intermináveis e deixar claro que eu ia, sim, embora. Lembro de tudo isso desaparecer no momento em que olhei no fundo do teu olho. Lembro de ter perguntado se teus olhos eram verdes, a sala ficando escura. Lembro de agarrar forte a bolsa, da luz apagar completamente, da gente ir conversando mais perto, sentindo o calor um do outro. Eu lembro de muitas sensações que me amordaçavam e embaralhavam docemente o meu estômago. Lembro de sentir uma mão na minha, de um carinho bom e de um quê de segurança. Lembro de chegar perto, de ouvir teu coração. Lembro de, a partir daí, esquecer de lembrar de alguma coisa. Lembro da tua boca suave, da tua língua quente, da tua pele com cheiro bom, do teu beijo na testa, do nosso abraço. Lembro de ficarmos abraçados, como se aquele momento fosse virar eternidade. Um pré-roteiro, uma pré-história. Fixação de um sentimento. Eu lembro.

Lembro da mensagem que eu recebi, da sequência absurdamente deliciosa de e-mails, das euforias tranquilas dos primeiros encontros. Do pedido de namoro, dos primeiros segredos e confissões. Eu lembro de sentir medo, lembro de pensar em desistir. Lembro de saber que eu nunca mais seria a mesma, que a minha vida mudaria, que eu reencontraria parte de mim e me apresentaria a uma Clarissa nova ou velha, quem sabe? Lembro de conhecer o significado do amor, do sexo, da vida, do encanto. Porque amar é se encantar com pequenas coisas, coisas pequenas que se juntam e ficam compridas.

Lembro de relaxar, de seguir um conselho sábio e me atirar do precipício. Lembro de ter um homem cheiroso e barbudo, com um abraço que é casa e com um olhar que faz tudo de ruim desaparecer, estar lá embaixo me esperando, só pra me segurar com braços acolhedores. Lembro de sentir uma dor estranha por achar que tudo, um dia, pudesse desaparecer. Lembro de um eu te amo que ouvi, numa manhã, ao acordar. Foi e vai ser sempre o eu te amo mais bonito que já saiu da tua boca. Lembro da tua boca bonita dizendo pra eu não sentir medo, pra confiar no teu sentimento. Lembro de tentarem fazer com que eu atirasse o nosso amor bonito pelo ralo.

Eu lembro, amor. De tudo, cada passo que a gente deu para as diversas direções que já fomos. Lembro das brigas também. Lembro de pensar que o amor é perfeito, que bobeira, o amor é pura imperfeição. Perfeitos só os casais do comercial da Becel (sem sal), te disse isso ontem enquanto estávamos deitados, com os olhos vermelhos de chorar por um desentendimento bobo. A maioria deles foram bobos, parte deles virou piada. Lembro da gente não deixar o silêncio e o mal resolvido virarem mágoas e rancores. Lembro de esquecer tudo com um abraço. Lembro de uma vez te dizer pra pensar em como seria a vida sem mim. Lembro de ter ouvido que a situação foi pensada. Lembro disso ter me doído, porque essas coisas machucam fundo a gente. Lembro de ter me arrependido de coisas que eu disse, lembro de pedir desculpas, lembro que algumas coisas a gente não esquece, amor.

Lembro de já ter ficado triste por te deixar triste. Lembro de me sentir mal com isso. Lembro dos momentos em que a gente foi bobo e feliz. Lembro que sou feliz a maior parte do tempo, pelo simples fato de você existir em mim. Lembro de descobrir que um sentimento não serve para ser dito, como coisa que fica bem em filme ou texto, ele tem que ser vivido de forma plena. Lembro de não conseguir me permitir sentir tanta felicidade assim. Lembro da tua mão, que sempre acha a minha. Lembro dos teus dedos, que sempre me fazem carinho. Lembro da tua boca, que sempre me acalma. Lembro do teu rosto de menino, que me olha como se ainda fosse aquela primeira vez. Lembro de cada coisa que descubro, manias, gestos, pensamentos.

Lembro dos nossos planos, conversas em tardes ou noites, sonhando com algo que a gente batizou de Futuro. Lembro que os quadrinhos da Coca são teus e que eu vou comprar a televisão. E, eu sei, ela tem que ser e-nor-me. Lembro do nosso manjericão dodói e dos nossos filhos verdemente apeluciados. Lembro do nosso plano de um dia ter um cantinho, uma casinha pra chamar de nossa. Lembro dos nossos projetos de viajar, conhecer lugares, aproveitar cada canto do mundo. Lembro que um dia o Oscar vai chegar pra encher a nossa vida de lambidas e pelos. Lembro que um dia um bebê branquinho, loirinho e de olhos claros, lindos como os teus, vai chorar no meio da noite e um de nós vai ter que levantar. De todas as realidades por mim sonhadas, você é a melhor. De todos os meus sonhos, você é o mais real. Eu poderia passar 23 eternidades te vendo dormir, de tão bonito que você dorme. Aprendo com você todos os dias, sei que ainda existe muito mais. E toda a vez que eu olho fundo no teu olho, eu penso nossa, eu amo esse homem, é com ele que eu quero passar o resto da minha vida. Quero que ela seja longa, muito longa, só pra poder ficar mais tempo ao teu lado.

PÁLIDA INOCÊNCIA

Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?

E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?

Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!

Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t’embalasse
Desmaiada no sentir!

Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!

Sonho Lindo

Sonho lindo que se foi
Esperança que esqueci
Foi por medo de perder que eu perdi

Tanto eu tinha para dizer
Tanta coisa eu calei
Foi por medo de sofrer que sofri

Foi pensando em me guardar
E querendo não querer
Me dizendo para esquecer
Foi pensando só em mim
Que eu pensei só em você

Foi tentando me afastar
Foi negando o meu amor
Foi por não querer amar que eu amei você.

Só nos tornamos adultos quando perdemos o medo de errar.
Não somos apenas a soma das nossas escolhas,
mas também das nossas renúncias.
Crescer é tomar decisões e depois conviver em paz com a dúvida.
Adolescentes prorrogam suas escolhas porque querem ter certeza absoluta
– errar lhes parece a morte. Adultos sabem que nunca terão certeza absoluta de nada,
e sabem também que só a morte física é definitiva.
Já “morreram” diante de fracassos e frustrações, e voltaram pra vida.
Ao entender que é normal morrer várias vezes numa única existência,
perdemos o medo – e finalmente crescemos.

Medo da Chuva

É pena
Que você pense
Que eu sou seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado, sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E eu não pude viver...

Eu perdi o meu medo
O meu medo
O meu medo da chuva
Pois a chuva voltando prá terra
Trás coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram
Sozinhas no mesmo lugar...

Eu não posso entender
Tanta gente
Aceitando a mentira
De que os sonhos
Desfazem aquilo
Que o padre falou
Porque quando eu jurei
Meu amor eu traí a mim mesmo
Hoje eu sei!
Que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez
Uma vez...

Eu perdi o meu medo
O meu medo
O meu medo da chuva
Pois a chuva voltando prá terra
Trás coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras
Que choram sozinhas
No mesmo lugar
Vendo as pedras
Que choram sozinhas
No mesmo lugar
Vendo as pedras
Que sonham sozinhas
No mesmo lugar...

Todo Guerreiro...
Todo guerreiro... já ficou com medo de entrar em combate
Todo guerreiro... já traiu e mentiu no passado
Todo guerreiro... já perdeu a fé no futuro
Todo guerreiro... já trilhou um caminho que não era o dele
Todo guerreiro... já sofreu por bobagens
Todo guerreiro... já achou que não era um guerreiro
Todo guerreiro... já falhou em suas obrigações
Todo guerreiro... já disse NÃO quando seu coração pedia que dissesse SIM
Todo guerreiro... já feriu profundamente alguém que amava
Por isso é que é um GUERREIRO
Porque passou por estes desafios e
não perdeu a Esperança de se tornar melhor!!!

Paulo Coelho

Nota: Trecho adaptado do livro "O Manual do Guerreiro da Luz", de Paulo Coelho.

Muita gente tem medo da felicidade.
Para essas pessoas, esta palavra siginificamudar uma serie de hábitos - e perder sua própria identidade.
Muitas vezes nos julgamos indignos das coisas boas que acontecem conosco.
Não aceitamos - porque aceitá-los nos dá a sensação de que estamos devendo alguma coisa a Deus.
Pensamos; " É melhor não provar o ´calice da alegria, porque, quando este nos faltar, iremos sofrer muito."
Por medo de diminuir, deixamos de crescer.
Por medo de xorar, deixamos de sorrir.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar. Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros. Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava. Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade. Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais. Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou. Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras.

Desconhecido

Nota: O texto costuma ser erroneamente atribuído a Clarice Lispector, mas não se conhece sua verdadeira autoria.

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Resíduo

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor. Como eu, não terás medo de agregar-te à extrema doçura enérgica do Deus. Solidão é ter apenas o destino humano.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só. Ah, precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando para ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar-se como gotas de mercúrio a outras gotas de mercúrio, mesmo que, como cada gota de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Soneto XXIII

Tal qual amador no palco,
Que com seu medo é substituído em sua parte,
Ou algo de feroz com seu excesso de raiva,
Em sua abundância de força, fraqueja internamente;
Assim eu, medroso com falta de confiança, me esqueço de dizer
A cerimônia perfeita do rito amoroso,
E na própria força do meu amor pareço decair,
Sobrecarregado com o peso do próprio poder do meu amor.
Ah, deixa então que os meus livros sejam a eloquência
E mudos presságios do meu peito transbordante;
Que roga por amor e tenta ser recompensado
Mais do que aquela língua que mais já se expressou.
Oh, aprenda a ler o que o amor silente escreveu;
Ouvir com os olhos pertence ao fino senso do amor.

Eu sou o medo da lucidez.
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas.
Peguei umas ideias com as mãos - como a peixes.
Nem era muito que eu me arrumasse por versos.
Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu estava rubro.
Um rengo estacionou entre duas frases.
Um descor
Quase uma ilação do branco.
Tinha um palor atormentado a hora.
O pato dejetava liquidamente ali.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Sabe aquele medo horrível que você tem de sofrer? De perder algo que ama muito? De vomitar? De que tudo saia do seu controle? Eu torço pra que isso te aconteça, acredite, é maravilhoso.
Se um passarinho azul passar na sua frente e borboletinhas amarelinhas o acompanharem, isso é realmente lindo, não porque você ganha bem, ou porque tem um apartamento cheio de almofadas te esperando, ou porque tem uma pessoa especial ao seu lado te dizendo que eles são lindos.
Eles são lindos porque existem simplesmente, igual a você. Eles são lindos porque você está completamente sozinho neste mundo, mas este mundo é maravilhoso,
não tenha medo.
Não tenha medo de descer até o inferno e queimar como um papel cheio de regras e certezas, queime, vire cinzas, chega de querer controlar a vida, chega de querer amar, existir e desejar pelo seu ego. A vida é muito maior do que você, acredite nela, colabore com ela, tenha fé nela, faça a sua parte, mas em hipótese nenhuma sonhe que você pode simplesmente enfiá-la amassadinha dentro da sua bolsa, ela
com certeza vai se vingar de você.
Deixe, deixe a onda da dor passar por você, ela pode até te derrubar, te afogar um pouco, te chicotear com o sal, te assustar com tanta grandeza, mistério, profundidade e experiência, mas acredite em mim, você não vai morrer.
Você vai se levantar, ainda que a praia inteira ria de você, ainda que a força tenha levado suas roupas e você esteja completamente desprotegido para a vida, nu, entregue, sem dignidade. Ainda assim você vai se levantar e seguir em frente!

A UM MORIBUNDO
Não tenhas medo, não! Tranqüilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono...
A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono...
O que há depois? Depois?... O azul dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?
Que importa? Que te importa, ó moribundo?
- Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...